O IMPEACHMENT DOS MALFEITORES
Evandro
Ferreira
Blog
Ambiente Acreano
Faz
quase um ano que os derrotados na eleição presidencial de 2014 estão tentando
por todos os meios – legais e imorais inclusive – defenestrar do cargo a
presidente eleita Dilma Roussef. Com o apoio maciço da parte mais influente e
podre da imprensa brasileira, diuturnamente a população brasileira tem sido
bombardeada – inclusive nas mídias sociais – com argumentos ‘sólidos’ e
‘infalíveis’ de que a queda vai acontecer amanhã ou, se muito demorar, na
próxima semana.
Quem
lê os sites de notícias e jornais online dos maiores grupos de comunicação do
país ou assiste aos principais telejornais na televisão aberta ou paga se
depara com a ladainha de sempre, repaginada para dar a impressão de que a
destituição da presidente é mesmo inevitável, ainda que essa inevitabilidade
não tenha, até agora e apesar da maciça campanha midiática, se materializado.
Eduardo
Cunha e Aécio Neves, os líderes oposicionistas à frente da empreitada precisam
urgentemente mostrar que seus argumentos são mesmo o que dizem:
infalíveis. De outra forma, em breve
eles é que serão engolfados pelos processos anticorrupção que estão encerrando a
carreira política de muitos que se autodenominam arautos do moralismo e da
honestidade, e que militam na linha de frente do movimento “fora Dilma”.
Eduardo
Cunha será o primeiro. Acusado de ter recebido propina relacionada à Operação
Lava-Jato – que a imprensa manipuladora conseguiu impregnar na memória coletiva
da população como sendo algo exclusivo e afeito apenas aos políticos do PT –,
ele está condenado para, em prazo ainda incerto, perder o cargo de presidente
da Câmara e o mandato parlamentar. O tempo para isso acontecer depende exclusivamente
do interesse e conveniência para um grupo de parlamentares que dá as cartas
na Câmara Federal.
Essa
'imunidade de conveniência' de Eduardo Cunha é vergonhosa para a sociedade
brasileira, afinal ele mentiu descaradamente e se nega cinicamente em admitir o
malfeito. Isso só acontece no Brasil porque a maioria dos políticos age por
interesses pessoais ou de terceiros – não importando se legítimos ou espúrios
–, mesmo que para isso a moral, os bons costumes e a honestidade tenham que ser
relevados no todo ou em parte.
O
passado de Aécio Neves, quando esmiuçado, tem revelado que o ‘mocinho’ da
oposição é, na verdade, um personagem difícil de ser defendido porque lhe falta
integridade. A derrota eleitoral do ano passado revelou um político
psicologicamente desequilibrado – algo que ele exala raivosamente em cada fala,
gesto, olhar e na clara impaciência e ansiedade durante suas aparições na tevê
–, e suas atitudes na governadoria de Minas Gerais denotam que ele também tem
sérios problemas para separar o público do privado.
Denúncia
feita algumas semanas atrás mostrou que ele utilizou o avião do Governo de
Minas Gerais 124 vezes para ir ao Rio de Janeiro – onde tem moradia. Isso
poderia ser relevado se as viagens fossem para tratar de interesses estatais,
mas a maioria delas aconteceu entre quinta e domingo. No mesmo período, o avião
estatal foi usado sete vezes para levar Aécio até Florianópolis, uma delas na
véspera de um carnaval. A razão de tantas viagens ao estado sulista? Sua então
namorada, e hoje esposa, residia no local.
O
senador Agripino Maia (DEM-RN), presidente do partido Democratas e um dos
líderes do movimento ‘fora Dilma’, está sendo processado por corrupção acusado
de receber R$ 1 milhão de um empresário interessado em implantar o sistema de
inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Na semana passada a Procuradoria
Geral da República pediu a abertura de inquérito para investigar Maia por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionada à Operação Lava Jato por suspeitar
do pagamento de propina ao Senador por executivos da empreiteira OAS durante a
construção do estádio Arena das Dunas, em Natal.
E
um ‘centurião’ de última hora, Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas
da União (TCU) e relator da análise das contas do ano 2014 do governo Dilma
Roussef, mal subiu ao palco e foi alcançado por denúncias da ‘Operção Zelotes’,
que investiga um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no
país. Ele é suspeito de receber ‘comissão’ de R$ 1,8 milhão da consultoria SGR
por ter, de alguma forma, colaborado para o sumiço de R$ 150 milhões em dívidas
da RBS, retransmissora da TV Globo no Rio Grande do Sul, terra natal do
Ministro.
Como
se isso fosse pouco, o insuspeito TCU também teve a suposta imagem de
‘moralidade e independência’ maculada pelas investigações da Operação Lava
Jato. A revista Carta Capital revelou que o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da
construtora UTC, afirmou que pagava uma mesada de R$ 50 mil a Tiago Cedraz,
filho do presidente do TCU, Aroldo Cedraz, em troca de informações privilegiadas.
Os pagamentos eram disfarçados, segundo o delator, por um contrato de R$ 1
milhão para o filho do presidente do TCU atuar em um caso relacionado a uma
licitação para obras de R$ 2 bilhões na Usina Angra 3.
Diante
de uma situação como essa não dá para tirar outra conclusão: “o Brasil desde
sempre foi e nunca será um país sério”. Afinal, com uma ficha dessas como é
possível que acusadores e julgadores se arvorem no direito de condenar
malfeitos de terceiros? E tem mais. Com Dilma fora do caminho, seus detratores,
Aécio Neves à frente, estão certos e farão de tudo – eu disse tudo – para
assumir o seu posto.
Tenho
um filho de nove anos que não está nem ai para o que acontece na política
nacional, mas a recorrência do assunto na tevê é tão exagerada que até ele,
algumas vezes, me questiona querendo saber se depois desse movimento 'fora
Dilma' o país vai melhorar. Eu fico calado. Não quero fantasiar um futuro que
se anuncia sombrio e turbulento. Esse é o preço que iremos pagar para que uns
poucos políticos, derrotados em certames eleitorais limpos e democráticos,
satisfaçam sua sede insaciável de poder. Diz o ditado que quem avisa amigo é. Não
sou amigo de muitos e nem quero ser amigo de todos, mas mesmo assim deixo aqui
o meu aviso e a minha mensagem.
1 Comments:
Excelente texto. Faltou ainda mencionar as contas polpudas de Cunha e família na Suíça. Pilantra-MOR!
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