COMUNISMO DO AGRONEGÓCIO E DO CAPITAL (*)
"...Dizer que no Brasil não jorrou sangue, Deputado, é mentir e negar o genocídio indígena, o etnocídio ainda presente e que se apóia em propósitos como os defendidos pelo senhor juntamente com os que o senhor chama de “nosso próspero agronegócio”
Lindomar Dias Padilha
Coordenador do CIMI no Acre
(Artigo originalmente publicado em 03/04/2009)
São no mínimo descabidas as afirmações feitas pelo Deputado Federal Aldo Rebelo do PC do B de São Paulo em artigo publicado recentemente no jornal O Estado de São Paulo, utilizadas para criminalizar os indígenas e seus apoiadores e justificar o seu doentio projeto de lei apresentado junto com o Deputado Ibsen Pinheiro.
O texto começa por advertir o Supremo tribunal Federal por suas “irrefletidas” decisões contra a proteção geopolítica do território nacional. Vai além, acusa o Supremo de edificar uma “espécie de muro de Berlim” separando os brasileiros, que ele chama de nacionais. É quase inacreditável ouvir este tipo de acusação vindo de um Deputado Federal que chegou a presidir aquela casa, principalmente sendo ele do PC do B. Muro de Berlim, venhamos!
Afirma ainda que o Supremo decidiu em favor de “particularismos étnicos e unilateralidade de ambições” ao expulsar, segundo ele, brasileiros que se estabeleceram na terra indígena apoiados no modo secular de ocupação do território. A decisão do Supremo foi contra a nação e os interesses permanentes de seu povo. Apenas o Ministro Marco Aurélio de Mello teria “lavrado um voto de estadista”.
O Deputado diz defender a integração (intregação) social e a unidade política em todo o território brasileiro. Pois, segundo ele, foi assim que “construímos uma nação isenta do fratricídio racial que jorra desunião e sangue noutros países...” “O convívio harmônico entre homens, mesmo ante raças diferentes tem sido responsável pela inexistência de ambiente belicoso”.
Dizer que no Brasil não jorrou sangue, Deputado, é mentir e negar o genocídio indígena, o etnocídio ainda presente e que se apóia em propósitos como os defendidos pelo senhor juntamente com os que o senhor chama de “nosso próspero agronegócio”. Dizer que no Brasil não jorrou sangue é negar parte importante de nossa história recente, que inclusive o seu partido teve importante atuação; É negar o assassinato de inúmeros brasileiros pelas forças “nacionalistas” do Estado; É negar o desaparecimento de dezenas de brasileiros e brasileiras, jovens que sonhavam um futuro livre. Pior do que negar, e quero crer que essa não seja sua intenção, é ter saudade daqueles tempos, repetindo o velho e retrógrado jargão de que éramos felizes e não sabíamos.
Por fim, há uma quase convocação ao desrespeito às decisões da suprema corte: “As decisões tomadas pelo aparelho de Estado, incluindo o judiciário, não podem ser admitidas como fato consumado. Urge resistirmos...” Isso para justificar o desrespeito às terras indígenas, especialmente as que estão em área de fronteira. Se admitirmos essa insensatez, todas as terras indígenas de estados como o Acre deixarão de ser terras indígenas para o ‘bem’ do povo brasileiro. Que povo é este?
O povo a que se refere o Deputado, são as forças bélicas, militares, o “nosso próspero agronegócio”, o capital que precisa das matérias primas existentes em abundância principalmente na Amazônia, as transnacionais centralizadoras de capital e tecnologia e que ditam ao mundo o que e como deve consumir.
No Acre, o PC do B é um partido forte e tem uma história junto aos povos indígenas, inclusive tendo em seus quadros inúmeros indígenas filiados e militantes, alguns até com cargos eletivos. Neste contexto é preciso que haja uma adequação entre os interesses dos povos indígenas, o PC do B e as idéias atrasadas do Deputado Aldo Rebelo.
Um partido que tem em seus quadros figuras como o Deputado Estadual Moisés Diniz, O deputado Estadual e Presidente da Assembléia Legislativa Edvaldo Magalães, a Deputada Federal Perpétua Almeida, o Vereador em Mâncio Lima Joel Poyanawa e tantas outras pessoas importantíssimas para o avanço e conquistas democráticas, no meu entendimento, não convém se manter calado diante das, no mínimo, descabidas afirmações e posições defendidas pelo Deputado Federal Aldo Rebelo, até em respeito as estreitas relações entre o partido e os povos indígenas e entre os povos indígenas em recíproca ao partido.
(*) Artigo originalmente publicado no Blog Ambiente Acreano em 03/04/2009
Lindomar Dias Padilha
Coordenador do CIMI no Acre
(Artigo originalmente publicado em 03/04/2009)
São no mínimo descabidas as afirmações feitas pelo Deputado Federal Aldo Rebelo do PC do B de São Paulo em artigo publicado recentemente no jornal O Estado de São Paulo, utilizadas para criminalizar os indígenas e seus apoiadores e justificar o seu doentio projeto de lei apresentado junto com o Deputado Ibsen Pinheiro.
O texto começa por advertir o Supremo tribunal Federal por suas “irrefletidas” decisões contra a proteção geopolítica do território nacional. Vai além, acusa o Supremo de edificar uma “espécie de muro de Berlim” separando os brasileiros, que ele chama de nacionais. É quase inacreditável ouvir este tipo de acusação vindo de um Deputado Federal que chegou a presidir aquela casa, principalmente sendo ele do PC do B. Muro de Berlim, venhamos!
Afirma ainda que o Supremo decidiu em favor de “particularismos étnicos e unilateralidade de ambições” ao expulsar, segundo ele, brasileiros que se estabeleceram na terra indígena apoiados no modo secular de ocupação do território. A decisão do Supremo foi contra a nação e os interesses permanentes de seu povo. Apenas o Ministro Marco Aurélio de Mello teria “lavrado um voto de estadista”.
O Deputado diz defender a integração (intregação) social e a unidade política em todo o território brasileiro. Pois, segundo ele, foi assim que “construímos uma nação isenta do fratricídio racial que jorra desunião e sangue noutros países...” “O convívio harmônico entre homens, mesmo ante raças diferentes tem sido responsável pela inexistência de ambiente belicoso”.
Dizer que no Brasil não jorrou sangue, Deputado, é mentir e negar o genocídio indígena, o etnocídio ainda presente e que se apóia em propósitos como os defendidos pelo senhor juntamente com os que o senhor chama de “nosso próspero agronegócio”. Dizer que no Brasil não jorrou sangue é negar parte importante de nossa história recente, que inclusive o seu partido teve importante atuação; É negar o assassinato de inúmeros brasileiros pelas forças “nacionalistas” do Estado; É negar o desaparecimento de dezenas de brasileiros e brasileiras, jovens que sonhavam um futuro livre. Pior do que negar, e quero crer que essa não seja sua intenção, é ter saudade daqueles tempos, repetindo o velho e retrógrado jargão de que éramos felizes e não sabíamos.
Por fim, há uma quase convocação ao desrespeito às decisões da suprema corte: “As decisões tomadas pelo aparelho de Estado, incluindo o judiciário, não podem ser admitidas como fato consumado. Urge resistirmos...” Isso para justificar o desrespeito às terras indígenas, especialmente as que estão em área de fronteira. Se admitirmos essa insensatez, todas as terras indígenas de estados como o Acre deixarão de ser terras indígenas para o ‘bem’ do povo brasileiro. Que povo é este?
O povo a que se refere o Deputado, são as forças bélicas, militares, o “nosso próspero agronegócio”, o capital que precisa das matérias primas existentes em abundância principalmente na Amazônia, as transnacionais centralizadoras de capital e tecnologia e que ditam ao mundo o que e como deve consumir.
No Acre, o PC do B é um partido forte e tem uma história junto aos povos indígenas, inclusive tendo em seus quadros inúmeros indígenas filiados e militantes, alguns até com cargos eletivos. Neste contexto é preciso que haja uma adequação entre os interesses dos povos indígenas, o PC do B e as idéias atrasadas do Deputado Aldo Rebelo.
Um partido que tem em seus quadros figuras como o Deputado Estadual Moisés Diniz, O deputado Estadual e Presidente da Assembléia Legislativa Edvaldo Magalães, a Deputada Federal Perpétua Almeida, o Vereador em Mâncio Lima Joel Poyanawa e tantas outras pessoas importantíssimas para o avanço e conquistas democráticas, no meu entendimento, não convém se manter calado diante das, no mínimo, descabidas afirmações e posições defendidas pelo Deputado Federal Aldo Rebelo, até em respeito as estreitas relações entre o partido e os povos indígenas e entre os povos indígenas em recíproca ao partido.
(*) Artigo originalmente publicado no Blog Ambiente Acreano em 03/04/2009
1 Comments:
Caríssimo Evando,
Os Comumistas estão em Brasília discutindo rumos do partido e espero que reflitam sobre isso.
Obrigado e bom trabalho.
Lindomar Padilha
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