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16 julho 2006

BARCELLA ODORA EM RORAIMA!

Para quem conhece taxonomia de palmeiras, essa notícia é absolutamente espetacular!

A notícia está publicada no site Notae Plantarum, que descreve este fato relevante. A palmeira foi encontrada na zona de transição entre a floresta amazônica e o cerrado, no Estado de Roraima neste ano de 2006.

Barcella odora é uma pequena palmeira que até então só tinha sido encontrada nas cercanias da cidade de Barcelos, no alto Rio Negro, Estado do Amazonas. Aliás, como dá para notar, o nome do gênero "Barcella" é uma homenagem à cidade de Barcelos, onde a planta foi encontrada pela primeira vez em meados do ano de 1875 pelo pesquisador inglês James Trail.

Trail inicialmente batizou a espécie como Elaeis odora, erroneamente classificando-a dentro do grupo ao qual pertence o nosso conhecido "Dendê", cujo nome científico é Elaeis guineensis. Posteriormente outro pesquisador, Drude, criou o gênero Barcella, transferindo a espécie para o mesmo. Até hoje o gênero é monoespecífico, ou seja, contém uma única espécie. Até agora Barcella odora só tinha sido encontrada no alto Rio Negro, em lugar de difícil acesso. O fato de ter sido encontrada em Roraima, ao longo de uma estrada federal, só reforça a tese de que conhecemos muito pouco a nossa biodiversidade.

A primeira vez que vi Barcella odora

Foi uma epopéia chegar até onde a palmeira crescia naturalmente. Harri Lorenzi e outros colegas estávamos, em meados de 2004, nos preprando para lançar o livro "Palmeiras Brasileiras e Exóticas Cultivadas" quando decidimos ir a Barcelos para fazer as fotos desta palmeira para ilustrar a sua descrição para o referido livro.

Depois de perder uns dias e centenas de litros de gasolina para um barqueiro desonesto (que, por coincidência, era candidato a vereador pelo PT de Barcelos), a viagem pôde ser completada com a ajuda de um servidor da Funasa, que nos levou até o local onde a palmeira poderia ser encontrada. Foram mais de 8 horas de viagem para chegar ao local - incluindo algumas horas em que ficamos à deriva com problemas no motor. O custo das fotos que foram publicadas foi alto, muito alto...

Chegamos ao local da palmeira por volta das 17 horas, já quase sem luz para fazer as fotos. Desembarcamos, com água cobrindo os pés, ficamos uns 10 minutos no local e retornamos. Chegamos em Barcelos depois das 9 horas da noite. Foi incrível ver o conhecimento que o barqueiro tinha dos meandros e caminhos entre as ilhas do Rio Negro. Não é para qualquer um.

Aliás, as diferenças entre navegar por aquelas bandas, o paraiso das várzeas, e o Acre são marcantes. Foram horas e horas de viagem e não mais que 2-3 moradias em terra firme avistadas a partir da voadeira. Chega a dar medo...resgate por lá deve levar dias.

Fotos: Harri Lorenzi, Instituto Plantarum