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21 junho 2007

IMPACTO DA EXTRAÇÃO COMUNITÁRIA DE MADEIRA PELOS EXTRATIVISTAS DO PAE PORTO DIAS, ACRE

AUTORA DO ARTIGO CORRIGE DADOS REFERENTES AO PERCENTUAL DE FLORESTA AFETADA DURANTE A RETIRADA DAS ÁRVORES. EM LUGAR DE 28% OS DANOS SÃO DE APENAS 9,6%.

Recebemos de Cara Rockwell, pesquisadora da Universidade da Flórida que recentemente publicou, junto com outros colegas, o artigo "Future crop tree damage in a certified community forest in southwestern Amazonia", comentários sobre o post referente ao mesmo artigo que colocamos no Blog no dia 31 de maio passado sob o título de EXTRAÇÃO DE MADEIRA CERTIFICADA NO ACRE CAUSA ALTERAÇÃO DE 28% DA FLORESTA NATIVA.

Leiam abaixo a mensagem de Cara Rockwell:

Primeiro, eu desejo elogiar Dr. Evandro Ferreira para abrir esta discussão. A literatura científica sobre o manejo florestal do tipo “ impacto reduzido” em florestas tropicais é substancial. Por outro lado, poucas informações existem sobre operações de manejo em pequena escala, enfoque que foi dado em nossa pesquisa.

Sabendo que as prescrições silviculturais para as operações industriais são completamente distintas do sistema do pequeno produtor, resolvemos pesquisar uma operação representativa de pequena escala. Considerando que a agricultura e o gado são muito mais lucrativos no curto prazo em comparação com os produtos florestais não-madeireiros como o borracha, o manejo florestal sustentável torna-se, portanto, uma alternativa econômica potencial para muitas famílias que desejam manter a cobertura da floresta em sua propriedade.

No reconhecimento deste problema, o Forest Stewardship Council está tentando acomodar as necessidades dos pequenos produtores, criando as recomendações novas para acomodar as necessidades dos sistemas do manejo florestal comunitário.

É verdade que quando se inicia uma operação de manejo na floresta, sempre haverá perturbações. Mas, o manejo do impacto reduzido há uma série de recomendações que pretende reduzir os danos durante uma operação florestal. É um componente necessário do manejo florestal sustentável, que incorpora tipicamente a capacitação do operador em inventários florestais antes da exploração, com queda derruba direcionada. Vale ressaltar que todas estas técnicas foram praticadas em Porto Dias.

Eu gostaria de esclarecer alguns pontos mencionados por Dr. Ferreira sobre nosso artigo de pesquisa:

(1) Agora realizamos que a porcentagem da área florestal alterada mencionado (28.9%) é errado. Os valores verdadeiros são alistados na tabela 3 do artigo, e a porcentagem da área afetada é 9.6%, com 5.6% nas clareiras e 3.9% em ramais de arraste. Quer dizer que aproximadamente 1 hectare de uma colocação de tipicamente 300 a 350 hectares está afetada no ano de corte. Vale ressaltar que o número médio de hectares exploradas por ano nesse projeto é 10 hectares por colocação (somente três colocações participaram com a operação em 2004).

Nós lamentamos este erro e nós informaremos o gerente de Forest Ecology and Management para corrigir o problema.

(2) Nós encontramos que a maioria da área perturbada no estudo era devido às clareiras causadas pelo derrubo das árvores extraídas. Isto é um pouco distinto de outras operações estudadas em outras partes do mundo, sendo que tipicamente a maioria das perturbações ocorre durante o arraste das toras.

No entanto, em nosso estudo em Porto Dias, houve bastante extração de Cumaru ferro (Dipteryx spp.). De fato, Cumaru ferro compreendeu a maioria das árvores derrubadas ≥85 cm diâmetro à altura do peito (DAP) em nossa amostra, e as clareiras deixadas por esse grupo de especie são grandes, por causa do tamanho dos troncos. Vale mencionar que esse tipo de clareira grande é essencial ao ciclo de vida de algumas espécies importantes como cedro (Cedrela spp.) e mogno (Swietenia spp.). Esses espécies, entre outras, exigem luz para facilitar regeneração. Claro que se o número dessas clareiras foram totalmente exageradas, acabaria a floresta. Mas, a abertura em sim, (especialmente na intensidade de exploração e a escala da operação atual em Porto Dias) não apresenta maiores problemas para a manutenção do ecossistema florestal.

(3) Finalmente, eu gostaria de esclarecer que os danos as arvores remanescentes (15%) são completamente baixos quando comparados a outros sistemas de manejo florestal, particularmente as operações convencionais, que podem danificar até 75% das arvores remanescentes (Johnson e Cabarle, 1993). E a maioria dos danos notáveis em Porto Dias eram menores, como copas ligeiramente quebradas e troncos raspados.

Eu incentivaria qualquer um com interesse para contatar-me (crockwel@ufl.edu) para uma cópia deste artigo. Uma tradução ao português do artigo esta em andamento, e quando disponível, eu vou enviar uma copia ao Dr. Ferreira para colocar no blog.

Obrigada por seu interesse.

Cara Rockwell

Referência

Johnson, N., Cabarle, B., 1993. Surviving the cut. World Resources Institute, Washington, DC. 71 pp.

NOTA DO BLOG: Está, portanto, feita a correção pelo próprio autor. Em vez de 28%, os danos causados pelo manejo comunitário são de apenas 9,6%. A autora, conforme se pode ler em sua mensagem, se comprometeu em solicitar ao Editor da Revista Forest Ecology and Management a correção. Para entender a menção da autora ao fato do gado e agricultura serem mais lucrativos no curto prazo do que a extração da madeira, sugiro ler o comentário de Raimundo Cláudio sobre o tópico.