ACRE: TERRA DE OPORTUNIDADES...
OS PROBLEMAS QUE A BRASIL ECODIESEL PODERÁ TRAZER PARA O ACRE
No Piauí a produção de mamona em larga escala por pequenos produtores é um fracasso. Mais de 100 mil hectares de terra foram devastados.
A imprensa local e autoridades governamentais do Acre estenderam o tapete vermelho para os representantes da empresa Brasil Ecodiesel, que afirma ter intenção de produzir biodiesel no Acre. Ao presidente da empresa, Nelson Silveira, foi dada a oportunidade de ter audiência com o Governador e outras autoridades locais. Teve direito até a dar palestra na FIEAC para os maiores empresários do Estado.
A imprensa e a assessoria do Governador falharam quando deixaram de pesquisar quais as reais intenções da empresa. Ela pode até prometer o paraíso, mas, como a gente sabe, ele tem um preço, geralmente pago pela sociedade. Assim, além de ouvir as promessas da empresa, questionamentos deveriam ter sido feitos sobre o comportamento da mesma em outros lugares do país onde a mesma tem atuado.
Esta falta de informação levou o Governador Binho Marques a afirmar cegamente na imprensa local que "“Não há como pensar nenhum investimento sem compromisso social e ambiental...Graças a Deus, o Acre atrai as boas empresas. Queremos empresas dedicadas ao desenvolvimento limpo” (A Tribuna),
Se o script do que ocorre no Piauí se repetir no Acre, a produção de biodiesel no Estado por parte da Brasil Ecodiesel vai ser uma via de mão simples. O governo local entra com a terra, assenta os trabalhadores, monta e mantém a estrutura do assentamento e subsidia a instalação da usina de biodiesel. À Brasil Ecodiesel restará, depois que tudo estiver pronto, assinar um vantajoso contrato com os produtores rurais de exclusividade de compra da matéria-prima para a produção de biodiesel. Com que capital? Duvido que seja próprio. Que tal o governo e os políticos do Acre darem uma mão para que o BASA e o Banco do Brasil abram os cofres?
Tenho a opinião que a produção local de biodiesel por parte da Brasil Ecodiesel vai servir mais para aumentar o cacife da empresa no mercado nacional do que para resolver, por exemplo, o problema do abastecimento das centrais geradoras das comunidades isoladas do interior do Estado (comunidades ribeirinhas).
Assim é fácil ser empreendedor.
Leiam abaixo a matéria, publicada em 2006, sobre os problemas que a Brasil Ecodiesel tem causado no Piauí para produzir biodiesel apartir de mamoma.
REVOLTA: TRABALHADORES INTERDITAM BR E SITUAÇÃO VAI PARA A JUSTIÇA
23.06.2006 - 16:55:02
O promotor da comarca de Canto do Buriti vai investigar a situação de agricultores de mamona.
Da redação - Dionísio Carvalho
O promotor da comarca de Canto do Buriti, Francisco de Jesus Lima, decidiu ontem em uma audiência com os trabalhadores da Fazenda Santa Clara e a direção da empresa Brasil Ecodiesel, que irá ser feito na próxima semana, uma inspeção para averiguar a situação dos agricultores de mamona, que durante uma manifestação, no dia 20 de junho, tentaram invadir a empresa e interditaram a BR.
Cerca de 300 trabalhadores da Fazenda Santa Clara, no município de Canto do Buriti, a 400 quilômetros ao Sul de Teresina, tentaram invadir a sede da Brasil Ecodíesel (10 de junho), responsável por um projeto de plantio de mamona voltado para a produção de biodíesel. Eles queriam ser recebidos pelos diretores da empresa, para tratarem de assuntos pendentes, como a renovação de contrato de parceria, já vencido, acerto de pagamentos e a regularização no abastecimento d’agua e cestas básicas, os trabalhadores deram um prazo de dez dias para ser tomadas as providencias.
No dia 20, cerca de 800 trabalhadores, fecharam o acesso da fazenda. Com um engarrafamento de quase 20km. A situação ficou tensa e o promotor teve que se fazer presente para resolver o impasse.
Segundo informou o ambientalista Judson Barros, presidente da Fundação Águas – FUNÁGUAS, que se encontrava visitando o projeto, a situação esteve tensa, porque o Governo do Estado, que tem intermediado a liberação de elevados recursos para a Brasil Ecodíesel e feito propaganda massiva sobre a produção de mamona, não mandou nenhum mediador para acompanhar a situação, mas sim a polícia.
Durante entrevista ao Bom Dia Piauí da TV Rádio Clube, de 16 de junho, Judson Barros afirmou que a produção do biodiesel, a partir da mamona, já fez água no Piauí. A fábrica da Brasil Ecodíesel, instalada em Floriano, já estaria utilizando outros tipos de grãos, e assim mesmo a produção estaria em menos de dez por cento do que foi previsto.
Judson Barros disse que sentiu muita revolta nos trabalhadores com o tratamento que estão recebendo da Brasil Ecodíesel e o desprezo por parte do governador Wellington Dias, que se encontrava na região, na sexta-feira (09), inaugurando uma ponte em Manoel Emídio, mas não se dignou em conversar com os trabalhadores, mesmo tendo utilizado a pista de pouso da Fazenda Santa Clara.
Sobre a ameaça de invasão, Judson informou que o entendimento dos agricultores é de que da mesma maneira que os produtores agrícolas interditaram rodovias e o MLST invadiu o Congresso, eles também têm o direito de invadir a Brasil Ecodíesel. “Achei perigosa uma invasão, e fiz com que eles desistissem da idéia, pelo menos por enquanto, mas não fui compreendido, pois recebi ameaça de prisão” – disse Judson.
Judson já esteve na Fazenda Santa Clara, em outras ocasiões, documentando a devastação de uma área de 100 mil hectares, doada pelo governo do Estado para o plantio de mamona, mas que estaria sendo devastada para o fabrico de carvão. Ele constatou que o processo erosivo na área já está avançado e contesta as informações do Governo sobre as vantagens do plantio de mamona, pois a atual safra foi inferior à metade do previsto, o que aumentou o endividamento dos agricultores, que por isso estão passando fome.
Para Judson Barros, o que existe na Fazenda Santa Clara é trabalho escravo. “Até a água é distribuída em carros-pipa, como em qualquer região do semi-árido, onde não existe trabalho e nem a presença de empresa privada ou órgão governamental” - frisou. Ainda de acordo com Judson Barros, os trabalhadores da Fazenda Santa Clara afirmam que a Brasil Ecodíesel já teria vendido 40 por cento de suas ações a uma empresa estrangeira, sem que eles tivessem sido avisados. Por isso mesmo, eles querem saber como ficará a situação de cada um.
No Piauí a produção de mamona em larga escala por pequenos produtores é um fracasso. Mais de 100 mil hectares de terra foram devastados.
A imprensa local e autoridades governamentais do Acre estenderam o tapete vermelho para os representantes da empresa Brasil Ecodiesel, que afirma ter intenção de produzir biodiesel no Acre. Ao presidente da empresa, Nelson Silveira, foi dada a oportunidade de ter audiência com o Governador e outras autoridades locais. Teve direito até a dar palestra na FIEAC para os maiores empresários do Estado.
A imprensa e a assessoria do Governador falharam quando deixaram de pesquisar quais as reais intenções da empresa. Ela pode até prometer o paraíso, mas, como a gente sabe, ele tem um preço, geralmente pago pela sociedade. Assim, além de ouvir as promessas da empresa, questionamentos deveriam ter sido feitos sobre o comportamento da mesma em outros lugares do país onde a mesma tem atuado.
Esta falta de informação levou o Governador Binho Marques a afirmar cegamente na imprensa local que "“Não há como pensar nenhum investimento sem compromisso social e ambiental...Graças a Deus, o Acre atrai as boas empresas. Queremos empresas dedicadas ao desenvolvimento limpo” (A Tribuna),
Se o script do que ocorre no Piauí se repetir no Acre, a produção de biodiesel no Estado por parte da Brasil Ecodiesel vai ser uma via de mão simples. O governo local entra com a terra, assenta os trabalhadores, monta e mantém a estrutura do assentamento e subsidia a instalação da usina de biodiesel. À Brasil Ecodiesel restará, depois que tudo estiver pronto, assinar um vantajoso contrato com os produtores rurais de exclusividade de compra da matéria-prima para a produção de biodiesel. Com que capital? Duvido que seja próprio. Que tal o governo e os políticos do Acre darem uma mão para que o BASA e o Banco do Brasil abram os cofres?
Tenho a opinião que a produção local de biodiesel por parte da Brasil Ecodiesel vai servir mais para aumentar o cacife da empresa no mercado nacional do que para resolver, por exemplo, o problema do abastecimento das centrais geradoras das comunidades isoladas do interior do Estado (comunidades ribeirinhas).
Assim é fácil ser empreendedor.
Leiam abaixo a matéria, publicada em 2006, sobre os problemas que a Brasil Ecodiesel tem causado no Piauí para produzir biodiesel apartir de mamoma.
REVOLTA: TRABALHADORES INTERDITAM BR E SITUAÇÃO VAI PARA A JUSTIÇA
23.06.2006 - 16:55:02
O promotor da comarca de Canto do Buriti vai investigar a situação de agricultores de mamona.
Da redação - Dionísio Carvalho
O promotor da comarca de Canto do Buriti, Francisco de Jesus Lima, decidiu ontem em uma audiência com os trabalhadores da Fazenda Santa Clara e a direção da empresa Brasil Ecodiesel, que irá ser feito na próxima semana, uma inspeção para averiguar a situação dos agricultores de mamona, que durante uma manifestação, no dia 20 de junho, tentaram invadir a empresa e interditaram a BR.
Cerca de 300 trabalhadores da Fazenda Santa Clara, no município de Canto do Buriti, a 400 quilômetros ao Sul de Teresina, tentaram invadir a sede da Brasil Ecodíesel (10 de junho), responsável por um projeto de plantio de mamona voltado para a produção de biodíesel. Eles queriam ser recebidos pelos diretores da empresa, para tratarem de assuntos pendentes, como a renovação de contrato de parceria, já vencido, acerto de pagamentos e a regularização no abastecimento d’agua e cestas básicas, os trabalhadores deram um prazo de dez dias para ser tomadas as providencias.
No dia 20, cerca de 800 trabalhadores, fecharam o acesso da fazenda. Com um engarrafamento de quase 20km. A situação ficou tensa e o promotor teve que se fazer presente para resolver o impasse.
Segundo informou o ambientalista Judson Barros, presidente da Fundação Águas – FUNÁGUAS, que se encontrava visitando o projeto, a situação esteve tensa, porque o Governo do Estado, que tem intermediado a liberação de elevados recursos para a Brasil Ecodíesel e feito propaganda massiva sobre a produção de mamona, não mandou nenhum mediador para acompanhar a situação, mas sim a polícia.
Durante entrevista ao Bom Dia Piauí da TV Rádio Clube, de 16 de junho, Judson Barros afirmou que a produção do biodiesel, a partir da mamona, já fez água no Piauí. A fábrica da Brasil Ecodíesel, instalada em Floriano, já estaria utilizando outros tipos de grãos, e assim mesmo a produção estaria em menos de dez por cento do que foi previsto.
Judson Barros disse que sentiu muita revolta nos trabalhadores com o tratamento que estão recebendo da Brasil Ecodíesel e o desprezo por parte do governador Wellington Dias, que se encontrava na região, na sexta-feira (09), inaugurando uma ponte em Manoel Emídio, mas não se dignou em conversar com os trabalhadores, mesmo tendo utilizado a pista de pouso da Fazenda Santa Clara.
Sobre a ameaça de invasão, Judson informou que o entendimento dos agricultores é de que da mesma maneira que os produtores agrícolas interditaram rodovias e o MLST invadiu o Congresso, eles também têm o direito de invadir a Brasil Ecodíesel. “Achei perigosa uma invasão, e fiz com que eles desistissem da idéia, pelo menos por enquanto, mas não fui compreendido, pois recebi ameaça de prisão” – disse Judson.
Judson já esteve na Fazenda Santa Clara, em outras ocasiões, documentando a devastação de uma área de 100 mil hectares, doada pelo governo do Estado para o plantio de mamona, mas que estaria sendo devastada para o fabrico de carvão. Ele constatou que o processo erosivo na área já está avançado e contesta as informações do Governo sobre as vantagens do plantio de mamona, pois a atual safra foi inferior à metade do previsto, o que aumentou o endividamento dos agricultores, que por isso estão passando fome.
Para Judson Barros, o que existe na Fazenda Santa Clara é trabalho escravo. “Até a água é distribuída em carros-pipa, como em qualquer região do semi-árido, onde não existe trabalho e nem a presença de empresa privada ou órgão governamental” - frisou. Ainda de acordo com Judson Barros, os trabalhadores da Fazenda Santa Clara afirmam que a Brasil Ecodíesel já teria vendido 40 por cento de suas ações a uma empresa estrangeira, sem que eles tivessem sido avisados. Por isso mesmo, eles querem saber como ficará a situação de cada um.
1 Comments:
vc já pagou propina para algum policial de trânsito no Acre?
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