Os Katukina e o Kampô
Homero Moro Martins, estudante de pós-graduação do Departamento de Antropologia da UNB, concluiu em maio passado sua tese de doutorado. Com o título de "Os Katukina e o Kampô: Aspectos etnográficos da construção de um projeto de acesso a conhecimentos tradicionais", a mesma já foi disponibilizada na internet em sua integridade.
Abaixo apresento o resumo da tese:
Os Katukina, grupo indígena de língua pano que habita o alto vale do rio Juruá, no estado do Acre, estão atualmente envolvidos no Projeto Kampô. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, o projeto visa o acesso a um conhecimento tradicional indígena associado a recursos genéticos: trata-se do uso da secreção do anuro Phyllomedusa bicolor, a que os Katukina chamam de kampô. Este trabalho visa analisar alguns aspectos do campo de relações e disputas interétnicas que sustentam a construção do Projeto Kampô. Com este objetivo, são abordados: o contexto político internacional que propicia aos povos indígenas a possibilidade de controlarem o acesso a seus saberes; os aspectos históricos e sociológicos dos Katukina e as tensões com outros grupos pano que compartilham o conhecimento sobre o kampô; os caminhos que levam a "vacina do sapo" a ser conhecida e utilizada além das fronteiras indígenas, propiciando o surgimento do projeto; e, finalmente, as estratégias políticas e culturais dos Katukina na atualização dos usos e propriedades usuais do kampô sob a linguagem dos "conhecimentos tradicionais". Assim, o Projeto Kampô, quando observado sob o ponto de vista nativo, se apresenta como um evento que reafirma o potencial katukina de instrumentalizar vantajosamente sua cultura, a partir de seus referenciais cosmológicos e de seus interesses políticos, para, deste modo, socializar o exterior - elemento indispensável à constituição do universo social pano -, representado pelo branco.
Abaixo apresento o resumo da tese:
Os Katukina, grupo indígena de língua pano que habita o alto vale do rio Juruá, no estado do Acre, estão atualmente envolvidos no Projeto Kampô. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, o projeto visa o acesso a um conhecimento tradicional indígena associado a recursos genéticos: trata-se do uso da secreção do anuro Phyllomedusa bicolor, a que os Katukina chamam de kampô. Este trabalho visa analisar alguns aspectos do campo de relações e disputas interétnicas que sustentam a construção do Projeto Kampô. Com este objetivo, são abordados: o contexto político internacional que propicia aos povos indígenas a possibilidade de controlarem o acesso a seus saberes; os aspectos históricos e sociológicos dos Katukina e as tensões com outros grupos pano que compartilham o conhecimento sobre o kampô; os caminhos que levam a "vacina do sapo" a ser conhecida e utilizada além das fronteiras indígenas, propiciando o surgimento do projeto; e, finalmente, as estratégias políticas e culturais dos Katukina na atualização dos usos e propriedades usuais do kampô sob a linguagem dos "conhecimentos tradicionais". Assim, o Projeto Kampô, quando observado sob o ponto de vista nativo, se apresenta como um evento que reafirma o potencial katukina de instrumentalizar vantajosamente sua cultura, a partir de seus referenciais cosmológicos e de seus interesses políticos, para, deste modo, socializar o exterior - elemento indispensável à constituição do universo social pano -, representado pelo branco.
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