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10 outubro 2015

OS DESAFIOS DA UNIMED

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Com mais de 20 milhões de clientes em mais de 300 cidades (cobertura de 84% do território nacional), e 112 mil médicos associados, as 351 cooperativas médicas Unimed constituem a maior operadora de planos de saúde do Brasil. Embora no papel cada cooperativa Unimed seja independente e autônoma, atuando de forma exclusiva em estados ou regiões geográficas do país, as dificuldades enfrentadas por algumas cooperativas instaladas em regiões importantes ameaça comprometer a saúde financeira das demais.

No final de agosto a Unimed Paulistana quebrou, mesmo tendo sofrido a quatro intervenções da Agência Nacional de Saúde (ANS). Agora a cooperativa falida terá que transferir a carteira com 750 mil clientes para outra operadora. As especulações indicam que a Unimed Fesp (Federação de São Paulo) ou a Central Nacional Unimed serão obrigadas a absorver os segurados. Enquanto a questão não é decidida, a justiça decidiu que a Central Unimed terá que dar assistência aos clientes que ficaram no limbo.

As cooperativas Unimed de Jequié e Paulo Afonso, na Bahia, também estão com ordens para transferir seus clientes e as de Manaus e Belém estão sob intervenção. Em Manaus os médicos cooperados da Unimed foram obrigados a contribuir com R$ 24 mil para a empresa sanar dívidas em 2014. No momento são oito as cooperativas Unimed sob intervenção da ANS e 2,4 milhões de clientes, ou 12% do total da Unimed no Brasil, que correm o risco de ficar sem seguradora médica.

Uma das situações mais preocupantes é a da Unimed Rio, a maior de todas as cooperativas Unimed do Brasil com 1,1 milhão de clientes e faturamento de R$ 4,6 bilhões. Com uma dívida que chega a R$ 1 bilhão, ela foi obrigada a cancelar o contrato de patrocínio esportivo com o time de futebol carioca Fluminense em dezembro de 2014 e em março passado sofre intervenção da ANS. Embora o atendimento aos clientes continue aparentemente normal, nos bastidores funcionários da agência supervisionam o dia a dia para conter o agravamento da situação da empresa.

A estrutura complexa da Unimed, com suas cooperativas independentes, contribui para agravar a situação difícil de algumas delas. Os presidentes das cooperativas locais são eleitos pelos médicos cooperados e brigas políticas entre grupos que disputam o poder são comuns. Esta foi uma das causas da derrocada da Unimed Paulistana.

Conflitos de interesse entre os médicos e a cooperativa também causam problemas. Para o médico, quanto mais complexo o atendimento, melhor. Para a cooperativa, quanto maior a simplicidade do procedimento, maior o lucro. Isso explica, por exemplo, o fato de a Bradesco Saúde e a Sul América terem lucrado 6% da receita no ano passado, ante 4% da Central Nacional Unimed.

Entre as cooperativas Unimed que estão com boa saúde financeira, geralmente aquelas com mais de 700 mil clientes que resultaram de fusões de cooperativas regionais, foi observado que as disputas políticas foram minimizadas e que os custos foram controlados através da construção de unidades hospitalares próprias.

O melhor exemplo é a Unimed de Belo Horizonte, que tem 80% do mercado da região metropolitana e atende 1,2 milhões de clientes. A cooperativa tem três hospitais, uma maternidade e 11 unidades de pronto-atendimento. Com isso, mais da metade dos atendimentos de emergência e um quarto das internações são feitos na rede própria, diminuindo substancialmente os custos. Para diminuir fraudes e cobranças excessivas, a Unimed BH promove treinamentos para que os médicos se vejam mais como donos do negócio do que prestadores de serviço. Em 2014 a cooperativa lucrou R$ 166 milhões e distribuiu R$ 11 mil para cada um dos 5 mil médicos cooperados.

Com informações de Exame.com

Para ler a reportagem completa: Porque o perigo continua, por Tatiana Bautzer. Revista Exame, edição 1098, 30/09/2015, p.70-74.