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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

30 outubro 2008

O QUÊ DESENCADEIA A ENXAQUECA?

Jejum, álcool, chocolate e problemas com o sono são apontados por mais de 80% dos pacientes como fatores que desencadeiam crises de enxaqueca, destaca estudo

Vilões da enxaqueca

29/10/2008

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Ao investigar os fatores que desencadeiam a enxaqueca, um novo estudo feito com 200 pacientes revelou que 83,5% apontaram algum fator relacionado à dieta – sendo o jejum mais recorrente, seguido do álcool e do chocolate. Os problemas com o sono foram relatados por 81% dos entrevistados e 64% associaram a enxaqueca ao estresse.

A pesquisa foi realizada por estudantes de medicina da Liga da Cefaléia da Escola de Medicina do ABC e coordenada por Mario Fernando Prieto Peres, professor do Departamento de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador sênior do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, em São Paulo.

O estudo, publicado na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria, aponta também que a enxaqueca afeta três vezes mais as mulheres do que os homens, principalmente em decorrência de fatores hormonais. A enxaqueca é um distúrbio neurológico crônico com vários fatores desencadeantes, que geralmente se inicia na infância ou na adolescência e pode acompanhar o paciente por toda a vida. Caracteriza-se por dores de cabeça transitórias e localizadas e atinge 12% da população, chegando a 20% entre as mulheres.

De acordo com Peres, a enxaqueca dos pacientes que participaram da pesquisa foi diagnosticada segundo os critérios da Classificação Internacional dos Distúrbios de Dores de Cabeça. Todos eles apresentaram pelo menos um fator desencadeante para as crises de enxaqueca. Mais de 95% relataram mais de um fator. Segundo ele, as sobrecargas ambientais, alimentares, emocionais e de estilo de vida foram os fatores desencadeantes mais importantes.

“O estudo remete ao papel fundamental do sistema de dor, que é deflagrado para avisar que algo não está bem. Quando ocorre alguma sobrecarga, esse sistema é ativado, iniciando a crise de enxaqueca. É fundamental que médicos e pacientes reconheçam esses fatores para tentar diminuir a freqüência das crises e melhorar a qualidade de vida”, disse Peres à Agência FAPESP.

Segundo ele, os fatores desencadeantes relacionados aos hábitos alimentares podem ter sido superestimados no estudo, por ter sido a primeira lista de fatores apresentada ao grupo. “Analisando os fatores isoladamente, podemos ver que o estresse e os problemas com o sono são aspectos emergentes, com porcentagens similares em magnitude”, destacou.

Dos 200 indivíduos que participaram do estudo, 162 eram mulheres e 38 homens, com média de idade de 37,7 anos. Os entrevistados foram questionados especificamente sobre a presença ou ausência de possíveis fatores para as crises de enxaqueca, com destaque para fatores alimentares, hormonais (no caso das mulheres), ambientais, sono, estresse e esforço físico.

A enxaqueca é mais comum entre mulheres. Ocorre principalmente durante a fase reprodutiva, entre 20 e 50 anos, e tem um importante impacto socioeconômico e sobre a qualidade de vida dos pacientes. Os resultados apontaram que cerca de 53% das mulheres apresentaram fatores hormonais como principais desencadeadores da enxaqueca, sendo o período pré-menstrual o mais freqüente.

Trabalho e sono

De acordo com Peres, os pacientes responderam a uma lista extensa de fatores desencadeantes e relataram os mais freqüentes no desencadeamento das crises de enxaqueca. “Os pacientes foram selecionados de maneira consecutiva, por isso a presença de mais mulheres no estudo, uma vez que a enxaqueca acomete até três vezes mais mulheres que homens.”

Entre os fatores desencadeantes relacionados à dieta, o jejum foi o mais freqüente, seguido pelo álcool, chocolate, vinho tinto e café. Os resultados mostraram ainda que mulheres têm mais crises de enxaqueca desencadeadas pelo vinho tinto do que os homens.

Com relação aos fatores desencadeados pelo estresse, a preocupação com o trabalho foi o principal fator nos pacientes com enxaqueca. Ao analisar o comportamento do sono (excesso ou falta), o estudo aponta que esse fator parece ter influência na ocorrência da enxaqueca. Pouco mais de 75% dos pacientes apontaram problemas com o sono como principal fator desencadeador.

“Esses resultados sugerem que o tratamento psicológico, a orientação alimentar e a atenção com os hábitos de sono podem ser importantes para o tratamento dos pacientes”, afirma o pesquisador, que também é professor de Neurologia da Faculdade de Medicina do ABC e coordenador do Centro de Cefaléia São Paulo.

Merecem destaque também os fatores ambientais, como alergia, poluição, claridade solar, mudanças no tempo, cigarro, ar condicionado, odores de perfumes, produtos de limpeza e gasolina. Cerca de 68,5% dos entrevistados afirmaram sentir os sintomas da enxaqueca após exposição a esses fatores, sendo os odores (36,5%) os mais recorrentes.

De acordo com Peres, o estudo mostra que fatores desencadeantes são freqüentes em pacientes com enxaqueca, e sua detecção detalhada pode auxiliar em tratamentos preventivos mais eficientes.

“É importante destacar que muitas crises de enxaqueca são oriundas de deflagradores, que são principalmente fatores relacionados a sobrecargas que podem freqüentemente ser evitadas”, disse.

Para ler o artigo Fatores desencadeantes de enxaqueca, de Mario Fernando Prieto Peres e outros, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.

(foto: NIH)

29 outubro 2008

NOVO FUSO HORÁRIO DO ACRE

Que não nos ouçam*

Antonio Alves
Editor do Blog 'O Espírito da Coisa'

Ainda essa coisa do horário. Vou insistir nesse assunto pra colocar uns pingos e pontos nos lugares certos. Começo com uma conversa mansa, assim como quem não quer nada, um papo de índio, mas depois chegarei às políticas. Acompanhem.

No encontro indígena recentemente realizado na terra dos Puyanawa, a primeira desarrumação na programação oficial foi por causa do horário. O quinto Encontro de Cultura, que deveria ser importante, estava espremido e encaixado nos intervalos dos primeiros Jogos da Celebração. Tudo bem, afinal os jogos também fazem parte da Cultura, embora sem toda aquela estrutura mental olímpica e sem a organização industrial dos “cariús” (palavra kaxinawá para designar os não-índios). Vai daí que a coisa sempre acaba sendo do jeito que é pra ser.

Pra começar, a maioria das aldeias não aderiu à mudança no horário oficial e logo no primeiro dia os técnicos do governo tiveram que ficar uma hora esperando pelos atletas. Depois surgiram os contratempos naturais: chuva, calor, barriga cheia depois do almoço, sono depois de uma noite de pajelança, essas coisas. Ainda teve a costumeira epidemia de diarréia, o consumo exagerado do rapé, uma caiçuma muito fermentada e o alvoroço hormonal da juventude ali reunida. Resultado: o horário predominante ficou sendo o velho tempo amazônico que não tem medida nem nunca terá.

O tempo no Aquiry “vareia” muito, mas dá pra observar alguns horários básicos, mais ou menos consensuais. Uma das possibilidades é dividir o dia em onze horas, a saber: manhãzinha, manhã, antes do almoço, almoço, depois do almoço, tarde, tardezinha, boca da noite, noite, tarde da noite e madrugada. Há duas vantagens nessa divisão: a primeira é a exatidão amazônica, que não sovina minutos nem regateia segundos, permitindo que as coisas sempre comecem na hora certa e ninguém chegue atrasado; a segunda é a facilidade para converter em outras convenções, a gosto do freguês, e até os mais formalistas podem ser atendidos, se fizerem questão de acertar seus relógios.

Assim sendo, quando fico insistindo no retorno ao horário antigo é que estou sacrificando minha coerência em favor de um debate interessante e, ainda por cima, tentando salvar um velho conhecido, o Estado acreano, tão mais amigo quanto menos assimilado pelo Estado brasileiro –este, incontestavelmente hostil em todas as épocas.

Por partes: a incoerência é porque eu deveria, na verdade, deixar de lado qualquer horário oficial, novo ou velho, e incentivar a vivência de outras temporalidades e a liberdade de inventar outros horários. Embora um horário oficial seja, em certa medida, necessário, o horário único é uma ditadura insuportável. É como o calendário oficial: serve para que os empregados recebam seus salários no dia certo e as crianças possam ter férias das escolas, mas tem pouca valia para a vida do corpo e do espírito. Para esta valem mais outros calendários –geralmente femininos: da lua, das águas, das árvores, das estrelas etc.

Quanto ao Estado acreano, se mantivesse um funcionamento mais próximo aos ciclos naturais, poderia guardar um certo espírito de diferença em relação ao estado colonial brasileiro e, eventualmente, quem sabe, servir como apoio às lutas do povo. É exatamente o contrário do que dizem os propagandistas do novo horário, que pensam que a Revolução Acreana foi feita para anexar o Acre ao Brasil. Que nada, antes disso a Revolução criou um Estado Independente, uma pátria de lunáticos que o Estado brasileiro tratou logo de desarmar e dissolver. O novo horário –hora de Porto Velho, Cuiabá e Manaus- não é revolucionário nem autonomista; na verdade, fundamenta-se numa submissão ao poder central igual à do antigo Território Federal.

E os políticos que cavalgam o chamado “aparelho de Estado” nem percebem que estou lhes proporcionando a chance de restabelecerem sua comunicação, se é que algum dia a tiveram, com a história e a cultura verdadeira do povo verdadeiro (os mais atentos sabem que há plurais ocultos na sentença: histórias, culturas, povos). A única coisa que se exige é que tirem o sapato na entrada ou, ao menos, desçam do salto e não venham com suas mesquinharias eleitorais.

Estou bem na entrada, vendo como se comportam. Um deles veio querendo tirar sarrinho com a minha cara, respondi logo com um desaforo. Atirarei quantas pedras forem necessárias para manter os urubus afastados. E faço questão de não personalizar a briga. Por exemplo, não vou aproveitar o assunto pra fazer política contra o Senador Tião Viana, que foi o principal (não foi o único) responsável pela aprovação da desastrosa mudança de horário. O mandato do Tião no Senado é produtivo e útil em muitas outras questões, sua respeitabilidade é um patrimônio do povo que o elegeu, é algo a ser preservado. E além do mais, a eleição já passou e a próxima é daqui a dois anos. Quem quiser fazer seu joguinho eleitoral vai ter bastante tempo pra isso.

Sei que é difícil para os habitantes dessa terra politiqueira compreenderem que o governador (anterior, atual ou futuro), seja ele quem for, é apenas um peão no tabuleiro e que estamos lutando contra peças muito mais poderosas. Mas vamos começando assim, devagarinho, como se fosse uma conversa sobre o igarapé que passa na nossa aldeia ou, digamos, uma conversa sobre o tempo. Deixa que pensem que só estamos fazendo barulho.

Vocês acham que vai chover, por esses dias?

*Originalmente publicado no Blog 'O Espírito da Coisa' em 28/10/2008

26 outubro 2008

MOSTRA SÍLVIO MARGARIDO

Se tiver tempo irei ver a mostra de vídeos do Sílivio Margarido. Há alguns anos, durante um festival de vídeo promovido pela Assacine, assisti ao vídeo 'As viúvas do carvão', que documentava o problema social relacionado à produção de carvão em Sena Madureira. Fiquei chocado em saber que no Acre existiam aqueles tipos de problemas. E fiquei impressionado pela habilidade de Sílvio em retratar, com recursos mínimos, o tema de forma tão competente.

Este e outros vídeos do produtor Sílvio Margarido serão exibidos a partir da próxima segunda-feira (27), sempre às 20horas, na Biblioteca da Floresta Marina Silva, no Canal da Maternidade. Serão oito vídeos abordando ficção, ensaio e documentário. A mostra tem o apoio da Prefeitura de Rio Branco (Fundação Garibaldi Brasil), Governo do Acre via Biblioteca da Floresta Marina Silva e  patrocínio do Supermercado Araújo.

Vale a pena ver.

Clique aqui para ler uma matéria mais completa sobre a exibição, no site Cultura.RB

23 outubro 2008

MUDANÇA DO FUSO HORÁRIO É GOLPE CONTRA A LUTA HISTÓRICA DA CLASSE TRABALHADORA

"A idéia que o trabalhador já acorda cedo, portanto, deixem mudar o fuso, é uma posição debochada, porque faz vista grossa para a condição do trabalhador e a sua submissão a regras pesadas que não respeitam o seu direito ao descanso...quando o fuso horário fere essa regra, está desprezando as vitórias que a classe trabalhadora obteve em séculos de lutas..."

Mário José de Lima
Economista
[*artigo originalmente publicado em maio de 2008]

Esses dias em algumas mensagens e conversas telefônicas, o tema da mudança do fuso horário tem permanecido a minha volta. Algumas das mensagens são, apenas, concordando com os termos de algumas intervenções que fiz, servindo-me dos blog's do Altino e o Evandro. Em outras, os autores levantam dúvidas ou pedem algum tipo de esclarecimento. Alguns se declaram partidários da mudança. Nestes chama a atenção o fato de que concordam por serem eleitores do senador Tião Viana.

Algumas pessoas querem saber por que insisto em que o deslocamento do horário é prejudicial às condições de saúde, principalmente, saúde mental das pessoas. Nesse tipo de ponderação, as pessoas afirmam que seria mais adequado assumir a posição do Evandro que insiste na realização do plebiscito.

Acredito que, neste caso, é preciso que as pessoas vejam que não há uma separação entre a minha posição e a do Evandro. As duas estão relacionadas e integram o mesmo complexo da argumentação favorável a que não se mude o fuso horário. Decidir que o assunto deve ser resultado de uma posição coletiva, como afirma o Evandro, tem por base o reconhecimento que a mudança do fuso horário é assunto importante para o conjunto da população. Ademais, o próprio Evandro manteve uma posição que visava, também, construir um argumento que recorresse ao esclarecimento do tema quando recorre aos aspectos técnicos.

Quando avancei outra linha de argumentação, o fiz, consciente, da existência de outra linha de argumentação favorável à mudança, afirmando que as mudanças favoreceriam a população como um todo ou, freqüentemente, apelava para a idéia do benefício aos trabalhadores, à classe trabalhadora.

Existem muitos aspectos técnicos a serem considerados, a ponto de alguns deles não terem sido esgrimidos ao longo das intervenções. Um exemplo pode ser colhido em algumas das intervenções defendendo mudança: quando recorriam a comparações entre o nascer do sol na região e em Porto Alegre, os defensores da mudança faziam vista grossa a aspectos como o da diferença, por exemplo, entre a duração do período de luminosidade – duração do dia – entre regiões. Estamos muito próximo à linha do Equador, estamos numa faixa do planeta com uma relação com a luz solar muito diferente a das regiões mais ao sul ou mais ao norte. Nosso período de luminosidade é maior e temos oscilações menores quando o período que compreende o dia menor. Por outro lado, estamos, também, numa região de temperatura muito mais elevada que nas regiões ao norte e ao sul o que leva a desgastes muito maior para o trabalhador.

Além disso, devemos considerar outros aspectos que se articulam a esta questão da medição do tempo, aspectos sociais que decorrem da forma como se organizam as sociedades, aspectos de largo espectro e enraizado nas relações entre classes sociais.

A organização de um sistema horário mundial, já tinha por trás de si momentos onde o sistema capitalista postava-se na organização das relações entre as nações muito em função das necessidades postas pela acumulação de capital que funda as condições de reprodução da realidade capitalista.

O relógio penetra profundamente nas relações de uma luta que perpassa a realidade capitalista dado que associada a uma relação entre a classe trabalhadora e a classe burguesa. Enquanto a classe capitalista usa o relógio como mecanismo para a organização do trabalho em vista de seus interesses de controle e dominação, a classe trabalhadora o usa para construir medidas apoiadas em seu bem-estar.

O capitalismo surgiu apoiando o regime de trabalho sem qualquer consideração a duração da jornada de trabalho – assim como fez na região acreana, cem anos atrás, nos seringais, quando o trabalhador desenvolvia uma jornada das mais brutais. Foi a luta da classe trabalhadora que fundou regras de duração da jornada, e do tempo necessário ao descanso, à reposição das forças do trabalhador. Observe-se que tal recuperação labora em benefício do capitalista, dado que um trabalhador descansado é capaz de render mais na geração de mais-trabalho que engorda os balanços dos capitalistas com lucros maiores.

A questão do tempo foi, cada vez mais impondo seu predomínio sobre as relações entre capital e trabalho, a medida que o regime capitalista avança no desenvolvimento das bases técnicas de produção. Os estudiosos da questão do trabalho chamam a atenção para o fato de que, hoje, no chão da fábrica, o tempo é contado através de cronômetro.

Algumas rotinas são tão comuns, nos dias atuais, que a sua origem é esquecida. Por exemplo, o trabalho noturno, dado o fato de que muita gente trabalha no período noturno, esconde o fato de que foram fixadas regras especiais, diferentes das regras para o trabalho diurno. O período noturno é o período adequado ao descanso, como resultado do longo tempo da evolução que nos levou a condição humana da atualidade. Esse fato foi reconhecido pela legislação trabalhista graças à luta da classe trabalhista. Assim, quando o fuso horário fere essa regra, está desprezando as vitórias que a classe trabalhadora obteve em séculos de lutas marcadas pela violência da classe dominante. O novo fuso horário empurra a atividade do trabalhador noite adentro. A idéia que o trabalhador já acorda cedo, portanto, deixem mudar o fuso, é uma posição debochada, porque faz vista grossa para a condição do trabalhador e a sua submissão a regras pesadas que não respeitam o seu direito ao descanso.

Vista assim, a questão remete, muito rapidamente, para a consideração das mudanças nos níveis de bem-estar que a mudança imporá à população. Isto apóia a argumentação do Evandro ou a do Altino Machado que defendem, muito claramente, e, em primeiro plano, a realização do plebiscito.

Também concordo com o plebiscito, pelos motivos expostos. Aos eleitores do senador Tião Viana, cabe observar que não nos opomos a ele, ou seja, não se trata de uma oposição geral e absoluta. Apenas defendemos pontos de vista diferentes, neste caso, dado que entendemos que esses devam ser os argumentos a instruir a mudança do fuso horário. Na primeira eleição do senador Tião, dei a ele meu voto. Ainda era eleitor no Acre, condição que alterei, mais recentemente, para não me manter alheio às lutas políticas do nosso tempo. O que esperamos é que o senador e o deputado Diniz incorporem aos seus argumentos o que oferecemos em nossas intervenções. Se assim o fizerem agirão em benefício da classe trabalhadora regional.

Nota: Mário Lima, falecido recentemente, foi um dos que argumentou de forma consistente contra a mudança do nosso fuso horário.

EM DEFESA DA SERRA DO DIVISOR E DO ALTO JURUÁ

A CPI-Acre, a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) e a SOS Amazônia divulgaram os resultado do X Encontro do Grupo de Trabalho para Proteção Transfronteiriça (GTT) da Serra do Divisor e Alto Juruá - Brasil/Peru. O evento, realizado entre os dias 16 e 18 de outubro de 2008 na Terra Indígena Poyanawa, no Município de Mâncio Lima, contou com o apoio da Norwegian Rainforest Foundation (NRF-Noruega), no âmbito do Pacote Amazônico (PAM), e da The Nature Conservancy (TNC), e a acolhida e logística da Associação Agro-Extrativista Poyanawa do Barão e Ipiranga (AAPBI).


Os representantes de organizações indígenas presentes diagnosticaram vários problemas enfrentados pelas comunidades nas terras indígenas e unidades de conservação situadas na fronteira internacional em razão da política de concessão madeireira e petrolífera promovidas pelo governo peruano e das atividades ilegais (extração de madeira e narcotráfico).

A atividade madeireira realizada por empresas peruanas em terras de comunidades nativas continua a resultar em invasões e diferentes impactos em terras indígenas e unidades de conservação do lado brasileiro da fronteira internacional. No alto Juruá peruano, a Forestal Venao SRL, empresa com histórico de ilegalidades na região, inclusive com invasões e extração ilegal de madeira da TI Kampa do Rio Amônea, hoje opera ações de manejo florestal em territórios de seis comunidades nativas Ashaninka, Jaminawa e Amahuaca. Além dos impactos causados nessas comunidades pela extração madeireira, essa empresa abriu e administra uma estrada com 160 km de extensão entre o povoado Nueva Itália, no rio Ucayali, e o Alto Juruá, utilizada para o tráfego de tratores e caminhões. Em certos trechos da estrada, o seu leito passa a 200 metros da fronteira, coincidindo com os limites sul das TI Ashaninka no rio Amônia e na Resex do Alto Juruá, ainda hoje causando significativos impactos sobre os recursos hídricos e a caça.

Significativo tráfico de pasta base de coca está em curso em diferentes extensões da fronteira do Estado do Acre com o Peru, causando problemas e riscos aos povos indígenas e moradores de unidades de conservação. Cultivos de coca e centros de refino estão hoje localizados nas cabeceiras do rio Amônia e nos altos rios Calleria, Utiquinia e Abujao, em território peruano. No Alto Juruá, “mulas”, peruanos e brasileiros, atuando por vezes em grupos fortemente armados, têm utilizado diferentes trechos do PNSD, da Resex Alto Juruá e das TIs Nukini, Poyanawa, Jaminawa do Igarapé Preto e Mamoadate como rotas de passagem, constrangendo e ameaçando famílias dessas áreas reservadas e, inclusive, procurando aliciar jovens para as atividades do tráfico.

Preocupação foi demonstrada com o início das atividades de prospecção e exploração de petróleo e gás nos Lotes 126 e 110 (este sob concessão à Petrobras Energia Peru), nos limites oeste e sul da TI Kampa do rio Amônea, e com a sobreposição desse último lote com territórios de comunidades nativas (Ashaninka, Jaminawa e Amahuaca), com a Reserva Territorial Murunahua (de índios isolados), com as zonas de amortecimento do Parque Nacional Alto Purús e da Reserva Territorial Mashco-Piro e, ainda, com áreas propostas para a criação das Reservas Comunais Yurua e Inuya-Tahuania. Nessa mesma região, além do 126, o Lote 138 se estende, ao longo da fronteira internacional, pelo limite oeste do PNSD. Mais de 1,8 milhão de hectares loteados para a exploração de petróleo e gás, parte deles em águas binacionais, constitui hoje, portanto, grave ameaça a unidades de conservação, reservas territoriais e territórios indígenas situados nos dois lados da fronteira Brasil-Peru e em suas adjacências, e às formas de vida dos povos indígenas e das populações que neles habitam.

A mesma situação ocorre no trecho da fronteira internacional nas cabeceiras do rio Acre, onde os Lotes 111 e 113, sob concessão à empresa chinesa SAPET Development Perú Inc., estão sobrepostos à Reserva Territorial de Madre de Dios e a comunidades nativas e extremam com o limite leste do Parque Nacional Alto Purús. No Estado do Acre, esses lotes fazem limites com a TI Cabeceira do Rio Acre, a Estação Ecológica do Rio Acre e a TI Mamoadate, estas últimas coincidindo com áreas utilizadas por índios isolados Mashco-Piro que habitam o lado peruano da fronteira.

Clique aqui para ler o documento na íntegra.

22 outubro 2008

OS FRÁGEIS ARGUMENTOS EM FAVOR DA MUDANÇA DO FUSO HORÁRIO*

Mário José de Lima
Economista
[*artigo orignialmente publicado em maio de 2008]

Lendo ou ouvindo os argumentos pró mudança do fuso horário, estou convencido que basta perguntar “por quê”, para verificar como são frágeis ou, por vezes, absolutamente incapazes de se ligarem ao assunto.

Vejamos, por exemplo, um desses argumentos, atribuído à senhora Leudah Figueiredo Gallo – gerente-geral da Agência Rio Branco Metropolitana do Banco da Amazônia [na página do Senador Tião Viana]. As passagens, abaixo, em itálico, são atribuídas à senhora Leudah.

“É uma atitude louvável do Senador e é uma mudança que vem ao encontro das reivindicações e dos anseios da maioria da população. Vamos ganhar com isso. Vamos ficar com apenas uma hora de defasagem em relação ao centro comercial, ao centro de negócios do País – Brasília, Rio, São Paulo – isso que dizer, Bolsa de Valores, Banco Central."

Como ela sabe que isto é um anseio da maioria da população se não ocorreu nenhuma consulta sobre esse tema? Será que ela tem uma bola de cristal?

Pois bem, ela afirma que a maioria da população se beneficiará da mudança. Quantas pessoas no Acre necessitam contatar o Banco Central? Quantas realizam negócios com o centro de negócios do país? Quantas operam com a Bolsa de Valores (deve ser a de São Paulo)?

Negócios financeiros podem ser realizados através da rede mundial de computadores. É possível um operador realizar negócios com Tóquio, Frankfurt, Hong Kong, etc. Existirão muitos operadores entre a população de Rio Branco ou do Acre?

E, finalmente, para que mudar o fuso horário visando resolver uma questão que exige apenas técnicas de agendamento? Por que é necessário que todos os membros da população acordem ainda escuro para que alguém, por volta das oito horas da manhã, realize um telefonema ou troque algumas mensagens via Internet?

"Também haverá um ganho muito grande em relação às viagens, pois, atualmente para sair daqui do Estado, só se tem vôos noturnos. Se a gente tem uma reunião na segunda-feira tem que viajar no sábado, senão perde o início das reuniões."

A questão de marcar viagens compatibilizando a hora da chegada no local e no horário previsto para início da reunião, em São Paulo, por exemplo, depende do fuso horário ou depende da distância que estamos de São Paulo e da velocidade dos aviões disponíveis? [meu comentário: falta força política para obrigar as empresas a estabelecer vôos em horários mais adequados]

A mudança do fuso horário mudará o tempo de viagem ou realizará a mágica aproximação física do Acre aos centros de negócios? (Há quem não viaje de avião e necessite transporte terrestre; imagina a mudança do fuso horário que seria necessário).

"Outro ganho muito grande será em relação aos programas disponíveis nos canais de televisão. Principalmente, no que diz respeito ao indevido acesso de crianças e adolescentes a programas adultos. Pais e mães que, como eu, trabalham fora, não têm muito tempo para estar em casa, observando o que seus filhos estão assistindo na TV."

Ôpa! Parece que ela chegou a um ponto interessante. Segundo a imprensa nacional, foi a necessidade do remanejamento da programação das redes, ou seja, a necessidade de cumprir a classificação indicativa exigida pelo Ministério da Justiça que fez as redes de tv lançarem uma forte campanha – prática de lobby – pela aprovação da mudança do fuso horário pelo senado federal.

A tal incompatibilidade da exibição de programas precisaria da mudança do fuso horário para cumprir a indicação do Ministério da Justiça? Não.

Caberia às redes de TV aplicarem o mesmo critério de investimentos que adotam quando realizam a montagem das demais estações repetidoras da rede. Não precisa que a totalidade da população do Acre acorde, ainda escuro, para isso.

Imagem: capa do documento que sintetiza o projeto de mudança do fuso horário acreano, de autoria do Senador Tião Viana. Clique na figura para baixar a versão em PDF do documento. Ele contém várias manifestações favoráveis à mudança. Mário Lima, falecido recentemente, foi um dos que mais argumentou de forma consistente contra a mudança do nosso fuso horário. O post que apresento acima foi originalmente publicado em maio deste ano.

21 outubro 2008

O ABSURDO DO BRASIL CONTINENTAL COM DOIS FUSOS HORÁRIOS

MENOS FUSOS É IGUAL A MENOS DEMOCRACIA E MAIS CORRUPÇÃO?

Essa parece ser a conclusão mais óbvia quando se analisa a situação de quatro países de dimensões continentais: Estado Unidos (4 fusos em sua parte continental), Austrália (3 fusos), Brasil (2 fusos, continente) e China (1 fuso).

Para que todos vejam como a eliminação do fuso horário acreano é um atentado ao bom senso e à geografia, apresentamos abaixo um breve resumo da distância leste-oeste e quantidade de fusos nos quatro países (e cliquem nas imagens que ilustram este post):

- Estados Unidos: 4.088 km de distância entre as cidades de São Francisco (oeste) e Philadelfia (leste), 4 fusos horários;

- Austrália: 3.634 km de distância entre as cidades de Perth (oeste) e Brisbane (leste), 3 fusos horários;

- Brasil: 4.176 km de distância entre as cidades de Cruzeiro do Sul (oeste) e João Pessoa (leste), 2 fusos horários;

- China: 4.413 km entre a fronteira do Tadjiquistão (oeste) e o Mar da China (leste), 1 fuso horário.

Um detalhe: a China é o mais extenso no sentido leste-oeste entre os quatro países comparados.

Por esta razão fica a impressão que quanto menos democráticos e mais corruptos, menor a quantidade de fusos horários os países com dimensões continentais tendem a ter.

Vejam o exemplo da China. O pais,
com extensão leste-oeste pelo menos 5% maior do que o Brasil, possui apenas um fuso horário.

Em contraste, os Estados Unidos, com extensão leste-oeste cerca de 8% menor do que a China, possui 4 fusos horários.

Os Estados Unidos possuem sistema bancário e rede de emissoras de televisão muito maiores e complexos do que qualquer outro país. O sistema bancário e as redes de TVs brasileiras são fichinhas perto deles. Mesmo com toda a complexidade e 4 fusos horários (!), eles são a maior potência econômica mundial.

E lá ninguem nunca vendeu a idéia de eliminar fusos horários para integrar melhor o país ou permitir que as emissoras de TV se beneficiassem, como aconteceu no Brasil com a "eliminação" do fuso horário acreano.

A existência de 4 fusos horários nos Estados Unidos joga por terra os argumentos dos defensores da mudança do fuso horário acreano, que afirmam que o Acre ficará mais integrado ao resto do país, dando a entender que a nossa situação econômica vai melhorar substancialmente. Falsa promessa.

Parece que a combinação de corrupção e tendência de adoção de medidas autoritárias para realizar mudanças com amplo alcance populacional, como no caso do fuso horário, nos empurra em direção à situação Chinesa: fuso horário único (quando o país deveria ter pelo menos 5 fusos distintos).

Não se surpreendam se isso em breve se concretizar. A imprensa já divulgou que em 2007 o lobby das empresas de comunicação tentou convencer a Deputada Federal amazonense Rebecca Garcia (PP-AM) a propor projeto de lei para que o Brasil adote um fuso horário único. Não conseguiu.

Mas quem sabe das promessas e vantagens que este lobby pode oferecer aos nossos parlamentares para que façam satisfaçam os seus desejos? Eleições para a câmara e o senado só em 2010. Hoje podem receber um não como resposta. Mas amanhã...quem sabe?

O que sei é que em política de país relativamente pobre e infestado por uma corrupção que parece sistêmica, tudo é possível. Até mudar o "nosso fuso" por Decreto!

Nota do Blog: as imagens e a medição das distâncias apresentadas neste post foram feitas usando o programa Google Earth. O ranking de corrupção dos países foi retirado da lista divulgada anualmente pela Transparência Internacional. Post originalmente publicado em maio de 2008.

ENQUANTO VIAJO PARA TARAUACÁ...

Vou postar repetecos de artigos relevantes sobre a mudança do nosso fuso horário. Vão sair sempre na parte da tarde. Quem ainda não cansou, está convidado a ler de novo.

Até a volta.

VIAGEM PARA TARAUACÁ

Nesta semana estarei me deslocando para Tarauacá, terra que tão bem me acolheu entre 1975 e 1981. Se tiver tempo, irei rever a maioria dos meus velhos amigos que deixei naquela cidade: Raimundinho do Natávio, sua irmã Bebê, Cleudo Rocha e suas irmãs (meu vizinho na época), Ivone, Nacélio Bayma, Raniere Prado...são muitos.

Vai ser uma viagem rápida. Vamos fazer fotos para um livro sobre palmeiras brasileiras que será lançado em novembro de 2009. Este novo livro vai suceder um outro que vendeu 10 mil exemplares em pouco mais de dois anos. Está esgotado desde fevereiro de 2007. Clique aqui ou na imagem ao lado para saber um pouco mais sobre esse livro que fez tanto sucesso e nos levou, junto com outros colegas, a elaborar um outro, mais completo e ilustrado. Nosso livro tem essa marca: muitas fotos para os leitores poderem identificar as palmeiras de forma rápida. Na primeira versão, foram exatas 1.149 fotografias!

Essa viagem para Tarauacá está programada faz tempo. Vamo fotografar a espécie Prestoeae schultzeana, uma palmeira parente do açai e da bacaba. Esta espécie, que ocorre no Peru, Equador e Colômbia, só foi encontrada no Brasil em uma localidade da terra do abacaxi gigante. Mais uma razão para considerar minha terra de adoção mais que especial. Dois anos atrás o Ribamar, nosso colega do Herbário da UFAC, encontrou esta espécie com frutos bem pequenos no final de julho. Pelos nossos cálculos, é quase certo que vamos poder fotografá-la com frutos maduros agora em outubro. Estamos fazendo figa...

Tarauacá é especial. Se eu fosse cheio de grana, comprava umas 5-10 hectares de uma mata pantanosa que fica no antigo seringal Bom Destino, quase em frente a cidade, na outra margem do Tarauacá. Ia fazer uma espécie de Parque ou Reserva. Lá, em 1993 e depois em 2001, encontrei, neste pedaço pequeno de floresta, pelo menos 10 espécies diferentes de palmeiras pertencentes a 6 gêneros diferentes. Para quem não é do ramo, são números espantosos. Mas o fato dessa 'matinha' ser especial é o fato de abrigar uma espécie conhecida popularmente como 'marajá', e cientificamente como Bactris piranga. Em 2001 não encontramos frutos na única planta que encontramos por lá. Agora estamos apostando que vamos encontrar frutos. Aos apressadinhos que acham que conhecem 'marajá' só porque eles têm espinhos, saibam que no Acre já foram identificadas 14 espécies diferentes de palmeiras conhecidas com esse nome vulgar. Os marajás são, literalmente, ricos em diversidade de espécies, mas ao mesmo tempo, muito complicados para serem identificados.

Outro aspecto interessante de Tarauacá. Lá tem a palmeira conhecida como 'cocão' e tem também outra conhecida como 'jaci'. Pois no igarapé Joaci encontrei, em 1993, o 'jaci-cocão', um híbrido das duas espécies. Lá por aquelas bandas, o jaci e o uricuri, que cientificamente são espécies distintas, são promíscuas e parece que se cruzam livremente. Quem conhece bem estas espécies sabe que o uricuri tem as folhas arrepiadas e o jaci folhas arrumadinhas. Pois bem. Lá em Tarauacá não é fácil dizer quem é quem. Uma hora o uricuri tem as folhas como uricuri, outra como jaci.

Lá também tem o bacabão, uma palmeira que é uma mistura de bacaba e pataua. Até hoje ela continua no limbo, sem nome científico. Ela também...deixa para lá.

Tem muita coisa estranha na terra do abacaxi gigante.

20 outubro 2008

CHARGE DO JORNAL "A CRÍTICA"

SERÁ QUE O NOVO FUSO HORÁRIO ACREANO "É SAGRADO?"

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Abaixo, reproduzo uma pequena nota do Deputado Luiz Calixto sobre as críticas do jornalista Luiz Carlos Moreira, um dos mais influentes e experientese do Acre, ao apoio do Deputado Federal Fernando Melo ao referendo sobre a recente mudança do fuso horário acreano, que está sendo patrocinado pelo Deputado Federal Flaviano Melo.

Luiz Calixto, cujo Blog está 'bombando' nestas últimas semanas, sintetizou muito bem o clima político local de 'pressão' que muitos políticos com mandato estão vivendo nestes dias pós-eleição municipal. Isso é péssimo para a Democracia.

Eu estava pensando em escrever no Ambiente Acreano uma nota sobre a pressa do citado jornalista, que já deixou claro ser a favor do novo fuso horário, em 'repreender' políticos locais que se levantem contra o novo fuso horário. Em um ambiente democrático como o que vivemos, cada um é livre para pensar e escrever o que pensa. E Luiz Carlos está no seu direito.

Mas querer que todos os políticos do PT ou da Frente Popular concordem com o Senador, aí é demais. Toda a unanimidade é burra, diz o ditado. E a Frente Popular, graças a deus, ainda tem diversidade de pensamentos. Porque Luiz Carlos não condenou a Deputada Perpétua Almeida? Ela também subscreveu o projeto de Flaviano Melo.

Tem razão o Deputado Luiz Calixto ao criticar o jornalista. Ainda mais quando ele tenta diminuir a importância da proposta de Flaviano Melo, dizendo que ele quer fazer marola. O povo é quem vai decidir isso.

Nesta questão do referendo é bom deixar claro que embora Flaviano esteja colhendo os louros da iniciativa, foi o Senador Tião Viana que assumiu publicamente que faria o esforço para viabilizar o referendo. Isso foi em junho passado. Fui testemunha. E Tião agiu corretamente ao afirmar publicamente que só iria cumprir sua promessa após a eleição para evitar o uso político do fato. Se não cumpriu sua promessa foi porque Flaviano Melo se 'adiantou'.

Leiam abaixo a nota de Luiz Calixto:

MENOS, LUIZ CARLOS
Escrito por calixto, 19-Out-2008

No seu blog o jornalista Luiz Carlos está passando um “pito” no deputado federal Fernando Melo por este ter manifestado apoio ao projeto do deputado Flaviano Melo, através do qual propõe um referendo popular para confirmar ou não a lei do Tião Viana que alterou o horário no Acre.

Segundo o jornalista, em sendo um parlamentar petista, Fernando Melo não poderia ter manifestado apoio a uma proposição de um político adversário.

O comentário do jornalista é um estímulo à subserviência.

Para ele o que oTião decidiu sozinho, decidido está e pronto. Aos demais só resta aplaudir. Contraria-lo é pecado capital.

À propósito: na ocasião em [que] propôs, e aprovou, a alteração do fuso horário o senador se preocupou em consultar o deputado Fernando Melo ou qualquer outro cidadão acreano?

Se a resposta for negativa, por qual motivo, então, deputado petista estaria impedido de manifestar seu descontentamento contra modificação do horário?

Ademais, outros deputados da frente popular também avalizaram a proposta apresentado pelo deputado Flaviano. Estariam eles também em rota de colisão com o autor do nefasto projeto?

Por fim: quais os benefícios decorrentes da hora certa do senador?

Parabéns pela iniciativa, Flaviano. Parabéns pelo apoio Fernando Melo, Gladson Cameli, Iderlei Cordeiro, Perpétua Almeida e Sérgio Petecão

Meu caro Luiz Carlos, não precisava tanto.

19 outubro 2008

MPF QUER OBRIGAR GOVERNO A CONTRATAR PROCURADORES PARA ÓRGÃOS AMBIENTAIS

Do Blog do Marky Brito

Procurador afirma que sem representantes legais, fiscalização do desmatamento é impossível. Ele pediu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região que obrigue a contratação de profissionais


MPF quer mais advogados nos órgãos ambientais no Pará

O Ministério Público Federal no Pará considera fundamental a destinação de pelo menos três procuradores federais para representarem legalmente o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade no Estado, onde o ICMBio é responsável por administrar e fiscalizar 45 unidades de conservação, o maior número entre todas os estados da Federação.

O juiz Arthur Pinheiro Chaves, da 1ª Vara Federal em Belém, recebeu o pedido do MPF para obrigar a contratação urgente de advogados para o ICMBio, mas não concordou com o entendimento. O MPF persiste e pediu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região que reveja a decisão (clique aqui para ler o artigo na íntegra).

18 outubro 2008

SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO AOS GEOGLIFOS DO ACRE

Alceu Ranzi
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Acre

Nos chegou às mãos a obra intitulada “Contribuições Interdisciplinares em Arqueologia – Sensoriamento Remoto em Arqueologia” tendo como editores James Wiseman e Farouk El-Baz. O livro, editado pela Springer de Nova York, foi publicado em 2007 (1).

Os autores do livro dizem que durante as últimas décadas aconteceu uma revolução em nossa habilidade de observar e “explorar” nosso planeta. Devemos isso ao uso de instrumentos de sensoriamento remoto instalados em satélites ou em aviões.

Essa revolução resultou das novas capacidades de observar a superfície terrestre tanto em escala global como regional, pelo uso de instrumentos que observam “assinaturas” não visíveis ao olho humano e ainda capazes de penetrar abaixo da superfície do solo (Ground Penetrating Radar). Segundo os editores, a novidade é que essas tecnologias passaram a ser aplicadas aos estudos arqueológicos.

Um livro bem escrito, com dezenas de colaboradores, entre os quais Anna Roosevelt sobre a Amazônia, os quais afirmam que as várias técnicas de sensoriamento remoto oferecem aos arqueólogos novas ferramentas para suas explorações e descobertas. Os autores dizem ainda que esse campo de aplicação está apenas no início e os diversos artigos do livro nos dão uma amostra do que virá e do grande potencial do sensoriamento remoto para os estudos arqueológicos.

Alguns artigos nos mostram as novidades com o uso do radar de penetração do solo, cujos sistemas permitem diferenciar certos padrões associados com estruturas
elaboradas pelo homem, diferentes dos sinais deixados pela ação da natureza.

A obra nos dá uma visão geral excelente das diversas capacidades do sensoriamento remoto para a arqueologia. É também um importante texto para os arqueólogos em sua busca de uso de avançadas tecnologias que possam ajudar em seus estudos. Para os técnicos em sensoriamento remoto o livro oferece aos mesmos um bom entendimento das necessidades dos arqueólogos em suas explorações.

As técnicas relatadas no livro foram aplicadas, com sucesso, em várias condições de meio ambiente: Em regiões áridas do Egito e Península Aarábica; no semi-árido da Grécia, Itália e Etiópia; em regiões tropicais da Guatemala, Costa Rica, Cambodja e Ilha de Marajó no Brasil e ainda em explorações arqueológicas submarinas.

Devemos mencionar e é digno de registro, que os pesquisadores envolvidos nos diversos projetos em andamento sobre os geoglifos do Acre já aplicavam e aplicam, mesmo antes do lançamento do livro, algumas dessas novidades:

-Utilização, desde 1986, de aviões para sobrevôos e obtenção de fotos aéreas em regiões potenciais para a ocorrência de geoglifos;

-Uso pioneiro das imagens disponibilizadas pelo GoogleEarth para a localização de geoglifos na Amazônia. Sobre esse tema foi publicado um artigo de nossa autoria com Roberto Feres e Foster Brown, publicado em 2007 no periódico EOS da American Geophysical Union (2);

-Com o apoio do Governo do Estado (IMAC e FUNTAC), fazem uso das imagens do satélite Formosat, com excelente resolução e cobertura do leste do Acre, permitindo a localização de geoglifos em áreas não cobertas pelo GoogleEarth e

-Utilização de Radar de Penetração do Solo (Ground Penetrating Radar), sistema em uso pelo doutorando Lucio Zancanela da Universidade Federal de Viçosa em seus estudos de solo em áreas de ocorrência de geoglifos.

É importante notar que essas novas tecnologias permitem obter preciosos conhecimentos sem perturbar os sítios com grande valor pré-histórico – essa capacidade é particularmente significante em nossa era de valorização da conservação.

Assim todas as áreas hoje reservadas no Acre para as Comunidades Indígenas, Parques Nacionais, Reservas Extrativistas e outras estariam acessíveis aos estudos arqueológicos sem a necessidade de escavações e da presença física do pesquisador.

Desejamos que, com o uso dessas novas ferramentas, possamos responder ao questionamento do Governador Binho Marques, que na apresentação do livro sobre os Geoglifos do Acre (3), coloca o seguinte: Teremos, quem sabe algum avanço tecnológico que nos permita descobrir outros sítios sem ter que destruir a floresta?
Como resposta desejamos um sim.

Almejamos que o futuro que nos espera seja aquele que do conforto de nossos laboratórios ou mesmo de escritórios com ar-condicionado e com o uso de equipamentos de radar, instalados em satélites geo-estacionários ou aviões, possamos esquadrinhar o Acre, localizar os sítios arqueológicos tipo geoglifos, sem antes que a região tenha obrigatoriamente que passar pelo “ferro e fogo” (4).

Para saber mais:

(1) Interdisciplinary Contributions to Archaeology - Remote Sensing in Archaeology. Edited by James Wiseman and Farouk El-Baz, Springer, New York, 2007.

(2) Internet Software Programs aid in search for Amazonian Geoglyphs. Alceu Ranzi, Roberto Feres & Foster Brown. American Geophysical Union - Eos 88(21-22):226,229.

(3) Arqueologia da Amazônia Ocidental:Os Geoglifos do Acre. Organizado por Denise Schaan, Alceu Ranzi & Martti Pärssinen. EDUPA/Biblioteca da Floresta – Belém/Rio Branco, 2008

(4) A Ferro e Fogo. Warren Dean. Companhia das Letras, 1996

(Foto: Ségio Vale)

17 outubro 2008

DEFENSORES PÚBLICOS SUBSTITUTOS 'FORA DA LEI'

STF barra contratação, sem concurso público, de 20 advogados para exercer a função de 'defensores público substitutos' na Defensoria do Rio Grande do Norte. A contratação seria por um ano, renovável por igual período

STF: Defensor "temporário" é inconstitucional

Blog do Frederico Vasconcelos

Por unanimidade, o plenário do Supremo Tribunal Federal declarou nesta quarta-feira (15/10) a inconstitucionalidade da Lei nº 8.742/2005, do Rio Grande do Norte, que autorizou a contratação temporária, sem concurso público, de 20 advogados para exercerem a função de defensores público substitutos, na Defensoria Pública daquele estado.

Segundo a assessoria do STF, o governo potiguar alegou que a lei, aprovada pela Assembléia Legislativa estadual (AL-RN), visava suprir a falta de defensores públicos no quadro permanente da Defensoria. A contratação seria por um ano, renovável por igual período, devendo os candidatos, cujo salário seria de um terço do de defensor substituto, ser selecionados por uma comissão de três membros, dos quais um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e um do Ministério Público, vedada a contratação de servidores públicos para a função, salvo em caso de compatibilidade de horários.

A decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3700, proposta pelo Conselho Federal da OAB. A entidade alegava ofensa aos artigos 134 da CF, que prevê a contratação de defensores públicos em caráter permanente. Alegava também que, embora as contratações previstas fossem temporárias, a lei impugnada não tinha este mesmo caráter, o que poderia ensejar a contratação sucessiva de defensores pelo processo seletivo simplificado, indefinidamente.

Sustentava, ademais, que a contratação de defensores públicos substitutos não se enquadra na necessidade temporária de excepcional interesse público, hipótese em que a contratação é admitida pelo artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal.

SENADO APROVA PROJETO QUE ISENTA NOVO PROPRIETÁRIO DE MULTAS ATRIBUÍDAS AO ANTIGO DONO

Agência Senado

A proibição de cobrança de multas do novo proprietário de veículo, depois de expedida a transferência, desde que esses débitos sejam de responsabilidade do ex-proprietário do automóvel, é uma das propostas de alteração no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) aprovadas nesta quarta-feira pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A matéria segue para exame do Plenário do Senado.

O relator do projeto (PLC 116/07), senador Osmar Dias (PDT-PR), considera a medida de grande valor como forma de evitar ou reduzir os transtornos e prejuízos decorrentes da transferência de carros usados com débitos relativos a multas de trânsito.

- No sistema atualmente em vigor, não raras vezes, as pessoas que adquirem veículos usados são surpreendidas com a cobrança de multas de responsabilidade dos antigos proprietários, sobre as quais nem tinham conhecimento - afirmou Osmar Dias.

A proposta aprovada determina ainda a divulgação de todos os autos das infrações, nos portais oficiais da Internet dos órgãos executivos de trânsito dos estados e do Distrito Federal, no prazo de sete dias da ocorrência da autuação. Para Osmar Dias, essa decisão dará maior segurança aos interessados em comprar veículos usados.

HORÁRIO DE VERÃO E O NOVO FUSO HORÁRIO - VAI SOBRAR PARA A GENTE!

Em abril passado já havíamos alertado que ele iria criar problemas para as emissoras de comunicação. Eu estava certo. Agora vocês acham que elas vão deixar barato e sair perdendo? Acham que elas vão se submeter à vontade da maioria da população brasileira e à legislação vigente? Claro que não!

Em abril passado, antes da entrada em vigor do novo fuso horário acreano e sabendo que a mudança foi feita para atender as empresas de comunicação, publiquei vários posts sobre o assunto e me arrisquei a prever que as emissoras de comunicação iriam também tentar interferir no horário de verão. Não deu outra. O Blog do Altino traz um alerta sobre as manobras de bastidores das emissoras para não obedecer a portaria ministerial que implantou a classificação indicativa no Brasil. 

Um dos post que fiz e que tratou da questão do horário de verão é reproduzido de forma resumida abaixo:

RESPONDENDO AO RICARDO, PONTO A PONTO

7:40 da manhã! É nessa hora Ricardo que o sol vai nascer em Rio Branco quando o Acre for obrigado a adotar o horário de verão em outubro próximo. Não me critique. Procure o Deputado Moisés Diniz e o Senador Tião Viana para tomar satisfações

Ricardo, um dos poucos leitores que não usam do anonimato para comentar no Blog, fez algumas considerações sobre o nosso post 
'Se você não fizer nada...". Faço questão de responder a ele ponto a ponto porque é um dos primeiros leitores que toca no assunto 'Horário de Verão', que vai se tornar no grande vilão da mudança do fuso horário acreano.

Vejam abaixo meus comentários à mensagem do Ricardo.

"Só vejo argumentações sem fundamentação e sem dados para sua posição contrária à mudança de fuso (Ricardo)"

Não estamos aqui naquela situação comum no campo jurídico em que o juiz inverte o ônus da prova. Ou seja, os políticos e empresas mudaram o ‘nosso’ fuso horário sem argumentos robustos, mas negociatas políticas, e agora nós, os que somos contra, é que temos que apresentar tratados e dados para mostrar que eles estão errados?

O que você precisa entender é que a mudança afeta a TODOS e, nesse caso, TODOS teriam que ter tido o direito de opinar se queriam ou não a mudança. Ou você não se importa? Eu e muitos outros nos importamos pois se eles fizeram essa mudança sem perguntar a ninguém, vão se sentir seguros para promover outras similares no futuro pois saberão que ninguém vai reclamar.

Eu elegi alguns políticos, mas não dei carta branca para eles fazerem o que quiserem com o mandato que lhes outorguei.

"Foi falado da questão da latitude, só que isso não ajuda em nada a sua argumentação contra o novo fuso, tanto que nem vc soube argumentar (Ricardo)"

Falei neste assunto apenas para explicar ao Ferraz que as cidades citadas por ele estavam localizadas em latitudes mais elevadas do que o Acre, por isso, em determinadas épocas do ano, por lá ainda é escuro às 6:30 da manhã. Morei 6 anos em New York e no verão o sol se punha às 21 horas. No inverno amanhecia por volta das 7 da manhã e escurecia por volta das 17 horas.

É óbvio que sei que os fusos horários são determinado pela distância geográfica que estamos do fuso de Greenwich, na Inglaterra. E sou da opinião que o fuso Acreano está de bom tamanho, considerando que o Estado está com mais de 80% de seu território dentro da faixa do 5° fuso. Porque adotar o 4° fuso?

"Vc argumentou sobre a adoção do horário de verão, aí sim a questão da latitude faz sentido, como vc mesmo cita. Mesmo nas cidades do sul, no verão, quando os dias são mais longos o dia não amanhece tão cedo quanto aqui. Sei disso porque já morei vários anos no PR (Ricardo)"

E demora a amanhecer nas cidades do sul durante o verão porque neste período elas estão mais próximas do sol (veja ilustração acima). No Acre e em todas as regiões do Brasil mais próximas do Equador a diferença entre os dias e noites no inverno e verão são mínimas. Foi por isso que elas deixaram, já faz alguns anos, de adotar o horário de verão.

"O horário de verão não será adotado em todo o país, essa é apenas uma especulação sua. Não tente confundir as pessoas com especulações, não tente misturar as coisas, não tente aumentar dados com o intuito de convencer (Ricardo)"

Quanto ao horário de verão não aumento, nem confundo ninguém. Mas especulo com a polêmica que vai ser a implantação do horário de verão no Brasil em 2008.

Se você vive no Brasil, sabe que faz mais de 10 anos que a região sul, o sudeste e o centro-oeste adotam o horário de verão porque, como você bem disse no parágrafo final de seu comentário, a economia é evidente e incontestável. O resto do país (norte e nordeste, com exceção da Bahia) deixou de adotar o horário de verão pois o próprio governo reconheceu que a economia de energia era insignificante.

O que especulo é que com a entrada em vigor da Portaria 1.220/2007, que força as emissoras de TV a obedecerem à classificação indicativa, a adoção do horário de verão no Brasil em 2008 vai dar muito que falar e, com a mudança do fuso horário do Acre, existe uma grande possibilidade dos acreanos serem muito prejudicados.

Mais uma vez explico:

A mudança do fuso horário do Acre resolve, temporariamente, o problema das emissoras, que, sem a mudança, teriam que adaptar sua programação para 3 fusos horários distintos. Agora, com a eliminação do fuso horário do Acre, restam apenas apenas 2 fusos horários no país. A coluna radar da revista VEJA deixou bem claro que só a Globo gastou U$ 5 milhões para se adequar à portaria. E isso porque a adequação que fez não considerou que o Acre continuaria com o seu fuso horário particular. Imagine o valor da conta se ela tivesse que investir para atender o fuso do Acre e oeste do Amazonas!

Ocorre que esta situação de 2 fusos horários no Brasil só vai durar até meados de outubro, quando, sob condições normais, apenas parte do país adota o horário de verão. Nessa época, vamos voltar a ter 3 fusos! O sul, sudeste, centro-oeste e Bahia adotarão o horário de verão, o nordeste (com exceção da Bahia) ficará -1 h, e o norte ficará -2 h. Isso se o horário de verão for adotado, como tem sido norma nestes últimos anos.

É aqui que entra um pouco de especulação. Você mesmo reconhece que existem justificativas econômicas para o sul e sudeste do país adotarem o horário de verão. E, como explicado acima, para as emissoras o melhor é o Brasil continuar com 2 fusos horários. Portanto, é grande a possibilidade de todo o Brasil ser obrigado a adotar o horário de verão em 2008 por força da importância econômica e política das regiões sul e sudeste, e o interesse das emissoras de TV em preservar 2 fusos horários no país.

Porque esse sacrifício para atender os caprichos das emissoras de TV? Eu não vivo em função delas. Muitos acreanos não vivem. A tradição e a cultura do povo acreano se estabeleceram bem antes da chegada da TV ao Estado em meados dos anos 70. Além disso, já está de bom tamanho a lógica capitalista que criou o cotidiano urbano com horas certas para sair de casa, chegar ao trabalho, almoçar etc.

Você acha mesmo que os políticos e emissoras de TV podem, a seu bel prazer e conveniência, mudar nosso cotidiano sem pedir licença? Dá um tempo! Você pode ser apático e aceitar tudo calado. Eu não. Vou protestar até o fim.

"Não quero entrar no mérito da questão da Tv Globo, até porque também vejo o interesse da mesma na mudança. No entanto não gosto de atribuir tudo o que acontece no país à Globo. Acho que o Brasil é maior que isso. Mas acredito que o melhor foco nesse caso seria: o que é melhor pro Acre sem considerar a questão televisiva? (Ricardo)"

Ainda bem que você escreveu esse parágrafo. Sou da opinião que não apenas a Globo, mas as empresas de comunicação de uma maneira geral mandam, e muito neste país. Elas podem construir e destruir a carreira de um político (vide Collor e Renan Calheiros). Por isso é que os políticos, Tião Viana incluído, tentam sempre ser simpáticos às emissoras de comunicação do país.

Você mostra que é muito mais coerente do que os políticos que patrocinaram a mudança do fuso horário acreano ao perguntar 
"O que é melhor pro Acre sem considerar a questão televisiva?" Sua pergunta, na verdade, deveria ter sido digirida a todos os que serão afetados pela medida e não apenas ter sido objeto de discussão nos gabinetes de Brasília.

ASSIM FALOU O PROFESSOR

Deputado Moisés Diniz (PC do B)

Quem acompanha a política sabe os motivos que me levaram a não usar mais o blog hospedado no sítio da Assembléia Legislativa. Aconteça o que acontecer não vou mais polemizar sobre esse assunto.

Apenas decidi abandonar meu espaço público na rede mundial de computadores e utilizar um novo espaço, privado e gratuito, intitulado ECOS SOCIALISTAS.

Dando as boas vindas ao novo blog o professor Evandro Ferreira, da Universidade Federal do Acre, publicou a seguinte opinião sobre a minha atuação política, que decidi aqui comentar, junto com um comentário do Acreucho, um dos blogueiros mais “enjoados” que eu conheço.

Eis o texto do professor Evandro Ferreira, do blog Ambiente Acreano:

“A derrota na eleição municipal deve ter deixado marcas profundas no deputado Moisés Diniz e pode até parecer que seu prestígio foi abalado com o evento negativo. Quem pensar dessa forma está equivocado. Creio que a Frente Popular deveria avaliar seriamente a possibilidade de dar ao Deputado a oportunidade de alçar vôos mais altos no próximo pleito. Sob o ponto de vista ideológico ele já demonstrou que é um dos mais bem preparados dentre todos os parlamentares da Frente. Avalio que seu potencial é sub-utilizado.

Estão desperdiçando um parlamentar com questões políticas de 'varejo' quando o mesmo tem todo o potencial de assumir uma função mais gerencial, de alto nível ('atacado'). Considerando o desempenho do PCdoB nestas eleições municipais, não seria demais a Frente Popular abrir uma vaga para que Moisés Diniz tentasse a Câmara Federal. Perpétua Almeida poderia sair para o Senado.

E já que a Frente está se tornando um balaio de gatos, onde muitos dão as cartas, creio que o PCdoB deve considerar seriamente estas opções. Me engano: a questão não é 'considerar', mas 'impor sua vontade' dentro da Frente mostrando como cartão de visita seu desempenho eleitoral.”


Acreucho disse:

“Professor, meu medo do Moisés é que ele ainda tem aqueles ranços do comunismo dos anos 60. Autoritarismo, quer fazer de uma eleição uma guerra, uma coisa que se tem que ganhar de qualquer jeito, uma batalha, que ele está sendo sub-utilizado isso lá é verdade, mas o Jorge não quer é dar "asas à cobra", ele mantêm tudo sob controle.”

Meu comentário:

Professor Evandro,

Eu pessoalmente não ando muito animado com a política. Acho que a gente entra em um ambiente que elimina as tuas utopias e te submete a aceitar regras que não estavam nas origens da tua luta.

Como na justiça, na polícia, na universidade, em qualquer grupo organizado, você vai fazendo parte, sem perceber, de uma corporação, com os seus privilégios, as suas regras e os seus dissabores. Quando você percebe já foi engolido pelo lobo que é a regra geral da corporação.

Embora o acreucho me ache um dinossauro dos anos 60, eu sempre fiz política com muita ternura. Acho que é esse meu jeito ácido de atingir os adversários (na escrita) que leva o acreucho a pensar assim. Eu escrevo com acidez, mas a minha ação é sempre de perdão, de acolhimento e de juntar as pessoas, nunca dividir.

Esse meu jeito de fazer política é conhecido em Tarauacá, onde fui vereador, vice-prefeito e deputado duas vezes (o mais votado), sempre em seqüência. Meu “dinheiro para comprar votos” é a camaradagem de 1.600 filiados no PCdoB de Tarauacá, as organizações populares, os povos indígenas, os lutadores das margens dos igarapés. Esse patrimônio eu não troco por nenhum condomínio de luxo.

Só tem uma coisa que eu não perdôo: o roubo de recursos públicos. O que me deixa triste é que eu não estou recebendo incentivo para continuar lutando. No lugar do apoio, alguns me colocam na vala comum da disputa eleitoral, como se as minhas denúncias fossem mera reação de um derrotado.

Na verdade, eu venho do interior, onde o ódio e o amor convivem muito próximos, onde a eleição vira mesmo uma guerra, guerra não convencional, pois as regras não são cumpridas.

Observe, professor, que todo o aparato estatal fica concentrado na capital, os desembargadores, procuradores, deputados, a maioria esmagadora de juízes, promotores, procons, ongs de tudo que é cor, universidades, etecétera e tal. Por que a maioria esmagadora de oficiais militares, por exemplo, fica na capital, se aqui vive apenas 50% da população acreana? Por que não tem nenhum Procurador do Ministério Público no interior?

Eu já fui preso porque lutei contra o aumento do preço da carne e agora na eleição soltaram panfletos anônimos dizendo que os comunistas iriam aumentar o preço da carne em 200% e privatizar o mercado público.

Soltaram cinco panfletos desse nível contra mim e o nosso candidato Batista, um lutador das causas do povo. Por isso que a eleição de Tarauacá ganha ares de guerra. Ficamos isolados, sem justiça suficiente e ágil, poucos instrumentos públicos para equilibrar o jogo.

Os privilégios estão aqui e o interior fica com as sobras. Por isso lutei como um lobo para que um pedaço de poder real viesse para as nossas mãos. Nós queríamos provar que é possível governar junto com o povo, com as suas organizações livres. Seríamos julgados depois. Infelizmente, o poder econômico da 4ª prefeitura do Acre não permitiu.

Muitos pensam que eu me calei. Engano! Eu não vou aceitar corruptos convivendo comigo. Quem achar que isso é blefe que aposte. Estou apenas aguardando o posicionamento de outros atores, ver até onde eles serão permissivos com a podridão política ou se reagirão, como eu acredito e espero.

Quanto à minha candidatura a deputado federal eu agradeço a deferência, mas não estou muito disposto sequer a disputar a reeleição. Talvez um banho nas águas puras do alto rio Gregório, na aldeia Nova Esperança, durante o Festival Espiritual do Povo Yawanawa, me faça mudar de idéia sobre a política e a guerra.

Um grande abraço,

MOISÉS DINIZ

16 outubro 2008

DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA: EMPRESÁRIOS PAULISTAS ENTRE OS INCENTIVADORES

Pesquisa responsabiliza empresas de São Paulo por destruição da Amazônia

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Pesquisa divulgada nesta semana em São Paulo mostra a responsabilidade na destruição da floresta amazônica de empresas que atuam no Sudeste do país. O estudo Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia expôs casos de 13 organizações que se beneficiam direta ou indiretamente do desmatamento da maior floresta do planeta.

A pesquisa foi feita por iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo e executada pelas organizações não-governamentais Repórter Brasil e Papel Social Comunicação.

“A pesquisa comprovou que existe uma relação comercial não-sustentável entre empresas de São Paulo e empresas que compram produtos da Amazônia, que fazem o beneficiamento de matérias-primas vindas da Amazônia. Na base do processo produtivo existem fornecedores que são sistematicamente multados pelos órgãos ambientais ou que são proprietários de áreas embargadas, ou que estão na 'lista suja' do trabalho escravo”, explicou Marques Casara, um dos coordenadores do estudo.

A empresa Quatro Marcos, quarto maior frigorífico do país em número de abates e fornecedora de carne bovina para o varejo paulistano, é uma das citadas na pesquisa. De acordo com o estudo, a organização apresenta graves problemas ambientais e trabalhistas e comprou gado de empregador que figura na “lista suja” do trabalho escravo.

A unidade localizada em Juara, no bioma amazônico, teve suas atividades embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em junho de 2008 por operar sem licença ambiental.

Por meio da sua assessoria de imprensa, o frigorífico afirmou que a posição oficial da empresa já havia sido entregue aos pesquisadores. No texto, a organização diz que a empresa por meio da "contratação de uma consultoria externa vem passando por um momento de reestruturação e reorganização de processos das suas atividades”.

A resposta também diz que “com uma nova gestão definida e em plena ação vêm se desenhando caminhos a serem seguidos pelo frigorífico, por meio da definição de estratégias, e, como não poderia ser diferente, pela sua importância no cenário nacional e mundial, a questão de sustentabilidade estará sendo devidamente desenvolvida e trabalhada”.

Outro caso apresentado no estudo é da Metalsider, empresa mineira, fornecedora de ferro-gusa para a indústria automobilística, que mantém relações comerciais com a A.S. Carvão e Logística, organização que aparece na atual lista de trabalho escravo. Procurado pela reportagem, o diretor da empresa, Bruno Melo Lima, afirmou que a Metalsider tem atualmente centenas de fornecedores e que seria "inviável" manter um funcionário em cada um deles para analisar as condições de trabalho.

Lima ressaltou ainda que a empresa faz visitas e alertas freqüentes a seus fornecedores. No entanto, mesmo estando ciente da situação da Carvão e Logística, Lima não confirmou que a Metalsider tenha deixado de consumir matérias-primas da fornecedora.

Aos pesquisadores, a Metalsider afirmou que havia sido informada que a fornecedora firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público "e que, por isso, a manutenção do nome desta empresa em lista suja é um equívoco que está sendo solucionado pela mesma". "Desta forma, aguardamos posicionamento desta empresa, inclusive para que exclua o nome daquela lista, sob pena de não mais efetivarmos transações comerciais”, completou a Metalsider.

Os pesquisadores advertem, no entanto, que o TAC não representa uma reparação que possibilitasse a retirada do nome da lista suja. "Eles têm total responsabilidade sobre a origem da matéria-prima. Eles têm total responsabilidade sobre as empresas que eles ajudam a existir por conta da compra de produtos. Hoje em dia já existem mecanismos de monitoramento de cadeias produtivas bastante eficientes e que podem ser usados pelas empresas", ressaltou o coordenador da pesquisa.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reconheceu a importância do estudo e afirmou que encaminhará os dados aos setores de fiscalização. “Todo o material que me foi entregue será amanhã [hoje, dia 16] colocado na mão da fiscalização do Ibama e será procedida com o máximo rigor a apuração dos responsáveis”, afirmou em São Paulo, após participar da formalização de pactos entre empresas e governo para garantia do cumprimento de direitos sociais e da preservação dos recursos naturais.

Mais informações sobre esse assunto no Blog do Marky

BLOQUEADOR SOLAR PARA QUEM TRABALHA NO SOL

Aprovado projeto que obriga empresa a fornecer bloqueador solar a quem trabalha ao sol

Agência Senado, 14/10/2008

O Plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (14) projeto que inclui o protetor, o bloqueador ou o filtro solar entre os equipamentos e produtos de proteção dos trabalhadores, desde que eles exerçam suas atividades ao sol (PLC 111/05). O Ministério do Trabalho terá de incluir tais produtos na legislação de proteção aos trabalhadores.

O projeto obriga ainda o Sistema Único de Saúde (SUS) a distribuir gratuitamente protetor solar aos pacientes acometidos de doenças causadas ou agravadas pelo sol, como câncer de pele. Os senadores aprovaram um substitutivo que o senador Papaléo Paes (PSDB-AP) apresentou a um projeto oriundo da Câmara dos Deputados, proposto pela ex-deputada Laura Carneiro. 

A proposta ainda será submetida a uma votação suplementar e depois seguirá para exame dos deputados, pois o projeto original recebeu alterações.

NOTA DO BLOG: Justa a aprovação do projeto. Entretanto, conhecendo a tradicional desonestidade que prodomina nas vendas para o setor público, dá até para imaginar que os bloqueadores solares, que não são baratos, serão vendidos à administração pública a custos exorbitantes! No Acre, quase toda as equipes de campo da Semsur e Deracre terão direito a esse produto. A lei cria um novo mercado para esses produtos e não pensem vocês que serão as farmácias ou lojas de cosméticos que passarão a fornecer o produto para o Governo e Prefeitura. São eles mesmos, os pasteiros, que vendem da agulha ao avião. 

E na zona rural? Quero ver o Minstério do Trabalho fiscalizar o cumprimento dessa lei por parte dos empresários rurais (micro e grandes). Aliás, considerando o machismo que impera nesse meio, quero ver se os braçais vão ter coragem de se pintar de branco antes de cair na quiçaça...Tô até vendo algumas desculpas para evitar o uso: Isso é coisa de mulher! Sou macho no velho estilo!

BOLIVIANOS EM BRASILÉIA: PEDIDOS DE ASILO SERÃO NEGADOS

Brasil deve negar asilo a fugitivos bolivianos. Comissão brasileira indica que tende a rejeitar pedidos de concessão de refúgio formal pois espera que bolivianos voltem espontaneamente ao seu país

Jamil Chade, O Estado de São Paulo

A maioria dos 70 bolivianos que pediram refúgio ao governo brasileiro nos últimos dias - temendo sofrer perseguição política no departamento (Estado) boliviano de Pando - deve receber resposta negativa do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão do governo brasileiro responsável por determinar quem tem direito a receber a classificação de refugiado no País.

O comitê espera que a situação política na Bolívia volte à normalidade e, com isso, os 570 cidadãos bolivianos que cruzaram a fronteira de Cobija, em Pando, para as cidades brasileiras de Brasiléia e Epitaciolândia (AC) decidam espontaneamente voltar para casa.

Os bolivianos começaram a fugir para o Brasil um mês atrás, quando os conflitos em Pando resultaram na morte de 18 camponeses, aparentemente partidários de Evo Morales. De acordo com a ONU, os bolivianos que estão nas cidades do Acre fogem da "incerteza política e da violência" em seu país. Uma comissão que investiga as mortes deve chegar ao Acre nos próximos dias para conversas com os refugiados.

As Nações Unidas estão ajudando o governo brasileiro a processar os pedidos de asilo. "A situação no Brasil e na Bolívia tem sido monitorada e o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) está pronto para ajudar se for necessário", disse o representante do Acnur no Brasil, Javier López-Cifuentes. O governo brasileiro, porém, já demonstrou em mais de uma ocasião que não quer um escritório da ONU na Floresta Amazônica brasileira, nem mesmo para cuidar dos refugiados.

Agora, teme-se que uma nova crise na Bolívia eleve ainda mais o número de refugiados. O governo do Acre está com problemas financeiros e, segundo autoridades, "outro afluxo de bolivianos pode ameaçar a capacidade de atender" os refugiados.

Cerca de cem bolivianos têm sido colocados em ginásios esportivos de Brasiléia, de acordo com a ONU. O governo estadual fornece a eles alimentos e assistência médica e o governo federal responsabiliza-se pela segurança.

Oposição e governo enfrentam-se há meses na Bolívia desde que Evo propôs uma reforma constitucional. O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, convocou para hoje a sessão para aprovar o referendo sobre o projeto de Constituição.

Ainda ontem, uma juíza boliviana ordenou a prisão preventiva do comentarista de TV Jorge Melgar, acusado pelo governo de "sedição, terrorismo e atentado a instalações públicas". Evo é acusado pela oposição de perseguir a imprensa.

(Foto: O Alto Acre)

PRESENTE PARA CARLOS MINC

Servidores do MMA entregaram ao Ministro Carlos Minc um 'colete' de reivindicações

Foi um sucesso o ato dos servidores do Ministério do Meio Ambiente realizado no dia 14.10 no edifício sede do MMA. Na oportunidade, a categoria entregou ao ministro Carlos Minc um colete contendo a pauta de reivindicações do setor.



Antes de vestir o colete, o ministro leu todas as mensagens para verificar se discordava de alguma e fez diversas observações a respeito dos itens da pauta. Concordou com todos e, inclusive, assumiu que alguns o MMA pode resolver internamente. Quanto aos outros, Minc afirmou que fará gestão junto ao Planejamento. Ainda observou que alguns pontos, como a equiparação salarial com o Bacen, são difíceis conseguir de uma só vez, mas ressaltou que a remuneração dos servidores do MMA está muito aquém de outras categorias.

As mensagens escritas no colete entregue ao ministro foram as seguintes:

Reestruturação da carreira; Equiparação salarial com os Especialistas do Bacen; Cargos comissionados; Formação continuada; Recursos para capacitações; Concursos para efetivos; Vetadas novas contratações temporárias; Consultorias publicadas e justificadas; Política de RH inteligente, ágil e moderna; Critérios para viabilizar a mobilidade entre MMA, Ibama e ICMBio; Enquadramento dos inativos e Pecma na Cema;
Gratificação por encargo de curso

15 outubro 2008

PISO NACIONAL DOS PROFESSORES REAJUSTADO PELO INPC

Comissões aprovam atualização do piso nacional dos professores pelo INPC

Agência Câmara

As comissões de Educação e Cultura; de Trabalho, Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovaram hoje o Projeto de Lei 3776/08, do Executivo, que prevê a atualização anual do piso salarial nacional dos professores da rede pública de ensino básico pela variação acumulada do INPC nos 12 meses anteriores ao reajuste. Conforme a proposta, o reajuste ocorrerá sempre em janeiro. O piso foi aprovado no ano passado é hoje é de R$ 950.

As comissões de Educação e Trabalho rejeitaram emenda do deputado Celso Maldaner (PMDB-SC), que estabelece que o professor poderá ocupar de 20 a 25% da sua jornada de trabalho com atividades extra-classe. Essa emenda foi considerada constitucional pela CCJ, que não analisou o mérito da proposta, apenas sua constitucionalidade e juridicidade.

CHARGE DO JORNAL A CRÍTICA

AÇAÍ. UM SUPERALIMENTO?

Estudo feito nos Estados Unidos destaca que os antioxidantes contidos no fruto são absorvidos pelo organismo humano

Ponto para o açaí

Agência FAPESP – Um importante alimento dos habitantes na Amazônia, que também é consumido de Norte a Sul do Brasil, tem se tornado cada vez mais popular em outros países, como os Estados Unidos: o açaí. Por ser comercializado como uma “superfruta” em mercados norte-americanos, que destacam os potenciais efeitos benéficos para a saúde, um grupo de pesquisadores da Universidade Texas A&M tem estudado o açaí desde 2001.

O mais recente resultado da pesquisa traz nova boa notícia aos consumidores do fruto da palmeira Euterpe oleracea. Em artigo publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, os cientistas descrevem que os antioxidantes contidos no açaí são absorvidos pelo organismo humano.

O estudo envolveu 12 voluntários, que consumiram açaí em polpa e na forma de suco, esta última contendo metade da concentração de antocianinas – pigmentos que dão cor às frutas – do que a versão em polpa. Os dois alimentos foram comparados com sucos sem propriedades antioxidantes, usados como controle.

Amostras do sangue e da urina dos participantes foram tomadas 12 e 24 horas após o consumo e analisadas. Segundo os pesquisadores, tanto a polpa como o suco apresentaram absorção significativa de antioxidantes no sangue após terem sido consumidos.

"O açaí tem baixo teor de açúcar e seu sabor é descrito como uma mistura de vinho tinto e chocolate. Ou seja, o que mais podemos querer de uma fruta?", disse Susanne Talcott, principal autora do estudo, do qual também participaram cientistas das universidades do Tennessee e da Flórida.

Segundo ela, trabalhos futuros poderão ajudar a determinar se o consumo do açaí pode resultar em benefícios para a saúde com relação à prevenção de doenças. O grupo do qual faz parte tem estudado a ação do açaí contra células cancerosas.

“Nossa preocupação é que o açaí tem sido vendido como um superalimento. E ele definitivamente tem atributos notáveis, mas não pode ser considerado uma solução para doenças. Há muitos outros bons alimentos e o açaí pode ser parte de uma dieta bem balanceada”, disse Susanne.

O artigo Pharmacokinetics of anthocyanins and antioxidant effects after the consumption of anthocyanin-rich açai juice and pulp (Euterpe oleracea Mart.) in human healthy volunteers, de Susanne Talcott e outros, pode ser lido por assinantes do Journal of Agricultural and Food Chemistry em http://pubs.acs.org/journals/jafcau.

(Foto: Divulgação)

A AIDS DEIXOU DE AMEDRONTAR O MUNDO DESENVOLVIDO

A pesquisadora do Instituto Pasteur que descobriu o HIV em 1983 vive o trabalho no laboratório com paixão e viaja com freqüência aos países mais afetados pela Aids para ver de perto a face amarga da doença.

A entrevista foi realizada por Lola Galán, e publicada no jornal espanhol El País em 12-10-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Uma fotografia de Françoise Barré-Sinoussi, rodeada de guirlandas natalinas e uns quantos balões, junto a um cartaz de felicitação pelo Nobel recém conquistado, adorna o corredor de entrada da Unidade de Regulação de Doenças Retrovirais que ela dirige, no Instituto Pasteur de Paris. 

Para a instituição, que no mês passado completou 120 anos, a homenagem a uma de suas pesquisadoras mais destacadas foi o melhor presente de aniversário. Uma demonstração, talvez, de que o velho edifício, com seu aspecto um pouco caótico e descuidado, abriga dentro de si a fina flor e a nata da investigação francesa, por mais que o Nobel premie um achado de 25 anos atrás.

Barré-Sinoussi (Paris, 30 de julho 1947) parece desfrutar seu êxito com a mesma discrição com que viveu até agora o seu anonimato de pesquisadora apaixonada por seu trabalho, mas com escassa projeção pública e praticamente desconhecida fora dos ambientes científicos. Seu marido, falecido há poucos meses, não chegou a saborear um triunfo que tem um pouco de sabor de revanche, porque ela foi a investigadora que descobriu o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, na sigla em inglês), no começo de 1983. Vírus que, mais tarde, seria identificado como o causador da Aids. Vestida com um tailleur em tons de creme e ocre, e meticulosamente maquilada, Barré-Sinoussi se apresenta à jornalista com um cigarro na mão e pede um minuto para sair ao pátio dos fundos do instituto para ir fumar.

Você é a primeira mulher francesa que recebe o Nobel de Medicina. Como se sente?
Muito bem. A verdade é que a presença da mulher na pesquisa científica tem sido muito minoritária durante séculos, de forma que era normal essa falta de prêmios. Tampouco acho que se tenha que enfocar isso de uma maneira estritamente feminista. Mas estou encantada e, para ser sincera, muitos colegas homens me felicitaram efusivamente.

Ser mulher foi um obstáculo em sua carreira?
Sim, desde sempre. Sobretudo nos anos 80. Eu era mais jovem, e as dificuldades, muito maiores. Com os anos, a porcentagem de mulheres cientistas aumentou muito. Nesse trabalho se ganha pouco, por isso há cada vez mais mulheres. Ainda que, nos níveis de responsabilidade, siga havendo poucas.

Os homens têm mais exigências econômicas.
Historicamente, era o homem quem mantinha a família, quemlevava o sustento para casa. Por isso, sempre ficou mais atento à questão econômica.

Nesta ocasião, ao contrário, o Nobel preferiu-a em vez de outros membros homens da equipe que descobriu o vírus da Aids, por exemplo, o professor Jean Claude Chermann, com quem você começou na pesquisa, no começo dos anos 70.
Foi um pouco triste, porque comecei trabalhando com ele e eu o considero como um pai profissional. Além do mais, ele formava parte da equipe que conseguiu essa descoberta. São coisas da vida. Falei com ele, e ele está chateado, é normal. Mas, ao mesmo tempo, está muito contente por mim. A descoberta do vírus da Aids foi um trabalho de equipe em que participaram muitas pessoas do Instituto Pasteur e de vários hospitais.

Você também esperou 25 anos para receber esse reconhecimento que, até agora, era atribuído exclusivamente ao professor Luc Montagnier. Como você encarou tantos anos de anonimato?
Bem. Não me preocupava, absolutamente. O que mais se adapta à minha personalidade é trabalhar no meu laboratório, ou viajar aos países mais afetados pela Aids para ver qual é a situação sobre o campo.

Você diz que a descoberta mudou totalmente a sua vida. Em que sentido?
Fez me dar conta do alcance prático do meu trabalho. A partir desse momento, tive mais clara a responsabilidade da minha tarefa, até o ponto em que me levou a esquecer a minha vida pessoal. Vi-me empurrada pela urgência de buscar fórmulas para melhorar a vida dos pacientes.

Vejo que você pertence a vários comitês do Instituto Pasteur, além de trabalhar para a Agência de Prevenção da Aids, que publica trabalhos e participa de simpósios, conferências etc. De onde tira tanto tempo?
Durmo poucas horas, não mais do que quatro, e trabalho 12 ou 13 horas diárias. Nunca considerei a pesquisa como uma atividade profissional. Para mim, é uma paixão.

É verdade que estamos baixando a guarda contra a Aids?
Há setores da população com mais risco que estão se esquecendo da prevenção. E o mesmo acontece com os jovens. Fala-se muito menos da Aids do que antes, e isso dá medo, porque a infecção segue presente. Muitos jovens pensam que o tratamento é efetivo e que não tem com que se preocupar, mas, na realidade, o tratamento não só é caro, como também é complicado e para toda a vida. Além disso, com o tempo, tem efeitos secundários sérios, produz alterações do metabolismo. Por isso, deve-se prevenir.

O fenômeno se produz, além disso, no mundo desenvolvido.
Sim, em países ocidentais, como a França ou Espanha, e é muito preocupante. Porque, além disso, a pessoa infectada pelo vírus demora muito tempo para ficar consciente disso, e isso pode dar lugar a uma seqüência de contágios. Por isso, o diagnóstico precoce, as provas, são fundamentais para prevenir a transmissão do vírus.

As instituições internacionais têm se comprometido muito na luta contra a Aids ultimamente.
Sim. O objetivo do fundo mundial de luta contra a Aids é de que haja um tratamento universal para todos os afetados pela doença em 2010. É um objetivo ambicioso, por meio do qual é possível sonhar sempre que a ajuda financeira dos países ricos siga chegando. Se o fundo de luta contra a Aids, a tuberculose e a malária seguir recebendo esse dinheiro, é possível alcançar esse objetivo. O mau disso é que não sabemos o que vai acontecer com esses fundos com a atual crise financeira no mundo. Se as contribuições diminuem, como é o nosso temor, sobretudo as do Governo dos Estados Unidos, a coisa se complica.

Em que situação está a pesquisa sobre a Aids neste momento?
Tem-se feito muitos avanços, mas há muitas coisas que não conhecemos. Por exemplo, se o vírus é capaz de provocar a imunodeficiência, por que em certos sujeitos isso não se produz? Sobre os modelos animais, também não sabemos por que o macaco-verde não desenvolve a doença, apesar de estar infectado por um vírus muito semelhante ao do HIV. Desconhecemos quais são os mecanismos precisos de proteção contra a infecção. E enquanto não se conheçam, será difícil encontrar uma vacina contra a Aids.

(Fonte da imagem: WITI - Women in Technology International)

(www.EcoDebate.com.br, 15/10/2008. Entrevista publicada pelo IHU On-line, 13/10/2008. O IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS).