NÓS TAMBÉM TEMOS "SURINAM CHERRY"!
Quem não conhece pitanga? Em minha casa tenho dois pés dela. Nunca fui muito fã porque acho o sabor meio "aguado" e sem personalidade. De qualquer forma a fruta é, culturalmente, parte de nossa história. Está na literatura, na múscia, na arte. Sentimos que ela é uma coisa nossa. Eu particularmente acho que todo o mundo deveria conhece-la pelo nosso nome "pitanga".
Infelizmente a planta não discrimina fronteiras nacionais. Cientificamente é conhecida como Eugenia uniflora, membro da família das Mirtaceae, que inclui os araçás e as goiabeiras. É nativa de uma região que vai das Guianas até o sul do Brasil. Em cada lugar tem um nome diferente. Na literatura (leia este link) possui vários nomes: pelos falantes da língua inglesa, é conhecida como "Surinam cherry", "Brazilian cherry", "Cayenne cherry" e mesmo "Florida cherry". Em português é chamada de "pitanga". Em espanhol é conhecida como "cereza de cayena", "pendanga" na Venezuela, "guinda" em El Salvador; "ñanga-piré" na Argentina, "cereza quadrada" na Colombia. Em Guadalupe e Martinica é chamada de "cerese à côtes" ou "cerises-cotes". Na Guiana francesa "cerise de Cayenne", "cerise de pays" e "cerise carée" e no Suriname "Surinaamsche kersh", "zoete kers", or "monkie monkie kersie".
Entre tantas opções de nomes, quais você acha que o mercado internacional adota ou deveria adotar? Seguramente não será em português, espanhol, francês ou holandês. Vai ser um dos nomes em inglês: "Surinam cherry", "Brazilian cherry", "Cayenne cherry" ou "Florida cherry". O batismo final vai depender de fatos circunstaciais, um lance de sorte ou da força do marketing. Esqueçam o nome popular pois se o mesmo não "vender", ninguem vai usar.
Assim, entre as três opções em inglês, quem tem mais força? Cayenne, na língua inglêsa lembra pimenta. Quem vai querer comprar fruto que arde? O Brasil ainda é um lugar exótico, mas seguramente o Suriname é muito mais. Algum turista em visita ao brasil iria encontrar na feira a "brazilian cherry"? Não. Quando muito encontraria a pitanga. Soaria uma farsa tentar vender "brazilian cherry", coisa que na prática não é encontrada por aqui. Resta o nome "Surinam cherry". Algum americano ou europeu sabe onde fica o Suriname? A maioria não. Então é mais negócio chamar a pitanga de "Surinam cherry". Ninguem sabe se lá eles comem a fruta e nem é preciso saber. O que importa é que as pessoas gostam de provar frutas exóticas. E se vierem de lugares ainda mais exóticos...dá liga ($$$).
A opção pelo nome "Surinam cherry" levou à vitória o cozinheiro Ilan Hall, um dos participantes do programa "Top Chef", cuja final foi transmitida diretamente do Havai para todo os EUA. Ele preparou uma sobremesa, "Surinam cherry sorbet". Os membros do juri, sem saber de onde saiu aquela fruta, não tiveram outra opção. Se Ilan Hall tivese usado o nome "Florida cherry" seguramente não passaria nem perto do podium. Seguramente lá, como cá, santo de casa não faz milagre...
Até o New York Times fez uma nota ilustrada (clique aqui) sobre a "Surinam cherry". Se a máquina de marketing dos empreendedores de plantão funcionar, a fruta vai ser a bola da vez nos próximos anos. Quem tiver pitanga que se prepare. Pode ser que alguem procure com oferta de compra. Mas que fique avisado. Eles não vão querer pitanga, vão querer "Surinam cherry". Eu tenho dois pés em produção aqui em casa. Quem vai querer comprar meus "Surinam cherry"?
Quem não conhece pitanga? Em minha casa tenho dois pés dela. Nunca fui muito fã porque acho o sabor meio "aguado" e sem personalidade. De qualquer forma a fruta é, culturalmente, parte de nossa história. Está na literatura, na múscia, na arte. Sentimos que ela é uma coisa nossa. Eu particularmente acho que todo o mundo deveria conhece-la pelo nosso nome "pitanga".
Infelizmente a planta não discrimina fronteiras nacionais. Cientificamente é conhecida como Eugenia uniflora, membro da família das Mirtaceae, que inclui os araçás e as goiabeiras. É nativa de uma região que vai das Guianas até o sul do Brasil. Em cada lugar tem um nome diferente. Na literatura (leia este link) possui vários nomes: pelos falantes da língua inglesa, é conhecida como "Surinam cherry", "Brazilian cherry", "Cayenne cherry" e mesmo "Florida cherry". Em português é chamada de "pitanga". Em espanhol é conhecida como "cereza de cayena", "pendanga" na Venezuela, "guinda" em El Salvador; "ñanga-piré" na Argentina, "cereza quadrada" na Colombia. Em Guadalupe e Martinica é chamada de "cerese à côtes" ou "cerises-cotes". Na Guiana francesa "cerise de Cayenne", "cerise de pays" e "cerise carée" e no Suriname "Surinaamsche kersh", "zoete kers", or "monkie monkie kersie".
Entre tantas opções de nomes, quais você acha que o mercado internacional adota ou deveria adotar? Seguramente não será em português, espanhol, francês ou holandês. Vai ser um dos nomes em inglês: "Surinam cherry", "Brazilian cherry", "Cayenne cherry" ou "Florida cherry". O batismo final vai depender de fatos circunstaciais, um lance de sorte ou da força do marketing. Esqueçam o nome popular pois se o mesmo não "vender", ninguem vai usar.
Assim, entre as três opções em inglês, quem tem mais força? Cayenne, na língua inglêsa lembra pimenta. Quem vai querer comprar fruto que arde? O Brasil ainda é um lugar exótico, mas seguramente o Suriname é muito mais. Algum turista em visita ao brasil iria encontrar na feira a "brazilian cherry"? Não. Quando muito encontraria a pitanga. Soaria uma farsa tentar vender "brazilian cherry", coisa que na prática não é encontrada por aqui. Resta o nome "Surinam cherry". Algum americano ou europeu sabe onde fica o Suriname? A maioria não. Então é mais negócio chamar a pitanga de "Surinam cherry". Ninguem sabe se lá eles comem a fruta e nem é preciso saber. O que importa é que as pessoas gostam de provar frutas exóticas. E se vierem de lugares ainda mais exóticos...dá liga ($$$).
A opção pelo nome "Surinam cherry" levou à vitória o cozinheiro Ilan Hall, um dos participantes do programa "Top Chef", cuja final foi transmitida diretamente do Havai para todo os EUA. Ele preparou uma sobremesa, "Surinam cherry sorbet". Os membros do juri, sem saber de onde saiu aquela fruta, não tiveram outra opção. Se Ilan Hall tivese usado o nome "Florida cherry" seguramente não passaria nem perto do podium. Seguramente lá, como cá, santo de casa não faz milagre...
Até o New York Times fez uma nota ilustrada (clique aqui) sobre a "Surinam cherry". Se a máquina de marketing dos empreendedores de plantão funcionar, a fruta vai ser a bola da vez nos próximos anos. Quem tiver pitanga que se prepare. Pode ser que alguem procure com oferta de compra. Mas que fique avisado. Eles não vão querer pitanga, vão querer "Surinam cherry". Eu tenho dois pés em produção aqui em casa. Quem vai querer comprar meus "Surinam cherry"?
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