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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

30 setembro 2005

AINDA PERSISTE O PERIGO DE FOGO NO LESTE DO ACRE!

Conforme se pode observar nas imagens do INPE, o risco de fogo em áreas florestais no leste do Acre ainda é grande, porém diminuiu em função das chuvas dos últimos dias. A evolução do risco de queimadas pode ser observado nas figuras 1 e 2. Na figura 1, do dia 19/9, se observa que praticamente todo o Leste do Acre estava a ponto de pegar fogo, sendo classificado como CRÍTICO (cor veremlho escuro). Na figura 2, do dia 29/9, o leste do Acre ainda corria risco de fogo, porém a classificação é considerada apenas ALTO (cor vermelho claro). Observar na figura 2 que a área CRÍTICA para fogo está localizada na região do Sena Madureira-Rio Purus. Daí as recentes notícias de fogo para aquela região (notíciasdahora.com).

Figura 1 - Risco de fogo em 19/9

Figura 2 - Risco de fogo 29/9

Para o fim de semana, as previsões do INPE indicam que as áreas mais suscetíveis ao fogo deverão ser: (a) regiões de Xapuri-Epitaciolândia, (b) Rio Branco- estrada Transacreana, (c) região de Sena Madureira e (d) entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul. As figuras 3, 4 e 5 abaixo apresentam os detalhes das áreas sujeitas a fogo. Para hoje, existe um risco CRÍTICO de fogo na região de Acrelândia-Tucandeira.

Figura 3 - Risco de fogo no Acre: Sexta-feira, 30/9

Figura 4- Risco de fogo no Acre: Sábado, 01/10

Figura 4- Risco de fogo no Acre: Domingo, 02/10


Nota final: amanhã é sábado, dia de descanso para a maioria de nós, pessoas normais, e dia especial para os incendiários, que costumam usar o sábado para queimar de tudo um pouco, até papel velho. A estes é bom que saibam que existem aviões, helicopteros, dezenas de veículos e mais de 200 bombeiros do Acre e de Brasília em prontidão.

O fogo que aparecer amanhã vai, provavelmente, ser apagado. Com uma boa novidade: estão botando na cadeia os incendiários! Coisa inédita em nossa história.

- Portanto incendiários, apaguem qualquer idéia de fogo amanhã. Cuidado com a polícia!

29 setembro 2005

POR QUE NOSSAS FLORESTAS PEGAM FOGO?

COMO PODEMOS SABER QUANDO ISTO VAI ACONTECER?


Rio Branco-Ac, quinta-feira, 29 de setembro de 2005. 20:00h

Essa é uma pergunta que vem rondando a mente de muita gente no Acre nesses últimos dias. Não estamos falando do fogo que todos os anos queima áreas de capoeiras velhas ou da mata virgem localizada ao lado de roçados, pastagens e áreas recém-derrubadas. Estamos falando de floresta virgem, aquelas que ficam no "centro", como dizem os seringueiros. São áreas de florestas primárias desabitadas, longe de tudo e de todos.

Como no Acre a explicação para tudo tem que ter um viés político-partidário, essa discussão se polarizou de tal forma que a oposição clama que a fumaça, queimadas e outros males ambientais que estamos sofrendo é culpa da política do atual governo, que está implementando um programa de desenvolvimento (in)sustentável (com a sua licença Elder). O Governo do Estado por sua vez argumenta que tudo estaria pior se ele não tivesse optado por um projeto de desenvolvimento em pról da exploração florestal sustentável.

Felizmente este blog conseguiu encontrar algo que não tem muito a ver com a política para discutir as causas que levam a nossa floresta a pegar fogo. Fora do meio acadêmico talvez poucas pessoas saibam, mas uma pesquisadora do Acre (aluna do curso de Mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais da UFAC) desenvolveu estudos neste tema para obter a sua pós-graduação.

A pesquisadora se chama Elsa R. H. Mendoza, uma peruana radicada no Acre que trabalha para o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e o SETEM (Setor de Estudos da Terra e Mudanças Climáticas Globais) do PZ/UFAC.

O estudo em questão,
SUSCEPTIBILIDADE DA FLORESTA PRIMÁRIA AO FOGO EM 1998 E 1999: ESTUDO DE CASO NO ACRE, AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL, BRASIL, foi realizado na Reserva Florestal Catuaba, pertencente à Universidade Federal do Acre, que fica localizada no km 25 da BR-364 (sentido Porto Velho). Elsa Mendoza foi orientada pelos pesquisadores americanos Daniel C. Nepstad e Irwinf Foster Bronw.

Abaixo apresento um resumo da dissertação de Elsa Mendoza (breve para a ciência, longo para leitores de blog. Paciência blogueiros, vale a pena ler) como contribuição para a discussão desse tema que tem causado tantos problemas para todos nós. O faço também como forma de divulgar os resultados da academia. Durante o resumo fiz, deliberadamente, cópias do texto de Elsa, outras vezes, para facilitar a compreensão, o resumi e algumas vezes adaptei a linguagem para ficar compreensível.
Quem precisar do contato de Elsa Mendoza, favor me mandar mensagem que providenciarei.

Elsa realizou a pesquisa para tentar entender as razões pelas quais as florestas nativas (virgens) da nossa região ficam suscetíveis ao fogo. Entre outras, ela tentou responder às seguintes perguntas: (1) quais os fatores associados com a suscetibilidade de nossas florestas ao fogo? (2) a suscetibilidade ao fogo varia entre floresta com palmeiras e com bambu? (3) qual a forma mais simples de se medir a suscetibilidade de uma floresta ao fogo?

205 fogos experimentais em 1998 e 1999

Para realizar o estudo Elsa precisou provocar 205 fogos na área dentro da Reserva Catuaba nos períodos secos dos anos de 1998 e 1999. Calma! Foi tudo em nome da ciência e o método que ela utilizou não permitiu a queima descontrolada da floresta da Reserva Catuaba. Cada fogo experimental consistia na queima induzida (com 20 ml de querosene) de uma área circular com 20 cm de diâmetro. A partir deste ponto, foi medido a velocidade do fogo e o alcance da área queimada após 1 minuto e após 4 minutos. Em muitos casos o fogo se extiguiu antes de um minuto, em outros persistiu após os quatro minutos, quando seu apagmento foi induzido.

Antes de cada fogo, Elsa Mendoza mediu a umidade relativa do ar dentro da floresta, a quantidade da folhagem sobre o solo e a umidade desta folhagem. Ela avaliou ainda a densidade do solo e a quantidade de água do mesmo. Finalmente ela determinou a abertura do dossel (a luz natural que chega ao solo) e calculou a área foliar das plantas no ponto de coleta de dados.

O que Elsa Mendoza encontrou para responder a seus questionamentos:

1. Secas severas nas nossas florestas as tornam suscetíveis ao fogo?

Os dados climáticos do ano de 1998 indicaram que aquele havia sido o ano mais seco dos últimos 16 anos. Foi nos experimentos realizados neste ano que os fogos se propagaram com mais frequência e intensidade (quando comparados os fogos experimentais de 1999). Menos chuvas significam menos água no solo, que por sua vez provoca a queda anormal das folhas das plantas, que contribuem para aumentar a folhagem sobre o solo. A queda das folhas, por sua vez, causa maior abertura das copas das árvores, permitindo a entrada de mais luz e vento. Com isso, ocorre a diminuição da umidade natural dentro da floresta, a secagem excessiva das folhas sobre o solo e...aumento exagerado da suscetibilidade de nossas florestas ao fogo natural ou provocado.

2. Quais os principais fatores associadas com a suscetibilidade de nossas florestas ao fogo?

A resposta óbvia seria oxigênio, calor e combustível. Na floresta, entretanto, a coisa é mais complexa. Eles são o tipo de vegetação, fatores físicos e químicos. No Estudo de Elsa, os fatores mais importantes para tornar a floresta suscetível ao fogo são, respectivamente: conteúdo de água na folhagem sobre o solo, umidade relativa do ar dentro da floresta, abertura da copa das árvores e altura da folhagem sobre o solo. A umidade do ar está relacionada com a velocidade de propagação do fogo. Quando a umidade da folhagem sobre o solo atinge 20%, a floresta se torna altamente suscetível ao fogo.

3. A susceptibilidade varia quando temos Floresta Aberta com Palmeiras e ou com Taboca?

Os dados científicos disponíveis indicam que aproximadamente 45% da área florestal do Acre é dominada com áreas com taboca. Os dados obtidos por Elsa Mendoza indicam que não existem diferenças estatísticas significativas da suscetibilidade de uma floresta aberta quando a mesma é dominada por palmeira ou taboca. Elsa não pode observar no caso de floresta com taboca morrendo, que apresenta uma quantidade muito grande de folhagem seca sobre o solo. Se diz que taboca morre de forma maciça a cada 30 anos.

4. Qual é o modelo estatístico que melhor explica a propagação do fogo na região? Quão útil é o modelo para previsão de propagação do fogo?

Como foi dito acima, o conteúdo de água na folhagem sobre o solo, a umidade relativa do ar dentro da floresta, a altura da folhagem sobre o solo e a abertura da copa da floresta são os fatores mais importantes para prever a ocorrência e velocidade de propagação de fogos dentro das florestas regionais. O modelo ideal é aquele que inclua uma combinação destes fatores e que sejam fáceis de ser medidos.
Por exemplo:
(1) modelo usando umidade relativa do ar e umidade da folhagem sobre o solo;
(2) modelo usando altura da folhagem sobre o solo e a umidade relativa do ar;
(3) modelo usando a altura da folhagem sobre o solo e abertura da copa das árvores.

Estes são modelos recomendáveis porque utilizam fatores fáceis de medir. Em termos de simplicidade, o conteúdo de água na folhagem sobre o solo pode servir por si só como indicador de susceptibilidade à propagação dos fogos. Quando ela cair abaixo de 20% deve-se dar o sinal de alerta. A variável umidade relativa do ar dentro da floresta explica a velocidade de propagação do fogo.

Os modelos indicados facilitam a utilização das quatro variáveis que podem ser monitoradas de forma simples e a baixo custo pelas entidades governamentais e não governamentais relacionadas com o problema de fogo. O material a ser utilizado pode ser encontrado facilmente no comercio local, à exceção do psicrômetro digital e densiômetro. Para medir a altura da folhagem sobre o solo precisa-se de uma régua graduada; para medir o conteúdo de umidade da folhagem precisa-se de uma balança e uma estufa de secagem; a umidade relativa do ar dentro da floresta pode ser calculada com um psicrômetro manual.

Conlusões e sugestões de Elsa Mendoza

A quantidade de água na folhagem sobre o solo foi o modelo mais simples para prever a susceptibilidade das florestas ao fogo, porém, para a utiliza-lo, necessitam-se de estufas para determinar a umidade da folhagem. Isto poderia ser um problema para usa-lo em toda a região.

A umidade relativa do ar dentro da floresta e a altura da folhagem sobre o solo permitiria estimar a susceptibilidade ao fogo, sendo a umidade do ar medida com psicrômetro manual e a altura da folhagem com régua graduada simples. Poderia se usar também dados coletados por estações meteorológicas em associação com estimativas do índice de área foliar e análises do balanço hídrico do solo da região.

Uma vez que a ignição inicial do fogo nas florestas da região não ocorre espontaneamente, sugere-se um programa de amostragem do fogo em áreas de controle a serem localizadas próximas dos locais onde estão ocorrendo mais derrubadas de florestas primitivas. Sabe-se que os fogos originados pelo homem são os responsáveis pelo início dos fogos "acidentais" ou "espontâneos" que ocorrem dentro das florestas.

Elsa Mendoza conclui seu trabalho afirmando que
"A finalidade desta pesquisa é tanto entender os fatores responsáveis pela susceptibilidade ao fogo das florestas do Acre, quanto gerar modelos de previsão que possam facilitar a prevenção ou controle do fogo na floresta. Tais modelos precisam apresentar certo grau de confiabilidade e também precisam ser factíveis para que possam ser implementados. Isto significa que os fatores determinantes da suscetibilidade precisam ser medidos com facilidade e baixo custo."

Ela utiliza o princípio de Ockham na seleção dos modelos. Este princípio declara que "a explicação não deve ser mais complexa que o necessário". Em outras palavras, na escolha de explicações onde todos são igualmente prováveis, escolha a mais simples. Além deste princípio de simplicidade, precisa-se incluir na seleção dos modelos, a facilidade de medir estas variáveis nas florestas regionais. Isto permitiria que organizações governamentais e não governamentais, pesquisadores e sociedade em geral utilizem os modelos para monitorar a susceptibilidade de nossas florestas ao fogo.

28 setembro 2005

QUEM VAI PAGAR A CONTA DAS QUEIMADAS?

Rio Branco-Ac, 28 de setembro de 2005. 19:00 h


Na quinta-feira passada (22/9) publiquei aqui o post O FOGO, PREJUÍZOS E OS ESPERTOS, no qual discorri sobre o cenário pós-fogo. Nesta segunda-feira (26/9), voltei ao assunto, abordando de forma mais direta sobre quem pagará a conta pelos prejuízos decorrentes do fogo que tomou conta do nosso campo e floresta (DOMINGO O ACRE "EXPORTOU" FUMAÇA PARA A BOLÍVIA: Quem vai compensar os Bolívianos?).

Abaixo reproduzo duas notas do "Nótícias da Hora" de hoje (28/9) que só confirmam o que eu já havia desconfiado: os incendiários vão terminar sendo compensados pelo fogo deste ano!! Em ambas as notas tomei a liberdade de grifar em vermelho as frases mais importantes.

Agora que a parte pior do desastre passou e os movimentos pró-compensação começam a se revelar (aproveitando o momento de comoção social, o interesse da mídia e do público...), gostaria de reiterar que continuo firme em minha posição: me recuso a colaborar com essa "ajuda" aos que direta e indiretamente colaboraram para o fogo que tomou conta do interior do nosso Estado.

Sugiro que o Governo Federal, Estadual, Basa e Banco do Brasil (os alvos prediletos do movimento) se adiantem e mandem a conta para os destruidores e incendiários contumazes que existem no Acre, incluindo o vice-prefeito de Xapuri, preso tocando fogo em sua colônia. O IBAMA e IMAC possuem um cadastro recheado com nomes e endereços daqueles que foram multados por derrubadas e queimadas ilegais. Vai ser fácil mandar as cobranças!

Embora eu não tenha muita esperança de que esse "rolo compressor" em pról de compensações amplas e irrestritas (ou "trenzinho do fogo") consiga ser bloqueado, pelo menos me resta uma esperança: o Ministério Público, através do setor que cuida do meio ambiente, vai, sem a menor dúvida, abrir vários processos de reparção de danos ambientais (com pesadas multas) contra aqueles que incendiaram o campo.

Uma última advertência: na hitpóse do trenzinho do fogo realmente "decolar", a tripulação do mesmo deve ser instruída que não poderão embarcar no mesmo, nem como surfistas de teto, aqueles com nome sujo no IBAMA/IMAC por ilícitos deste e de anos anteriores.

- Edgar de Deus e Anselmo Forneck: por favor, comecem a preparar a lista agora para que a mesma fique pronta antes da partida do trem!

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Fonte: Notícias da Hora (www.noticiasdahora.com)

Governador reconhece situação de emergência decretada pelo prefeito de Acrelândia
Publicado em Set 28, 2005
Elias SilveiraFoto: Auricélio Carvalho
RIO BRANCO, AC – O governador Jorge Viana assinou nesta terça-feira (27) decreto homologando a situação de emergência nas áreas do município de Acrelândia afetadas pela ocorrência de incêndios florestais. O prefeito Tião Bocalon havia tomado a medida no dia 12 de setembro.
No decreto, o governador reconhece “a ocorrência de incêndios de magnitudes consideradas vultosas em Acrelândia”. As áreas mais atingidas, são o decreto, estão localizadas no Ramal Bigode, Granada, BR 264, Macário, Projeto Orion, Bengala, Novo Encanto, Travessão, Cumaru, Redenção, Pelé, Escondido, Porto Luiz, São João do Balanceio, Santo Antônio do Peixoto, Mococa, eletrônica e Progresso.
O presidente da Comissão Estadual de Defesa Civil, coronel Francisco Jardim, destaca que “com a homologação da situação de emergência, a prefeitura de Acrelândia vai poder elaborar projetos para buscar recursos junto ao Ministério da Integração Nacional para reparar os danos na agricultura, bacia leiteira e outras atividades”.
A grande preocupação a partir da decretação da situação de emergência, é a prevenção de futuras queimadas que, pela ausência de chuvas e a seca intensa, poderão se transformar em grandes incêndios florestais de difícil combate.
“A própria prefeitura pode trabalhar em cima de projetos e buscar recursos para essa prevenção. Só depende da visão do prefeito”, disse Jardim.
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Fonte: Notícias da Hora (
www.noticiasdahora.com)

Mais de 40% dos produtores rurais não pagarão os bancos por causa das queimadas
Publicado em Set 28, 2005
Edmilson Ferreira
RIO BRANCO, AC - Pelo menos 40% dos produtores rurais do Acre estarão inadimplentes com os bancos públicos e privados em decorrência da seca e das queimadas, calcula Assuero Doca Veronez, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Acre (Feac). Principalmente os pecuaristas sentirão os prejuízos por mais três anos e não terão como pagar os financiamentos.
Doca Veronez encaminhou correspondência aos bancos pedindo “compreensão” no sentido de ampliar prazos e negociar valores com os produtores mais afetados pela tragédia ambiental vivida pelo Acre atualmente. “Creio que os bancos estão conscientes dessa situação atípica”, disse Veronez.
Apenas na região de Acrelândia e Plácido de Castro, importantes pólos de produção de alimentos do Estado, os prejuízos somam cerca de R$40 milhões. Há mais de 200 mil hectares devastados pelos incêndios em matas nativas e pastagens em vários pontos do Vale do Acre. Há reservas em constante ameaças e uma operação de guerra está sendo deflagrada para conter o avanço do fogo na floresta.
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Nota final: de acordo com o presidente da Feac, "...fazendeiro não queima mais pastagens (ressalvo alguma exceção, porque sempre há algum energúmeno). Estamos sim sendo as maiores vítimas dessa situação e ainda levando "pau" da mídia. Assim é dose..." (A Gazeta, 25/9). Se eles não queimam, como é que agora eles são os maiores prejudicados? Só porque existe a perspectiva de embarque no trem do fogo? Sugiro que os bancos dêem uma passada nas propriedades para ver quem perdeu pasto por causa da seca e por queimadas. Assim vai ser possível identificar os "energúmenos"!

By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)

SEM NOVIDADES!

Imagens MODIS do Acre do dia de ontem mostram que tivemos céu limpo, com poucas nuvens (1). Na Bolívia o céu também estava limpo (2) e a imagem mostra que pelo resto do dia de hoje vamos continuar na mesma, com uma ou outra nuvem a tapar o sol. Sem novidades.

(1) Acre, terça-feira, 27/9

(2) Bolívia, terça-feira 27/9

27 setembro 2005

FUMAÇA DA BOLÍVIA SOBRE O ACRE. ISSO É COISA ANTIGA!

Rio Branco-Ac, 27 de setembro de 2005. 21:20 h


Interessante como tudo no Acre envereda para o lado da política. Agora estão disputando se toda, parte ou nenhuma fumaça da Bolívia (de Rondônia e Mato Grosso também) realmente chegou ao Acre.

Da fumaça acreana, que todos nós sabemos existe, os pecuaristas foram os mais céleres em ir aos meios de comunicação deixar claro que eles não têm muito a ver: "...Portanto, fazendeiro não queima mais pastagens (ressalvo alguma exceção, porque sempre há algum energúmeno). Estamos sim sendo as maiores vítimas dessa situação e ainda levando "pau" da mídia. Assim é dose..." (Assuero Veronez, Domingo 25/9, A Gazeta).

Judson Valentim da Embrapa-Acre (A tribuna, 23/9) é mais didático e científico e mostra que a maior parte das queimadas (=fumaça) do Estado são realizadas por pequenos pecuaristas e agricultores (descapitalizados), que têm no fogo a única alternativa de garantir a segurança alimentar de suas famílias e a continuação de seus negócios. Outra parte das queimadas são acidentais por que existe muita pastagem degradada e áreas de capoeiras abandonadas.

Quanto à fumaça "importada", existe uma disputa. Os governadores de Rondônia e de Mato Grosso, em visita recente ao Acre, disseram que o Governador do Acre está equivocado, que a fumaça de lá não vem para cá, que tudo cheira a politicagem (PFL x PT), que tem fumaça por lá porque lá existe progresso...Existem até nativos do Acre que teimam em acreditar que a fumaça "importada" é ilusão (A fumaça é nossa, Écio Rodrigues, 22/9).

Revendo os arquivos on line do SETEM/PZ/UFAC, encontrei uma nota científica de 1999 escrita, pelo Dr. Foster Brown (UFAC-PZ-SETEM) e colegas, alertando sobre a ocorrência de fumaça atravessando fronteiras no sudoeste da Amazônia (Brown et al., 2000). No dia 15 de agosto de 1999 foi observada uma "nuvem de fumaça" com 1.000 km de comprimento, que se estendia desde Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, até o Acre! Essa nuvem continuou a se movimentar na direção oeste e alcançou a Amazônia peruana no dia 19.

Dr. Foster e colegas concluem sua nota científica afirmando (de forma profética para a época) que "a observação do referido fenômeno deixava claro o aspecto internacional do impacto do fogo e da fumaça no sudoeste da Amazônia".

Para concluir: se a fumaça flutua livremente da Bolívia para o Acre (e vice-versa), por que não faria o mesmo saindo de Rondônia e Mato Grosso para Bolívia-Acre e vice-versa? Desde quando fumaça respeita fronteiras (nacionais e internacionais)?

Veja abaixo post relacionados com fogo e queimadas:

Domingo o Acre "exportou" fumaça para a Bolívia

O fogo, prejuízos e os espertos

By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)

BLAIRO MAGGI NO ACRE: O JOGO COMEÇOU!

Rio Branco-Ac, 27 de setembro 2005, 12:21 h

Nestes dias conturbados por polêmicas sobre exploração sustentável da madeira, empates, derrubadas ilegais, fumaça (vindo, parece não se sabe de onde), seca, rio Acre morrendo, enfim, muitos problemas domésticos para serem discutidos e resolvidos, eis que chega ao Acre, com honras de chefe de estado, o Governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, o rei da soja e heroi dos americanos!

Heroi porque americano gosta de pessoas que são competentes no que sabem fazer melhor. No caso de Maggi: plantar soja. Ele planta tanta que até um hidrovia (Madeira: Porto Velho-Itacoatiara) ele construi com recursos próprios. É uma ironia porque a soja brasileira é a principal concorrente da soja americana no mercado internacional.

Qual o significado desta visita tão ilustre? Política? Alguem ai acha que ele tem cacife a nível nacional? Puxa voto? A imagem dele está associada a que?

Andei lendo e apareceu na imprensa nacional e internacional que o Estado que ele governa foi responsável por 50% do desmatamento ocorrido no Brasil neste ano de 2005. As instituições ambientais (estaduais e federais) do Mato Grosso foram alvo de "devassas" pela Polícia Federal. Secretários de Estado, Gerentes e outras autoridades "ambientais" foram para a cadeia...De herói, agora ele é vilão para parte da imprensa americana. (...isso trás recordações do Acre de alguns anos atrás em alguns de vocês?)

Para encurtar o argumento: estou vendo que a eleição do ano que vem vai ser Floresta em pé x Floresta derrubada. O que é melhor para o Acre? É isso que a oposição ao atual governo está deixando claro para a população.

Mas vejam que momento eles escolheram para lançar a bandeira deles? Seca, fumaça, queimadas, doenças respiratórias, frio fora de época, enfim, tudo de ruim que derrubadas, queimadas e destruição da natureza podem produzir aconteceu imediamente antes da chegada do poderoso Maggi.

Ele, Maggi, não está nem ai para as picuinhas políticas (e ambientais) locais: vir ao Acre nada mais é do que ter a oportunidade de ver e interagir in loco com os potenciais usuários de sua hidrovia (na verdade as barcaças da companhia dele).

Destesto política, mas sou inteligente o bastante para ver que na política tudo depende de uma boa estratégia, inclusive de marketing! Parece que a Floresta em pé vai, mais uma vez, ganhar de goleada. Bem feito!

By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)

26 setembro 2005

BYE BYE POLÊMICAS!

Segunda-feira, 26/9/2005 - 23:40 h

Como havia comentado abaixo, junto com a friagem vai junto também a polêmica "fumaça" acreana, boliviana, mato grossense...O que fazer agora?

Vamos esperar pelas chuvas que virão "com vontade" logo no incício de outubro. Eu vou tapar as goteiras da sala da minha casa, rezar para o Angelim recuperar o ramal de acesso ao Parque Zoobotânico (Angelim, fica na estrada Dias Martins, depois do Ipê). Aos amigos, aconselho parafusar telhas e amarrar outros objetos em risco de voar com as tempestades típicas do início do inverno acreano...prevenir é melhor do que remediar!

Ah, ia esquecendo: as chuvas que (tanto clamamos nestes dias) irão inutilizar as estradas. Sem estradas uma outra polêmica vai esmaecer: a exploração e o transporte de madeira (legal ou ilegal). Nesta época os caminhões toreiros param de rodar, levantam-se os acampamentos, peões são demitidos, a calma volta à floresta...Os bichos agradeçem e saem para avaliar os estragos (depois disso se mudam para outras paradas...).

O Altino Machado vai ficar feliz, não tenho dúvida. A Associação dos Pequenos Agricultores do Acre corre sério risco de ficar sem empate ou coisa para empatar. Sem caminhão toreiro rodando empate não tem graça! Vão "empatar" quem de passar na estrada? Os taxis do Bujari?

Governo de sorte o nosso...

By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)

BYE BYE FRIO!

Segunda-feira, 26/9/2005 - 23:39 h

A friagem chegou rápido. Em 24 horas a massa de ar que estava sobre a Bolívia (1) chegou sobre Rio Branco (com chuvas), e até o meio do dia de hoje já tinha se estendido além do purus (2). -- Imagens MODIS abaixo.

(1) Frente fria no domingo - Bolívia
(2) Frente fria sobre o Acre, Segunda-feira

Até quando vai durar? Se a massa mantiver o rítmo de avanço, amanhã, terça-feira, a última friagem do ano vai acabar (3).

(3) Frente fria na segunda- Bolívia

By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)

DOMINGO O ACRE "EXPORTOU" FUMAÇA PARA A BOLÍVIA!

QUEM VAI COMPENSAR OS BOLIVIANOS?

Rio Branco-Ac, 26 de setembro de 2005.

As imagens MODIS do Acre (1) e da Bolívia (2) deixam claro que no domingo a gente se vigou dos incendiários da Bolívia, Rondônia e Mato Grosso: exportamos fumaça, muita fumaça.

Antes da chegada da frente fria (visível dentro da Bolívia na figura 2), o vento noroeste que predominou nos últimos dias garantiu que toda a nossa fumaça fosse enviada para eles sem piedade!

O que eu ou nós podemos dizer para eles?
- Desculpe!?
- E tem mais! Saibam vocês hermanos bolivianos que eu sou contra as queimadas! Se vocês quiserem compensação financeira, vocês podem cobrar dos incendiários acreanos. Onde encontrá-los? É fácil: basta ver as images de foco de calor armazenadas no INPE ou ir no IBAMA/IMAC para levantar a lista daqueles que foram multados por atearem fogo sem "licença".

Isso mesmo: se rolar essa coisa de um Estado da Amazônia ir contra o outro para repor prejuízos, os inocentes devem ser poupados de mais essa penalidade financeira. Apenas aqueles que estão diretamente implicados devem pagar!

É simples assim gente!


(1) Imagem MODIS Acre, Domingo 25/9

(2) Imagem MODIS Bolívia, Domingo 25/9

25 setembro 2005

ALÍVIO VINDO DO NORTE 3

Hoje, domingo 25/9, não teremos imagem MODIS do Acre (saiu com defeito...), mas apresentamos a imagem abaixo que mostra uma ponta do Acre (região do Abunã), Bolívia e boa parte de Rondônia.
Dá para ver que os ventos noroeste ainda predominam. Daí o sábado e domingo com sol e sem fumaça. Nem tudo é perfeito. Infelizmente teremos mudanças a partir de amanhã.

A massa de ar frio sobre a Bolívia e sul de Rondônia vem avançando lentamente e provocará uma leve queda da temperatura no Acre a partir da segunda-feira a noite (talvez não tenhamos a friagem que esperávamos - ver post abaixo FRIAGEM NA SEGUNDA, DIA 26/9). Com o friozinho é possível que venha junto a alguma fumaça pois como se pode ver na imagem, ainda existem numerosos focos de incêndios em Rondônia.

Aqueles que acreditam - por convicção...científica ou política (não importa!) - que a fumaça sobre Rio Branco vem toda do Acre mesmo, respondam: porque não tivemos fumaça nestes últimos 3 dias? Será que as queimadas só acontecem na direção de Brasiléia-Plácido de Castro? O fogo continuou a arder na nossa área urbana, inclusive com desastres urbanos - Jardim de Alah.
Como o vento nestes dias soprou do norte-noroeste parece que não se queima nas bandas de Porto Acre, Sena Madureira e Boca do Acre, não é mesmo?
Ou talvez o IMAC/IBAMA foram eficientes prevenindo as queimadas nestes dias - incluindo sábado e domingo!!

O que você acha?
DOMINGO 25/9

EMPATE! (2)


Reproduzo abaixo mensagem de Marcos Vindin, um dos organizadores do EMPATE que vai acontecer na segunda as 8:00 da manha na estrada do Bujari, após o entroncamento do Aeroporto:

"Antes de tudo, gratíssimo pelo apoio, mesmo que seguimos divergindo, é bom assim mesmo, com respeito de opiniões, respeitando a pluralidade. Somente uma única sugestão: quando tiver condições, visite o Antimary, converse com as pessoas, verifique suas condições de vida e existência.

Algumas coisas que talvez você não saiba:

- Estão derrubando árvores antes do tempo certo;

- Derrubaram castanheiras, seringueiras e portasementes;

- A vida das pessoas está pior, falta caça e peixe;

- Funtac deu o calote, não pagou as árvores;

- Veja com os próprios seringueiros, através de "recibos" emitidos pelo governo, o valor das toras.

Fraterno abraço. Vindin"

São denúncias graves, especialmente as afirmações de que derrubaram castanheiras e seringueiras, coisa proibida por lei, que não se admite em qualquer hipótese e que não pode ser reparado facilmente. Entretanto Vindin, gostaria de dizer que não comungo com o “denuncismo” que a imprensa nacional tem dado tanto valor nestes tempos de CPI (você não está infectado por isso, está?). Você matou a cobra, agora você tem que mostrar o “pau”.

Por exemplo, eu não acredito que a FUNTAC, a executora do projeto, tenha deliberadamente derrubado ou permitido a derrubada das castanheiras e seringueiras. Isto seria um erro tão infantil, indo contra tudo que se prega na atual conjuntura que é difícil engolir...sugiro que no dia do empate você apresente as provas. Assim as denúncias ganham credibilidade!!!

Quanto aos outros problemas, creio que existem condições para que todos possam ser resolvidos. Se os extratores da madeira não pagaram pelo que tiraram ou pagaram barato demais pela madeira: a comunidade tem o direito de exigir reajuste de preço, da mesma forma que os trabalhadores urbanos fazem greve por aumento de salário!

Quanto à vida estar pior, falta caça e peixe: já era esperado. Uma pergunta: será que a vida estaria melhor (no longo prazo) se a comunidade tivesse recebido o preço que acha justo pela madeira explorada?

Sobre isto, estamos preparando um post sobre o efeito da retirada seletiva de madeira na abundância da fauna e na diminuição da biodiversidade das florestas. Ele vai se chamar “Florestas Silenciosas”.

De antemão você está convidado a ler e divulgar o mesmo.

By Evandro Ferreira – Pesquisador do INPA/UFAC evandroferreira@hotmail.com

23 setembro 2005

EM NOME DA DIVERSIDADE DE OPINIÕES.


Embora este blog não pretenda enveredar pelo ramo da política, vou abrir espaço para algo importante que tem a ver com nosso meio ambiente.

Me foi solicitado pelos organizadores do empate acima divulgar o mesmo. Faço com prazer pois, afinal, de uma forma ou de outra todos queremos o melhor para o "ambiente acreano".

O manifesto do referido empate, entretanto, tem alvo certo: o governo do Estado e a área experimental representada pela Floresta Estadual do Antimary.

Como se pode ver no manifesto, existem muitos questionamentos pertinentes e outros nem tanto. Cada uma faça o seu próprio juízo. As opiniões divergentes sempre contribuem para o enriquecimento das idéias e invariavelmente abrem mentes e corações para fatos e detalhes que passam despercebidos.

Como pesquisador, vejo não apenas a área do Antimary, mas também o São Luis do Remanso e o Porto Dias, como projetos pilotos que efetivamente estão/irão contribuir para o futuro da exploração florestal sustentada no Acre.

Acho importante alertar aos "empateiros" que uma radicalização que resulte na paralização dessas experiências agora, antes de sua finalização, trará mais prejuízos do que benefícios para aqueles que querem formar uma opinião embasada em fatos e dados científicos sobre a validade do modelo atual de exploração sustentada.

Portanto "empateiros": critiquem e protestem, mas deixem democraticamente a experiência do Antimary finalizar pois sem os resultados dela, ninguem vai poder ter argumentos sólidos para contestar ou celebrar o sucesso ou fracasso do modelo de exploração. Nem o pessoal de lá, nem vocês!

By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)

*como não encontrei o Manifesto em outro site, postei o mesmo em um blog temporário que criei exclusivamente com este fim (http://biodiversidadeacreana.blogspot.com/)

OS TRÓPICOS EM CHAMAS!

Imagem MODIS abaixo mostra pontos de fogo ocorridos no mundo nos últimos 10 dias. A imagem é cumulativa, ou seja, ela representa todos os focos de fogo que ocorreram nos últimos 10 dias (mesmo que alguns deles já tenham sido apagados). As manchas avermelhadas indicam que pelo menos um foco de fogo foi detectado durante o período de 10 dias. As manchas amareladas indicam que numerosos incêndios ocorreram na mesma área durante os 10 dias.

Dá para ver que o Brasil ardeu em quase toda a sua extensão, exceto o norte da Amazônia, acima do rio Solimões.

O ARCO DO FOGO!

É bem visível na imagem, estendendo-se do Acre ao norte do Pará. A novidade é um braço do arco adentrando na direção de Cuiabá e Campo Grande.

Dá para ver que a Bolívia (região de Santa Cruz de La Sierra), Rondônia e Acre sofreram grande quantidade de queimadas.

Ontem e hoje temos pouca fumaça porque ventos estão vindo do norte. Se mudarem e vierem do sudeste (ver post sobre possível friagem na segunda, 26/9), vamos entrar em emergência novamente.

OBS: no mapa dá para ver que as florestas da ilha de Borneu (no pacífico) vão deixar de existir em poucos anos. O sul da Europa também está em chamas.

Os mais patriotas vão respirar aliviados e achar reconfortante saber que a "tecnologia do fogo" não é exclusividade dos brasileiros!


By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)

22 setembro 2005

ALÍVIO VINDO DO NORTE 2

A imagem MODIS de hoje, quinta feira, mostra o que vimos durante o dia de hoje: o sol brilhou por algumas horas, vento, menos fumaça. Um alívio e tanto se comparado com os 3 dias passados.

[para visualizar a sequência diária da evolução da fumaça sobre Rio Branco desde o dia 14/9, leia os posts: FOGO SOBRE A TERRA 3 e ALÍVIO VINDO DO NORTE...]

Como vai ser o dia de amanhã? Se os ventos persistirem na mesma direção vai ser um dia tão bom quanto a quinta feira passada.

Entretanto, existe a perspectiva de entrada de uma grande massa de fumaça acumulada em cima da região fronteiriça da Bolívia (+as queimadas nativas do Acre). Se a friagem prevista para a próxima segunda (ver post abaixo) se confirmar, nosso sábado e domingo vai ser difícil.


QUINTA-FEIRA 22/9

O FOGO, PREJUÍZOS E OS ESPERTOS

Rio Branco-Ac, 22 de setembro de 2005.

As queimadas deste ano deixaram muitos prejuízos. Toda sorte de prejuízo. Todo mundo está sendo atingido. Criança, velhinho, pobre, rico, homens e mulheres. Cada um teve um tipo de prejuízo. Os hospitais superlotaram, aviões não decolaram, a população protestou...E as farmácias tiveram um lucro prá lá de bom.

No meio rural os efeitos das queimadas foram mais visíveis. Foram perdidos centenas de hectares de cultivos perenes (banana, café...), pastagens, cercas, paióis, casas de fazer farinha... Além do prejuízo à saúde, houve muitos prejuízos materiais. O campo está uma lástima. Uma pena mesmo...talvez o Acre tenha que importar mais produtos agrícolas em 2006.

Quanto a floresta virgem, arderam até dentro das Reservas Extrativistas por conta de incêndios fora de controle e da seca recorde que estamos passando! Ainda vamos pagar um alto preço em termos de qualidade de vida daqui a alguns anos.

Então, estamos convencidos de que houve prejuízos, certo? Temos que pensar em como reparar esta situação. Alguma idéia?

Se você, leitor, ainda não havia pensado nisso, saiba que alguns políticos já têm o plano prontinho. Sempre os políticos. E sabe quem vai bancar os prejuízos: o seu bolso, o meu e o da maioria esmagadora da população urbana que paga seus impostos, taxas e outros tributos (que constituem o orçamento da União, Estados e Municípios). A turma do campo - com a desculpa de que alimenta as cidades - é quase toda isenta!

Você também já pensou quem vai ser ressarcido?

- Será que vai ser a dona Maria, esposa (desempregada) do seu Manoel (que ganha salário mínimo), que mora na periferia e que gastou mais de R$ 50 em remédios, transporte e noites sem dormir com as crianças doentes e sem ir a escola? Nope! Não, No...

Pelo plano dos políticos, os maiores beneficiários de qualquer plano de compensação dos efeitos das queimadas serão as pessoas que, muito provavelmente, foram os principais responsáveis por elas: os incendiários que transformaram o meio rural do Acre em um inferno! Nada como um bom incentivo para que no ano que vem eles continuem a fazer o bom serviço que fizeram neste ano...

Digo isso porque fiquei meio cabreiro quando li na imprensa (Notícias da Hora) o prefeito de Acrelândia se apressando em apresentar a "conta" do prejuízo na área rural daquele município. Aliás o prejuízo em Acrelândia mais que dobrou em 24h. Ele passou de R$ 14 milhões no dia 20/9, antes de decretado o estado de emergência, para R$ 30 milhões no dia 21, dia em que foi anunciado que iria ser decretado a tal emergência.

Claro que não vai adiantar IBAMA ou IMAC (depois que o fogo acabar) investigar para encontrar os culpados pelo fogo pois como todo mundo sabe, ele, o fogo, sempre começa na propriedade do vizinho, lá do outro lado da estrada, enfim, ninguem nunca põe fogo em nada! Ele aparece do nada...é que tá tudo tão seco que tem acontecido combustão instantânea...

Tudo indica que vamos ter um novo PROBOR! o "PROBOR" DO CAMPO!
- Para quem não lembra, o PROBOR era o programa federal de plantio da seringa (pacote com crédito e assitência técnica), que funcionou nos anos 70 e início dos anos 80. Não foi para a frente porque algum esperto alegou que no Acre tinha que incluir no pacote o seguro contra os incêndios "acidentais" que aconteciam no verão...óbvio que o programa foi um fracasso e seringa plantada é coisa rara no Acre pois a maior parte delas desapareceu no fogo. O banco que pagou o seguro também faliu e dele não se sabe hoje nem o nome...

Penso que se o lobby dos políticos prevalecer, a coisa vai ser mais ou menos assim:

a) Banco do Brasil vai ser forçado - por razões políticas - a estender o prazo de pagamento de quem tinha dívida contraída para os plantios que foram queimados -- acho justo!
b) Os políticos, aproveitando o momento de "comoção social" gerado pelas queimadas vão querer que o Governo Federal (e o Lula pode dizer não?) crie uma espécie de seguro-compensação para quem perdeu alguima coisa (inclusive a pastagem velha que foi queimada para ser renovada) -- acho injusto! E é aqui que a turma dos espertos vai se dar bem!

Como nós podemos reagir? Nós que jamais iremos ser ressarcidos!...vamos protestar, ir às ruas, levar as notas fiscais dos remédios, taxi, mototaxi ao Banco que irá ressarcir os "espertos" e cobrar a nossa parte -- acho justíssmo!

Se esse ressarcimento aos incendiários se concretizar e não houver reação, teremos para o ano que vem o seguinte cenário:

a) A indústria da queimada vai prosperar e crescer como nunca...
b) Os políticos vão estar de bolso cheio para as campanhas eleitorais...

Aliás, minha mulher me comentou que quem tem que pagar os prejuízos são eles, os incendiários.

Quanto você acha que tem direito de receber?

By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)

FRIAGEM NA SEGUNDA, DIA 26/9

Foster Brown, colega do SETEM/Parque Zoobotânico/UFAC, deu uma passada em minha sala no final da tarde de ontem (quarta) e disse que, de acordo com os dados metereológicos que ele dispõe, teremos mais uma frigem no próximo dia 26. Vou tentar conseguir o gráfico de evolução da temperatura para os próximos dias com ele e postar para vocês.

Surpresos? Talvez não, ninguem fica mais surpreso com isso visto que o clima tá mesmo meio maluco. A coisa vai pegar (fogo literalmente...).

Consequências dessa nova friagem (se acontecer):

a) Mais seca, mais perigo de incêndio florestal, pois como diz o ditado popular "...depois da friagem vem a estiagem..."

b) Possivelmente mais fumaça: isso mesmo, pois a persistirem as queimadas nas bandas da Bolívia, Mato Grosso, Rondônia e no leste do Acre o vento do sul vai trazer (além do frio) toda a fumaça daquela região para causar problemas para a gente aqui em Rio Branco.

Temos mais alguns dias para que esse fenômeno atmosférico não se concretize. No lugar do frio poderíamos ter a chuva, mas a quem podemos recorrer para que houvesse essa troca? Altino Machado, já que o teu blog está causando revolta nas massas, usa o teu poder de influência (política inclusive pois você tá com prestígio com os homens...) para fazer com que o governo traga os pajés que fizeram chover em Roraima na época daqueles grandes incêndios florestais...Seguramente eles vão fazer chover no Acre também.

Resta saber quando eles vão poder chegar aqui já que de avião vai ser meio difícil...

21 setembro 2005

ALÍVIO VINDO DO NORTE...

Imagem MODIS de hoje, quarta-feira, trás boas novidades!

Ventos do norte estão dissipando a densa camada de fumaça (vinda do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Bolívia). Em Humaitá e Lábrea o sol deve (provavelmente) já estar brilhando...
[para ver a sequência diária da evolução da fumaça sobre a nossa cidade, veja o artigo FOGO SOBRE A TERRA 3, abaixo]

Será que amanhã a gente vai respirar ar 50% mais puro do que o de hoje? Vamos ver o sol brilhar novamente?

É torcer e fazer figa...
QUARTA-FEIRA 21/9

FOGO SOBRE A TERRA 3!

Todo mundo está sabendo: a poluição atmosférica em função das queimadas está muito séria (para as fotos ilustrativas, chocantes e porque não surrealistas - ver blog do altino http://altino.blogspot.com/, para dados sobre pontos quentes - ver blog do Roberto Feres, Andando pela cidade (http://andandopelacidade.blog.uol.com.br/).
Nas imagens abaixo (obtidas do Sistema de Resposta Rápida MODIS - disponibilizado graças à NASA, U. Maryland, USDA Forest Service e USDA Foreign Agricultural Service) pode-se observar que tudo começou com uma mudança na direção dos ventos predominantes em nossa região.
Na quarta ele "soprava" do sul do Amazonas e trazia ar relativamente puro daquela região "virgem" de estradas (e queimadas...).
A partir de quinta ele começou a mudar. Isso mesmo, como muitos de vocês devem saber, o Acre é o lugar onde o "vento faz a curva" (se não sabem, breve vamos colocar informações sobre esse assunto, cuja frase acima tem sido difundida pelo Foster/SETEM-PZ-UFAC). Naquele dia uma parte do vento continuou vindo do sul do Amazonas, mas outra passou a vir da Bolívia, sul de Rondônia e Mato Grosso. No Acre a fumaça vem da região do abunã (Plácido de Castro e adjacências).
Na sexta a fumaça ficou meio parada sobre a região de Rio Branco.
Desde sábado a fumaça trazida por ventos vindos do sudeste tem alimentado continuamente a poluição sobre a nossa cidade. Neste mesmo dia aumentou muito a quantidade de incêndios. Aliás, no sábado, dia de folga, sobra um tempinho para queimar o lixo do quintal (nas cidades). Na área rural, imagino que foi um deus nos acuda com tantos incêndios acidentais...
Na segunda a imagem mostra um massa de ar extremamente carregada de fumaça sobre Rio Branco. A coisa piorou.
Hoje, terça, voltei de trabalho de campo na região de Campinas. A coisa tava feia na manhã e alivou na parte da tarde (mas não voltou ao normal). A imagem MODIS de hoje é ainda pior do que a de ontem (ver no final da nota). Tá tudo ainda mais "enfumaçado".
Algumas pessoas me perguntam se é tudo queimada feita aqui no Acre mesmo. Veja as imagens abaixo e conclua. A maior parte da fumaça vem de outras "plagas". Em recentes visitas a Tucandeira (km 100 da BR 364), Porto Acre, Plácido de Castro-Acrelândia e estrada para Brasiléia, as queimadas no Acre não estão fora de controle - exceto uma grande em Xapuri e outra grande em Assis Brasil (parece que já foi controlada). O que quero dizer é que queimadas - acidentais ou não - não têm ardido "impune", existe mobilização oficial e não oficial combatendo o desastre. Vi carro do IBAMA, pessoal do IMAC e a comunidade mobilizada (especialmente pequenos agricultores e pequenos fazendeiros).
Trabalho no meio rural desde a década de 80 e pela primeira vez vi pequeno produtor com pavor do fogo, seu antigo aliado...que ironia não é mesmo. Este ano de 2005 parece que vai ser um marco. As placas daquela cooperação Italiana contra o fogo que a gente vê na estrada de Brasiléia pareciam coisa de doido 2 anos atrás...Já imaginou se alguem iria realmente dar valor para aquilo (pelo menos eu tinha essa impressão). Será que esses incendiários aprenderam ou vão aprender a lição? Bom, depois de milhares de pés de banana, café, centenas de hectares de pastos, etc, destruídos, acho que pelo menos pesadelos eles vão ter...
Governo e outras organizações locais!!! Vamos fazer um balanço (depois que passar a tempestade) e aproveitar o momento para dramatizar a o que está acontecendo e o que vem pela frente. E se preparar para o pior...
Nos, no Acre estamos pagando um alto preço do descontrole em outros lugares...vale protestar. Como?
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QUARTA-FEIRA

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QUINTA-FEIRA

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SEXTA-FEIRA

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SÁBADO

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DOMINGO

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SEGUNDA-FEIRA (19/9)

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TERÇA-FEIRA (20/9)

12 setembro 2005

MANEJO SUSTENTADO DE MADEIRA!!!! EXISTE?

Todo mundo só ouve falar disso ultimamente. Funciona mais ou menos assim:

- Alguem possui uma área com floresta virgem, rica em madeira;

- Solicita licença ao ibama para explorar a madeira. O ibama permite a retirada da madeira desde que seja apresentado um plano de manejo (planejamento de exploração da retirada da madeira obedecendo a certas regras);

- Para fazer o plano, o dono da floresta divide a mesma em vários talhões de 50 hectares (por exemplo);

- Contrata um mateiro e um técnico para levantar a quantidade árvores madeireiras, seu diâmetro, altura comercial, estimativa de volume e localização de cada uma delas na floresta (quem assina o plano é um engenheiro florestal);

- Geralmente as plantas aptas a serem retiradas possuem mais de 40 cm de diâmetro, medido na altura do peito;

- Quantas árvores devem ser retiradas? Todas com mais de 40 cm de diâmetro!!

- E para o futuro, o que sobra? Todo mundo com menos de 40 cm de diâmetro!

- E quando se poderá retirar estas árvores, quanto tempo elas vão levar para atingir o diâmetro mínimo para serem retiradas?

- Nos planos de manejo, quando se tira uma árvore com diametro comercial, o "filho" ou a muda que fica no lugar leva no mínimo 25-30 anos para ficar "no ponto"...

- Quem disse isso? Ninguem sabe ninguem viu!!!

- Fato (ainda é segredo de estado): brevemente vão ser publicados dados científicos de um trabalho feito no Acre que determinou a idade das árvores na mata e no pátio das serrarias. Foi usado Carbono 14 para isso (cada análise custa mais de U$ 1,500)...não existe outro método mais preciso. Resultado: a mais "novinha" tinha 200 anos. As mais velhas 800 anos. Samaúma, Amarelão, Angelim...

- E agora? Como se fará manejo sustentável com ciclo de corte de 25 anos quando a maioria das plantas dos pátios das serrarias têm mais de 200 anos??

- Alguem me responde: qual a diferença entre tirar a madeira da floresta e o garimpo de ouro de serra pelada?

O QUE É O PPG-7?

Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil – PPG7.
Pretende implantar um modelo de desenvolvimento sustentável em florestas tropicais brasileiras, na forma de um conjunto de projetos de execução integrada pelos governos federal, estaduais e municipais e a sociedade civil organizada. O Subprograma de Ciência e Tecnologia (SPC&T Fase II), um dos subprogramas do PPG7, prevê a formação de redes temáticas para o desenvolvimento de pesquisa científica na área de abrangência da Amazônia Legal, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT e executado pelo CNPq.

EDITAL DO PPG-7: PRAZO VENCE EM 16/10

Comunidade científica acreana se mobilizando para concorrer ao Edital PPG-7 2005 (http://www.cnpq.br/servicos/editais/ct/2005/edital_0482005.htm).
Desta vez os burocratas venceram...tá muito amarrado este Edital. Cada projeto em área específica vai exigir pelo menos 4 Doutores (Ph.Ds. - doutores de verdade e não os "Doutores Advogados...." ok, desculpe a ironia...). Quantos Doutores temos no Acre? E ninguem pode participar de mais de um projeto... Criatividade vai ser a regra...

UM POUCO DE TUDO!

Criei este blog para colocar no ar um pouco de informação sobre o "ambiente acreano". Principalmente o meio-ambiente. Mas vai ter um pouco de politica e fofoca ambiental também...