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23 março 2007

LEISHMANIOSE NO ACRE

PESQUISA CONFIRMA GRANDE DIVERSIDADE DO PARASITA CAUSADOR DA DOENÇA NO ACRE

Pesquisadores do Nucleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasilia e do Servico de Imunologia do Hospital Universitario Professor Edgar Santos de Salvador confirmaram a corrência de pelo menos 3 espécies e vários híbridos do parasita causador da Leishmaniose tegumentar no Estado do Acre.

No Brasil, entre 1980 e 2003, foram reportados mais de 500 mil casos da doença, com uma incidência anual que variou entre 3,83 e 22,94 casos por 100 mil habitantes. No país já foram descritas pelo menos sete espécies de parasitas causadores da doença: Leishmania (Viannia) braziliensis, Leishmania (Viannia) guyanensis, Leishmania (Viannia) shawi, Leishmania (Viannia) lainsoni, Leishmania (Viannia) naiffi, Leishmania (Viannia) lindenbergi y Leishmania (Leishmania) amazonensis.

O estudo foi realizado na cidade de Rio Branco, que apresenta 25% de todos os casos da doença reportados para o Estado nos últimos 3 anos. Para diagnosticar a doença e identificar a espécie causadora da doença foram usadas técnicas convencionais e de biologia molecular.

Não houve novidades quanto às características clínicas dos casos observados, que foram similares a outros observados em diferentes regiões do Brasil. As espécies predominantes foram Leishmania (Viannia) braziliensis y L. (V.) guyanensis. Segundo a pesquisa, a falta de sinais clínicos particulares associados a algum dos agentes causadores torna praticamente impossível identificar a espécie do parasita a partir dos sinais e sintomas clínicos dos pacientes.

Segundo os pesquisadores, a explicação para o crescente número de casos de Leishmaniose no Acre pode ser a melhoria do sistema de vigilância epidemiológica, as migrações de pessoas suscetíveis para as zonas de maior transmissão da doença, a mudança do equilíbrio natural em razão do desmatamento e exploração de produtos florestais como frutas, borracha e madeira.

A pesquisa sugere que os ciclos de transmissão da doença são muito heterogêneos e que do ciclo particpam vários vetores. Por esta razão, as medidas de controle baseadas no comportamento dos vetores são muito complexas e evitar a transmissão da doença em lugares onde hajam políticas que apoiem a permanência de pessoas suscetíveis na selva é praticamente impossível.

Clique aqui para ler o artigo: Species diversity causing human cutaneous leishmaniasis in Rio Branco, state of Acre, Brazil. Trop Med Int Health. 2006;11:1388–98.)

Crédito da imagem: Sinclair Stammers/TDR/OMS