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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

31 outubro 2006

Cuba é o único país do mundo com desenvolvimento sustentável

Está é a conclusão do relatório bienal apresentado pela organização WWF em Pequim, e que afirma que o ecossistema "está se degradando a um ritmo sem precedentes na história".

De acordo com o relatório, se as coisas continuarem como estão, por volta de 2050 a humanidade precisaria consumir os recursos naturais e a energia equivalente a dois planetas Terra.

É um círculo vicioso: os países pobres produzem um dano per capita à natureza muito menor, mas, à medida que vão se desenvolvendo (exemplos de China e Índia), o prejuízo para o ambiente vai aumentando a níveis insustentáveis pelo planeta.

A WWF elaborou, em seu relatório, um gráfico no qual sobrepõe duas variáveis: o índice de desenvolvimento humano (estabelecido pela ONU) e a "pegada ecológica", que indica a energia e recursos, por pessoa, consumidos em cada país.

Surpreendentemente, apenas Cuba tem, nos dois casos, níveis suficientes que permitem que o país seja considerado que "cumpre os critérios mínimos" para a sustentabilidade.

"Não significa, certamente, que Cuba seja um país perfeito, mas é o que cumpre as condições", disse Jonathan Loh, um dos autores do estudo.

"Cuba alcança um bom nível de desenvolvimento, segundo a ONU, graças a seu alto nível de alfabetização e expectativa de vida bastante alta, enquanto sua pegada ecológica não é grande, por ser um país com baixo consumo de energia", acrescentou Loh.

De fato, a região latino-americana em geral parece ser a que está mais perto da sustentabilidade, já que outros países, como Brasil ou México, estão perto dos mínimos necessários, frente à situação de regiões como África - com baixo consumo energético, mas muito subdesenvolvida - e Europa - onde ocorre o inverso.

Apesar do sucesso do bloco latino, a situação global mostrada pelo relatório da WWF é desanimadora. Por exemplo, o número de espécies de animais vertebrados caiu 30% nos últimos 33 anos.

A pegada deixada pelo homem é tamanha que "são consumidos recursos em tempo muito rápido, que impede a Terra de recuperá-los", disse o diretor-geral da WWF, James Leape, que também participou da apresentação do relatório em Pequim.

O novo relatório da organização coloca na "lista negra" de países com alto consumo per capita de energia e recursos os Emirados Árabes Unidos, EUA, Finlândia, Canadá, Kuwait, Austrália, Estônia, Suécia, Nova Zelândia e Noruega.

Marcelo Ivan Pantoja Creão
Coordenador do Escritório Amapá / Office Amapá Coordenation
Áreas Protegidas e Apoio ao Arpa - Amazônia / Protected Areas and Support to Arpa - Amazon
WWF- Brasil

29 outubro 2006

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL NO ACRE

VITÓRIA NADA CONVINCENTE DE LULA NO ACRE

Lula ganhou por pouco. Não foi nada convincente sua vitória no Acre. Neste segundo turno o placar foi 52,37% x 47,63%. No primeiro turno Lula havia perdido: 51,79% x 42,62%. O esforço pessoal de Jorge Viana para garantir a vitória de Lula no segundo turno foi grande, mas o resultado não foi tão compensador considerando que a margem de vitória foi inferior a 5%. Lula conquistou os votos de todos os outros candidatos e tomou apenas 3,57% dos votos dados a Alckmin no primeiro turno. Veja abaixo os Municípios onde Lula foi derrotado por Alckmin neste segundo turno. Em todos eles Lula também havia perdido no primeiro turno:

Cruzeiro do Sul:
Alckmin: 57,84%
Lula: 42,16%

Marechal Thaumaturgo:
Alckmin: 60,54%
Lula: 39,47%

Xapuri:
Alckmin: 50,33%
Lula: 49,67%

Senador Guiomard:
Alckmin: 52,86%
Lula: 47,14%

Sena Madureira:
Alckmin: 50,50%
Lula: 49,50%

Porto Acre:
Alckmin: 60,55%
Lula: 39,45%

Manuel Urbano:
Alckmin: 55,20%
Lula: 44,80%

Capixaba:
Alckmin: 60,14%
Lula: 39,86%

Bujari:
Alckmin: 55,51%
Lula: 44,49%

Acrelândia:
Alckmin: 55,65%
Lula: 44,35%

ABSTENÇÃO RECORDE NO ACRE

Dados do TSE indicam que no Acre houve uma abstenção recorde. Na metade dos 22 Municípios, pelo menos 1/3 dos eleitores deixou de comparecer para votar. Em Porto Walter a abstenção foi de 54,79%. Rio Branco foi o Município com o menor índice de abstenção: 20,19%.

No primeiro turno, a abstenção na eleição presidencial foi de 19%. Neste segundo turno ela subiu para 27,64%. Este alto número de abstenção indica que o esquema de transporte de eleitores posto em prática pelo TRE, especialmente nas localidades onde o acesso é mais difícil, foi um fracasso. Isto apenas demonstra que o transporte de grande parte dos eleitores no Acre ainda é feito como antigamente: no cabestro. Traduzindo: os "esquemas" armados pelos candidatos aos cargos de Deputado Federal e Estadual, Senador e Governador são os que, na prática, garantem o comparecimento de boa parte dos eleitores, especialmente aqueles da zona rual e dos altos rios. Veja abaixo a abstenção nos diferentes Municípios acreanos:

Porto Walter - 54,79%
Santa Rosa - 45,48%
Rodrigues Alves - 45,06%
Marechal Thaumaturgo - 44,69%
Jordão - 44,20%
Tarauacá - 43,32%
Manoel Urbano - 41,84%
Cruzeiro do Sul - 37,55%
Feijó - 36,23%
Sena Madureira - 35,37%
Mâncio Lima - 32,84%
Capixaba - 30,26%
Plácido de Castro - 30,26%
Senador Guiomard - 27,92%
Xapuri - 27,09%
Acrelândia - 25,77%
Brasiléia - 24,96%
Epitaciolândia - 24,68%
Bujari - 23,87%
Porto Acre - 22,12%
Assis Brasil - 22%
Rio Branco - 20,19%
JORGE VIANA: MINISTRO DE MEIO AMBIENTE?

É sempre assim. Quando um candidato ganha a eleição presidencial (faltam algumas horas para Lula confirmar isso), logo começam as especulações sobre os nomes cotados para assumir pastas no novo governo. Segundo o Blog do Josias de Souza, “Entre a manhã de sexta e a noite de sábado, o blog ouviu quatro pessoas que privam da intimidade do presidente. Revelaram alguns dos nomes que constam da lista de “ministeriáveis”.

Para os acreanos é interessante notar que a fofoca política indica sim que Jorge Viana poderá ser ministro no segundo mandato de Lula. Por ora as bolsas de especulação indicam que ele poderá assumir a pasta de Meio Ambiente, mas sendo considerado um bom administrador por Lula, poderá ir para outra pasta, talvez a dos Transportes. Vejam abaixo os “ministeriáveis” do momento segundo o Blog do Josias:

- Celso Amorim: deve ser mantido no Itamaraty. Pode se livrar do incômodo contraponto representado por Marco Aurélio Garcia. Despachado da assessoria internacional de Lula para a presidência interina do PT, Garcia pode não retornar ao Planalto. Lula pensa em premiá-lo com uma embaixada no exterior, provavelmente a de Paris;

- Ciro Gomes: eleito deputado pelo PSB do Ceará, Ciro é um dos mais influentes conselheiros de Lula. O presidente quer tê-lo de volta na Esplanada. É improvável que volte à pasta do Desenvolvimento Nacional. Pode virar ministro da Saúde. Em privado, ele diz que não quer voltar à Esplanada. Mas Lula acha que, se pedir, Ciro volta;

- Delfim Netto: aproximou-se de Lula em encontros sigilosos que manteve com ele. Começaram a conversar quando Antonio Palocci ainda era ministro da Fazenda. Foram cerca de dez reuniões. Algumas testemunhadas por Palocci. Outras, pelo ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). Derrotado nas eleições para a Câmara, Delfim pode tornar-se ministro da Agricultura. Entraria na cota do PMDB, partido ao qual se filiou depois de deixar o PP;

- Dilma Rousseff: Lula vai mantê-la na Casa Civil. Está satisfeitíssimo com o desempenho dela. Elogia-lhe a fidelidade, a eficiência e a discrição. O presidente a vê como uma espécie de anti-José Dirceu. É mais eficiente e não traz problemas. É e continuará sendo uma das ministras mais poderosas do governo;

- Fernando Pimentel: Lula cogita aproveitar o prefeito petista de Belo Horizonte no ministério da Economia, no lugar de Guido Mantega. Compara-o a Palocci. É jeitoso no trato político. Com uma vantagem: em vez de médico, é economista. A decisão não está tomada. Lula ainda hesita em destronar Mantega. Se decidir afastá-lo, deve entregar-lhe outro posto, não necessariamente de nível ministerial;

- Jorge Viana: Lula vê o ex-governador petista do Acre como bom executivo. Planeja alojá-lo na pasta do Meio Ambiente, hoje gerida por Marina Silva. Mas Viana pode ir para outra pasta;

- Marta Suplicy: a idéia de Lula é entregar à ex-prefeita o Ministério das Cidades, à qual deseja dar mais visibilidade a partir de 2007. Quer tonificar os investimentos em saneamento e habitação;

- Nelson Jobim – Lula queria que o ex-presidente do STF fosse o seu vice. O PMDB não deixou. Agora, pensa em nomeá-lo ministro da Justiça. Márcio Thomaz Bastos disse a Lula que não quer mais ser ministro. O presidente tentou demovê-lo, mas o Bastos parece irredutível;

- Patrus Ananias: gerente da menina dos olhos de Lula, o Programa Bolsa Família, o petista pode ser preservado na pasta do Desenvolvimento Social;

- Paulo Bernardo: deixou de disputar um mandato de deputado federal pelo PT do Paraná a pedido de Lula. Deve ser mantido no Ministério do Planejamento;

- Sérgio Gabrielli: aliado do governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, o atual presidente da Petrobras é cogitado para duas pastas: Fazenda ou Minas e Energia;

- Tarso Genro: junto com Dilma Rousseff, Genro é hoje um dos mais influentes conselheiros de Lula. Tornou-se seu braço direito na esfera política. É nome certo na nova equipe. Pode ficar onde está (Relações Institucionais) ou ser transferido para o Ministério da Justiça, se a opção Jobim não vingar.

28 outubro 2006

SOBRE O DEBATE NA TV GLOBO:

"Parecia debate para candidatos a prefeitura dos municípios!! Falta de remédio em postinho?? Enchente na casa?? Só faltou limpeza publica.. Coleta de Lixo... Ai seria hilário........ A globo misturou os papeis da União, Estados e municipios.."

Anderson, leitor do Blog do Josias, Folha de São Paulo, 28/10/2006

ELEIÇÕES 2006: MÍDIA X MÍDIA

Grande imprensa cometeu suicídio nestas eleições, diz Nassif


Por André Cintra e Priscila Lobregatte, do Vermelho

27/10/2006 - 02h10


Ao adotar um pensamento único, elitista e anti-Lula, a mídia entrou numa rota suicida. Esse estilo, ''inédito em termos de grande imprensa'', criou ''um clima muito pesado de patrulhamento, ataques, macarthismo''. O diagnóstico é de Luis Nassif, jornalista há mais de três décadas e ex-membro do conselho editorial da Folha de S.Paulo.

Nassif se tornou uma das vozes mais avessas aos descalabros que tomaram conta do jornalismo. Em sua opinião, a mídia sequer se esforçou para entender um fenômeno como o Bolsa Família - e sai dessa eleição desiludida com a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na entrevista que concedeu ao Vermelho - e que abre a série ''Mídia x Mídia'', o jornalista mineiro atacou o presidenciável tucano Geraldo Alckmin. ''A gestão dele em São Paulo, do ponto de vista administrativo, foi absolutamente medíocre e nunca foi avaliada''. De acordo com Nassif, ''Alckmin não tem discernimento'' e sofre de ''incompetência gerencial''.

As declarações de Nassif foram tomadas nesta quarta-feira (25/10), num escritório da Avenida Paulista, em São Paulo, onde o jornalista coordena a Agência Dinheiro Vivo. Confira os principais trechos dessa entrevista exclusiva.

Por que essa onda anti-Lula e anti-PT ficou cada vez mais forte na grande mídia?


No começo do ano passado, alguns colunistas - não oriundos da imprensa propriamente dita -, intelectuais e pessoas do showbiz, basicamente o (Arnaldo) Jabor e o Jô (Soares), começaram uma crítica mais pesada ao Lula e ao PT. Essa crítica, num determinado momento, resvalou para uma posição de intolerância e teve eco na classe média.

Quando teve eco, aconteceu algo que, para mim, é o mais inacreditável que eu já vi em mais de 30 anos de jornalismo: a Veja entra na parada e começa a usar aquele estilo escabroso. É inédito em termos de grande imprensa - e é um suicídio editorial. Agora, aquele estilo acabou batendo aqui, em São Paulo, em alguns círculos do Rio de Janeiro, induzindo a mídia a apostar na queda do Lula. Quando não conseguiu derrubar Lula, a mídia enlouqueceu. E então todos os jornais caminhavam na mesma direção. Isso não existe. Todo mundo endoidou.

Criou-se um clima muito pesado de patrulhamento, ataques, macarthismo. Os colunistas, de uma maneira quase unânime, entraram nesse clima - até por constrangimento. Aquela posição relativamente diversificada que existia nos jornais, através de seus colunistas, acabou. Os colunistas foram inibidos. Há jornalistas aí, com 40 anos de carreira, que escreveram 365 artigos, um por dia, sobre o mesmo assunto, todo dia pedindo a cabeça do Lula.

Não dá. Criou-se uma guerra santa que é incompatível com o papel da mídia. Isso era para os jornais dos anos 50. Partiu-se para um festival de ficção, de arrogância, de agressividade e falta de civilidade que é veneno puro na veia na imagem dos jornais e das revistas que entraram nessa.

E, mesmo assim, o Lula não caiu...


Porque, no começo dos anos 90, tivemos um fenômeno: começou a surgir a ''banda B'' da opinião pública. As classes D e E começaram a ter voz. É a história dos descamisados - e Collor percebeu muito bem isso. Começa a haver nessas classes um novo campo. À medida que o país vai evoluindo, aquela mediação feita pelos coronéis tende a se diluir. Este foi um primeiro ponto. Quando Lula lança o Bolsa Família - que é um programa muito bem-feito e que tem, sim, contrapartida -, ele pega esse fenômeno, que ganha corpo. O Fernando Henrique, que é sociólogo e tal, por conta de sua postura imperial, não percebeu esse novo cidadão emergente.

Outro ponto é que, na medida em que se criou essa unanimidade na mídia, você descartou públicos: o público engajado, que tem seu pensamento - a favor do Lula e do governo -, e que de repente percebeu que não havia nenhum veículo que fosse justo; e o segundo é um público menor, mas muito influente, que é o público dos formadores de opinião bem informados. Com aquela simplificação com que veio a cobertura, estes setores acabaram se desiludindo com a imprensa. Tudo isso surge num momento em que a internet já tinha massa crítica aí, com os blogs e tudo, para fazer contraponto. E entre os blogs tem de tudo.

Aquela diversidade que os jornais ainda tinham e perderam, o pessoal foi buscar na internet. E uma coisa a gente aprende com os blogs: se houver 20 blogs falando ''A'', basta um blog falando ''B'' de forma consistente, que ele inverte e desmascara. Há a interação entre os blogs e seus leitores. Os blogs emergiram como uma alternativa. E isso culminou com a matéria do Raimundo Pereira na CartaCapital. Em outros momentos, a Carta teria feito a matéria e ninguém falaria nada. Agora a matéria teve um alarido infernal, de tudo quanto é blog discutindo. E o tema não morreu.

A ponto de a Globo ter de se explicar...


É, tentou, tentou, mas não conseguiu responder. (Ali Kamel) é um rapaz inteligente, mas há coisas que, se você não consegue explicar, é melhor não tentar. Se você precisa de mais de uma lauda para explicar, não tente. Ele tentou e ficou chato, porque estava claro que era uma armação do delegado visando a Globo.

E aí se entra em outro aspecto: qual o interesse jornalístico de uma foto? Uma foto de dinheiro é igual a uma foto de dinheiro. Não há informação nisso. Essa foto ainda foi maquiada para dar maior fotogenia. O único interesse era como ela ia repercutir nas eleições, como no caso da Roseana Sarney. A gente sabia que esse dinheiro existia há semanas. O fato de aparecer a foto não tem significado nenhum.

Mas os jornais e TVs queriam dar a imagem para saber o efeito eleitoral da foto. Se o único interesse sobre a foto era esse, é evidente que a parte mais relevante do ponto de vista da notícia era saber como vazou a foto. E não deram isso. Manipularam e protegeram o delegado (Edmilson Bruno Pereira). Isso é um episódio marcante. Um golpe como esse, não temos paralelo em nossa história.

A mídia, cumprindo esse papel, é suicida. Ela não tem como ganhar. Se ela derruba o Lula, ela fica com a pecha de golpista para o resto da vida. Todo problema que surgisse seria imputado à mídia. Ou seja, se ela ganha, ela perde. Se não derruba o Lula - que foi o que aconteceu -, ela mostra que perdeu o poder que ela tinha.

Existe nisso um preconceito de classe?


Houve um claro preconceito de classe. No momento da internacionalização da economia brasileira, o Fernando Henrique passa a se cercar de uma corte que é minoritária em São Paulo, mas que tem muita ressonância. É um pessoal que se julga internacionalista, mas é da ''geração Daslu'' - de um esnobismo altamente provinciano visto por um estrangeiro, mas que aqui dentro pegou muitos setores, inclusive da imprensa. Esse deslumbramento cresceu de uma forma muito ampla nesse período, em cima de um conjunto de colunistas muito próximos ao Fernando Henrique.

O grande pecado do Fernando Henrique, lá atrás, foi quando ele começou a desqualificar as críticas e começou a tratar tudo que não era internacional como caipira e provinciano. Ou seja, criaram-se ali as bases para essa visão entre modernos e anacrônicos. O fator Veja foi fundamental para trazer esse componente. A Veja já vinha num crescendo de grosserias e ataques pessoais, mas, no ano passado, explodiu.

E veio até aquela capa absurda de que o PT emburrece o país...


Quando se entra nesse preconceito monumental, a crítica fica desqualificada. Aquele papel da mídia, de ser mediadora, deixa de existir. E o Lula fez uma coisa de gênio político. Quando começaram os escândalos, ele mandou apurar tudo. Na medida em que o pessoal acusado foi tirado do barco, passou a sensação de que era possível reconstruir o governo Lula sem os barras-pesadas que passaram por seu governo.

Então você tem o Bolsa Família mudando a realidade brasileira, com a incorporação das massas excluídas. O Lula não é salvo pela política do Palocci ou do Banco Central, mas pelo Bolsa Família. E não apenas pelos que são beneficiados - mas também por aqueles que estão de fora e percebem que esse programa vai mudar a história do Brasil. Os jornais não se deram conta disso.

Quando ficou claro que o Lula não ia cair, começaram a falar: ''Ah, mas o eleitor do Lula é nordestino, é analfabeto''. E quem fica com eles (os jornais)? Uma classe média muito paulistana, preconceituosa e anacrônica - porque quem é minimamente sofisticado não entra nesse jogo.

Você pega essa prepotência da Veja - esse negócio de ''eu sou imbatível''. Veja aquele rapaz, o diretor, que entrou um dia e disse: ''Hoje derrubamos o presidente!''.

Quem?


O Eurípedes (Alcântara), né? Acho que foi quando saiu aquela matéria do Palocci. Ele (Eurípedes) é que é o grande responsável por toda essa mudança que teve - essa adjetivação, esse clima todo.

A sensação de poder se dá pelo seguinte: você tem canais de TV, jornais, revistas - todos falando a mesma coisa. Só que, quando abre a cortina, tem um monte de gente espiando atrás da cortina. É um olhando pro outro, é um negócio auto-referenciado. Poucas vozes ousaram investir contra esse clima.

Os jornais apostaram na beligerância entre PSDB e PT?


Essa guerra acabou. Os jornais, com amadorismo, achavam que esse clima duraria até a queda do Lula. No dia seguinte às eleições, saem de cena Fernando Henrique, (Jorge) Bornhausen, (Tasso) Jereissati e os jornais e revistas que entraram nessa - eles só prosperam em tempos de guerra. As forças para pacificação são mais fortes do que as forças da guerra.

Fernando Henrique é outro que se queimou. Poderia ser um pacificador... Itamar e Sarney deram declarações, como ex-presidentes, com responsabilidade perante o país. E de repente vem o Fernando Henrique e solta a franga de uma maneira que deixa de ser referência.

Por que as irregularidades do governo Alckmin ficaram completamente fora da pauta da grande mídia, ao menos até as eleições?


A gestão dele em São Paulo, do ponto de vista administrativo, foi absolutamente medíocre e nunca foi avaliada. Então você pega a Secretaria de Educação. Numa entrevista, perguntei para ele: ''Governador, qual a sua proposta para as universidades federais?''. Ele respondeu: ''Vamos criar indicadores de acompanhamento''. E por que não criou nas universidades estaduais? ''Ah, porque isso poderia conflitar com o conceito de autonomia universitária''.

Olha o Rodoanel: quatro anos para resolver uma questão ambiental. Isso não existe. Mas, como precisava criar um anti-Lula, jogam o Alckmin como bom gestor - coisa que ele não era. Tem outras virtudes, mas não essa. E aí precisa vir o Lembo e dizer que o estado está vendendo estatal para pagar contas. Imagina se isso fosse com o governo Lula? Aí começa a ficar explícita a perseguição da mídia.

Você acha que Alckmin não tem condições de governar o Brasil?


Não. O Alckmin não tem discernimento. O Serra e o Aécio pegam gente eficiente, se cercam de bons quadros. E o que o Alckmin faz aqui? Na esfera federal, essa falta de discernimento do Alckmin seria complicada - e estamos falando do que ele já fez no estado, não num país. Não tenho informações sobre desonestidade da parte dele. Agora, no que diz respeito à incompetência gerencial, sim.

(Envolverde/Vermelho)

27 outubro 2006

BINHO MARQUES: APENAS UM OPERÁRIO A SERVIÇO DO PARTIDO?

Havia comentado anteriormente que o futuro da oposição no Acre, após a acachapante derrota na última eleição, passa necessariamente dentro do PT e partidos aliados da frente popular. O governador eleito, Binho Marques, nem assumiu e nota no jornal Página 20 já tenta abreviar seu mandato para os 4 anos regulamentares. Esqueceram que a lei ainda permite a prorrogação do mandato por mais 4 anos? A nota diz, sem mostrar qualquer argumento, que "Binho Marques, pelo que se percebe, dificilmente concorrerá à reeleição em 2010".

Não se iludam os apoiadores de Binho em achar que ele, com o seu jeito tímido de ser e agir, vai ser necessariamente tímido em seu jeito de governar. Ninguem sabe como vai ser o seu governo. Temos certeza que não vai ser um fracasso haja visto que é quase certa a permanência de alguns secretários em postos fundamentais da administração. Em sendo assim, seguramente Binho poderá dar continuidade a muita coisa boa que vem sendo feita na gestão de Jorge Viana.

Se sua administração for um sucesso retumbante e até o fim de seu mandato o Congresso não mudar a lei sobre reeleição, porque se deveria cogitar que ele, antes mesmo de ser Governador na prática, deveria abdicar de continuar? Sai para lá! A sabedoria popular diz que "em time que está ganhando não se mexe". E se o povo aprovar a administração Binho Marques como aprovou a de JV, não tem conchavo, rasteira ou qualquer ação de bastidor que justifique a sua abdicação à reeleição.

Está cedo para começar uma guerra interna na Frente. É bom que Binho Marques fique alerta. Se deixar a coisa correr solta, corre o risco de ser boicotado ao longo do seu mandato por seus "supostos" apoiadores. O "cegos pelo poder" não vão querer que ele faça uma boa administração. Se for assim, então a previsão do articulista do Página 20 se concretizaria.

25 outubro 2006

QUEM GANHOU O JOGO???
OU ERA ENCERRAMENTO DE COMÍCIO PRÓ-LULA???


Resido nas proximidades do nobrissímo e chiquérrimo hotel "Imperador Galvez". Consigo ver daqui o cucuruto do seu telhado, que relembra de longe um pouco as construções européias.

No sábado passado à noite estávamos eu, minha esposa, milha filha e meu bebê de 8 meses em casa. O baby dormindo que nem anjo quando abruptamente...pou, pum, pou, pou, cabum! Ele acordou chorando, assustado.

Pipocaram fogos de artifício por longos 3-5 minutos. Estranhei pelo horário, ai por volta das 9 da noite. Comício não era que neste segundo turno não aconteceu nem foi anunciado nenhum aqui por Rio Branco. Então só podia ser jogo do campeonato acreano no "José de Melo". É, porque sempre que alguem faz um gol, dependendo da importância do jogo, os torcedores mais fanáticos fazem pipocar os nossos conhecidos fogos de artifício.

Me conformei com minha versão e cuidei de fazer o baby dormir. Deu trabalho e levou algumas horas, mas ele voltou a dormir.

Eis que hoje navego no Notícias da Hora e o que vejo em destaque absoluto na coluna do How?

Uma nota mais que pomposa, com direito a fotografia e tudo, na qual o How descreve os detalhes do casamento de Isabelle Nunes e Marcelo Dias. Obviamente que tudo correu na mais perfeita harmonia. Nada deu errado. Capela charmosa, vestido da noiva de alta costura. Um luxo, segundo o How. Um arraso diria a Gorete...

Lá no meio do texto está escrito: ...saída triunfal dos noivos sob chuva de papel laminado e cascata de fogos prateados arrancaram suspiros dos convivas...

Tai a explicação para a ruidosa comemoração do sábado a noite. Só tenho dúvidas se aquele barulho de tiros de canhão, que automaticamente associo a comício político ou gol em jogo de futebol,é realmente uma coisa "chique", como quer me fazer crer o How...Sei não...

Chique ou não, desejo felicidades aos noivos. Só evitem os tiros de canhão. Eu acho que eles não colam com casamento...é brega até o úrtimo!
TV GLOBO: "O ABRAÇO DE LULA"

Quem tem acompanhado pela internet e pela televisão a cobertura das eleições presidenciais desse ano observou que os maiores meios de comunicação do país fazem aberta campanha pró-Alckmin. Folha, Estadão, O Globo e JB são os jornais mais engajados. No campo televisivo, a TV Globo, sem dúvida a mais influente de todas, também tinha embarcado na mesma onda. Observem que eu disse "tinha". Isto porque desde domingo passado a clara campanha pró-Alckmin da vênus prateada está em marcha lentíssima. As razões? Quem sabe? A colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo informou, no dia 23/10/2006, que
o presidente Lula e João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, tiveram encontro discreto no Palácio do Planalto pouco depois do começo do segundo turno da campanha eleitoral. Segundo a mesma estavam presentes a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, e Márcio Thomaz Bastos, da Justiça. Embora os ministros neguem o encontro, Roberto Marinho admite que ele ocorreu.

O executivo da Rede Globo tinha audiência com Dilma Roussef, que teve a idéia de leva-lo à sala do presidente para "um abraço". Um dos assuntos do encontro foi a campanha presidencial e o presidente e ministros presentes demonstraram sutilmente contrariedade com a TV Globo, que deu ampla e intensa cobertura ao escândalo do dossiê, que resultou na realização do segundo turno.

Concretamente, se pode ver que a cobertura negativa da emissora sobre a candidatura de Lula esfriou. O jornal "Bom Dia Brasil" de hoje, quarta (25/10), não apresentou uma manchete sequer sobre a corrida presidencial. Nada de dossiê, dólares ilegais, foto do dinheiro. Nada. Isto é sintomático. Das duas uma. A emissora, que tem dívidas bilionárias que poderiam ser aliviadas por eventual ajuda do BNDS, ouviu de Lula que agindo como vinha agindo não iria ter "apoio" estatal. Ou as pesquisas de todos os institutos que demonstram vitória ampla e segura de Lula abriram, finalmente, os olhos da emissora, que, a exemplo do que fez no passado, resolveu embarcar na náu dos vencedores. Foi assim com Collor, depois que ficou claro que o candidato apoiado pela emissora na época não conseguiria passar para o segundo turno.
A CAPITULAÇÃO DOS TORCEDORES DE ALCKMIN

"Acabou...Sim, o voto em Alckmin, agora, é uma manifestação de resistência. Já escrevi alguns textos sobre Quixote e tenho simpatia pela personagem. Mas, em política, o quixotismo colabora com o inimigo. É claro que não dá mais. Segundo o Datafolha, cujo levantamento foi feito ontem e hoje, Lula oscilou de 57% para 58%, e Alckmin, de 38% para 37%. Nos votos válidos, Lula cresce um ponto, e Alckmin cai um. A diferença, que era de 20 pontos no Datafolha, agora está em 22. É o número que o Vox Pupuli apontava na semana passada. No caso do Ibope, já são 24. Digamos que a diferença seja a metade: 10 ou 11 pontos. Ainda assim, não dá mais".


Texto extraído do Blog do Reinaldo Azevedo, que se dedica em eleger Alckmin. O dono do Blog é admirador de VEJA e de Mainardi. Antes da publicação da última edição de VEJA com o Lulinha na capa, o articulista passou a semana anunciando que a revista viria com "uma bomba atômica para mudar o rumo da eleição e da história".

Ele publicou com exclusividade a foto da capa e posteriormente algumas partes do texto. Depois de algumas horas e vendo a grande decepção dos leitores Alckmistas do blog, ele fez uma pequena mudança na sua previsão apocalíptica: "É uma bomba atômica para mudar o rumo da eleição e da história? Sei lá..."

Tudo me lembrou muito aquelas manchetes de um jornal Paraguaio em 1969, durante as eliminatórias para a Copa de 1970. O Paraguai precisava ganhar um jogo contra o Brasil em Assunção e na véspera o jornal tascou a seguinte manchete:

- Paraguai: é ganha ou morrer!

Veio o jogo, o Brasil ganhou de 3 x1 dando um show de bola. Na segunda, o mesmo jornal veio com uma manchete bem realista:

- Paraguai: não ganhou nem morreu. Perdeu.

24 outubro 2006

A CADEIRA VAZIA DA OPOSIÇÃO

Narciso, pelo menos por enquanto, está abdicando do título de "rei" da oposição ao atual governo do Acre. Deixa o trono e uma pergunta no ar: quem irá substitui-lo?

Márcio Bittar, Flaviano Melo, Luiz Calixto, João Correia...

Nenhum deles é persistente o suficiente para reivindicar para si tal honrada posição. Além disso não têm cacife financeiro para sustentar uma luta que, seguramente, iria ser longa e árdua, como foi a de Narciso. Para estes citados acima, o resultado provavelmente seria o mesmo: capitulação.

Embora a política seja uma verdadeira caixa de surpresas, acho que o futuro da oposição no Acre não passa pelos que hoje se dizem opositores do grupo político capitaneado por Jorge Viana. Teremos aqui uma repetição do que aconteceu no Amazonas. Mestrinho criou Amazonino, que engoliu Mestrinho. Amazonino criou Eduardo Braga, que engoliu Amazonino...

Angelim? Petecão? Perpétua? Naluh? Quem sabe?

O que sei é que o poder cega as pessoas. Sem querer denegrir os cegos biológicos, que são pessoas normais, exceto pela falta de visão, os cegos políticos são capazes de quase tudo. Especialmente quando aqueles que lhes deram as mãos para subir, estão por baixo, sem poder e sem cargo. Nesta hora o "pagamento" é brutal. Sempre foi assim e assim será. Porque seria diferente no Acre?

Jorge Viana que se cuide. Janeiro vem ai.

NARCISO MENDES SE APOSENTA. ATÉ QUANDO?

Quem me substituirá?

Narciso Mendes (*)

A causa, por sua nobreza, convidava-me a continuar,mas, como tudo na vida tem seus limites, cheguei aos meus.

Como quem no cumprimento de uma missão, fiz, durante os últimos oito árduos anos, a mais severa e implacável oposição ao PT.

Não por acaso, pelo meu inflexível e duro comportamento, criei um monte de inimigos - no que entendia perfeitamente. O que não entendo é não ter tido o menor reconhecimento por parte daqueles que de fato foram os maiores beneficiários de minhas corajosas ações. Decepcionei-me ao descobrir que fui vítima da lei da cozinha, aquela que diz que o cozinheiro nunca é chamado para o banquete.

Fui recentemente candidato a deputado federal numa coligação que tinha quase uma centena de candidatos a deputado estadual. Só dois deles, o deputado reeleito Luiz Calixto e minha esposa Célia Mendes, cujo registro também se presta a agradecê-los, apoiaram-me gratuitamente. Todos os demais me cobravam alguma coi$a em troca do seu apoio. Por não atendê-los, quase todos acabaram caindo nas mãos daqueles que, dispostos a comprar um mandado de deputado federal, não tardaram em cooptá-los. Contados, medidos e pesados, os candidatos a deputado estadual da coligação “cidadã”, contribuíram decisivamente para o acachapante e vergonhoso desequilíbrio e derrota dessa própria legenda. Candidatos a deputado estadual do próprio PPS fizeram campanha aberta para Júnior Betão, Antônia Lúcia, Gladson Cameli e outros, sem que nenhuma providência tivesse sido tomada. Por diversas vezes chamei a atenção do próprio Márcio Bittar: cidadão - eleição se perde ou se ganha, é do jogo político-eleitoral, o que não se pode poder perder numa eleição é a vergonha. Não perdi a minha.

Jamais renunciaria minha missão em razão das sucessivas vitórias dos meus adversários. Pelo contrário, dava-me prazer. Após cada uma delas, ato contínuo, prosseguia na luta. Estive sempre preparado a enfrentá-los. Entendo a importância da oposição para um regime democrático. Entretanto, jamais me preparei, pela iniqüidade e covardia, que tornar-me-ia vítima da própria oposição a quem tanto havia me dedicado.

A quem passarei o bastão? Preciso entregá-lo urgentemente a quem de direito. Quem sabe assim, sem minha presença, as oposições acreanas se unam para cumprir o papel que lhe está reservado. Repito: estou fora. Menos pelo fortalecimento dos meus adversários e mais pela ingratidão dos meus farsantes aliados.

Aos maldosos que estão esboçando algumas especulações a meu respeito, respondo-os: não sou e nem virarei petista. Manter-me-ei coerente às minhas convicções políticas. Agora faz parte dessas convicções não querer conversar com os ingratos. Fujo deles. Tenho nojo deles.

As ruas de todas as cidades do Acre, em particular as ruas de Rio Branco, garantiam minha vitória. Via e sentia minha eleição quando nelas caminhava. As ruas não fingem e tampouco traem, diferentemente dos dissimulados: estes traem pelo simples prazer de trair e tramam pelo sórdido prazer de tramar. Se obtive os votos que precisava para me tornar representante do povo acreano na Câmara dos Deputados, a etapa mais difícil em uma disputa eleitoral, não consegui incutir na cabeça dos dirigentes da Frente da Cidadania que ao comandarem uma campanha ampla e francamente desorganizada, sem o mínimo de autoridade e disciplina, ao fim e ao cabo, todo e qualquer prejuízo seria imprevisível.

Recuso-me a participar de qualquer reunião onde os assuntos tratados digam respeito à formação da possível e necessária oposição que precisa ser estabelecida no Acre. Por favor, não me convidem a participar de nenhuma delas. Para isto, estarei permanentemente ocupado, lendo e aprendendo, até concluir o que deverei fazer para me livrar dos patifes.

Por essas e outras dou minha missão como encerrada. Minha cadeira está vazia e à espera de alguém que ouse ocupá-la. Um aviso aos interessados: seu ocupante precisa ter muita coragem.

(*) Narciso Mendes foi candidato a Deputado Federal nas eleições de 2006. Artigo originalmente publicado no jornal O Rio Branco, no dia 22/10/2006. Nunca tinha lido artigos de Narciso pois achava que ele escrevia tão ruim quanto falava na sua emissora de TV - a aparência não ajudava... Tenho que admitir: ele escreve bem, talvez seja o melhor entre todos o que militam no ORB.

23 outubro 2006

A TRAGÉDIA DO MOGNO NO PARÁ

Reproduzimoas abaixo artigo que Lúcio Flávio Pinto (*) escreveu para um especial do ISA (Instituto Sócioambiental) sobre a terra do meio no Pará

A marca vegetal de Deus na ameaçada Terra do Meio
Por Lúcio Flávio Pinto, 16/10/2006, Especial para o ISA

Parte 1

A tragédia vivida pela árvore mais valiosa da Amazônia, o mogno, e a operação montada pela empresa CR Almeida para tentar apoderar-se de uma grande quantidade da madeira-de-lei apreendida pelo governo.

O engenheiro agrônomo Adalberto Veríssimo costuma dizer que Deus entregou diretamente ao homem as sementes de mogno. A hipótese procede. O mogno é uma árvore bonita de se ver na mata, destacando-se por seu porte esbelto, sua altura (de 30 a 40 metros) e sua cor. Impressiona tanto ou mais ainda quando se transforma num móvel ou num painel: é leve e ao mesmo tempo resistente, sólida e maleável, pode durar séculos, indiferentemente aos insetos e aos maus tratos do homem, e cativar por sua cor natural, melhor do que qualquer outra que o computador imaginar como sucedâneo ou alternativa.

Os presidentes dos Estados Unidos têm utilizado, há várias décadas, móveis de mogno na Casa Branca, em Washington. A marinha inglesa, uma das mais eficientes de todos os tempos, também se beneficiou das qualidades físicas e químicas da madeira. Qualquer autor de thriller sabe que, se descrever como sendo de mogno aquela escrivaninha sobre a qual o personagem se debruça, dar-lhe-á uma aparência de nobreza e solidez.

Em algumas décadas mais, entretanto, o mogno poderá se confinar ao terreno da ficção, aos museus e a poucos redutos de confinamento. É provável que Beto Veríssimo, um jovem agrônomo nordestino que se apaixonou pela floresta amazônica e não saiu mais de Belém, antes mesmo de se aposentar já terá dificuldades para localizar árvores de mogno nas suas constantes excursões pela mata nativa do Pará, o segundo Estado brasileiro em área desmatada e em índice de derrubadas da Amazônia, mesmo sendo o segundo mais extenso (perde apenas para o Amazonas), do tamanho da Colômbia, com seus 1,2 milhão de quilômetros quadrados.

Ouro verde

O mogno, a mais bela e mais valiosa madeira da Amazônia, região que concentra 56% das florestas tropicais do planeta, está acabando. Já acabou no sul do Pará, onde sua presença era de 5 a 10 vezes maior do que nas áreas onde a madeira está sendo agora caçada, cortada e vendida como se fosse ouro (na verdade, o ouro verde vale atualmente mais do que o ouro amarelo).

Beto fica feliz quando, nas suas excursões ao Acre, encontra uma árvore de mogno por hectare. Na área de influência de Rio Maria, no sul do Pará, a densidade podia chegar a 11 árvores por hectare. Hoje, mogno é conversa para boi pastar ou para choro nessa região. No princípio da sua ocupação, muito mogno deve ter sido destruído nas queimadas. O que os pioneiros queriam mesmo era formar pastagens para seu gado, incumbido de, ao menor custo (monetariamente falando), “amansar a terra”, na tal filosofia ditada pela pata bovina (em sentido literal e figurado).

Depois, quando a madeira foi usada como reforço de capital para a execução do empreendimento ainda prioritário, o “projeto agropecuário” subsidiado pelo governo federal, muito mogno foi extraído, mas à custa da destruição de muitas outras árvores de menor valor. Por um ou outro caminho, dos anos 60 aos 80, o vale do Araguaia-Tocantins, na busca de um “modelo de ocupação” da nova fronteira do país, destruiu uma fabulosa mina de madeira. Ainda há alguma iniciativa de plantio da árvore, mas quem a conhece intimamente descrê dos resultados. Como na longa farra da Sudam, extinta em 2002 sob um mar lodoso de corrupção, é mais uma placa para agradar inglês.

Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), ao qual Veríssimo pertence, entre 1971 e 2001 o Brasil produziu aproximadamente 5,7 milhões de metros cúbicos serrados de mogno. Pelo menos quatro milhões foram exportados, uns 75% do total para os Estados Unidos e a Inglaterra. Essa exploração representou algo bem perto de 4 bilhões de dólares em faturamento, considerando-se o preço médio histórico, de US$ 700 o metro cúbico. Atualmente, os valores variam entre US$ 1,6 mil o m3, no mercado interno, e US$ 2,5 mil, no exterior, segundo a tabela do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Beneficiado, porém, cada m3 pode ir parar em US$ 8 mil. Ouro passa a ser produto de segunda grandeza nessa pauta de valores.

Caso de polícia

A febre do mogno é uma variedade vegetal da obsessão que provocou as incríveis ondas de garimpagem. Por serem mais convencionais, epopéias como a de Serra Pelada atraíram mais atenção – e espanto – da opinião pública. O que está acontecendo em tão pouco tempo com o mogno, uma das mais valiosas madeiras da história da humanidade, tem significado ainda mais profundo do que a maioria dos booms auríferos. Só não tem o mesmo impacto.

Só não tinha, aliás. Quatro anos atrás, a TV Globo exibiu para todo País as imagens e as informações sobre o que foi classificado como “a maior apreensão de madeira da história do Brasil”. Provavelmente por ser neófita no assunto, a Globo não sustentou a reportagem com informações checadas ou corretas, mas as imagens – falando por mil palavras – supriram essa deficiência.

Ao seu modo, a televisão desempenhou mais satisfatoriamente uma função que milhares de artigos escritos até então não conseguiram: provocar o interesse da opinião pública para um drama muito grave, que começou e poderá se consumar antes que a geração de Beto Veríssimo encerre seu período de vida ativa. Seremos contemporâneos da extinção do mogno, impotentes para reverter o mal que temos causado, a partir de uma presumível dádiva divina, na forma das sementes dessa árvore excepcional?

Em escala menor de utilização, os parentes do mesmo gênero da árvore brasileira na América Central e Caribe já não existem mais. A pressão sobre as últimas concentrações, na Amazônia latino-americana, mas, sobretudo, na área predominante do Brasil, se tornou um autêntico caso de polícia. Os extratores de mogno se multiplicaram e sua audácia resultou em imagens patéticas, como as enormes jangadas, formadas por milhares de toras de madeira, que a TV Globo captou e que já se tornaram rotineiras na área mais rica depois (e já bem abaixo) do Araguaia, a da Terra do Meio, entre os rios Xingu e Iriri, no Pará. Rotineiras porque não provocaram o choque de, três décadas antes, em plena ditadura, com as cenas de caminhões saindo da mata com meia dúzia de toras, autêntica sangria vegetal. Agora, a sensibilidade parece embotada, apesar da democracia vigente.

O Ibama diz ter apreendido na espetaculosa operação madeira no valor de R$ 300 milhões. Não disse o número de toras ou a quantidade de metros cúbicos. Em qualquer hipótese, o valor era tratado aos milhares. A esmagadora maioria dessas árvores foi extraída dentro de reservas indígenas, principalmente na dos famosos Kayapós. Não mais por meio de invasão das reservas: agora, com a ajuda dos próprios índios. O que eles provavelmente ganharam com sua colaboração representa 150 vezes menos do que faturou o agente comercial, na ponta da linha de intermediações que vai da jungle à metrópole.

Os índios alegam, em sua defesa, que não têm outra fonte de renda com a ruína da Fundação Nacional do Índio (Funai) e a evaporação da política indigenista pública, que se desmancha no ar como restos de uma categoria primitiva a ser colocada sob a lápide da história, no entendimento de um sociólogo da modernização (e com poder de transformar em fatos suas idéias, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em cujo mandato ocorreram os maiores abates de mogno). E que precisam se vestir, comer e beber – em amplo sentido neste último item.

Com muitas boas razões pode-se construir uma tragédia, como a do mogno. Ninguém vai para o inferno, mas nem assim o mal deixa de se consumar. Gênio, Dante colocou mais gente no purgatório do que no inferno e no paraíso da sua Divina Comédia. A ocupação da Amazônia se ajusta muito bem nesse enredo.

Controle internacional

Contra a posição do Brasil, o mogno foi incluído no anexo II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna (Cites). Isto significa que a exploração e a comercialização da espécie estão sujeitas ao controle não apenas do governo nacional, mas também dos outros países que integram o colegiado, de exportadores e importadores, com a aplicação das normas existentes a respeito.

O governo brasileiro, o mais interessado no assunto, por ser o Brasil o maior produtor e vendedor de mogno no mundo, considerou dispensável apertar o controle sobre a espécie, que, na próxima abordagem, pode passar para o Anexo I, das espécies em extinção. Garante que tem feito tudo que é possível para acabar com a exploração ilegal e predatória da madeira, o que não é verdade, ainda que mereça ser reconhecido o decidido esforço oficial a respeito. Ou a intenção, dantescamente falando.

Enquanto o Ibama e a Polícia Federal aprendem milhares de toras de mogno transportadas em jangadas pelo rio Xingu (a grande avenida aquática para a qual essas lúgubres embarcações convergem de todos os pontos de drenagem da bacia que possuem a espécie às suas margens), acredita-se que no sul do país, com destaque para São Paulo, haja outros milhares de metros cúbicos estocados e em beneficiamento. É madeira em ponto de bala para seguir para o exterior, se possível (com ganhos melhores), ou ter comercialização interna, se os mecanismos de controle de embarque internacional estiverem realmente azeitados e o contrabando for inviável.

O esforço interno, portanto, já não é mais suficiente. Ou não é o bastante a tempo de poder dar conta da selvageria da predação da espécie, em função do preço e da exaustão de outras fontes de abastecimento do ouro verde. Um controle internacional efetivo seria a última chance de sobrevivência para o mogno?

Muitos nem querem fazer essa pergunta, mas ela precisa ser formulada e, acima de tudo, necessita de uma resposta eficaz e urgente. O debate se intensificou depois que a senadora acreana Marina Silva assumiu o Ministério do Meio Ambiente. Sua indicação foi saudada ao mesmo tempo com entusiasmo e preocupação, como uma enorme vitória e uma inquietante dúvida.

Marina tentou transformar em política federal a experiência que se tornou a razão da sua vida e a explicação para o seu sucesso, tanto no seu Acre natal quanto nas praças mundiais que a tomaram como aliada e parceira. Não foi exatamente por acaso que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deixou para confirmar em Washington uma indicação que já se tinha como certa no Brasil, quando assumiu o governo, há quatro anos.

O governador do Acre, Jorge Viana, conterrâneo e correligionário da futura ministra, observou que a decisão de Lula de confirmar Marina como ministra nos Estados Unidos tinha um simbolismo muito grande: foi justamente nos EUA que o sindicalista Chico Mendes se fortaleceu politicamente para lutar em favor do desenvolvimento sustentável do Acre e da Amazônia.

Essa aliança teve um resultado inegavelmente positivo: projetou mundialmente o antigo seringalista, criando eco para sua pregação em defesa do uso preferencial da floresta na Amazônia, e de um uso múltiplo, não apenas pelas formas convencionais, como a produção de madeira sólida. É esse entendimento que está por trás da “Florestania”, uma concepção de desenvolvimento distinta da que se encontra em vigor ou predomina, embora então – como ainda – difusa e vaporosa.

Essa aliança superestimou o significado de experiências localizadas e de difícil disseminação, ignorando as especificidades do Acre. No Estado da ministra o uso dos recursos naturais é mais “sustentável” do que nas demais unidades federativas da região, mas o Acre continua a ser também o mais pobre da Amazônia, mesmo partindo para o terceiro governo seguido do PT.

Brava mulher do mais recôndito sertão amazônico, a ministra tentou cumprir seu papel de abrir todas as portas ao debate e arejar todos os ambientes com perguntas que buscam resposta e um autor atrás do seu grande enredo: a salvação da madeira que Deus legou aos homens e os homens, demasiadamente humanos, estão destruindo numa velocidade digna de inferno.

(artigo continua...)

*Editor do Jornal Pessoal

21 outubro 2006

Quando Alckmin cai, quando o incenso da derrota queima, o PSDB e o PFL, integrantes de uma direita que só respeita a democracia quando ganha, tramam manobras à margem da disputa democrática e recorrem a velhos expedientes golpistas.

A trama segue um itinerário viciado. A revista ''Veja'' publica uma mentira que é reverberada pelos demais veículos da mídia. Em seguida, o comando da campanha de Alckmin proclama que a ''tão grave'' denuncia precisa ser esclarecida e investigada. A ''denuncia'' de ''Veja'' ganha num par de horas status de verdade...(Cerebrumax, leitor do Blog do Noblat)

19 outubro 2006

TV GLOBO, O GLOBO, FOLHA E ESTADÃO: O ÁUDIO QUE ENVERGONHA!

Finalmente foi publicado no blog do Paulo Henrique Amorim o áudio e a transcrição completa da conversa do Delegado da PF com repórteres (são isso mesmo?) da TV Globo e jornais O Globo, Estado de São Paulo e Folha de São Paulo por ocasião do "repasse" das fotos do dinheiro que possibilitaram a realização de segundo turno na disputa presidencial. Depois de escutar e ler a transcrição a única coisa que a gente pode pensar é: que pilantragem...e pensar que a gente contribui para que o tal delegado da PF fature um salário altíssimo todo fim de mês. Teoricamente ele devia trabalhar para nos proteger...vôte, quero distância!!!

Aos simpatizantes de Alckmin que não entendem a repulsa ao ato acima: não somos contra a divulgação das fotos. O que somos contra é a forma golpista como tudo foi feito. Pior ainda é ver a imprensa agir como lacaia do PSDB-PFL. Como lacaia não, como cachorrinho de estimação, super obediente. Bombardearam os leitores e telespectadores com imagens das fotos mas não tiveram a coragem de mostrar como elas foram obtidas e as motivações da "fonte". Tentaram preservar a fonte, mas a fonte foi a público admitir a armação.

O Delegado bem que tentou entregar as fotos com "exclusividade" para a TV Globo, mas para não dar muito na "vista", o "emissário" da emissora "conseguiu convencer" o Delegado a fazer a entrega para um "pool" de "repórteres" de "midias amigas"...Os "repórteres" que estiveram presentes na entrega das fotos foram: Lilian Christofoletti, da Folha de S. Paulo; Paulo Baraldi, do jornal O Estado de S. Paulo; Tatiana Farah, do jornal O Globo e André Guilherme, da rádio Jovem Pan.

Clique aqui para acessar o blog de Paulo Henrique Amorim e ler e ouvir o áudio.

Abaixo, um artigo de Flavio Aguiar da Agência Carta Maior, analisando a trama.

Jornal Nacional: não é conosco

Cópia em áudio e transcrição da conversa do delegado Edmilson Bruno, da PF, com jornalistas da TV Globo, de O Globo, da Folha e do Estadão comprova origem fraudulenta das fotos do dinheiro do dossiê.

Flávio Aguiar – Carta Maior, 18/10/2006 (copyleft)

De repente, a edição de 17 de outubro de 2006 do Jornal Nacional da TV Globo, ficou obsoleta. Virou um Jornal de Ontem. Durante a tarde desse dia divulgou-se pela internet, a partir do sítio de Paulo Henrique Amorim, a gravação e a transcrição que registram a conversa do delegado da PF Edmilson Bruno, com repórteres da TV Globo, da Folha de S. Paulo, do Estadão e do jornal O Globo, quando ele entregou o cd-rom com as fotos da pilha de dinheiro que os aqualoucos petistas levaram ao Hotel Ibis, em São Paulo, para a compra do dossiê Vedoin/Serra/Barjas.

A gravação prova a cumplicidade entre o delegado e os jornalistas, na intenção de prejudicar o PT e a candidatura à reeleição do Presidente Lula. Resta saber se esta cumplicidade foi apenas deles (difícil) ou se partiu dos seus superiores (provável). Edmilson, como já era do conhecimento público, insiste em que o conteúdo das fotos apareça no Jornal Nacional, e não antes, para sustentar sua versão de que as fotos foram surrupiadas de seu escritório, e os jornalistas concordam.

Para jornalistas, é muito vergonhoso. A gravação é contundente, pelo grau de subserviência que ela revela, confundido com jornalismo. A história já fora divulgada, a partir da reportagem de Bia Barbosa, aqui na Carta Maior, sobre o clima de repressão que pairava nas redações ao final do primeiro turno, depois pela reportagem de Raimundo Pereira na Carta Capital, em blogs e páginas pela Internet, e agora pela divulgação do sítio de Amorim.

Mas tem mais. O sítio de Mino Carta, a partir do de Carta Capital, afirma que a TV Globo orientou o delegado Edmilson Bruno quanto à forma de divulgar seu material fotográfico. Querendo evitar a acusação de 1989, Tralli, repórter da Globo, orientou o delegado a não entregar as fotos apenas à sua TV, mas a um conglomerado de repórteres, no que foi atendido pelo prestimoso funcionário. A tentativa de entregar as fotos exclusivamente à Globo se deu no dia 28; o convescote de repórteres se deu no dia 29.

Mas tudo isso passou em branco no Jornal Nacional de 17 de outubro. Apesar do delegado insistir na gravação que as fotos têm que sair no Jornal Nacional. Também passou em branco na CPI dos Sanguessugas, ocupada em quebrar o sigilo bancário e telefônico de Freud Godoy e de outros petistas, e só.

O Jornal Nacional rateou. Não tem, provavelmente, como explicar a cumplicidade jornalística. A CPI e outros jornais estão contra a parede. Ou se explicam, ou investigam o delegado falastrão, ou assinam o atestado de parcialidade e incompetência.

Enquanto isso, o programa e as inserções de Alckmin dizem que o dossiê era “contra Alckmin”, ou “para prejudicar a sua candidatura”. Cabe perguntar: quem mente?

Enquanto isso, Lula cresce nas pesquisas.

18 outubro 2006

TERMINA LOGO O INQUERITO DR. DELEGADO!!!!

...E cuida para encontrar logo a prova que incrime o Lula nesse negócio da compra do dossiê pois o segundo turno se aproxima e precisamos de "fatos novos" para melar esta eleição...

Essa é a mensagem que a Folha de São Paulo deixa claro ao Delegado da PF responsável pelo inquerito sobre a compra do dossiê que incrimina o ex-Ministro Serra com os sanguessugas. Em sua primeira página de hoje traz a seguinte manchete: " Para delegado da PF, dinheiro do dossiê veio do PT" (ver detalhe em vermelho)

Um leitor incáuto, que não passe da primeira página, vai pensar que finalmente foi concluído o inquerito, as provas incontestes estão na mesa, e agora só falta mandar o inquerito o mais rápido possível para que a Justiça "condene" o Lula e o PT antes do 2° turno.

Ledo engano. Ao ler o texto da reportagem nos deparamos com o seguinte: "O delegado da Polícia Federal Diógenes Curado, responsável pelas investigações sobre a tentativa de compra do dossiê antitucano por R$ 1,7 milhão, escreveu em relatório parcial que, "ao que tudo indica", o dinheiro tem origem no PT". "Ao que tudo indica" é bem diferente de "tenho provas concretas e incontestes".

Então o relatório parcial do processo que a Folha está usando como trunfo é um mero exercício de "eu acho que..." por parte do Delegado. Longe de ser uma prova, uma verdade. A Folha devia ter combinado com o Delegado para ele fazer um relatório diferente. Uma pena que eles não são assim tão influentes na PF...
GOLPE DO 2° TURNO: CADA VEZ MAIS COMPLICADO...

A pesquisa DATAFOLHA encomendada pela Rede Globo e mostrada no Jornal Nacional de ontem (17/10) foi uma verdadeira ducha de água fria na candidatura dos tucanos. Lula já chegou a 57% de intenções de votos e Alckmin caiu para 38%. E agora? Como o PSDB-PFL vão recuperar quase 20 pontos em menos de duas semanas para a eleição ?

Uma constatação: quanto mais a imprensa a serviço de Alckmin (Folha, Estadão, Rede Globo) bate em Lula, mais ele cresce nas intenções de votos. Será que esse pessoal, com essa sórdida campanha anti-Lula, não se guia por pesquisas qualitativas para ser mais preciso nos ataques? Parece que não. E vão continuar a achar que o povo brasileiro só pode ser burro...depois de tantas denúncias...

Talvez a questão seja de qualidae das denúncias (vide a fantasia da VEJA neste passado fim de semana) e o fato do povo ter passado a discernir que esta mesma "imprensa" não é o que se julga ser: arauto da moral, bons costumes e cofre da verdade. Pelo contrário. Manipula abertamente os fatos. O último e mais vergonhoso foi a omissão do áudio no episódio daquele Delegado da PF que repassou para ela as fotos do dinheiro do dossiê anti-Serra. Parafraseando o Alckmin: "mentirosos". Que vergonha, que cara de pau. Imagine se o Lula não fosse um democrata e, agindo à la Chavez, impussesse limites às mentiras que esse pessoal planta aberta e impunemente todos os dias...Não precisava nem censurar, apenas uma multa por cada mentira que eles publicassem...iriam à falência rapidinho...

Aliás, o PSDB-PFL depende estrategicamente do que a TV Globo fizer na reta final. Afinal, de toda a "imprensa" a serviço deles, o único meio que o povão eleitor de Lula tem acesso é esta emissora. E ela tem dado o apoio que eles querem, mais ou menos como casamento: na vitória e na derrota, na alegria e na tristeza. Vocês viram o papelão que a turma do Alckmin fez em frente às câmaras da TV Globo ao esperar que o representante dos Delegados da PF f... o Lula ao vivo e a cores?Esqueceram de combinar com ele e ele fez o contrário: disse que a PF está fazendo o que tem que fazer. Quebraram a cara e pagaram um mico sem tamanho. Não aprendem.

O que mais podemos esperar desse pessoal? Tudo! Agora vale até depoimento anônimo dizendo que Lula é o responsável por tudo de ruim que acontece no país. Não se surpreendam. Vão jogar pesado nesta reta final de campanha. Quem dera a gente pudesse dispor de um filtro "anti-spam" para separar o lixo que eles tentam nos empurrar diretamente de suas páginas de internet e na tela da TV.

17 outubro 2006

HIDRELÉTRICAS DO RIO MADEIRA: BOLÍVIA VAI CONTESTAR CONSTRUÇÃO

Ambientalistas em La Paz alertam que uma das hidrelétricas que o Brasil tenta construir no Rio Madeira poderia inundar seu território. Eles querem um acordo binacional.


Por Mario Osava
Tierramérica, Meio Ambiente e Desenvolvimento

RIO DE JANEIRO, 16 de outubro (Terramérica).- Uma denúncia da Bolívia sobre potenciais impactos em seu território, por causa da construção de duas represas na Amazônia brasileira, poderá atrasar o início das obras, cujo estudo de impacto ambiental será discutido em novembro. O governo brasileiro pretende construir as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio em um trecho acidentado do Rio Madeira, no Estado de Rondônia, com potenciais de 3,3 mil e 3,15 mil megawatts, respectivamente. O Madeira é o principal afluente do Rio Amazonas e nasce na cordilheira boliviana.

Um informe recente do Fórum Boliviano sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento pediu um acordo entre os dois países como “único caminho possível para enfrentar de fato o projeto de aproveitamento do Rio Madeira”, bem como “uma análise mais profunda” sobre a possibilidade de alterações fluviais transfronteiriças. Jorge Molina, autor do informe, destacou que a bacia do Madeira “concentra 95% do fluxo anual dos rios bolivianos e todas as vias navegáveis” do país. As demandas bolivianas podem prolongar as discussões sobre o projeto, cujo estudo de impacto ambiental será revisado em quatro audiências no próximo mês.

As autoridades brasileiras dizem que estão dispostas a ouvir o vizinho. “Se a Bolívia apresentar formalmente um questionamento consistente, será considerado e poderá modificar a operação da central de Jirau, mais próxima da fronteira, para que essa represa não afete seu território”, assegurou ao Terramérica Valter Muchagata, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). Em sua capacidade máxima, a represa elevaria o nível de rios na parte boliviana, o que justificaria o acordo bilateral, mas o contrato e as regras de operação impedem essa possibilidade, acrescentou.

A construção das represas é urgente, segundo autoridades da área de energia e empresários, para evitar a repetição do apagão de 2001, quando o Brasil teve de adotar medidas de contenção do consumo de energia elétrica. A questão foi colocada, inclusive, na campanha eleitoral. O candidato Geraldo Alckmin acusa o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser lento para autorizar grandes projetos hidrelétricos. Porém, construir represas no Brasil, especialmente na Amazônia, é difícil desde o final dos anos 80. Em dezembro de 1988, o assassinato do ambientalista Chico Mendes deu visibilidade nacional e internacional à luta ecologista e social na Amazônia.

Em 1989, o Primeiro Encontro dos Povos Indígenas colocou em xeque o projeto de cinco centrais no Rio Xingu, até hoje paralisado, na Amazônia oriental. No mesmo ano, outro encontro nacional deu origem ao Movimento de Afetados por Barragens (MAB). Seus integrantes estimam que no Brasil as represas deslocaram mais de um milhão de pessoas, a maioria sem indenização e sem reassentamento. “Jirau e Santo Antônio prejudicarão as mais de três mil pessoas previstas pelas empresas que levam o projeto adiante, a estatal Furnas e a construtora Odebrecht”, disse ao Terramérica Wesley Ferreira Lopes, coordenador do MAB em Rondônia.

“O MAB organiza a população para resistir dentro da legalidade, mas também em confrontação até as últimas conseqüências, se construírem as centrais”, afirmou Lopes. O ativista teme que logo se reinicie o projeto da hidrovia do Rio Madeira, agora esquecida, para expandir a produção local de soja e outros grãos de exportação, com forte aumento do desmatamento amazônico. “Pesquisas especializadas apontaram que o leito da represa de Jirau poderá aumentar em seis metros, o que poderia ampliar a inundação, alcançando território boliviano”, disse Glenn Switkes, da não-governamental Rede Internacional de Rios.

Segundo Muchagata, do Ibama, “o estudo de impacto ambiental do projeto prevê um depósito de sedimentos intenso no início, que se equilibrará após dez anos. Se o leito aumentar mais, haverá redução no volume de água, sem superar o limite de seu nível. Todas essas questões podem ser apresentadas nas audiências públicas, em meados de novembro. O processo está aberto a todos os interessados e permite introduzir mudanças se surgirem problemas sérios”, acrescentou o funcionário. Superados os questionamentos, seria concedida licença prévia para iniciar a construção, sujeita a controles até a autorização final.

A iniciativa privada e as autoridades consideram que um atraso nas centrais do Madeira aumentaria os riscos de escassez energética no Brasil. Entretanto, nem todos concordam. “Salvo se a economia crescer muito mais do que o previsto, até 2010 não haverá problemas e há centrais termoelétricas a gás natural para casos de emergência”, disse ao Terramérica Luiz Pereira, diretor do não-governamental Instituto para o Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico. “É equivocado qualificar de entraves as exigências ambientais, como fazem aqueles que pressionam por uma rápida autorização, embora, às vezes, os ambientalistas também exagerem”, afirmou.

O fato de o Madeira ser compartilhado com a Bolívia complica os projetos, mas seu aproveitamento binacional seria benéfico, segundo Pereira. “A integração energética é uma boa solução para o Brasil e a América do Sul, a fim de superar a dependência de fontes dominantes, como o gás boliviano e a gigantesca hidrelétrica de Itaipu, compartilhada por Brasil e Paraguai”, acrescentou o especialista.

*Originalmente publicado no site Tierramérica, 16/10/2006

16 outubro 2006

Aos leitores: estaremos nos ausentando por toda esta semana. O blog voltará ao ar no próximo sábado.
Evandro Ferreira

HÁBITO SEXUAL DOS ESTUDANTES DE 2° GRAU DE RIO BRANCO: MUDOU DEPOIS DE 10 ANOS?

Durante o ano de 1996 o professor Creso Machado Lopes e Luiz Carlos Nascimento, ambos da UFAC, realizaram uma interessante pesquisa acerca dos hábitos sexuais dos estudantes de escolas públicas e privada de 2° grau da cidade de Rio Branco. A pesquisa foi publica no ano de 2000 na Revista Latino-Americana de Enfermagem (Vol 9, N° 1).

A pesquisa foi muito ampla, completa e, principalmente, reveladora dos hábitos sexuais dos estudantes à epoca. De lá para cá desconhecemos se outros estudos similares foram realizados e publicados. Abaixo apresentamos um resumo da pesquisa realizada 10 anos atrás. Depois de 10 anos, tudo continua como era?


Resumo do artigo de Lopes e Nascimento (2000):

ATIVIDADE SEXUAL E DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM ESCOLARES DO 2º GRAU DE RIO BRANCO-ACRE, BRASIL

Luiz Carlos Souza do Nascimento e Creso Machado Lopes (UFAC)

A pesquisa foi realizada junto a 2.684 alunos para verificar aspectos da atividade sexual e a ocorrência de DST/AIDS. Dos alunos pesquisados, 1.314 (48,9%) tiveram relações sexuais. Destes, 31,7% eram do sexo feminino e 69,4% do sexo masculino, representando quase o dobro do sexo feminino. Entre aqueles do sexo masculino, a idade de iniciação sexual mais freqüente foi aos 13 anos, representando 34,3% do universo pesquisado. Para os entrevistados do sexo feminino, a iniciação sexual se deu com mais frequência aos 16 anos (31,6% das alunas pesquisadas).


Primeiro parceiro: namorado(a), vizinho (a) e empregada doméstica

Dos que tiveram relações sexuais, 47,6% tiveram a “primeira vez” com o/a namorado/a, 25,8% com o/a vizinho/a e 10,5% com a empregada doméstica. A pesquisa encontrou que 52,3% dos alunos entrevistados nas escolas particulares, 50% da federal, 45,7% das escolas estaduais e 41,8% da escola municipal, já tinham tido relação sexual.

O despertar para a primeira relação sexual tem suas causas e, ao investigar a motivação para tal, os pesquisadores encontraram os seguintes resultados: 48,4% praticaram por estar namorando, seguido pelo despertar por colegas (20,8%), assistir filme pornográfico (20,3%), por estímulo a revistas eróticas (18,5%), por ficar só com o/a parceiro/a (13,6%) e por permanecer só com a empregada (12,9%).

Maioria dos pais desconheciam vida sexual dos filhos

Dos 1.187 alunos que tiveram relações sexuais, e que responderam a esta questão, 75,0% dos pais não souberam desta prática, 25,0% que sim. Com relação aos pais que souberam (59,0%) diziam respeito ao sexo masculino, contra (41,0%) do feminino. A reação dos pais ao saber da iniciação sexual dos filhos foi: 47,1% de aprovação, sendo este mais acentuado para o sexo masculino, 29,9% criticaram, com maior censura para o sexo feminino, e 23,0% ficaram indiferentes.

Uso de camisinha predominava entre os adolescentes

Uma vez que os alunos haviam tido relação sexual, os pesquisadores quiseram saber sobre a frequência do uso de preservativos. A maioria 61,7% sempre usa, seguido por 32,0% que usam às vezes e 6,3% que nunca usam. O resultado é preocupante porque existe um percentual alto de alunos com sério risco de adquirir uma DST/AIDS, denotando a necessidade de desenvolvimento de programas de educação em saúde junto à clientela estudantil.

Baixa predominância de DST/Aids

Dos alunos que responderam à questão relativa à contaminação por DST/Aids (2.581), apenas 2,1% (89) responderam afirmativamente serem portadores/já tiveram de algum tipo de DST/AIDS, assim distribuídas: 58,4% com Hepatite B, 39,4% com Candidíase (Monilíase) e 2,2% tiveram Gonorréia.

Ao levantar o conhecimento sobre doenças sexualmente transmissíveis, a maioria dos entrevistados (98,7%) referiram sim, contra apenas 1,3% que responderam negativamente. Quanto a satisfação com as informações sobre DST/AIDS, 75,3% referiram sim e 24,7% não. Vale destacar também o conhecimento das formas de se adquirir DST/AIDS, onde 96,0% responderam afirmativamente contra 4,0% que não.

No que se refere ao conhecimento dos alunos sobre as medidas de prevenção, as respostas mais assinaladas foram: fazer uso de preservativo (93,5%), ter sempre preservativo consigo (88,1%), conferir a data de validade do preservativo (77,2%), verificar se o preservativo tem a marca do INMETRO (76,6%), evitar trocas de parceiros (69,7%) e por último esterilizar material de manicure e pedicure (29,1%).

Professor e imprensa: maiores fontes de informações sobre DST/Aids

Ao levantar as fontes de informações sobre as doenças, as mais relevantes foram: junto ao professor (64,9%), TV, Revistas e Jornais (64,2%), Pais (32,9%), amigos e colegas (28,6%) e médico (18,3%). Ao averiguar se os pais conversam com os filhos sobre as DST/AIDS, os pesquisadores encontraram que 62,7% disseram que sim. Apesar do alto percentual, os pesquisadores também procuraram saber quais são as pessoas com quem os alunos mais conversam sobre DST/AIDS. O resultado foi o seguinte: amigos (69,7%), os pais (35,7%), namorado/a (23,8%), professor (13,0%) e profissionais de saúde (7,1%).

Para saber os motivos pelos quais os pais não conversam com seus filhos sobre as DST/AIDS, foram encontrados os seguintes resultados: não gostam de falar sobre o assunto (34,0%), por falta de oportunidade (31,2%), não tem pais (30,0%), pouco diálogo com os pais (12,6%) e não dominam o assunto 19 (2,0%).

Estes dados obtidos são relevantes porque dão uma clara idéia das dificuldades que os pais têm para conversar com seus filhos, o que de certa forma pode ser prejudicial a sua formação na educação sexual, buscando, por esta razão, o conhecimentos em outras localidades, e não no meio familiar. De qualquer forma, foram levantados os assuntos sobre DST/AIDS que os pais dialogam com os filhos. Destacaram-se: 75,4% versando sobre medidas de prevenção, 60,4% para modo de transmissão das doenças, 55,1% relacionados às doenças venéreas e 49,8% dizem respeito às complicações para a saúde.

Meninas são as mais insatisfeitas com a primeira relação

Considerando a pouca idade dos estudantes entrevistados e o possível despreparo para esta prática, os pesquisadores acreditavam que haveria insatisfações nas relações sexuais praticadas até então. Dos 86 estudantes que responderam a esta questão específica, 60,4% destacaram a falta de amadurecimento bio-psicológico por parte daqueles do sexo feminino e 39,6% para aqueles do sexo masculino. A culpa por relações sexuais escondidas foi bastante semelhante para ambos os sexos. Das 70 respostas obtidas, 48,6% foram para o sexo masculino e 51,4% para o feminino. A ausência de afeto nas relações foi totalmente encontrada no sexo masculino (100%), já a relação em locais impróprios foi totalmente para o sexo feminino (100,0%), enquanto que o desrespeito a/ao parceiro/a e tentar imitar colegas esteve representado pelo sexo masculino (100%).

Alta rotatividade de parceiros: entre 15 e 17 anos chega a 80%

No que diz respeito a troca de parceiros nos últimos seis meses, dos 899 que responderam afirmativamente, 66,6% do sexo masculino o fizeram, contra 33,4% do feminino, percentual este bastante alto. Na faixa etária de 15 a 17 anos foi encontrado que 80,5% dos entrevistados trocaram de parceiros nos últimos 6 meses.


Clique aqui para ler a íntegra do artigo de Lopes e Nascimento.

15 outubro 2006

PAULO HENRIQUE AMORIM: PRONTO O GOLPE DO 2° TURNO

O post abaixo foi publicado no Blog ConversaAfiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, ex-Rede Globo, testemunha viva da armação pró-Collor de 1989 arquitetada nos corredores da Rede Globo. Parece que ele se arrependeu...


O 1º GOLPE DE ESTADO JÁ HOUVE. E O 2º?

Paulo Henrique Amorim

Um golpe de Estado levou a eleição para o segundo turno.

É o que demonstra de forma irrefutável a reportagem de capa da revista Carta Capital que está nas bancas (“A trama que levou ao segundo turno”), de Raimundo Rodrigues Pereira. E merecia um sub-titulo: “A radiografia da imprensa brasileira”.


Fica ali demonstrado:

1) As equipes de campanha de Alckmin e de Serra chegaram ao prédio da Polícia Federal, em São Paulo, antes dos presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos;

2) O delegado Edmilson Bruno tirou fotos do dinheiro de forma ilegal e a distribuiu a jornalistas da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, do jornal O Globo e da rádio Jovem Pan;

3) O delegado Bruno contou com a cumplicidade dos jornalistas para fazer de conta que as fotos tinham sido roubadas dele;

4) O delegado Bruno procurou um repórter do Jornal Nacional para entregar as fotos: “Tem de sair à noite na tevê., Tem de sair no Jornal Nacional”;

5) Toda a conversa do delegado com os jornalistas foi gravada;

6) No dia 29, dois dias antes da eleição, dia em que caiu o avião da Gol e morreram 154 pessoas, o Jornal Nacional omitiu a informação e se dedicou à cobertura da foto do dinheiro;

7) Ali Kamel, “uma espécie de guardião da doutrina da ” da Globo, segundo a reportagem, recebeu a fita de audio e disse: “Não nos interessa ter essa fita. Para todos os efeitos não a temos”, diz Kamel, segundo a reportagem

8) A Globo omitiu a informação sobre a origem da questão: 70% das 891 ambulancias comercializadas pelos Vedoin foram compradas por José Serra e seu homem de confiança, e sucessor no Ministério da Saúde, Barjas Negri.

9) A Globo jamais exibiu a foto ou o vídeo em que aparece Jose Serra, em Cuiabá, numa cerimônia de entrega das ambulâncias com a fina flor dos sanguessugas;

10) A imprensa omitiu a informação de que o procurador da República Mario Lucio Avelar é o mesmo do “caso Lunus”, que detonou a candidatura Roseana Sarney em 2002, para beneficiar José Serra. ( A Justiça, depois, absolveu Roseana de qualquer crime eleitoral. Mas a campanha tinha morrido.)

11) Que o procurador é o mesmo que mandou prender um diretor do Ibama que depois foi solto e ele, o procurador, admitiu que não deveria ter mandado prender;

12) Que o procurador Avelar mandou prender os suspeitos do caso do dossiê em plena vigência da lei eleitoral, que deixa prender em flagrante de delito.

13) Que o Procurador Avelar declarou: “Veja bem, estamos falando de um partido político (o PT) que tem o comando do país. Não tem mais nada. o País. Pode sair de onde o dinheiro ?”

14) A reportagem de Raimundo Rodrigues Pereira conclui: “Os petistas foram presos, agora trata-se de achar os crimes que possam ter cometido.”


Na mesma edição da revista Carta Capital, ao analisar uma pesquisa da Vox Populi, que Lula tem 55%, contra 45% de Alckmin, Mauricio Dias diz: “ ... dois fatos tiraram Lula do curso da vitória (no primeiro turno). O escândalo provocado por petistas envolvidos na compra do dossiê da familia Vedoin ... e secundariamente o debate promovido pela TV Globo ao qual o presidente não compareceu.”


Quer dizer: o golpe funcionou.


Mino Carta, o diretor de redação da Carta Capital, diz em seu blog, aqui no IG (http://blogdomino.blig.ig.com.br/), que houve uma reedição do golpe de 89, dado com a mão de gato da Globo, para beneficiar Collor contra Lula. A trama atual tem sabor igual, é mais sutíl, porém. Mais velhaca,” diz Mino.


Permito-me acrescentar outro exemplo.


Em 1982, no Rio, quase tomaram a eleição para Governador de Leonel Brizola. Os militares, o SNI, e a Policia Federal (como o delegado Bruno, agora, em 2006) escolheram uma empresa de computador para tirar votos de Brizola e dar ao candidato dos militares, Wellington Moreira Franco. O golpe era quase perfeito, porque contava também com a cumplicidade de parte de Justiça Eleitoral e, com quem mais? Quem mais?


O golpe contava com as Organizações Globo (tevê, rádio e jornal, como agora) que coonestaram o resultado fraudulento e preparam a opinião pública para a fraude gigantesca.


Que não aconteceu, porque Brizola “ganhou a eleição duas vezes: na lei e na marra”, como, modestamente, escrevi no livro “Plim-Plim – a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral”, editora Conrad, em companhia da jornalista Maria Helena Passos.


Está tudo pronto para o segundo golpe.


O Procurador Avelar está .


Quantos outros delegados Bruno há na Policia Federal (de São Paulo, de São Paulo !).


A urna eletrônica no Brasil é um convite à fraude. Depende da vontade do programador. Não tem a contra-prova física do voto do eleitor. Brizola aprendeu a amarga lição de 82 e passou resto da vida a se perguntar: “Cadê o papelzinho ?”, que permite a recontagem do voto ?


E se for tudo parar na Justiça Eleitoral? O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello deixou luminosamente claro, nas centenas de entrevistas semanais que concede a quem bater à sua porta, que é favor da candidatura Alckmin.


E o segundo golpe? Está a caminho. As peruas da GW saíram da garagem.