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26 junho 2008

DIABETES E ESCOLARIDADE

Maior escolaridade corresponde a mais autocuidado em pacientes com diabetes

Catarina Chagas
Agência Fiocruz de Notícias

Em estudo feito em Minas Gerais com 269 pessoas portadoras de diabetes mellitus, pesquisadores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e da Universidade de São Paulo (USP) concluíram que usuários de insulina com maior escolaridade aderem mais à auto-aplicação do medicamento. O trabalho, publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, sugere a utilização do Programa de Saúde da Família para consolidar ações educativas que promovam o autocuidado.

Para pacientes com diabetes mellitus, a aplicação diária de insulina no tecido subcutâneo é essencial no controle glicêmico, condição importante na prevenção das complicações da doença. Porém, para que esse tipo de tratamento seja efetivo, são necessários cuidados especiais – da aquisição e armazenamento do produto à injeção. Nesse contexto, o déficit de conhecimento em relação a esses procedimentos preocupa os especialistas.

Em seu trabalho de mestrado orientado por Ana Emilia Pace, a enfermeira da UFTM Thaís Santos Guerra Stacciarini incluiu pacientes que já usavam insulina injetada por seringas. Dos entrevistados, cerca de 37% – índice considerado alto pelos especialistas – não faziam auto-aplicação do medicamento, preferindo ter a ajuda de familiares e profissionais de saúde para o procedimento.

A pesquisa observou que, entre esses pacientes, 71% eram maiores de 60 anos e 94% deles tinham menos de oito anos de estudo. “Quando indagados sobre as dificuldades para a auto-aplicação da insulina, 55% dos usuários disseram apresentar algum tipo de alteração funcional e 37%, medo da dor e de cometer erros na aplicação do medicamento”, conta Thaís. “Comodidade e desânimo também apareceram como condições desfavoráveis à auto-aplicação”.

Embora fatores como incapacidade motora e dificuldade para enxergar realmente dificultem a auto-aplicação da insulina, alguns recursos, como ampliadores de escala, seringas com menor capacidade volumétrica e caneta injetora de insulina podem possibilitar esse tipo de autocuidado. Além disso, os pesquisadores verificaram que 45% dos pacientes que não fazem a auto-aplicação têm potencial para fazê-lo, já que não apresentam limitações físicas ou cognitivas. “Trata-se de uma questão fundamentalmente educativa”, ressalta a enfermeira.

A pesquisadora alerta que, em muitos casos, a família ou os profissionais de saúde limitam a autonomia dos pacientes. Em outros, ainda, o próprio usuário acredita não ser capaz de realizar os procedimentos de autocuidado, por associar perdas físicas à perda cognitiva e à incapacidade decisória. Por isso, Thaís e sua equipe sugerem como estratégia de intervenção a atuação de profissionais do Programa Saúde da Família na detecção de dificuldades e necessidades específicas dos usuários de insulina e, sobretudo, na educação dos pacientes e familiares.