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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

31 janeiro 2012

BABAÇU: UMA FONTE PROMISSORA PARA A PRODUÇÃO DE BIOENERGIA NO LESTE DO ACRE

Evandro Ferreira* & Cleilson Cavalcante Mendonça**

A busca por fontes alternativas para a geração de energia no Acre se justifica porque 95% de sua matriz energética derivam da queima de combustíveis fósseis, que são responsáveis por 100% da oferta de eletricidade no Estado. Além disso, a rede de distribuição energética atinge apenas 80% dos habitantes, estimando-se em cerca de 100 mil o número de acreanos sem acesso à eletricidade. A maioria desses excluídos vive isolada na floresta ou em pequenas comunidades muito distantes, fato que inviabiliza, sob o ponto de vista técnico e econômico, a sua integração à rede de distribuição elétrica existente no Estado.

Para muitos desses excluídos o acesso à eletricidade só poderá ser viabilizado mediante o uso de fontes alternativas de geração de energia que privilegiem a exploração e uso de recursos locais para a produção de energia em sistemas elétricos descentralizados. Dentre estas fontes alternativas, o biodiesel e a biomassa vegetal parecem ser as mais factíveis sob os pontos de vista ecológico, técnico e ambiental.
O biodiesel, por exemplo, é um biocombustível obtido a partir do óleo vegetal de plantas nativas que tem características semelhantes às do diesel derivado do petróleo, podendo, por esta razão, ser utilizado em motores de ciclo diesel sem necessidade de adaptações nesses motores. O uso da biomassa vegetal para a geração de energia não é incomum no país, e tem sido adotado em larga escala na indústria sucroalcooleira e de celulose. No Acre, por exemplo, muitas indústrias cerâmicas usam serragem de madeira para a secagem de tijolos. Entretanto, é importante ressaltar que no caso acreano o uso em larga escala de biomassa para a geração de energia deve priorizar o aproveitamento sistemático de recursos vegetais manejados ou cultivados com esse fim.

No contexto técnico-científico acreano da atualidade, o uso do biodiesel e da biomassa vegetal derivados de matérias-primas regionais irá requerer investimentos em pesquisas para a resolução de fatores que correntemente limitam o uso imediato dessas fontes. Dentre outros aspectos que devem ser esclarecidos, destacam-se a necessidade de saber quais áreas e espécies são as mais promissoras em função de sua localização, distribuição, densidade natural, potencial produtivo e viabilidade tecnológica do uso do óleo e das diferentes partes das plantas tanto para a produção de biodiesel como da biomassa energética.

Uma espécie nativa que merece ser considerada é o babaçu (Orbignya phalerata), uma palmeira de múltiplos usos cujos frutos possuem grande importância econômica e são usados para a produção de óleo, carvão-briquete, farináceos, ácidos graxos, glicerina e compostos com potencial medicinal. A espécie encontra-se amplamente distribuída nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste do Brasil, em uma área estimada entre 13 e 18 milhões de hectares nos estados da Bahia, Minas Gerais, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Goiás, Pará, Mato Grosso, Amazonas, Rondônia e Acre.

No Acre, o babaçu pode ser encontrado em áreas de pastagens cultivadas e abandonadas ao longo da BR-364, da altura do km 90 até a divisa com Rondônia. Ao longo dessa rodovia, entretanto, as maiores concentrações da espécie ocorrem no lado rondoniense, até as proximidades das margens do Rio Madeira. Nesta região o babaçu é considerado praga de pastagens e muitos fazendeiros usam herbicidas para eliminar as palmeiras. O uso do fogo ou o corte mecânico geralmente não elimina as palmeiras, que possuem desenvolvimento inicial subterrâneo. Deixadas crescendo livremente nas pastagens, elas podem formar maciços muito densos, diminuindo sensivelmente a disponibilidade de pasto para o gado.

Considerando o potencial de uso econômico da espécie e a facilidade de acesso às suas populações nativas, um projeto de pesquisa realizado entre 2010 e 2011 pelo Inpa e pela Ufac identificou e mapeou, com o uso de GPS, as populações mais significativas de babaçu na área de influência direta da BR-364 entre o Acre e Rondônia, em uma extensão de 275 km cujo ponto final foi a margem do Rio Madeira. O estudo determinou ainda a densidade das plantas e o período de produção de frutos. É importante ressaltar que foram consideradas apenas as aglomerações de babaçu localizadas até 1,5 km do eixo da rodovia.

A área total levantada durante o estudo correspondeu a cerca de 82 mil hectares, mas a ocorrência de babaçu foi observada em apenas 60 mil hectares. Foram identificadas 20 populações significativas nas quais a densidade de palmeiras por hectare variou entre 45 e 120 indivíduos, com média de 79,5, um resultado expressivo, considerando-se que nos babaçuais do Maranhão a densidade média de plantas é de 95 indivíduos por hectare.

Foi observado que a floração do babaçu acontece no período das chuvas, entre outubro e abril. A produção de frutos também acontece durante o período das chuvas, decaindo progressivamente até cessar completamente em junho. Isso acontece porque o tempo de desenvolvimento dos frutos é superior a um ano. Quando comparados com frutos de babaçu oriundos do Estado do Tocantins, de áreas próximas da divisa com o Maranhão, os frutos do babaçu da BR-364 apresentaram dimensões similares, mas o peso é maior (+18%).

Um eventual aproveitamento dos frutos do Acre e Rondônia como matéria-prima para a produção de biomassa vegetal é favorecido pelo fato da casca e endocarpo (fruto despolpado) representarem cerca de 60% do peso total dos frutos. É importante ressaltar que pesquisas indicam que o carvão e briquetes de uso doméstico e industrial produzidos a partir de frutos de babaçu apresentam alto poder calorífico, no mínimo 20% superiores ao carvão vegetal comum comercializado em Rio Branco.

Os resultados do estudo sugerem que a exploração extrativista da extensa população de babaçu encontrada ao longo da rodovia BR-364, até as margens do Rio Madeira, parece ser factível em razão da grande densidade natural das plantas e do fácil acesso às mesmas. Além disso, o uso da espécie para a produção de biomassa energética (carvão e briquetes) é favorecido pelo tamanho e peso dos frutos. A realização de estudos complementares para determinar o potencial de produção de óleo dos frutos poderá confirmar o babaçu como uma das mais promissoras fontes de matéria-prima extrativista para a síntese de biodiesel na região leste do Acre.

* Evandro Ferreira é pesquisador do INPA/Parque Zoobotânico da Ufac.
** Cleison Cavalcante de Mendonça é bolsista do CNPq/INPA/Parque Zoobotânico da Ufac.

29 janeiro 2012

DOIS HAITIANOS MORRERAM NO BRASIL. UM FOI ASSASSINADO POR BRASILEIROS

[Inolus Pierrelys foi morto com um tiro nas costas. Foto: Luiz Vasconcelos]

Brasília, 29/01/2012 - Dois imigrantes haitianos morreram em Manaus nos últimos dias. Um foi assassinado na noite de sexta-feira. Outro era portador do vírus HIV e, na quarta, não resistiu a complicações decorrentes da Aids. Os dois casos são as primeiras fatalidades registradas desde o aumento da imigração de pessoas do país caribenho que deixaram a ilha após o devastador terremoto de janeiro de 2010, que deixou mais de 300 mil mortos.

De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, o haitiano Inolus Pierrelys, 34 anos, encontrava-se do lado de fora de sua residência, por volta das 18h30 (20h30 no horário de Brasília), no bairro Cidade de Deus, quando dois jovens brasileiros se aproximaram. Um deles sacou um revólver e disparou contra Pierrelys, que morreu após ser alvejado no peito. Segundo os investigadores, a suspeita é de crime passional. Inolus Pierrelys vivia em Manaus, onde trabalhava em uma fábrica de reciclagem de papel, desde abril do ano passado. Ele morava com outros cinco haitianos em uma casa cedida pela Igreja Católica.

O haitiano que morreu na quarta-feira vítima da Aids não teve a identidade divulgada — ele estava internado na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, para onde outros dois imigrantes foram levados com a mesma doença. A situação começa a preocupar as autoridades do estado, que temem não ter capacidade de atender casos semelhantes — segundo fontes da Polícia Federal, há pelo menos 1,4 mil imigrantes que entraram pela cidade de Tabatinga (AM), na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

No Acre, onde há grande concentração de haitianos, segundo o Ministério Público Federal, existem diversos imigrantes acometidos por enfermidades como Aids, hepatite e doenças sexualmente transmissíveis.http://www.blogger.com/img/blank.gif

Na quinta-feira, o procurador da República no Acre, Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, fez um alerta às autoridades federais sobre a situação dos haitianos no estado. Ele entrou com ação civil pública na Justiça Federal exigindo a interferência da União na questão dos imigrantes, depois que integrantes no Ministério Público fizeram uma inspeção e constataram a precariedade dos locais onde eles estão alojados nas cidades de Brasileia e Epitaciolândia, no sul do estado.

Fonte: Correio Braziliense.

- Haitiano leva tiro e morre em bairro da Zona Leste de Manaus

- Morre o primeiro haitiano em Manaus

28 janeiro 2012

CADA POVO TEM A HORA QUE MERECE

Écio Rodrigues*

Os políticos costumam dizer que a vontade do povo deve prevalecer. E ainda que o povo credite tal afirmativa à mera demagogia, quando, de fato, a vontade da maioria é sobrepujada, quando os políticos e as instituições do Poder Legislativo e Executivo negligenciam a Democracia - e a população começa a crer que foi ludibriada, pondo em dúvida a supremacia do seu direito sagrado ao voto -, é hora de se acionar o Poder Judiciário.

É lamentável quando um juiz decide no lugar das autoridades públicas legitimamente eleitas. A Democracia sofre um duro golpe todas as vezes que isso ocorre. Contudo, em democracias suscetíveis como a nossa, cuja fragilidade se amplia à medida que se afasta do centro do poder em Brasília - chegando ao limite em regiões periféricas como o Acre -, infelizmente, há momentos em que o Judiciário precisa intervir.

O Referendo Popular acreano, que retomou o fuso horário original, transformou-se em caso de justiça. É hora de o Ministério Público fazer valer a vontade do povo.

As ocorrências que culminaram no veto presidencial à lei que reconheceu o Referendo Popular realizado no Acre ainda em 2010 podem ser agrupadas, didaticamente, em três momentos distintos: Oportunismo, Rejeição e Confusão. Todos, porém, possuem uma particularidade em comum - o desdém para com a Democracia.

No momento do Oportunismo, uma intervenção burocrática da tecnocracia estatal foi empregada para protagonizar-se uma medida inusitada, a mudança na Hora das pessoas.
Para se entender melhor: existe no país uma casta de funcionários públicos de carreira, que são muito bem remunerados e dão pouco retorno para a sociedade, mas que cumprem um papel importante - o de manter em funcionamento a estrutura pública, independentemente do governo que conduz o Estado.

Esses funcionários, aqui denominados tecnocratas, vez ou outra, tentam contribuir com algum tipo de iniciativa - puramente técnica, diga-se - para melhorar o desempenho público-estatal. Como são oriundos, sobretudo, do Sudeste, principalmente do eixo Rio x São Paulo, os tecnocratas acreditam que as demais regiões do país cumprem papel meramente secundário na construção da nação que é a sexta economia mundial.

Para eles, o ideal seria que o país tivesse apenas um fuso horário, uma única Hora - a deles, obviamente -, sem embargo do fato de o planeta Terra ser redondo. Vale dizer, diminuir-se uma hora do fuso horário seguido no Acre, no sul do Amazonas e no sudoeste do Pará seria uma questão de simples formalidade.

Até aí, tudo normal; mas o desprezo com a Democracia abrolha no momento em que o Oportunismo transforma uma decisão tecnocrata em lei, aprovada pelo Congresso Nacional, em Brasília. Em nenhum instante, fez-se a pergunta fundamental: podemos alterar a Hora das pessoas, sem consultá-las?

O momento da Rejeição mostrou que não, que não se pode fazer isso. Ao se consultar o povo acreano, a resposta foi mais que convincente. No Referendo (que se confunde com plebiscito, que seria o caso se a pergunta tivesse sido feita antes), os eleitores, exercendo o direito ao voto, por maioria, exigiram o retorno ao horário original.

Surge aí o momento da Confusão. Evidentemente, a soberana vontade do povo deveria valer imediatamente. Mas entendeu-se que somente uma lei poderia alterar outra. Assim, depois de oito meses, a tal lei foi aprovada pelos deputados e enviada ao Senado, onde, de forma insana e de novo afrontando-se a Democracia, entendeu-se que o Referendo feito no Acre também valia para o Amazonas e Pará; o que fez com que o projeto retornasse para a aprovação final na Câmara. Em vista disso, a Presidência da República, baseada em outro parecer tecnocrata, resolveu vetar o projeto de lei.

No final das contas, o que prevalece mesmo, para nossa vergonha e desonra, é o nosso profundo desapreço, pouco-caso, desdém, pela Democracia. A Hora dos acreanos voltará ao normal, certamente. Mas a mácula permanecerá.

* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

17 janeiro 2012

PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA O INCREMENTO DA EXPLORAÇÃO DAS FIBRAS DE PIAÇAVA NO VALE DO JURUÁ, ACRE.*

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Piaçava é um nome de origem tupi que significa planta fibrosa e tem sido usado para designar pelo menos três espécies de palmeiras nativas do Brasil cujas fibras servem para a produção artesanal e industrial de vassouras, escovas, capachos, cordas, espanadores e outros utensílios de uso doméstico, além da cobertura de casas e outras habitações de design rústico.

Uma das espécies de piaçava nativas do Brasil ocorre apenas no vale do Juruá, no Acre, ao longo dos rios Juruá e Moa. Esta espécie, cientificamente conhecida como Aphandra natalia, é uma palmeira de porte mediano que cresce no sub-bosque de florestas primárias, em lugares não alagadiços.

No Acre a exploração e uso das fibras da piaçava se restringem ao vale do Juruá, onde seringueiros, ribeirinhos e indígenas usam as fibras extraídas da bainha da folhas para confeccionar vassouras que são comercializadas no mercado da cidade de Cruzeiro do Sul. As exportações de vassouras ou fibras de piaçava do vale do Juruá são insignificantes ou inexistentes.

A abertura permanente da BR-364 é uma grande oportunidade para impulsionar uma atividade insignificante economicamente no Acre, mas que nacionalmente tem grande importância. Em 2009, segundo o IBGE, a produção nacional de fibras de piaçava foi de 72,2 mil toneladas. Isto equivale a R$ 110,3 milhões e posiciona a atividade como a terceira mais importante dentre os produtos extrativistas vegetais não madeireiros do país, atrás da exploração dos frutos do açaí e do babaçu.

Cerca de 97% da produção nacional de piaçava origina-se na Bahia, a partir da exploração da palmeira cientificamente conhecida como Attalea funifera. O restante da produção brasileira provém de Barcelos, no Amazonas, onde ocorre uma outra espécie de piaçava, a Leopoldinia piassaba. A hegemonia mercadológica das fibras da piaçava baiana decorre de sua alta qualidade, pois apresentam grande rigidez, bom comprimento e excelente diâmetro. A piaçava amazonense, apesar do grande potencial produtivo e da grande população natural da espécie, apresenta fibras muito flexíveis e finas, características pouco desejadas pelo mercado. As fibras da piaçava acreana são bastante similares às da piaçava amazonense.

Essa desvantagem qualitativa não elimina as possibilidades mercadológicas das fibras da piaçava explorada no Acre, pois elas podem ser usadas de forma combinada com as fibras da piaçava baiana, resultando, conforme declarou um empresário acreano, em um produto de qualidade com boas chances de aceitação no mercado regional. É importante ressaltar que esse empresário produz vassouras em Rio Branco usando como matéria-prima fibra adquirida na Bahia e no Amazonas.

Esta situação sugere que a não utilização em larga escala da fibra da piaçava acreana parece ser decorrente da inexistência de oferta, ou seja, não existe um sistema de comercialização ofertando ativamente fibras e vassouras produzidas a partir da piaçava nativa do Acre. O isolamento das regiões produtoras no vale do Juruá pode ter contribuído para esta situação, mas é importante citar que as fibras são produtos não perecíveis e podem ser armazenadas ou transportadas por longos períodos, desde que adequadamente protegidas da umidade excessiva.

O papel do estado como agente fomentador da atividade, tanto sob o ponto de vista da organização comunitária quanto financeira merece ser ressaltado. Sabe-se que pelo menos uma linha dedicada exclusivamente ao extrativismo foi estabelecida pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Banco da Amazônia. Portanto, teoricamente existe crédito disponível para financiar a atividade.

Mas antes de se investir no aumento da exploração extrativista da piaçava acreana é preciso resolver questões relacionadas à forma de exploração praticada no Acre.

A espécie acreana é uma palmeira cujo tronco pode atingir, quando adulta, mais de 10 m de altura. As fibras são extraídas das folhas, que se desenvolvem na extremidade do tronco. Por esta razão os extrativistas do vale do Juruá tendem a explorar de forma mais intensa as plantas de pequeno porte. Na medida em elas crescem e a dificuldade de subir nos troncos aumenta, a exploração dos indivíduos maiores é abandonada.

Infelizmente muitos extrativistas derrubam as palmeiras mais velhas para extrair as fibras. Palmeiras com 50-100 anos tem sido abatidas em poucos minutos. Tudo para resultar na produção de até 25 vassouras vendidas aos atravessadores por cerca de R$ 1 cada. Uma atitude inaceitável que tem graves consequências para o futuro da atividade.

Esta prática tem feito com que as populações de piaçava nas regiões produtoras do vale do Juruá diminuam ano após ano. As palmeiras que tem escapado ao abate indiscriminado encontram-se cada vez mais distantes das residências dos extratores e das vias de escoamento da produção.

O investimento em pesquisas para se cultivar a espécie é algo que deve ser incentivado, pois experiências de cultivo da mesma em áreas de pastagens tem tido sucesso no Equador. Entretanto, enquanto esta iniciativa não é posta em prática, é importante que o IBAMA e o IMAC intercedam para estabelecer critérios que orientem a exploração extrativista da espécie no vale do Juruá.

A proibição da derrubada das plantas para a extração das fibras é a atitude mais importante a ser posta em prática no curto prazo, pois essa é a única forma de garantir que a exploração de piaçava no vale do Juruá tenha alguma perspectiva futura. Afinal, com a BR-364 aberta de forma permanente, compradores gananciosos oriundos de Rio Branco e de outras regiões do país poderão comprar e, principalmente, retirar da região as fibras em condições economicamente favoráveis contribuindo para acelerar ainda mais a destruição, já considerável, das populações remanescentes da espécie que ainda existem na região.

Fotos: Evandro Ferreira
*Artigo originalmente publicado no jornal A Gazeta, edição 7.709, página 2, no dia 17/01/2012.

12 janeiro 2012

ACRE VIRA MOTIVO DE PIADA

O site do jornal O Globo Online deu destaque hoje (12/01) ao fato de alguns assessores do Governador Tião Viana terem realizado operações de vasectomia logo após o chefe do executivo ter anunciado um programa de planejamento familiar. Na ocasião o governador informou que já havia feito vasectomia e aproveitou o lançamento do programa para incentivar os homens acreanos a fazer o mesmo.

Clique aqui para ler a matéria.

09 janeiro 2012

O DILEMA DA FRENTE POPULAR PARA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM RIO BRANCO

"Eu acho que o povo não quer votar em ninguém antipático não. Eu acho que o povo quer votar em alguém que trabalhe. Que seja capaz de ouvir as pessoas, de dar atenção, de conhecer os problemas. E eu acho que o povo quer votar em alguém que ele conheça e que não foi inventado de última hora e foi lá e posto e colocado (com um cartaz): vote aqui!"

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

[Atualizado às 17:20h]


Embora em política tudo seja possível, parece que a briga pela escolha do candidato da Frente Popular (FPA) para disputar a prefeitura de Rio Branco em outubro próximo promete ser intensa e disputada como nunca se viu desde a formação da coligação há cerca de vinte anos.

Em entrevista concedida a um canal de TV local a Deputada Perpétua Almeida, pré-candidata do PC do B, mostrou que está 'mordida' com a idéia do PT de impor o nome do Engenheiro Marcus Alexandre como o candidato da FPA.

Quando questionada sobre uma declaração do Senador Aníbal Diniz (PT-AC), que afirmou que nem sempre a melhor pessoa para administrar a cidade, para ganhar a eleição, é a popularesca (referindo-se à Deputada) e que muitas vezes é melhor votar em candidatos antipáticos, ela respondeu de pronto:

- Eu acho que o povo não quer votar em ninguém antipático não. Eu acho que o povo quer votar em alguém que trabalhe. Que seja capaz de ouvir as pessoas, de dar atenção, de conhecer os problemas. E eu acho que o povo quer votar em alguém que ele conheça e que não foi inventado de última hora e foi lá e posto e colocado (com um cartaz): vote aqui!

Está certíssima a Deputada. E essa certeza tem deixado os estrategistas do PT em um beco quase sem saída, pois, aparentemente, a única alternativa eleitoral viável para o partido seria lançar o nome do Senador Jorge Viana.

A questão é saber se ele trocaria a tranqüilidade de um mandato de oito anos na mais alta e prestigiada casa legislativa brasileira, onde tem se dedicado a assuntos de âmbito nacional, pela difícil e complexa tarefa de administrar a cidade de Rio Branco, onde terá que se preocupar com coleta de lixo e outros assuntos menores e extremamente desgastantes no contexto atual de escassez de recursos financeiros vivida pela prefeitura da cidade.

Marcos Alexandre é um nome para ser trabalhado para futuras eleições. Se o PT e a FPA pudessem se permitir, esse desconhecido engenheiro paulista, com quase nenhuma militância política no Acre, poderia, quando muito, ser lançado para disputar as eleições municipais - sem chances de vencer - com o único objetivo de ficar conhecido entre os eleitores.

Entretanto, os que controlam a FPA sabem que a presente situação política e eleitoral acreana não permite tal aventura. Essa estratégia funcionou muito bem para Jorge e Tião Viana, que foram 'testados' eleitoralmente na década de 90 com esse objetivo. E naquela época deu certo porque o PT e seus coligados nada tinham a perder.

Agora a situação é diferente. Uma derrota da frente política encabeçada pelo PT na disputa municipal deste ano irá, quase com certeza, garantir à oposição uma passagem tranqüila para a vitória na disputa ao governo do Estado daqui a dois anos. Não podemos deixar de lembrar que a FPA, com todos os seus expoentes políticos na disputa, foi derrotada em Rio Branco por Bocalon, Petecão e companhia nas eleições estaduais de dois anos atrás.

No âmbito da FPA, o contexto histórico e a situação política e eleitoral, incluindo pesquisas preliminares de intenção de votos, favorecem o nome da Deputada Federal Perpétua Almeida como a melhor opção para liderar a FPA na disputa pela prefeitura de Rio Branco.

Parece que dessa vez finalmente o PC do B vai deixar de exercer o papel de eterno coadjuvante do PT nas disputas eleitorais e nas administrações estaduais e municipais conquistadas conjuntamente. Resta saber se o PT vai deixar isso se concretizar.

Crédito das fotos: Marcos Alexandre (A Tribuna)/Perpétua Almeida (Câmara Federal).