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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

31 maio 2009

I CAN SEE CLEARLY NOW - JOHNNY NASH

"The Midnight Show", 1973

29 maio 2009

RIO BRANCO NÃO VAI SEDIAR A COPA DE 2014

Como já vinha sendo especulado, Manaus ganhou de Belém e Rio Branco o privilégio de ser a sede amazônica da Copa

Blog do Ancelmo Goes,
O Globo

Já estão escolhidas as 12 cidades onde serão os jogos da Copa de 2014, que a Fifa anuncia no domingo, em Nassau, nas Bahamas. São elas:

Rio de Janeiro
São Paulo
Belo Horizonte
Porto Alegre
Curitiba
Brasília
Cuiabá
Manaus
Fortaleza
Salvador
Recife
Natal

O Rio, como se sabe, será o endereço da final, chance da definitiva reabilitação do Maracanã, após a derrota de 1950. São Paulo, está quase certo, fica com o jogo de abertura - Belo Horizonte sua a camisa no lobby para tomar o lugar dos paulistas. Cuiabá venceu Campo Grande, pelo prestígio político de Blairo Maggi, o governador do Mato Grosso. Manaus ganhou de Belém e Rio Branco o privilégio de ser a sede amazônica e Natal levou a última vaga, derrubando Florianópolis, por razões políticas e logísticas.

AS BACTÉRIAS DA SUA PELE

Análise genética de microrganismos mostra diversidade maior do que a esperada pelos cientistas

[Bactérias cultivadas pela equipe dos Institutos Nacionais de Saúde (EUA) diretamente da pele humana (foto: Julie Segre)].

A pele humana é habitada por uma diversidade de bactérias muito maior do que se acreditava. É o que mostra a análise genética de microrganismos coletados em várias partes da superfície do corpo de pessoas saudáveis. O estudo, publicado esta semana na Science, fornece dados que podem ajudar no desenvolvimento de estratégias de tratamento e prevenção de doenças da pele.

Por ser a interface entre o corpo humano e o meio externo, a pele é uma das primeiras linhas de defesa do organismo contra a entrada de agentes patogênicos. Para compreender melhor a relação entre as células da pele e os milhões de micróbios que vivem sobre sua superfície, cientistas norte-americanos decidiram investigar o genoma de todos esses microrganismos. “Caracterizar a microbiota que habita locais específicos pode fornecer pistas sobre o delicado balanço entre a saúde da pele e a doença”, dizem no artigo.

“Esperamos que nossos dados acelerem esforços para entender os complexos fatores genéticos e ambientais envolvidos em doenças que afetam a pele, como eczema, psoríase, acne, infecções resistentes a antibióticos e muitas outras”, diz uma das autoras do artigo, Julia Segre, pesquisadora dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH).

O estudo faz parte do Projeto Microbioma Humano, conduzido pelo NIH. Essa iniciativa tem como objetivo descobrir quais comunidades microbianas estão presentes em diferentes partes do corpo humano e como elas mudam com a ocorrência de doenças. Além da pele, a pesquisa inclui o nariz, o trato digestivo, a boca e a vagina.

Os resultados recém-divulgados fornecem dados sobre a variedade e a distribuição das bactérias na superfície do corpo e identifica os locais com maior e menor diversidade de espécies microbianas.

[Os pesquisadores identificaram bactérias presentes em 20 áreas da pele humana com características diferentes: oleosas (pontos azuis), úmidas (pontos verdes) e secas (pontos vermelhos). Imagem: Jane Ades/ NHGRI].

A equipe usou tecnologias modernas de sequenciamento genético e análise computacional para identificar bactérias de 20 diferentes partes do corpo de 10 voluntários saudáveis. As áreas selecionadas são predispostas a contrair doenças associadas à atividade de micróbios e se encaixam em três perfis diferentes: oleosas, úmidas e secas.

Diversidade inesperada
Os pesquisadores identificaram mais de 112 mil sequências genéticas bacterianas e, a partir delas, detectaram bactérias de 205 gêneros diferentes, pertencentes a 19 filos. Os métodos tradicionais usados até então, baseados no cultivo de amostras microbianas em laboratório, tinham resultados bem mais modestos: a nossa pele seria dominada por bactérias do gênero Staphylococcus, com pouca variação adicional.

Segundo o estudo, a diversidade de bactérias seria influenciada principalmente pela localização do corpo. Áreas secas e úmidas da pele têm uma variedade maior de micróbios do que as oleosas. As comunidades bacterianas mais diversas estão localizadas na parte interior do antebraço, que apresentou em média 44 espécies. As menos diversas estão atrás das orelhas, área em que foi identificada uma média de 15 espécies.

A análise mostrou também que regiões com características parecidas abrigam comunidades bacterianas similares. Além disso, grupos de bactérias presentes em uma parte específica do corpo são geralmente semelhantes em todas as pessoas. Já as diferenças entre as partes do corpo de uma mesma pessoa são muito maiores. “Axilas úmidas e com pelos, por exemplo, ficam a uma curta distância de antebraços lisos e secos, mas esses dois locais são tão ecologicamente diferentes quanto florestas tropicais e desertos”, explicam os pesquisadores no artigo.

Para verificar se o microbioma da pele poderia se alterar ao longo do tempo, a equipe avaliou novamente amostras de metade dos voluntários, cerca de quatro a seis meses após a primeira coleta. Os cientistas descobriram que a maior parte das novas amostras se assemelhava mais às coletadas anteriormente no mesmo indivíduo do que às de outros voluntários.

O estudo revelou ainda que o vinco de pele que fica do lado de fora do nariz é o local com a comunidade microbiana mais semelhante à encontrada dentro do nariz. Em uma parcela significativa da população, as vias nasais abrigam colônias de Staphylococcus aureus resistente à meticilina, uma superbactéria geralmente associada a infecções hospitalares. As novas informações podem ser úteis para o combate a esse microrganismo que vem preocupando cada vez mais os agentes de saúde pública.

Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line

DINOSSAUROS: EXTINÇÃO DERIVOU DE ERUPÇÕES MASSIVAS

Pesquisadores descobrem na China registros de que erupções vulcânicas teriam causado extinção em massa há 260 milhões de anos e fortalece teoria que dinossauros não teriam desaparecido por queda de asteróide

Erupções provocaram extinção

FAPESP – Em abril, um estudo publicado no Journal of the Geological Society apontou que a queda do asteroide há 65 milhões de anos que formou a cratera de Chicxulub, no México, não levou à extinção em massa no fim do Cretáceo, quando desapareceu uma enorme quantidade de espécies de plantas e animais, entre os quais os dinossauros.

Os autores sugeriram que a extinção poderia ter sido causada por erupções vulcânicas massivas ocorridas na atual Índia. Podem estar certos. Uma nova pesquisa, publicada na nova edição da revista Science, indica que erupções vulcânicas até então desconhecidas provocaram a extinção em massa ocorrida há 260 milhões de anos.

O trabalho, feito por cientistas britânicos e chineses, identificou registros do evento na província de Emeishan, no sudoeste da China. As erupções teriam liberado em torno de meio milhão de quilômetros cúbicos de lava, cobrindo uma área duas vezes maior do que a do Estado do Rio de Janeiro.

O grupo foi capaz de descobrir quando exatamente as erupções ocorreram e relacioná-las diretamente com a extinção. Encontrar tais registros é algo completamente inusitado, devido às transformações físicas ocorridas no planeta em tão longo período.

O motivo da descoberta é que as erupções em Emeishan ocorreram próximas a mar raso, o que fez com que a lava se mostrasse hoje como uma camada distinta de rochas ígneas ensanduichada entre camadas de rochas sedimentares que contêm fósseis marinhos.

A camada de rocha fossilizada diretamente após a erupção mostra a extinção em massa de diferentes formas de vida, ligando a emissão vulcânica com a catástrofe ambiental.

O efeito global da erupção, de acordo com os pesquisadores, deveu-se à proximidade do vulcão com o mar raso. A colisão da lava com a água teria provocado uma explosão violenta no início das erupções, arremessando enormes quantidades de dióxido de enxofre na estratosfera.

“É como jogar água em uma frigideira quente. Houve uma explosão espetacular que produziu nuvens de vapor gigantescas”, disse Paul Wignall, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, principal autor estudo.

A injeção de dióxido de enxofre na atmosfera teria levado à formação de grandes nuvens que se espalharam pelo mundo, esfriando a temperatura global e promovendo chuva ácida. A análise dos registros fósseis indicou que o desastre ambiental teria começado logo após a primeira erupção.

“A extinção abrupta da vida que pudemos constatar no registro fóssil liga fortemente as erupções vulcânicas com a catástrofe ambiental global, uma relação que sempre foi considerada controversa”, afirmou Wignall.

O artigo Volcanism, mass extinction, and carbon isotope fluctuations in the Middle Permian of China, de Paul Wignall e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

(Foto: divulgação)

FRIAGEM: ESSA VEM MESMO

Massa polar se estende desde a Argentina até a Amazônia boliviana. Hoje a noite ou amanhã pela manhã deve chegar ao Acre

Massa polar sobre a Argentina na tarde de ontem. Imagem MODIS AQUA




















Massa de ar polar sobre Santa Cruz de La Sierra, e se aproximando de Rondônia. Imagem MODIS AQUA


















Nuvens esparsas sobre o Acre na tarde de ontem. Imagem MODIS Terra

BOTICÁRIO

A arte do boticário: como a figura do farmacêutico surgiu na Bahia e no Rio de Janeiro durante o século 19

Revista de Magnuinhos/Fiocruz
Edição de Março de 2009

[Criada por D. João VI em 1808, a Botica Real Militar atendia os
exércitos da Coroa sediados no Brasil]

O médico não pode impor ao doente a condição de comprar o remédio em determinada farmácia, os receituários devem apresentar com clareza os nomes e as doses das substâncias que entram na composição do medicamento e o farmacêutico não pode preparar uma receita que não esteja assinada pelo médico.

Essas preocupações, embora pareçam bastante recentes, já estavam presentes no regulamento da Junta Central de Higiene Pública, publicado em 1851 – uma época em que as farmácias ainda se chamavam boticas. A história do exercício farmacêutico no Brasil, foco de projetos desenvolvidos na Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), surpreende por sua atualidade.

O século 19 testemunhou, na esfera acadêmica, a diferenciação entre aqueles que diagnosticavam doenças e prescreviam remédios – os médicos – e aqueles que fabricavam e comercializavam esses remédios – os farmacêuticos, que se profissionalizavam. O tema foi estudado pelas pesquisadoras Tânia Salgado Pimenta, da COC, e Ediná Alves Costa, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em artigo publicado no periódico História, Ciências, Saúde – Manguinhos.

“Embora muitos aprendessem com os farmacêuticos mais experientes ou em escolas independentes das faculdades de medicina, apenas estas podiam conceder autorização para o exercício da farmácia”, apontam Tânia e Ediná. No entanto, as especialistas destacam, nas faculdades o curso médico, com duração de seis anos, era priorizado em relação ao de farmácia, que durava três.

As pesquisadoras também chamam a atenção para o fato de que, embora a farmácia buscasse independência em relação à medicina na esfera acadêmica, esse processo não significou a exclusão das terapias populares. “Por um lado, médicos e boticários interessavam-se pela maneira como as pessoas sem formação acadêmica tratavam as doenças mais comuns de determinada região, assim como pelas substâncias usadas para esse fim. Ao mesmo tempo, alguns curadores populares faziam uso de conhecimentos médicos acadêmicos”, ressaltam.

Dificuldade para que as leis fossem seguidas

Décadas antes do regulamento da Junta Central de Higiene Pública, já em 1810 a regulamentação e fiscalização das boticas e dos boticários estavam previstas no regimento da Fisicaturamor, órgão que fiscalizava as artes de curar. A principal dificuldade era colocar a lei em prática – problema especialmente difícil na província da Bahia, distante da capital e assolada por secas e misérias ao longo do século 19.

"Diante da necessidade de ajuda, o governo não poderia recusar auxílio oferecido por farmacêuticos, estivessem ou não exercendo suas atividades de acordo com a lei”, explicam as especialistas.

“Contudo, mesmo em momentos em que a sociedade baiana não enfrentava alguma calamidade, a não observância à lei parece ter-se tornado constante.” Conforme documentos estudados pelas pesquisadoras, o próprio inspetor de Saúde da Bahia admitiu, em 1879, em carta ao presidente da província, que vários artigos do regulamento da Junta não eram cumpridos.

Clima de denúncias Havia, porém, quem se indignasse com as irregularidades. Os Farmacêuticos Euclides Caldas, José de Calazans, Ismael da Silva, Francisco Ribeiro e Manoel Ribeiro, por exemplo, escreveram ao inspetor e ao presidente da província delatando que, em Salvador, na Rua de São Pedro, uma farmácia desobedecia às determinações da lei. Também de modo contrário à legislação, em Lençóis, na Praça do Mercado, o médico Julio Gama exercia a medicina vinculado à Farmácia Gama, esta dirigida pelo não-diplomado Manoel Magiano Pinto. A situação foi denunciada pelo farmacêutico Archimimo da Fonseca.

Em suas últimas petições, Archimimo havia concentrado suas denúncias em Magiano e não se referiu mais às atividades do doutor Julio. “Isso sugere que a atuação de um médico era mais difícil de contestar do que a de um prático, ainda que houvesse violação da lei”, comentam as autoras.

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Médicos, farmacêuticos e charlatões na Corte Imperial

Criação de instituições científicas contribuiu para institucionalizar a prática da farmácia no país

O ambiente de epidemias e transformação social acompanhou o processo de institucionalização da farmácia no Brasil. O processo, que envolve aproximações e
afastamentos entre farmacêuticos, médicos e curandeiros, foi tema da tese de doutorado Farmácia na Corte Imperial (1851-1887): práticas e saberes, defendida na Casa de Oswaldo
Cruz (COC/Fiocruz) pela historiadora Verônica Pimenta Velloso, sob orientação
da professora Maria Rachel Fróes da Fonseca. Em entrevista à Revista de Manguinhos, Verônica conta um pouco sobre este momento da história da saúde no Brasil.

Como se deu o processo de institucionalização da farmácia no Brasil? Ela era vista mais como magia do que como ciência?

Verônica: Desde 1835, alguns farmacêuticos já integravam a Seção de Farmácia da Academia Imperial de Medicina, no Rio de Janeiro. Para eles, a farmácia deveria alcançar o estatuto de uma ciência. Para eles, a química conferia o sentido científico à farmácia. Mas a química nasceu da alquimia, que tinha um sentido transcendental e, entre a clientela para a qual eles manipulavam os medicamentos, a crença no sobrenatural
permanecia.

Havia tensões entre farmacêuticos e médicos?

Verônica: Os tratamentos propostos pelos órgãos sanitários deixavam implícitas as distinções que se pretendia fazer entre um ofício e outro – os médicos deveriam prestar assistência aos doentes, enquanto aos farmacêuticos cabia formular os medicamentos de acordo com as
receitas médicas. No dia-a-dia, não era bem assim: muitas vezes, os boticários prestavam assistência aos doentes, e os médicos, por sua vez, também formulavam
medicamentos.

Por que a disputa entre médicos e farmacêuticos se convertia em aliança em situações de epidemia?

Verônica: Os episódios de epidemias incentivavam a reunião de farmacêuticos e médicos em associações, como uma forma de se protegerem do mercado informal que crescia nessas épocas. Não foi à toa que a primeira associação farmacêutica surgiu após a epidemia de
febre amarela do verão de 1849-1850.

E a figura do “charlatão”, como ela era caracterizada?

Verônica: A figura do charlatão não existia apenas no Brasil e sofreu modificações no decorrer do tempo. Nas décadas de 1840 e 1850, os homeopatas eram considerados verdadeiros charlatões pelos farmacêuticos pertencentes à Academia Imperial de Medicina. Com o tempo, parte dos conflitos foi sendo contemporizada e alguns farmacêuticos acabaram incorporando a homeopatia. A partir da década de 1860, a designação de charlatão se amplia para outros personagens, como livreiros, perfumistas e vendedores de remédios secretos.

Como a nomenclatura ‘boticário’ deu lugar ao termo “farmacêutico”?

Verônica: Oficialmente, a designação de farmacêutico surge no Brasil com a criação do curso de farmácia nas faculdades de medicina do Império, no Rio de Janeiro e na Bahia, em 1832. Quem se formava por esse curso deveria, então, ser denominado de farmacêutico, em contraste com o boticário, que aprendia o ofício numa botica, trabalhando como aprendiz
de um mestre boticário. No cotidiano essa distinção não acontecia.

Os farmacêuticos passaram a competir com os boticários?

Verônica: Os farmacêuticos das associações passaram a usar a distinção em relação aos boticários como forma de denunciar o exercício ilegal ou as práticas informais relacionadas à farmácia, mas a Junta Central de Higiene Pública, órgão do governo responsável pela fiscalização das artes de curar, alegava que os dois únicos cursos farmacêuticos oficiais existentes eram insuficientes para atender às necessidades de todo o país. Eram expedidas, então, licenças que permitiam o exercício da farmácia por leigos. (F.M.)

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[Foto: acervo do laboratório químico farmacêutico do Exército]

28 maio 2009

SONO: NO CONTEXTO ATUAL, OITO HORAS AINDA SÃO NECESSÁRIAS?

Ciência Hoje On-line responde o leitor:

- Com a correria atual, oito horas de sono por noite continuam sendo necessárias?

(Pergunta de Carlos Augusto, por correio eletrônico)


O sono é uma atividade que ocupa cerca de um terço de nossas vidas e é fundamental para uma boa saúde física e emocional, além de ser essencial na manutenção de uma vida saudável.

Atualmente, o período de sono tem-se reduzido em função das atividades contemporâneas, especialmente devido ao estresse diário. Em consequência do cenário econômico, a população é induzida a prolongar a jornada de trabalho e a enfrentar horas no tráfego caótico das grandes cidades.

Graças à luz artificial, ampliou-se o período das atividades de lazer, com aumento do período de vigília. Esses fatores socioeconômicos e culturais conduzem a uma redução significativa no tempo de sono e podem trazer prejuízos cognitivos, hormonais e debilitar o sistema imunológico.

Mais importante do que a quantidade de horas de sono, porém, é a qualidade de sono de cada indivíduo. Um sono sem distúrbios e reparador prepara totalmente o organismo para um bom desempenho das suas funções vitais.

A maioria das pessoas dorme aproximadamente oito horas por noite, mas é possível ter uma quantidade menor de sono e se sentir completamente disposto. Normalmente, essas pessoas são chamadas de ‘pequenos dormidores’.

Monica Andersen
Departamento de Psicobiologia,
Universidade Federal de São Paulo

(Foto: Zvone Lavric, Eslovênia)

TÃO ACRE...

Quem é o pai da criança? No caso do retorno do vôo diurno da TAM, todos querem ser.




GRIPE SUÍNA: ONDE SE ORIGINOU?

Representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) receberam hoje um pedido apoiado por 225 mil assinaturas para que seja investigada a origem da gripe suína e se, concretamente, foram as fazendas de porcos as reais causadoras da aparição da nova doença

Texto assinado por 225 mil pede que OMS explique origem da gripe

Genebra, 27 mai (EFE).-A organização Avaaz, uma rede civil com mais de três milhões de participantes de 200 países, apresentou a solicitação, que foi acompanhada por uma pequena manifestação com dezenas de porcos de papelão e cartazes em uma rua perto da sede da OMS.

A representante da Avaaz Alice Joy explicou à Agência Efe que a organização fez contato há algumas semanas com especialistas em saúde de diferentes organizações, que reconheceram que existem indícios de que a produção industrial de carne de porco e a gripe estão relacionadas.

A organização decidiu então lançar uma campanha internacional de recolhimento de assinaturas para pedir a investigação do assunto e a regulação das fazendas industriais conforme os padrões de saúde pública.

"Todos os especialistas concordam que o problema é a concentração de enormes quantidades de porcos em espaços muito pequenos, o que somado à formação de grandes concentrações de estrume representam uma ameaça para saúde humana", disse Joy.

Além da OMS, o pedido foi apresentado à Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Apesar do nome, a gripe suína não apresenta risco de infecção por ingestão de carne de porco e derivados. EFE is/rr

27 maio 2009

CORREGEDOR DO TIRBUNAL DE JUSTIÇA DO AMAZONAS É AFASTADO PELO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Um corregedor e tanto: o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) constatou que o desembargador cometeu irregularidades como abuso do poder, desvio de poder com intuito doloso de favorecer partes, uso de laranja e violação da imparcialidade

Aristide Furtado
Especial para A CRÍTICA

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu ontem afastar do cargo o corregedor geral de Justiça do Amazonas, Jovaldo dos Santos Aguiar, depois de ter constatado que o desembargador cometeu irregularidades como abuso do poder, desvio de poder com intuito doloso de favorecer partes, uso de laranja, violação da imparcialidade.

Por unanimidade os membros do conselho decidiram que Jovaldo Aguiar vai ficar fora das atividades de corregedor e desembargador até a conclusão do procedimento de controle administrativo que será instaurado contra ele. A recomendação do afastamento foi feita pelo corregedor nacional de justiça, ministro Gilson Dipp. "Ha indícios de graves violações dos deveres funcionais do magistrado", afirmou o ministro ao declarar o seu voto.

As irregularidades contra Jovaldo Aguiar foram identificadas durante a inspeção que a corregedoria do CNJ fez ao Tribunal de Justiça do Amazonas em fevereiro deste ano. A vistoria apurou que 16 dos 39 procedimentos disciplinares que tramitavam na Corregedoria do TJA estavam indevidamente paralisados. Três deles apuravam denúncias contra Aguiar.

O primeiro procedimento iniciou de representação assinada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Manaus. Foi arquivado pela presidência da Corte e teve como última movimentação, em outubro de 2003, pedido de vista do advogado Abdalla Sahdo. O segundo tinha como relator o desembargador Kid Mendes, hoje aposentado. O processo chegou a ser encaminhado ao próprio acusado em maio de 2004 e não foi encontrado pelos técnicos do CNJ. O terceiro procedimento é uma notícia crime que está parada desde janeiro de 2007.

O nome de Jovaldo Aguiar também aparece no relatório do CNJ relacionado a fraudes na distribuição de processos. Onze das 40 ações distribuídas de maneira irregular foram encaminhadas inicialmente ao desembargador. O escândalo das fraudes no setor de distribuição do TJA foi revelado em junho de 2007 pelo então presidente da Corte Hosannah Florêncio. Uma sindicância apontou que o sistema eletrônico foi violado para direcionar os processos a determinados magistrados.

Jovaldo Aguiar deve ser substituído no cargo de corregedor e os processos sob sua responsabilidade serão redistribuídos. No período em que ficar afastado, o desembargador tem suspensas as vantagens do cargo como carro oficial, motorista e nomeação de servidores para funções comissionadas. A decisão do CNJ será comunicada ao presidente do TJA, Francisco Auzier. O conselho vai orientar que Jovaldo Aguiar, hoje com 68 anos de idade, não seja aposentado enquanto o processo disciplinar estiver em andamento.

A assessoria de imprensa do TJA informou ontem que Jovaldo estava em Brasília para acompanhar o julgamento e que o presidente do Tribunal não iria se pronunciar sobre o assunto.

Pontos do relatório do CNJ

- Pagamento de salário de até 18 mil para soldados PMs que atuavam como seguranças e motoristas de desembargadores.
- Liberação de diárias para desembargadores que alcançaram até R$ 60 mil por ano para apenas um magistrado.
- Pagamento de hora extra para funcionários aposentados.
- Indenização de férias para dois desembargadores no total de R$ 80 mil.
- Falta de comprovantes das passagens pagas pelas diárias.
- Nomeação de PMs acima do número legal permitido.
- Descumprimento da Lei Estadual 3.226 que diz que 70% dos cargos comissionados devem ser ocupados por servidores efetivos.
- Nomeação de servidores sem vínculo com o tribunal para os gabinetes de desembargadores acima de 50% das vagas.
- Nomeação de servidores acima do número de vagas oferecidas no concurso.
- Processos retirados do tribunal por advogados há mais de 1.600 dias.
-Procedimento sobre fraude na distribuição de processos paralisado.
- Oficiais de justiça em desvio de função.

Foto: Ney Mendes - 05/06/2008

26 maio 2009

CARLOS VIVES - LA GOTA FRIA



Quando tive a oportunidade de viver fora do Brasil viajei por alguns países da América do Sul e da América Central e Caribe. E só então me dei conta da influência da música colombiana por todos os lugares. Vallenato, cumbia, salsa...é muita coisa para um país relativamente pequeno.

E a salada de múscia colombiana e caribeña está se popularizando em Belém, onde a barreira melódica deixou de existir quando o assunto é criar música diferente. Experimentem tentar comprar um CD com alguns ambulantes que ficam nas cercanias do mercado Ver-o-peso...a gente fica perdido. Eu fiquei e terminei não levando nada.

BAZAR DE ESPELHOS

Antonio Alves
Blog Tempo Algum

Posso dizer que tenho uma comunidade quando a convivência entre os seres que dela participam -mesmo não estando isolados de outros em outras possíveis comunidades, mas em uma autonomia tênue e relativa- cria uma variação de um código de linguagem, um ego-self coletivo com o qual se identificam e um espaço-tempo no qual se sentem "do lado de dentro".

Não se fica, assim, liberto ou distante da "realidade" dos padrões institucionais dominantes e dominados pelo grande mercado de identificações, da multidão, das mídias, do consumo, das máquinas econômicas e políticas, mas pode-se viver um pouco de vida própria: noções de tempo, afetos, preferências estéticas, ética, em tudo se pode criar moldes alternativos e mais íntimos, menos tensionados, menos conflitivos. Na comunidade, o viver pode ser tranquilo.

Pode, mas nem sempre é. Os riscos são permanentes e não vem apenas de fora, pelas tentativas de enquadramento do "sistema", mas pela ansiedade que nasce dentro, a partir do desejo de adequação de indivíduos e subgrupos aos padrões de excelência e vantagem, às oportunidades que vislumbram tanto na feirinha quanto no supermercado das identidades: afinal, todos querem ser.

O que vale para grupos, vale para cada um. Os espaço-tempos do mundo lá fora, da comunidade ou dos subgrupos existe no ser de cada ser e acontece na relação de uns e todos. Resumindo: corrigir os outros é me corrigir nos outros.

25 maio 2009

A FLORESTA É ALGO MAIS QUE ÁGUA E ÁRVORES

Escrito por Moisés Diniz*

Quanto texto, conferência, dissertação, opinião, tinta, tipografia, hemorragia de letras e quanto verbo acerca da necessidade de manter preservada a floresta. Só a quantidade de celulose utilizada em bilhões de páginas de papel, escritas sobre o assunto, reporia 2% da floresta devastada do planeta. E ninguém sugere que olhemos para as nossas origens na floresta, após a nossa longa, fria e tenebrosa passagem pelas águas.

Temos um medo abissal de olhar para as extremidades de nossos dedos e descobrir que, durante quase um século de milhões de anos, resistimos nas árvores. Nossas garras, que depois se transformaram em mãos, guardaram as marcas digitalizadas das cascas das árvores. Quando vamos retirar a nossa carteira de identidade, o nosso polegar denuncia a nossa origem animal e as marcas indeléveis que ficaram do tempo inestimável de nossa vida braquiadora na floresta.

Viemos de uma resistência biológica e ecológica de milhões de anos. Nossos antepassados, esgotado o período de especiação, estão na floresta a nos lembrar que a única coisa que nos separa dos mamíferos inferiores é a palavra e o raciocínio lógico. Isso já basta para entendermos que entre nós e os mamíferos inferiores deve existir uma cumplicidade que não deixa de ser gratidão

Além de termos vindo de lá, a partir da evolução das espécies, nos alimentamos de sua carne e de seus frutos. Mesmo os animais domesticados um dia viveram na floresta. A partir das florestas ocupamos as planícies, as cavernas. De lá retiramos as nossas primeiras ferramentas, nossos nomes e vestimentas.

À exceção do sal, o que consumimos que não tenha vindo da floresta? Até os combustíveis fósseis são resultados de trilhões de árvores envelhecidas, apodrecidas e soterradas no quase intocável subsolo do planeta.

Tudo o que temos de mais forte e mais precioso em nossa carga biológica, genética e humana foi adquirido e aperfeiçoado na floresta. Nossas mãos retráteis nasceram do contato rústico e dolorido com as cascas das árvores. Nosso esqueleto de alta resistência e formidável elasticidade óssea foi construído entre os galhos, em nosso deslocamento arbóreo. Nossa visão estereoscópica é fruto da vivência entre as folhagens da copa das árvores.

Adquiridas essas ferramentas biológicas e esgotado o alimento em nosso nicho ecológico arbóreo, como uma espécie fugindo da extinção, descendo ao solo das imensas florestas, antes de nos aventurarmos nas planícies. Nas florestas demarcamos os nossos territórios, organizamos as nossas hordas e famílias e iniciamos o manuseio primitivo das primeiras ferramentas.

Antes de nossa espécie ter realizado a curva pré-histórica de supremacia ‘espiritual’ entre si e os animais inferiores, a alma não era exclusividade do homo sapiens. Os animais da floresta, especialmente os mais fortes e os mais inteligentes, eram dotados de espírito, que orientavam ou puniam o homo erectus. O espírito do búfalo, do urso, do leopardo, da águia, da serpente.

No longo período de transição entre o primata e o homem, nós vivíamos numa relação desigual com o meio ambiente e seus recursos naturais poderosos. Sofremos intempéries mortais do tempo glacial, da chuva ácida, do sol escaldante, dos vulcões, das torrentes e das tempestades. As feras da floresta nos dizimavam como formigas e nosso tempo era curto em cada território e caverna.

Então, decidimos nos vingar, nos transformamos numa força geológica. Entre 1500 e 1800 foi eliminada uma espécie em cada 10 anos. Entre 1800 e 1900 foi eliminada uma espécie a cada ano. Em 2000 desapareceram 10 espécies por dia. Atualmente, cerca de uma espécie está desaparecendo por hora. Entre 1970 e 2000 desapareceram aproximadamente 20% de todas as espécies de vida.

A partir de 1900 perdeu-se a quinta parte da superfície cultivável e das florestas tropicais. De 1970 a 1990 o desmatamento foi de 20 milhões de hectares. Atualmente, cerca de 10 milhões de hectares são desmatados ou degradados por ano, o que representa uma área do tamanho de um campo de futebol a cada dois segundos.

Mais de 70% das florestas originais já foram destruídas e somente 20% das florestas nativas permanecem intactas. Uma árvore é plantada para cada dez que são derrubadas. Nesse ritmo, a floresta tropical restante estará destruída até 2050. O planeta já perdeu metade de sua extensão florestal original, principalmente nos últimos 150 anos.

Alguns estudiosos afirmam que esta é a maior onda de extinções desde o desaparecimento dos dinossauros há 60 milhões de anos. Mais de 20% dos mamíferos, mais de 10% dos pássaros e cerca de 15% das plantas enfrentam essa ameaça, em grande parte devido à destruição do seu habitat. Somente no Brasil, mais de 80 culturas humanas foram perdidas e, nos próximos 20 anos, o mundo verá a perda de milhares de espécies de plantas e de animais.

A cada ano perdem-se 20 milhões de toneladas de húmus por causa da erosão, salinização e desertificação e, devido à degradação do solo, o planeta perde por ano mais de seis milhões de hectares de terras cultiváveis.

Na última metade do século passado o mundo perdeu 60% de suas reservas de água potável. A quantidade de água potável que está acessível – seja em lagos, rios ou represas – representa menos de 0,25% do total de água doce. Em 1990, 25% da população da América Latina e do Caribe não tinham acesso à água potável.

Estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas no mundo não tenham acesso à água potável e mais de 4 milhões (um número dez vezes maior que o de mortos em guerras em todo o mundo), crianças na maioria, morram, a cada ano, de doenças causadas por água contaminada que provoca milhões de enfermidades.

A cada ano 500 milhões de toneladas de lixo perigoso são produzidas no mundo. Apenas os Estados Unidos da América são responsáveis por 50% desse lixo. A biodiversidade dos ecossistemas de água doce diminuiu mais de 40% de 1970 até 1990.

Já o ecossistema marinho perdeu cerca de 30% de sua biodiversidade nestes mesmos 20 anos. O consumo de fertilizantes aumentou de maneira brutal e inaceitável, saindo de 10 para 60 milhões de toneladas por ano no intervalo de 20 anos.

Desde o ano de 1960 cerca de 500.000 espécies têm desaparecido e cerca de 40.000 estão ameaçadas. O aumento da extinção pode ser agravado pelo altíssimo e desenfreado consumo humano, pela poluição dos recursos naturais, através do aquecimento global e pela elevação do nível do mar.

A nossa vingança se voltou contra nós mesmos e estamos a destruir as últimas reservas de água, floresta e toda a acumulação primitiva de recursos naturais. Estamos matando a nossa galinha dos ovos de ouro e sequer a maioria da população tem acesso aos ovos.

"Uma minoria consome os recursos naturais, que se tornam bens sofisticados, enquanto a maioria da população do planeta não sabe o que é beber água potável e alimentar-se três vezes ao dia. Apesar disso, o planeta está se exaurindo e deixando órfãs de seus recursos naturais as gerações do futuro".

No decorrer dos séculos, com o avanço da tecnologia, perdemos a cumplicidade entre o ser humano e o espaço verde que nos criou e nos alimenta. Os homens que dirigem o planeta são os antigos mamíferos que se tornaram lobos do semelhante. Eles cuidam de sua alcatéia, de sua minoria, a controlar e consumir os recursos naturais com cérebro de lobo e estômago de lagarta.

Talvez uma maldição biológica explique a nossa vingança. Nossos genes são quase iguais aos genes dos ratos. Quanto aos macacos somos mais semelhantes, além dos genes, da herança do esqueleto, da fisiologia, da fisionomia e das digitais. Somos descendentes próximos dos macacos e parentes distantes dos anjos. E ainda temos a ousadia de afirmar que somos filhos de Deus.

Durante setenta milhões de anos vivemos nas florestas. Quanto à vida humana nas cidades ainda não completou meio milhão de anos. E por que tanto desamor aos recursos naturais? Por que tanta indiferença às formas de vida indefesa das florestas e das águas?

Dentre os animais nós somos os únicos capazes de envenenar a própria água que bebemos, de matar um ser vivo sem ter a necessidade de comê-lo para saciar a fome, de escravizar o semelhante, de torturá-lo. Contraditoriamente, somos os únicos que têm alma e, se não bastasse, somos os únicos seres vivos que riem.

A verdade é que toda a nossa ferocidade ancestral e os nossos instintos mais primitivos foram organizados em leis, em códigos canônicos e em sociais convenções. O presídio de hoje é a árvore oposta que abrigava a família de símios que queria roubar os meus frutos. A civilização é uma pele humana que cobre a nossa animalidade ancestral.

Talvez, por isso, não consigamos olhar com fraternidade para as formas de vida que não riem, não torturam, não matam a si mesmas, não rezam, não escravizam. Felizmente, nossos somos a única espécie que perdoa.

Por isso a nossa aposta na espécie humana, na sua capacidade de transformar lixo em arte, de recuperar os rios, de reciclar sua urina, de fazer de um grito uma música, de transformar o desejo mais simples em utopia e de, finalmente, perceber a dimensão da dor nas formas de vida que não fazem parte da civilização.

Somente uma nova ordem humana e ecológica e uma nova filosofia de produção e de consumo serão capazes de deter a barbárie da civilização. Que os antigos espíritos dos animais da terra e das águas nos orientem no rumo ontológico de nossas origens e de nossas utopias coletivas, embebidas no orvalho amazônico da fraternidade e na cura das enfermidades da alma humana, reconstruindo o pacto sócio-ecológico entre o homem e a floresta.

* Moisés Diniz é escritor e Deputado Estadual pelo PC do B (Acre)

MUDANÇA NO FUSO HORÁRIO: AGRESSÃO À NATUREZA E À DEMOCRACIA

"Em Cruzeiro do Sul os efeitos foram evidentes em sua maior festa religiosa: no ano passado, falou-se em 30 mil participantes no novenário, em 2008, 10 mil... As missas, novenas e procissões seguiram o novo horário, e foram realizadas sob o sol e o calor escaldantes do verão amazônico. E para a procissão não perder totalmente o brilho de outrora, os organizadores realizaram paradas mais demoradas e caminhada mais lenta para que a noite chegasse e com ela a beleza da lua e das luzes de velas iluminando as avenidas de Cruzeiro e o Morro da Glória."

Socorro Silva*

Foi com as mãos atadas, a garganta seca e os olhos cansados e assustados que acordamos no último dia 24 de junho. Não era um dia comum: depois de quase cem anos habituados ao fuso horário natural, biológico e solar, baseado nas longitudes e movimentos de rotação da Terra, fomos obrigados a adiantar em uma hora nossos relógios. Entrava em vigor a Lei nº 11.662, de 24 de abril de 2008, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), que extinguia o 4º fuso horário brasileiro (com abrangência em todo o Estado do Acre e sudoeste do Amazonas), unificava o horário do Estado do Pará igualando-o ao de Brasília e nos colocava com a mesma hora dos outros Estados da Amazônia, inclusive de Mato Grosso, embora estejamos a mais de 2 mil quilômetros de Cuiabá.

Sem consulta à população atingida no Acre, no Amazonas e no Pará, o Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou a lei sob alegação de “integração desses Estados ao Sistema Financeiro Nacional e facilidade nas telecomunicações”. A consistência dessa alegação obviamente significa o atendimento aos interesses de uma minoria endinheirada e não ao povo em geral, que passa à margem do grande capital. Com isso, o Brasil passou a ter apenas três fusos horários, contrariando a lógica do tempo e da geografia, independente das enormes distâncias que nos separam de leste a oeste, do nascer e do pôr-do-sol. Para a maioria dos parlamentares, nossos hábitos adquiridos ao longo de cem anos, nossa saúde e segurança são apenas moedas de troca de apoio político e financeiro.

Estranhamente esta mudança ocorre pouco depois de começar a vigorar a Portaria nº 1.220/07 do Ministério da Justiça, que obriga as emissoras de TV do país a adequar sua programação de acordo com a classificação indicativa para cada idade aos fusos horários brasileiros, mais especificamente aos Estados do Norte que se encontravam no 3º e no 4º fusos, respectivamente a uma e duas horas em relação às sedes centrais das grandes geradoras. Foi mais fácil passar por cima do povo do Acre, do Amazonas e do Pará do que fazer a Globo, a Record, a Band e o SBT cumprirem a determinação da Justiça. Atitude típica de ditaduras como a chinesa, cujo país, o 2º maior do mundo, tem apenas um fuso horário, e, em contrapartida, completamente contrária a de democracias como a americana e a canadense, onde os canais de TV se adequam aos fusos horários, e não o contrário.

AS CRIANÇAS E A TV

Mudar o relógio evitou maiores gastos às emissoras, deixou-as quites com o Ministério da Justiça, mas não resguarda nossas crianças. Talvez saídas mais diplomáticas como uma pequena adequação nas novelas das 7 e das 8 e retardamento no horário de filmes pornôs (Band) e não propriamente a gravação da programação poderiam surtir efeito mais benéfico. Até porque hoje as crianças dormem mais tarde, bem depois dos pais e o novo horário até facilitou. Não há nada mais tão impróprio na TV que elas não vejam sem censura na Internet e na realidade cotidiana. O que estão transmitindo à população do Acre, Amazonas e Rondônia é uma gravação de má qualidade, com interrupções bruscas de programas, noticiários, novelas e publicidade, e quase nenhuma transmissão ao vivo. O melhor é recorrer a antena parabólica e a TV por assinatura.

Por isso, mais do que nunca muitos valores perdidos têm que ser resgatados pelas famílias, e os meios de comunicação devem ter consciência do alcance social da veiculação de suas informações. Para isso, elegemos representantes, não para se render às imposições dos lobbies que cercam o Planalto, tampouco para algemar a liberdade de expressão ou agredir uma população inteira em seus hábitos e costumes.

Afinal de contas, a imposição do Ministério da Justiça para atender ao Estatuto da Criança e do Adolescente pretendia o quê, se o relógio foi alterado, mas o tempo não mudou, o sol não se adiantou nem a noite, e as crianças continuam dormindo no horário do fuso natural, longitudinal?

EQUÍVOCO

Trocamos seis por meia dúzia. Do ponto de vista social e cultural, nenhum benefício tivemos e ainda sentimos arder na alma a convicção de que o interesse público continua sendo submetido ao privado. E nós que pensamos que isso tinha mudado. Que nada... Sentimo-nos como uma massa esquálida, ignorante e burra, acuada num arraial de Canudos no meio da floresta amazônica, impotente e assustada diante de mais um equívoco da República, e traídos pelo próprio Antônio Conselheiro. Sem defesa no Congresso, a quem cabia o papel de questionar o Projeto de Lei do senador acreano e suas implicações e exigir maiores esclarecimentos sobre o desejo das populações dos Estados atingidos, restou-nos a frustração e a perplexidade perante tamanha afronta à democracia, tal como nossos ancestrais nordestinos.

Sabemos que estamos definitivamente condenados a civilização, já dizia Euclides da Cunha. E, apesar das diferenças, caminhamos para o mesmo fim, com o mesmo ímpeto civilizatório. Porém, nesse Brasil continental, contrastes aviltantes no clima, no relevo, na vegetação, no tempo, na cultura, na linguagem, no desenvolvimento, na distância evidenciam condições regionais incomparáveis. Enquanto no sul a temperatura média oscila entre 17º e 20º e as estações são bem definidas, a exemplo da Europa, no Norte do Brasil, o calor é inclemente o ano inteiro e nossas estações, apenas duas, são orientadas pelo sol e a linha do Equador, que ditam o ritmo das florestas e das chuvas, que, por sua vez, regulam as nossas vidas. Aqui o sol nasce e se põe às 6 horas (manhã e tarde) e não às 5 ou 7.

Não é uma mudança de horário que nos aproximará do (ex) sul maravilha e nem nosso progresso depende do fuso horário de Brasília, Rio ou São Paulo. Além do mais, as grandes cidades brasileiras do Sul e Sudeste não são nenhum modelo de desenvolvimento a ser seguido, quando o assunto é paz, segurança, saúde, saneamento, educação e alegria para todos e não apenas para alguns. Não ficamos mais perto de Brasília, ficamos mais longe de nós mesmos devido ao transtorno que a mudança vem causando em nossas vidas.

Precisamos ir além de medidas equivocadas como esta do fuso horário e a Medida Provisória 422, que legaliza a “grilagem” de terras na Amazônia, também aprovada pelo Congresso. Esta aliás aprovada, mas muito bem questionada por todos os nossos senadores, em especial a senadora Marina Silva, do PT-AC.

A eficácia dessa mudança é a mesma do horário de verão na Amazônia: mais desperdício de energia elétrica e humana. Agora também de prestígio político.

FRACASSO RELIGIOSO

O novo horário é uma agressão à natureza e ao povo amazônico. Expõe crianças, jovens e adultos à criminalidade, provoca esgotamento físico, altera hábitos seculares da população, prejudica o rendimento das pessoas e pode causar inúmeros outros malefícios. Em Cruzeiro do Sul, por exemplo, os efeitos já foram evidentes em sua maior festa. Não é preciso uma pesquisa mais apurada para perceber que este foi um dos mais fracos novenários de Nossa Senhora da Glória de todos os tempos. As novenas, leilões e arraial contaram com pouca participação da população e a grande procissão do dia 15 de agosto, normalmente incomparável a todas as outras, mais parecia uma romaria qualquer.

No ano passado, falou-se em 30 mil participantes. Em 2008, 10 mil. Ou seja, um terço. A Igreja Católica, adotando o horário novo, deixou missas, novenas e procissões com uma hora de antecedência. Resultado: fracasso no novenário e frustração de tantos que gostariam de manifestar a sua fé de maneira tranquila, no frescor da brisa suave da noite, sob a lua, e não sob o sol e o calor escaldantes do verão amazônico. Uma pena..

Para a procissão não perder totalmente o brilho de outrora, os organizadores estrategicamente obrigaram-se a paradas mais demoradas e caminhada mais lenta para que a noite chegasse e com ela a beleza da lua e das luzes de velas iluminando as avenidas de Cruzeiro e o Morro da Glória. Muitos esqueceram as velas, outros desistiram, outros ainda perderam a hora, e a festa que tanto orgulha o Vale do Juruá nem de longe lembrava o fascínio dos anos passados. Aliás, no novenário e em todos os dias, estamos rezando menos. A histórica e cotidiana missa das seis na catedral passou para seis e meia (5:30 no fuso natural). Quem se arrisca a sair no escuro a não ser para trabalhar e estudar porque é obrigado? Ficamos mais distante da Igreja e ela de nós.

“UM HORROR”

Estamos todos sofrendo, crianças, adultos e idosos. Acordamos ainda no escuro e cansados para começar o dia, como se morássemos em São Paulo ou qualquer outra metrópole e tivéssemos que levar duas horas para chegar ao trabalho ou à escola. Se quiséssemos viver assim, estaríamos morando por lá. Mas está provado no Brasil que os brasileiros do interior têm mais qualidade de vida que os das grandes capitais em muitos aspectos. Principalmente na simplicidade com que encaram a vida, o que é uma marca do povo da Amazônia. Por que agredir nossa natureza humana dessa forma? Queremos a tranquilidade da nossa Amazônia, com nossos costumes, e não a loucura, a violência e a guerra do Rio de Janeiro, São Paulo ou Salvador.

Basta um rápido olhar à Internet para perceber os transtornos que a população está enfrentando. De Óbidos, no Pará, passando por Tabatinga, no Amazonas, ao Vale do Juruá, há um só desabafo: - Esse horário está um horror! Algumas prefeituras resolveram continuar com o horário anterior atrasando em uma hora o início das aulas nas escolas do município e do trabalho nas repartições, como é caso de Cruzeiro do Sul (8 horas), Rodrigues Alves e Mâncio Lima, todos correndo o risco de até fechar algumas escolas na zona rural por causa do abandono dos alunos, expostos a marginais e ataques de animais. O comércio também adotou o horário das Prefeituras e os bancos atrasaram em uma hora, começando o atendimento ao público às 9 horas. Quem depende do Governo do Estado, porém, continua na mesma. De tanta reclamação de alunos e pais, puseram o começo das aulas nas escolas estaduais meia hora mais tarde (7 e meia). E os órgãos estaduais e federais continuam às 7 horas (6 horas no fuso normal). Uma verdadeira confusão para quem tem que trabalhar às 7 e deixar os filhos na escola às 7 e meia, ou ainda trabalhar às 9, como é caso dos bancários, sem falar em todas as outras implicações físicas e psicológicas que podem advir do esgotamento físico.

Com este horário, dormimos menos, trabalhamos menos, rendemos menos, caminhamos menos, rezamos menos e bebemos mais. Na verdade, ficou ideal para quem não se importa de chegar atrasado ao trabalho e à escola e adora sair mais cedo para tomar cerveja e fazer travessuras. Até a caminhada da tarde, na saída do trabalho, perdeu a alegria por causa do sol e do calor.

Considero a liberdade um bem inerente à condição humana. Não é à toa que a pior punição é a privação dela. E a liberdade de expressão é um dos seus expoentes. Eis porque o Ministério da Justiça, o Congresso Nacional e os meios de comunicação tinham que se entender melhor, preservando, sobretudo, os valores democráticos e cidadãos do povo brasileiro, em especial dos paraenses, amazonenses e acreanos.

A atitude do senador do Acre, sem qualquer cerimônia, passou uma borracha em séculos de esforços, enganos e descobertas dos maiores cientistas da humanidade. Estudos que revolucionaram a navegação, o comércio, a ciência e a economia no mundo, na Idade Média. As longitudes, distância angular entre os meridianos da Terra, e as coordenadas geográficas permitiram uma orientação mais precisa, principalmente porque são baseadas na velocidade extremamente regular do movimento de rotação da Terra em torno do próprio eixo. Proporcionar uma posição com exatidão, observando exaustivamente o tempo físico, o mapa do céu, a situação da Lua em relação ao Sol e os movimentos dos astros revolucionou a tecnologia, a matemática e o nosso modo de ver o mundo. Cálculos matemáticos que propiciaram investigações intensas em torno do tempo e das distâncias e que confirmam a rígida sincronia entre a Terra, seus componentes naturais e os corpos celestes não serão alterados por força de uma lei humana ou um decreto.

Que nosso repúdio e indignação a agressão à natureza e à ciência e ao autoritarismo e descaso com que fomos tratados possam resultar no que ocorreu com Portugal ao ingressar na União Européia em 1992. O impacto foi tão profundo na vida dos portugueses que o Governo lusitano foi obrigado a retornar ao fuso horário natural. Mas Portugal é 1º Mundo, Europa, democracia, e o Brasil, 3º... E as entidades e instituições representantes dos vários segmentos da população do Acre, do Amazonas e do Pará – sindicatos, centrais sindicais, federações e confederações de trabalhadores, etc – mais parecem porta-vozes do senador do que do povo desses Estados. São situações como esta que nos fazem nos questionar como pode haver uma confiança mútua entre o eleitor e o político, o público e suas entidades representativas.

A palavra que silenciam a nosso favor é o grito que ruborizamos suas faces avermelhadas: “Queremos nosso horário de volta!” Chega de sairmos a cada dia do nosso estado habitual tão naturalmente incorporado ao nosso viver. Chega!!

*É formada em Comunicação Social-UFAM, Letras/Inglês-UFAC e pós-graduanda em Gestão Ambiental em Sistemas Florestais-UFLA-MG

24 maio 2009

PARCEIROS DE MÃO ÚNICA OU DE MÃO DUPLA?

"Recebo diariamente propostas do que chamo de parceiros de mão única, gente e organizações que acreditam que um mundo sustentável, ambientalmente correto e socialmente justo seja possível, mas não percebem – ou tentam usar de esperteza - que apenas pedem ajuda, mas não se preocupam em oferecer contrapartidas, como verdadeiros parceiros de mão dupla fariam..."

Por Vilmar S. D. Berna (*)‏

Recebo diariamente propostas do que chamo de parceiros de mão única, gente e organizações que acreditam que um mundo sustentável, ambientalmente correto e socialmente justo seja possível, mas não percebem – ou tentam usar de esperteza - que apenas pedem ajuda, mas não se preocupam em oferecer contrapartidas, como verdadeiros parceiros de mão dupla fariam.

As mudanças em direção a este mundo melhor, que todos queremos, é uma responsabilidade comum, apesar de diferenciada!

Agem como parceiros de mão única aqueles que se limitam a enviar releases com informações ambientais sobre seus resultados de ações e projetos ambientais institucionais ou sobre o lançamento de novos produtos comerciais na área ambiental, mas negam a estes mesmos veículos de comunicação a inclusão em seus planos de mídia!

Ao agirem assim, esperam receber ‘carona’ gratuita para suas informações institucionais ao mesmo tempo que demonstram incompetência, para dizer o mínimo, em sua estratégia de comunicação. Ao escolherem os veículos da mídia ambiental é por que reconhecem a importância de sua penetração nos segmentos da opinião pública e consumidores interessados em meio ambiente, entretanto, ao negar o financiamento a estes mesmos veículos, contribuem para o enfraquecimento de suas capacidades em dar divulgação às informações já que não terão como ampliar suas tiragens ou garantir a periodicidade!

Ás vezes, parceiros assim investiram muito dinheiro em projetos de responsabilidade socioambiental ou no desenvolvimento de produtos comerciais para o setor ambiental, entretanto, falham no momento mais estratégico de seus negócios quando deveriam designar também uma parcela de recursos para investir adequadamente na divulgação, mas preferem acreditar e esperar que veículos de comunicação sem recursos acreditem neles a ponto de investir por eles na divulgação de seus negócios!

Como parceiros de mão dupla, as empresas, governos e organizações que incluíssem os veículos da mídia ambiental em seus planos de mídia teriam, aí sim, autoridade moral para exigirem verificação de circulação e qualidade de conteúdo, por que estariam colaborando efetivamente para a manutenção do veículo. Em contrapartida, os veículos poderiam pagar adequadamente seus colaboradores, por artigos e matérias, escolhendo temas específicos de interesse da pauta e não apenas os textos que os colaboradores estão dispostos a ceder de graça em troca de divulgação.

Também agem como parceiros de mão única aqueles que investem em seminários e eventos na área ambiental e aceitam como natural que tenham de pagar pela energia, pelas tendas ou montagem de stands, pelo aluguel do espaço, pelo som, pelos profissionais da tradução, portaria, segurança, etc., mas se negam a pagar aos palestrantes, em última análise, a principal atração do evento. Alguns ainda entendem que devem pagar as despesas de deslocamento e hospedagem e, outros, nem isso! São eventos e seminários organizados por parceiros de mão única, que esperam que os palestrantes sejam financiadores do seminário ao abrirem mão de seus pró-labores.

Esta estratégia contribui para levar ao evento apenas aquelas pessoas e organizações, elas próprias também parceiras de mão única, que irão aproveitar a oportunidade de ter um público ouvinte privilegiado, não para colocar em questão o tema do seminário, mas para divulgarem seus negócios ou produtos para uma platéia privilegiada. Uma forma de conseguir publicidade e divulgação gratuita. Melhor seria se fossem parceiros de mão dupla ao se tornarem patrocinadores do evento, e aí sim, seria justo que o público ouvisse do patrocinador que permitiu a realização do evento a devida propaganda institucional.

Como público interessado, costumo ficar muito chateado e entediado quando em vez de ouvir um bom debate ambiental o que vejo é uma apresentação de egos inflados ou de propaganda de novos produtos ou de organizações. Geralmente me retiro na hora. Creio que se todos agissem da mesma forma, os organizadores parceiros de mão única passariam a mudar de estratégia. Quem quisesse usar o seminário para fazer propaganda institucional teria de ser um parceiro de mão dupla, assumindo uma cota de patrocínio. Já os palestrantes, seriam contratados pelo preço justo e suas palestras tratariam exatamente do tema proposto pelo seminário, por que estariam sendo pagos
para isso e poderiam ser cobrados pela organização.

Todos somos igualmente responsáveis pelas mudanças em direção a este mundo melhor, mas claro que esta responsabilidade não é igual para todos. Quem tem uma ‘pegada ecológica” maior deve ter também uma responsabilidade maior!

Mas daí a achar que a mudança deve começar com tem essa maior responsabilidade, é uma forma de procurar por uma desculpa para também não fazer nada, ou transferir a sua responsabilidade para o outro.

(*) Vilmar é escritor e Fundador da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br) do Portal (www.portaldomeioambiente.org.br) e da Revista do Meio Ambiente.

22 maio 2009

PIAUÍ

Onde a Justiça tarda e juízes usam veículos velozes

"...foram comprados recentemente dois veículos Pajero Mitsubishi no valor unitário de R$ 118 mil e 14 veículos Honda New Civic no valor unitário de R$ 69,7 mil para atender sua demanda interna...enquanto há séria carência de informática e servidores necessitando de capacitação básica"

Blog do Frederico Vasconcelos

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tentará aprovar nos próximos dias resolução para disciplinar a aquisição e uso de veículos pelos tribunais, informa o jornal "O Globo" neste domingo.

Mais um exemplo a se somar aos vários casos de distorções nessa área publicados pelo Blog nos últimos meses: o jornal carioca reproduz trecho de inspeção do CNJ no Tribunal de Justiça do Piauí, onde foram comprados recentemente "dois veículos Pajero Mitsubishi no valor unitário de R$ 118 mil e 14 veículos Honda New Civic no valor unitário de R$ 69,7 mil para atender sua demanda interna, totalizando aquisição de 16 veículos de representação, enquanto há séria carência de informática e servidores necessitando de capacitação básica".

Segundo o jornal, há resistências a vencer dentro do próprio CNJ: "A falta de regra unificada deixa brecha para abusos. Hoje, cada tribunal regula o uso de seus veículos. A resolução já conquistou inimigos até no CNJ. No dia 17 de março, quando o conselho decidiu redigir a resolução, cinco dos 13 conselheiros presentes à votação discordaram, sob o argumento de que a medida poderia infringir a autonomia dos tribunais".

21 maio 2009

MOTOCICLISTAS SELVAGENS

Pedestres e usuários de motos de 20 a 39 anos são as principais vítimas de acidentes de trânsito em Olinda (PE). A pesquisa também revelou que, do total de atendimentos, 14,7% foram resolvidos pelo Samu no próprio local da ocorrência e cerca de 13% foram encaminhados para unidades de saúde do município

Fabíola Tavares

Pedestres (55,5%) e usuários de motos (20,2%) na faixa etária dos 20 aos 39 anos (65%) são as principais vítimas de acidentes de transporte terrestre (ATT) em Olinda (PE). E é das 18 horas à meia-noite que acontece o maior número de acidentes. A moto (68,3%) é o tipo de veículo que se destaca como transporte mais usado pela vítima e como causador de acidente. É o que revela estudo feito na Fiocruz Pernambuco baseado nos atendimentos feitos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da cidade, que tem ambulâncias equipadas com aparelhos de GPS (sistema de posicionamento global). Neste período foram atendidas 1.032 pessoas. O objetivo foi apresentar as potencialidades do Samu como fonte de dados para a vigilância dos acidentes de transportes e a contribuição das ferramentas de análise espacial.

Entre as vítimas estudadas, os ciclistas (5,7%) foram os que menos se envolveram em acidentes. Já os ocupantes de outros veículos, como carros e caminhões, corresponderam a 18,6% dos atendidos. Por sexo, os homens (78,9%) se envolveram mais nos acidentes que as mulheres em todas as condições de vítimas estudadas. O maior envolvimento das mulheres nos ATT foi como pedestre (23,6%).

Divididos por faixa etária, as pessoas com idade entre 40 e 59 anos (21%), formam o segundo grupo que mais se envolveu nos desastres. Em primeiro estão aqueles entre 20 e 39 anos (65%), como já citado. Crianças de 0 a 9 anos estão no menor grupo de vítimas (1,5%). Fevereiro, mês do carnaval, o que leva um maior número de pessoas às ruas, e os finais de semana, período no qual é maior o consumo de bebidas alcoólicas, foram o mês e o período da semana, com mais registros de atendimento de vítimas de ATT. Por mês foi realizado a média de 86 atendimentos e o socorro aos pedestres foi predominante em nove dos 12 meses analisados. Nos finais de semana, o principal horário das ocorrências foi das 18 horas às 5h59 (57%). Outro dado relevante é que o número de acidentes dobrou no horário da meia-noite às 6 horas, quando comparado o período de segunda a quinta-feira com o de sexta a domingo.

Por serem os pedestres as principais vítimas, a sanitarista Amanda Cabral investigou a proporção de veículos envolvidos nos acidentes com esse grupo. As motos ficaram em primeiro lugar (54%), seguidas pelos carros de passeio (25%) e os ônibus (20%). Ela desenvolveu o estudo como trabalho de conclusão do mestrado em saúde pública na Fiocruz Pernambuco sob orientação do pesquisador Wayner Souza.

A pesquisa também revelou que do total de atendimentos, 14,7% foram resolvidos pelo Samu no próprio local da ocorrência e cerca de 13% foram encaminhados para unidades de saúde do município. Porém a maioria foi destinada a estabelecimentos do Recife, com destaque para os hospitais da Restauração e Getúlio Vargas e as policlínicas Oscar Coutinho e Amauri Coutinho. Os principais pontos de acidente são o Giradouro e a região do pólo comercial de Peixinhos, região do Terminal Integrado da Rodovia PE-15, corredor da orla litorânea, Avenida 2 Perimetral e Varadouro. Mas motociclistas, pedestres e ocupantes de veículos se acidentam em locais diferentes no município.

Enquanto pedestres são mais vitimados em Peixinhos, na altura da feira de Peixinhos, na Avenida Presidente Kennedy, os motociclistas e ocupantes de veículos se acidentam com mais frequência na altura do terminal da PE-15. "Os dados revelam a necessidade de abordagens diferenciadas, em diferentes locais, para os distintos grupos de vítimas", afirma Amanda. Os resultados serão encaminhados à Secretaria de Saúde de Olinda.

Conheça o perfil dos acidentes em Olinda

Vítimas

55,5% pedestres
20,2% ocupantes de motocicleta
5,7% ciclistas
18,6% ocupantes de outros veículos

Sexo

78,9% são homens

Idade

65% - 20 aos 39 anos
21% - 40 aos 59 anos
1,5% - crianças de 0 a 9 anos

Fins de semana

57% dos acidentes registrados nos finais de semana ocorreram das 18 horas às 5h59

Veículos envolvidos em acidentes

54% motos
25% carros de passeio
20% ônibus

Resolução

27,7% das vítimas foram assistidas no próprio município
72,3% no Recife

MULHER BARBADA

Mutações explicam mistério da mulher barbada. Estudo identifica variações genéticas ligadas à doença que leva ao crescimento excessivo de pelos

[Julia Pastrana (1834-1860), a primeira mulher barbada a ser estudada pela ciência, em meados do século 19. Pastrana era portadora de hipertricose congênita generalizada terminal (CGHT), doença que causa o crescimento excessivo de pêlos grossos e escuros pelo corpo (foto: Wikimedia Commons)]

Um passo importante foi dado para se entender a síndrome genética rara responsável pelas "mulheres barbadas", celebrizadas no imaginário popular como atração de circo no século 19. Uma pesquisa identificou sequências genéticas ligdas a essa doença que causa o crescimento excessivo de pelos por todo o corpo. O estudo ajuda a explicar os mecanismos moleculares por trás do controle do crescimento capilar.

A doença em questão é a hipertricose congênita generalizada terminal (CGHT, na sigla em inglês), que leva ao surgimento excessivo de pelos grossos e pigmentados (em sua forma não terminal, mais branda, essa síndrome provoca o crescimento de uma penugem clara e fina no corpo). Os portadores de CGHT apresentam feições grosseiras e, em alguns casos, um crescimento anormal da gengiva (hiperplasia gengival).

“Já se sabia que a CGHT era causada por um defeito genético, mas nunca se havia conseguido descobrir em quais genes ou cromossomos estava esse defeito”, afirma o artigo em que a descoberta foi relatada, publicado esta semana no American Journal of Human Genetics. O trabalho é assinado por uma equipe de cientistas coordenada por Xue Zhang, da Academia Chinesa de Ciências Médicas.

Três famílias e um caso isolado
Para identificar os genes causadores da CGHT, Zhang e seus colegas analisaram o genoma de 16 portadores da doença pertencentes a três famílias chinesas. Eles tinham em comum a ausência de pequenas sequências genéticas de tamanho variado. A equipe concluiu que elas estão associadas à doença, pois estavam presentes no genoma de 12 membros das três famílias não afetados pela CGHT e de sete cônjuges.

O estudo analisou também o caso isolado de um homem afetado pela doença, com hiperplasia gengival — um chinês de 31 anos cujos pais eram aparentemente eram normais. Foi identificada em seu genoma a duplicação de uma sequência presente no mesmo cromossomo em que haviam sido descobertas as supressões nos portadores de CGHT das três famílias.

Tanto nos casos de CGHT das famílias quanto no caso isolado, as variações no número de cópias das sequências genéticas identificadas pelos cientistas estão em uma região com quatro genes. “Embora de tamanhos diferentes, essas variações afetam uma mesma região responsável pelo controle do crescimento capilar”, conta Zhang à CH On-line.

Mas a identificação dessas variações não significa o fim do mistério da mulher barbada. “Agora é necessário estudar como essas mutações genéticas produzem as características apresentadas pelos portadores da síndrome”, afirma Zhang.

Isabela Fraga
Ciência Hoje On-line

20 maio 2009

DEFENSORIA PÚBLICA ACREANA

O SUPER SALÁRIO DE DEFENSOR PÚBLICO NO ACRE

Governo abre o cofre e defensores vão ganhar R$ 16 mil

Francisco Costa
Blog Repórter 24horas

Acabou em comemoração e programação para churrascos, as negociações entre o governo e os defensores públicos estaduais. Por um projeto aprovado ontem por unanimidade na Assembléia Legislativa, a categoria passará a ganhar em final de carreira o teto de R$ 16 mil. O salário inicial de um defensor passará a ser R$ 8 mil. A próxima etapa a ser atendida pelo Executivo é dar melhores condições de trabalho aos profissionais, criando uma estrutura administrativa com cargos próprios. Com os novos salários os defensores passam a ser privilegiados e a ganhar mais que um médico especialista, em muitos casos com seis anos de curso normal e outros quatro de especialização, totalizando dez anos de estudos, e do que um dentista com especialização de ponta como buco-maxilo-facial, que implica em nove anos diretos entre o curso normal e a especialidade.

O próprio relatório entregue antes da sessão aos deputados por uma comissão formada pelos defensores Valdir Perazzo Leite e Dion Nóbrega Leal, sobre as ações do órgão e o que pensam em termo de um atendimento positivo á população, mostra que seus integrantes, mesmo com salários entre os mais altos do Estado não estão atendendo a sociedade como devem atender. No município de Cruzeiro do Sul, por exemplo, com uma população em torno de 100 mil habitantes, os defensores impetraram apenas sete recursos contra os processos julgados.

Outro dado desse relatório que mostra que a Defensoria Pública não funciona como deveria funcionar é o que cita que existem em torno de 20 mil processos nas mais diversas varas criminais do Estado, e que apenas foram ajuizados pelos profissionais da instituição 493 processos recursais, o que vem corresponder a apenas 2,46% dos casos registrados. Isso implica dizer que 3. 256 presos que estão no sistema penitenciário acreano não tiveram o direito aos recursos que as leis lhes conferem.

O relatório da Defensoria Pública funciona como uma peça acusatória de que o órgão não vem atingindo as metas ideais, comentaram os deputados que leram o documento.

Ao falar ontem durante a aprovação do projeto, o deputado N. Lima (DEM), advertiu que agora, com os salários altos, espera que os Defensores atuem com mais celeridade, porque não haverá mais a desculpa que estão ganhando pouco.

* Com informações de A Tribuna - Ac

Nota do Blog: alguém por aí acredita que ganhando 'bem demais' os defensores irão melhorar o desempenho nos tribunais e juízos da capital e do interior? Minha opinião pessoal: Não! E vocês sabem qual vai ser a desculpa? Tá na ponta da língua: - Não temos condições de trabalho! Depois que o governo do Estado der instalações decentes...qual vai ser a desculpa?

DESCREDO

Antonio Alves
Blog Tempo Algum

A representação é essencial na arte, coisa muito boa de se ver. Conheço seu truque, que tenho usado, como todo mundo usa, há um tempo muito maior que a memória. Figuras, inclusive as de linguagem, são para o deleite da mão que as cria e do olho que as aprecia, mas sua beleza ou inteligência desaparece quando são chamadas de realidade ou verdade. São figuras, justamente figuras, nisso reside toda sua realidade e toda sua verdade.

Ando cansado de argumentos. Sou dono de uma boa porção da retórica que existe no mundo, conheço sua força e fraqueza, seu movimento de torção, o ponto de apoio de suas alavancas, suas substituições: causa por efeito, todo por parte, conclusão por hipótese, tantas por quantas. Também no bonsai se torce a planta –e a poda das raízes é o mais importante- até que o ser se dobre à mente.

Observo a sedução dos planos: a projeção que se estica até onde o cálculo alcança e, mais além, ousada, faz uma pirueta no ar. Parece inevitável que mundo e o tempo a sigam. Apenas parece. A estratégia é boa no jogo, mas às vezes perde para a sorte ou para quem não obedeça às regras.

A objetividade é uma coleção de inutilidades, mas a subjetividade também virou coisa que se compra na esquina. Nisso a indústria humana foi eficiente: replicar modelos mentais em quantidades infinitas e dimensões variadas até que ocupassem todo o espaço e o tempo. Razões perecíveis, emoções descartáveis. Mais lixo.

Sinto-me velho demais para ser idealista e ainda muito jovem para ser pragmático. Ingenuidade e cinismo brincam de mocinho e bandido, na rua, em frente à minha casa. Termina sempre em briga e choro, antes que as mães chamem para tomar banho e levar uns bons esfregões no pescoço e atrás das orelhas.

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Cresce em mim a força silenciosa do invisível indizível.

CADASTRO POSITIVO. NOTÍCIA NEGATIVA PARA OS CONSUMIDORES MAIS POBRES

Aprovação do projeto que criou o banco de dados positivo representa uma vitória das empresas de banco de dados. Além de representar a universalização do cadastro negativo, ele tem viés social e discriminatório contra a população mais pobre

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

A aprovação ontem (19/05) na Câmara Federal do projeto que cria o 'cadastro positivo' representa uma das maiores derrotas para os consumidores brasileiros e mostra o quanto as empresas têm poder de influenciar em seu favor votações no legislativo brasileiro.

O Jornal Nacional, que noticiou ao vivo a aprovação do projeto, mostrou o quanto as pessoas estão confusas sobre as reais intenções do projeto. A repórter que dialogava no ar com os apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes estava absolutamente insegura sobre o assunto, ou não estava autorizada a falar dos aspectos negativos do projeto. Ela falou, falou e não explicou nada. No fim, os telespectadores ficaram desinformados e ficou no ar apenas a impressão de que com esse cadastro, os juros irão baixar para aquelas pessoas que pagam as suas contas em dia.

É claro que os bancos não irão baixar juros para ninguém! Pura balela!

O deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) afirmou que a proposta reduz os direitos do consumidor e facilita a inscrição em cadastro negativo. Segundo ele, o projeto "universaliza o cadastro negativo".

O projeto permite às empresas de banco de dados, como o SERASA, a incluir informação de qualquer obrigação não paga decorrente de lei ou de contrato, independentemente de autorização do devedor, incluindo as dívidas tributárias não pagas.

Quem, por razões mais que justificadas, nunca deixou de pagar IPTU, IPVA?

Em Rio Branco, onde a maioria esmagadora da população não paga IPTU e outras dívidas do gênero, a aprovação do 'cadastro positivo' significa que quase todo mundo vai ser 'negativado'.

Antes, bastava o consumidor estar 'limpo' no SPC e no SERASA para ter seu crédito aprovado. Bastava pagar, com ou sem atraso, as compras e empréstimos efetuados no comércio e na rede bancária para se livrar da anotação negativa.

Com o cadastro positivo a situação muda para pior pois o SPC e o SERASA colocarão na lista de maus pagadores até mesmo quem atrasa conta de luz e água pois estas empresas passarão a incluir essas informações no cadastro 'negativo'.

A lei aprovada na Câmara prevê que, no caso de contas de serviço de prestação continuada, como fornecimento de água, luz, gás e telefonia, a anotação de inadimplência no banco de dados será feita após 30 dias de atraso do pagamento.

Qual a vantagem da nova lei? Qual a vantagem do novo cadastro positivo?

O Deputado Flávio Dino afirma que "está se dando um poder de vida e de morte aos bancos de dados. O atraso de qualquer pagamento, como uma conta de luz, vai resultar no nome negativo no banco de dados. Na situação concreta do País, isso vai diminuir o acesso ao crédito, ao contrário do que pretende o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

Segundo o mesmo parlamentar, "o projeto tem viés social e discriminatório". E ele tem razão! Afinal, quem deixa de pagar contas de água, IPTU, IPVA e telefone ao menor sinal de problema financeiro? Os ricos e bem empregados ou os biscateiros, diaristas e outros trabalhadores que recebem salário-mínimo?

Pelo projeto, os bancos de dados terão direito de oferecer análises de risco sobre os consumidores aos seus clientes, ou seja, as lojas, bancos e financeiras. No lado oposto, os administradores dos bancos de dados podem alegar segredo empresarial para negar informações ao consumidor que vier a se sentir lesado na análise de risco a seu respeito e que resultou em negativa de crédito, por exemplo.


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* Com informações adicionais da nota "Projeto do cadastro positivo causa polêmica na Câmara", de Denise Madueño, da Agência Estado. Leitura adicional recomendada:

- Entenda o projeto de criação do Cadastro Positivo no Brasil

19 maio 2009

ESTRADAS MAL FEITAS. NÓS PAGAMOS A CONTA!

"A lógica é pervesa para os acreanos: as empresas executam serviços de qualidade duvidosa, não respondem civilmente pela obra e quando os defeitos e falhas começam a pipocar por toda rodovia o povo acreano é chamado para pagar a conta"

Deputado Luiz Calixto, denunciando em seu blog "A Trincheira", os problemas e os elevados custos financeiros que a recuperação de estradas mal feitas e superfaturadas no Acre causam aos contribuintes.

Segundo o parlamentar, a empresa Construmil foi contratada para fazer o serviço de restauração de 19,8 quilômetros da BR-364 em Cruzeiro do Sul recebendo para isso R$ 30.701.067,89, ou cerca de R$ 1.550.000, por quilômetro.

18 maio 2009

CONSUMO DE VITAMINAS PREJUDICA BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS

Agência FAPESP – O consumo de suplementos vitamínicos pode cortar parte dos efeitos benéficos para a saúde da prática de exercícios físicos, de acordo com estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Os exercícios físicos ajudam a aumentar a sensibilidade do organismo à insulina por meio da produção de oxigênio reativo – ou radicais livres, moléculas instáveis liberadas pela queima de oxigênio no processo de respiração celular.

Os radicais livres são importantes no combate a infecções, mas, caso estejam presente em excesso – em situação conhecida como estresse oxidativo –, são prejudiciais, podendo levar ao desenvolvimento de doenças.

Para equilibrar a ação dessas moléculas entram em ação os antioxidantes, produzidos pelo próprio organismo ou ingeridos por meio de alimentação.

Estima-se que os radicais livres danifiquem as células e acelerem o processo de envelhecimento. Por outro lado, tais compostos são necessários para prevenir o dano celular após exercícios físicos.

Michael Ristow, da Universidade de Jena, na Alemanha, e colegas compararam a sensibilidade à insulina e a quantidade de oxigênio reativo produzido em homens que se exercitaram e receberam doses diárias de vitaminas C (1 g) e E (400 mg) com outros voluntários que passaram por atividades físicas, mas não ingeriram antioxidantes na forma de suplementos.

Segundo o estudo, aqueles que consumiram os suplementos não apresentaram alterações em seus níveis de oxigênio reativo, enquanto os demais tiverem um aumento na formação de radicais livres.

Após quatro semanas de testes, “o estresse oxidativo induzido pelos exercícios melhorou a sensibilidade à insulina e causou uma resposta adaptativa por meio da promoção da capacidade de defesa antioxidante”, descreveram os autores.

Mas a melhoria ocorreu apenas no grupo que não ingeriu antioxidantes em suplementos. Segundo os pesquisadores, os radicais livres provavelmente têm um efeito benéfico ao aumentar a sensibilidade à insulina, efeito que é bloqueado pelo consumo de vitaminas antioxidantes.

O artigo Antioxidants prevent health-promoting effects of physical exercise in humans, de Michael Ristow e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

16 maio 2009

FUNCIONÁRIOS DA ÁREA AMBIENTAL CRITICAM POLÍTICA GOVERNAMENTAL PARA O SETOR

Reunidos durante o II Congresso Ordinário dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente, funcionários públicos que atuam nos diversos órgãos de defesa da natureza no Brasil fazem um resumo da situação crítica do setor e criticam a política ambiental do país denunciando, em carta aberta à sociedade, a “atual situação de crise da gestão ambiental no país e as péssimas condições de trabalho.

Segundo a carta, “Os servidores continuam a trabalhar sem um mínimo de estrutura física, administrativa e operacional adequadas à execução de suas atividades, e esta situação vem sendo agravada nos últimos tempos”, diz um trecho. A recente aprovação do Código Ambiental de Santa Catarina é, segundo os servidores, uma prova de que o poder econômico se sobrepõem aos interesses pela conservação dos recursos naturais do país.

Vejam abaixo a íntegra da carta:

Carta de BH

Belo Horizonte, 15 de maio de 2009

No II Congresso Ordinário dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA, na cidade de Belo Horizonte-MG, convocado pela Asibama Nacional, os participantes vêm por meio desta alertar a sociedade brasileira sobre a atual situação de crise da gestão ambiental no país, em que se verifica constantes ataques aos órgãos ambientais da Administração Pública. Estas ações atendem, principalmente, aos interesses de setores econômicos e políticos que perseguem gananciosamente um modelo desenvolvimentista não-sustentável e que, infelizmente, estão aumentando o seu poder de influência e de barganha dentro do atual governo e do Congresso Nacional.

No setor público, está em curso um evidente processo de desmantelamento das instituições ambientais, que, não de hoje, vem sendo denunciado pelas entidades representativas. Nos últimos anos, houve uma fragmentação da gestão ambiental que gerou uma caos sem precedentes. Os servidores continuam a trabalhar sem um mínimo de estrutura física, administrativa e operacional adequadas à execução de suas atividades, e esta situação vem sendo agravada nos últimos tempos. Diante disto, desenvolver um trabalho na área ambiental só está sendo possível devido aos esforços individuais dos servidores, que não apenas se preocupam em fazer cumprir a legislação ambiental, mas que lutam para preservar esta conquista.

Cabe observar ainda que a busca irracional pelo desenvolvimento à qualquer custo vem inspirando inéditas distorções na legislação ambiental brasileira, que já foi considerada uma das mais avançadas do planeta. Caso evidente desta tendência se verifica na recente decisão da Assembleia Legislativa de Santa Catarina que, em total desrespeito à legislação federal, reduziu a área de proteção das matas ciliares. Outra medida neste mesmo sentido é o decreto que transfere a gestão da Área de Proteção Ambiental do Planalto Central, patrimônio da União, para a gestão do governo do Distrito Federal, conhecido por fomentar a especulação imobiliária, e este precedente coloca em risco todas as unidades de conservação de uso sustentável no país.

Somam-se a estas iniciativas, as edições da Medida Provisória 458, que trata da regularização fundiária na Amazônia Legal e que, na prática, legaliza a grilagem de terras na região, e a Medida Provisória 452, que dispensa a exigência de licenciamento ambiental para construção de rodovias no país. Outra ameaça à legislação ambiental é o projeto de lei, que tramita no Congresso Nacional, que altera o Código Florestal Brasileiro e que coloca em risco todo o patrimônio ambiental nacional.

Diante disto tudo, os servidores estão empenhados em reverter este processo e cobram das autoridades o fortalecimento dos órgãos ambientais e ainda medidas efetivas para melhorar a gestão ambiental no país. Este alerta é fruto de uma discussão madura e responsável daqueles que executam a Política Nacional do Meio Ambiente. O momento exige uma ampla união e participação da sociedade civil organizada para que possamos garantir um meio ambiente preservado para esta e as futuras gerações.