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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

06 novembro 2009

VACINA ANTI-HIV: MITO OU REALIDADE

Pâmela Pinto
Agência Fiocruz de Notícias

Há pelo menos duas décadas, a busca de uma vacina para a Aids é um dos grandes objetivos da biomedicina. Até agora, muito esforço foi feito, mas o avanço ainda é lento. Mariza Morgado, chefe do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e atual vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Instituto, discutiu os desafios no desenvolvimento de uma vacina anti-HIV durante o Simpósio França Brasil, na Fiocruz.


A pesquisadora traçou uma retrospectiva dos protocolos em andamento na comunidade científica internacional para elaboração de uma vacina. Atualmente, existem mais de 50 protocolos em curso, mas a maioria ainda no estágio inicial do processo, no qual é verificada a segurança do protótipo. Um número menor atingiu, ao longo de duas décadas, a fase dois de estudos, quando é verificado se o produto induz a uma resposta imune. Apenas três projetos alcançaram a fase seguinte (IIb e III), que consiste em testes de eficácia: um primeiro na década de 1990 e outro concluído em 2007 (ambos abandonados pela inconsistência dos dados), além de um último com resultados apresentados recentemente, em 2009.

Entre as dificuldades encontradas para produção de uma vacina eficaz, Mariza apontou alguns aspectos. O primeiro é que o HIV é um retrovírus, capaz de se integrar ao material genético do hospedeiro, o que impossibilita o uso do vírus atenuado para a produção de vacina. Outras características são a grande variabilidade e a capacidade de recombinação do vírus, impedindo o sistema imune de montar uma resposta. O fato de não existirem pacientes curados também é outra barreira, pois não permite detectar os agentes de imunidades associados à proteção contra o vírus.

Em 23 de setembro deste ano, foi anunciada uma vacina com 30% de eficácia contra o HIV, desenvolvida numa cooperação entre os governos da Tailândia e dos Estados Unidos. O trabalho reuniu um total 16 mil pessoas, divididas em dois grupos, para participar de um protocolo de vacinação com quatro doses. Deste total, foi verificado cerca 30% de proteção. Os resultados oficiais deste protótipo de vacina foram detalhados durante a Conferência de Vacinas da Aids, em Paris.

“É muito difícil manter um protocolo com grande número pessoas e garantir que todos cumpram todo o processo de vacinação. Os cálculos de precisão serão realizados somente após a publicação destes dados e então saberemos qual é a eficácia de fato. Mas esta pesquisa sinaliza uma vantagem no sentido de que foi a primeira vez que se mostrou algum nível de eficácia como este ou, pelo menos, uma diferença no número de infecções entre os indivíduos vacinados e aqueles que receberam placebo. No entanto, não foi observada nenhuma diferença quanto à carga viral plasmática nos dois grupos”, avaliou Mariza.

A bióloga destaca outro ponto importante no debate sobre uma vacina anti-HIV: os protocolos em curso buscam a não evolução da doença no indivíduo infectado, já que uma vacina capaz de evitar a infecção, que ocorre por diversas vias, ainda é um objetivo distante de ser alcançado. “Se o indivíduo tem uma resposta imune capaz de estancar a passagem do vírus para outra célula, isso faz com que o sistema imune fique pouco comprometido. E com isso não se desenvolveria a doença”, explicou.

Mapeamento dos tipos brasileiros

O isolamento do HIV tipo 1, na década de 1980, realizado por pesquisadores do IOC, marcou o ingresso do Brasil no cenário internacional de pesquisa em Aids. O feito alavancou estudos que priorizam o aumento da qualidade de vida dos pacientes que vivem com o vírus. Parte deste trabalho é desenvolvida no Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do Instituto, que atua no mapeamento dos vírus circulantes em todo o país, bem como no monitoramento da capacidade dos indivíduos infectados reagirem a antígenos. ”Já identificamos vários subtipos circulantes do HIV nas diversas regiões brasileiras e a variabilidade destes vírus, o que é importante para avaliar a resposta imune dos indivíduos infectados. Numa perspectiva futura, este levantamento poderá gerar subsídios para potencializar a eficácia de uma vacina no país”, disse Marilda.

Aids no Brasil

De 1980 a junho de 2008, foram notificados 506.499 casos de Aids no país. Segundo critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49 anos. Os índices da doença são crescentes no Norte e Nordeste. Em números absolutos, o Brasil registrou 192.709 óbitos por Aids, de 1980 a 2006.

Para ler matérias sobre outras palestras do Simpósio França-Brasil, clique aqui.

AQUECIMENTO GLOBAL PODERÁ SER BENÉFICO À PRODUÇÃO DE CANA

Com mudanças no clima, produção pode chegar a 120 toneladas por hectare em 2080

Por Antonio Carlos Quinto - acquinto@usp.br
Agência USP de Notícias

As mudanças climáticas e o aumento da concentração de CO2 aliados aos avanços tecnológicos poderão proporcionar um aumento significativo na produção de cana-de-açucar na região de Piracicaba, no interior de São Paulo, nos próximos 70 anos. Cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba estimam que a produção poderá atingir a 120 toneladas por hectare (t/h) em 2080. A estimativa é feita no estudo Mudanças climáticas e a expectativa de seus impactos na cultura da cana-de-açúcar na região de Piracicaba, SP, apresentado na Esalq pela engenheira ambiental Júlia Ribeiro Ferreira Gouvea, como sua dissertação de mestrado. “Nos últimos anos, a produtividade média vem atingindo cerca de 85 toneladas por hectare”, diz o professor Paulo Cesar Sentelhas, do Departamento de Ciências Exatas, que orientou o trabalho.

Segundo o docente, uma das principais fontes para a elaboração da pesquisa foi o quarto relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) de 2007, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que apresentou cenários futuros de mudanças climáticas. “De outro lado, obtivemos dados de vários anos passados em relação à produtividade da cana obtidos junto a uma grande empresa do setor”, conta Júlia. Os cientistas também computaram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para estimar os avanços tecnológicos que poderão influir no aumento da produção.

“Tendo em mãos os dados de 80 anos passados, aplicamos um modelo matemático-fisiológico que nos permitiu estimar a produção dos próximos 70 anos”, explica Júlia. A esses dados, foram acrescentadas as informações do IPCC e do IBGE. Mas, segundo a engenheira, o que surpreendeu os pesquisadores foi verificar que o aquecimento global irá proporcionar aumento na produtividade da cultura.

Sentelhas explica que a cana-de-açúcar é uma gramínea do tipo C4, resistente à falta de água e mais robusta. “O efeito do aumento do CO2 e o consequente aquecimento do clima irá favorecer o processo de fotossíntese da cana-de-açucar. Além disso, temos o avanço tecnológico na implementação de técnicas de cultivo bem como os estudos que visam o melhoramento genético da planta”, descreve.

Escala de aquecimento

De acordo com o cenário estimado no estudo, a temperatura global deverá atingir um aumento médio de até 4 ºC no ano de 2100. A pesquisa mostra uma escala de previsão de aquecimento em que 2020 o aumento poderá ser de 1ºC, e em 2050, até 2ºC. “O aumento da temperatura acarretará no aumento da Produtividade Potencial [PP], já que essa variável afeta positivamente a eficiência do processo fotossintético das plantas C4”, descreve o pesquisador, lembrando que as alterações na radiação solar e na chuva terão menores impactos na produtividade. De acordo com o estudo, em relação à condição atual, a PP aumentará cerca de 15% em 2020, 33% em 2050 e 47% em 2080. Os cientistas também estimam a Produtividade Real (AP) que poderá aumentar em 2020 cerca de 12% em relação à condição atual, 32% em 2050, e 47% em 2080. “Podemos estimar uma produção de 90 toneladas por hectare em 2020, 107 t/h em 2050, e 120 t/h e 2080”, calcula Sentelhas.

Júlia explica que o ciclo da cana-de-açúcar naquela região varia de 12 a 18 meses. Ao lado da região de Ribeirão Preto, a região de Piracicaba é uma das principais produtoras de cana-de-açúcar do estado de São Paulo. O estudo teve início em 2006 e foi apresentado na Esalq no início de 2008.

TÁCIO DE BRITO

PEGO DE BUCHA

Escrito por Luiz Calixto
Deputado Estadual e editor do Blog 'A Trincheira'

Sempre que vejo o Tácio de Brito por detrás do balcão da sua drogaria no bairro da Floresta tenho dúvidas se ele realmente meteu a mão no dinheiro do DERACRE, para merecer condenações.

Se meteu, escondeu muito bem porque não ostenta sinais de riqueza.

Nesta sentença da Justiça Federal provavelmente ele está pagando o pato pelo gabiru-mor Jorge Viana, governador à época da roubalheira.

Leia aqui no blog do Altino sobre a condenacão dele e de outros.

Centralizador , Jorge não permitia que nenhum contrato fosse assinado ou majorado sem o seu prévio conhecimento e autorização.

Só os bobos e aqueles que têm os pés no chão, e as mãos também, acreditarão que os reajustes foram decisão exclusiva do então diretor do Deracre.

Nem Tácio e nenhum outro secretário tinha autonomia para decidir, pricipalmente, sobre reajustes.

Ocorre que o governador manda, determina, mas não ordena despesas e nem deixa suas digitais em nenhum lugar.

Essa é a velha história do papagaio que come milho e o periquito leva a fama.

POPULAÇÕES AMAZÔNICAS NÃO SÃO ALVOS PRIORITÁRIOS DOS PROJETOS HIDRELÉTRICOS

Por Fabíola Munhoz, do Amazônia.org.br

A governadora do Pará Ana Júlia Carepa (PT) defendeu na última terça-feira (13), em São Paulo, a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), como um projeto para a geração de energia limpa.

Para a governadora, o empreendimento é necessário porque irá render energia à população paraense e receita tributária ao governo do Estado, além de substituir as termelétricas poluentes que hoje abastecem a região.

Francisco Hernandez, um dos coordenadores do Painel de Especialistas que indicou falhas no Estudo/Relatório de Impactos Ambientais (EIA/RIMA) de Belo Monte, concedeu uma entrevista ao Site Amazonia.org.br, em que discorda do discurso da governadora paraense. Hernandez, que é pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), acredita que, ainda que o EIA de Belo Monte seja corrigido quanto às falhas apontadas por estudiosos, o projeto deve ser abandonado.

Para ele, a energia produzida pela usina será destinada à indústria, não à população, e o pouco recurso energético gerado com o empreendimento não compensará os altos custos financeiros e socioambientais da obra.

Confira a conversa.

Amazonia.org.br - A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, afirmou recentemente que irá cobrar a inclusão dos custos financeiros das linhas de transmissão que ligariam Belo Monte ao Sistema Interligado Nacional (SIN) na previsão de gastos do projeto. Caso isso aconteça, vai aumentar muito o custo da hidrelétrica?

Francisco Hernandez - Tínhamos notado no estudo dos primeiros volumes do EIA/RIMA que a conexão ao sistema de transmissão não era algo que estava definido. Ou seja, deixava-se para o futuro a discussão de como seria a conexão de Belo Monte, caso seja construída, ao sistema de transmissão. Isso causa problemas porque a potência proposta para Belo Monte é de cerca de 11mil MW e, para isso, a definição do porte e das características das linhas de transmissão e da subestação que seria acoplada à usina teriam que ser definidas.

Isso porque existe uma especificidade na usina de Belo Monte, segundo a qual, em alguns momentos do ano, ela produziria energia próxima a sua capacidade máxima. E, em alguns outros momentos, ela se tornaria excessivamente ociosa. Há necessidade de equipamentos específicos para que, no momento em que a usina gerasse pouca energia, houvesse uma adequação ao sistema de transmissão. Nos momentos em que a usina não opera ou operasse com transporte de energia baixo, você deveria manter as linhas de transmissão energizadas. Para isso, há a necessidade de equipamentos específicos. Essa especificidade deveria estar, no mínimo, sinalizada nos estudos de viabilidade e no estudo de impacto ambiental. É uma omissão que foi mencionada no nosso relatório. Portanto, essa preocupação da governadora é pertinente.

Amazonia.org.br - Ana Júlia também disse que uma das exigência do Pará será a de que parte da energia produzida seja aproveitada pela população do Estado. Essa condição pode tornar a obra favorável à região?

Hernandez - Essa indefinição do sistema de transmissão não permite dizer qual o destino nem o rumo dessa energia que será gerada porque a usina de Belo Monte, teoricamente, estaria ligada ao Sistema Interligado. Se existe uma preocupação do governo do Estado de que essa energia seja destinada ao governo, essa caracterização da capacidade das linhas de transmissão também tem que estar definida, ou seja, o reforço de uma linha em determinado sentido e não em outro. Outra questão é que historicamente as populações da Amazônia não são os alvos prioritários dos projetos hidrelétricos. O alvo é a indústria eletrointensiva, que consome muito energia, tem tarifas subsidiadas e emprega poucas pessoas. É uma indústria que faz exportação quase líquida de energia. Um exemplo é a indústria de alumínio primário.

Essas questões são fruto da indefinição do projeto de Belo Monte, em termos de subestimação dos custos e indefinição de como será a conexão da usina ao sistema de transmissão. Isso não nos permite dizer com certeza para onde iria essa energia, se para a indústria eletrointensiva ou para o SIN. Essa definição só se dará quando soubermos como Belo Monte se conecta ao sistema. Deveria ter sido ao mínimo mencionado no EIA/RIMA. Pois não podemos dissociar a geração da transmissão quando se fala em planejamento energético.

Amazonia.org.br - E as linhas de transmissão que interligariam Belo Monte ao Sistema Nacional também causariam impactos socioambientais?

Hernandez - Todas as linhas de transmissão têm suas conseqüências socioambientais, dentre as quais desapropriação de terras e desalojamento de populações que estão no trajeto das linhas de transmissão. A linha Tucuruí-Jurupari, pela qual se pretende conectar Belo Monte, passa por uma reserva extrativista, a Verde para Sempre. Isso é um aspecto delicado. São projetos distintos, mas que não podem ser dissociados. Em termo de custos gerais, imagina se esse dinheiro fosse emprestado pelo BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que é um banco de caráter público? Esses custos e especificidades da linha de transmissão deveriam estar claras. É um projeto complexo que exige complexidade adicional na transmissão.

Amazonia.org.br - A governadora do Pará diz, em defesa da usina, que exigirá que parte do ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - aplicado à energia passe a ser cobrado no local de produção, rendendo receita ao governo do Estado. Isso pode garantir a realização das políticas públicas que serão necessárias à região, caso Belo Monte seja construída?

Hernandez - Essa é uma discussão pertinente do ponto de vista de política fiscal, mas o que alertamos em nossos pareceres é que a grande maioria dos programas propostos está indefinida. Portanto, não há condição sequer de calcularmos os custos dos programas sociais. O detalhamento dos programas sugeridos no EIA/RIMA é muito pequeno. Então, muitas vezes durante o estudo notamos que se propõe um programa de acompanhamento da malária, ou uma necessidade de aumento do sistema primário de saúde, mas não se colocam detalhes do programa. Isso deixa dúvidas na avaliação da quantidade de recursos públicos que devem ser alocados numa obra desse tipo. Acho que isso deveria ser objeto de preocupação do governo do Estado, pois, se muita coisa se transfere em termos de responsabilidade ao poder público, isso significa que o poder público vai necessariamente ter que alocar recursos para fazer com que os programas sejam efetivamente levados adiante. Se o detalhamento dos programas não é feito ainda, do ponto de vista da política pública do governo do Estado a ser sugerida, essa indefinição persiste.

Amazonia.org.br- É verdade que a construção de Belo Monte vai significar a geração de energia limpa para substituir as termelétricas que hoje abastecem a região?

Hernandez- A energia hidrelétrica é tida como renovável e limpa, mas isso não é verdade. A história da hidroeletricidade brasileira demonstra que o número de atingidos, pessoas reassentadas, realocadas, expulsas de suas terras por empreendimentos hidrelétricos, de acordo com dados da CPT [Comissão Pastoral da Terra] e do MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens], ultrapassam um milhão de pessoas. Inclusive, o passivo social desses reassentamentos e os impactos sobre suas comunidades ainda não foi devidamente superado. Outro aspecto é que as hidrelétricas, especialmente as de grande porte, provocam conseqüências ambientais de grande volume. O relatório da Comissão Mundial de Barragens mostra claramente isso. Não podemos dizer que a conversão de energia hidrelétrica é limpa, principalmente em se tratando de Belo Monte, projeto numa região de extrema biodiversidade. Especialistas em ictiologia e em diversidade da Volta Grande do rio Xingu são taxativos em recomendar o abandono do projeto pela extrema perda da biodiversidade que acontecerá. Estamos questionando um projeto complicado, problemático e que traz severas consequências ambientais. É disso que se trata, e não de ser contra hidrelétrica.

Amazonia.org.br- Quais são as expectativas dos especialistas que integraram o Painel com relação à resposta do Ibama aos seus questionamentos?

Hernandez- Nossa expectativa é de que a promessa de Messias [Roberto Messias, presidente do Ibama] se cumpra e de que essas colocações assinadas por 28 especialistas e feitas, no conjunto, por 42 pesquisadores que compuseram o Painel, sejam estudadas com seriedade e profundidade. E que os proponentes do projeto respondam essas questões, inclusive de maneira pública.

Também consideramos que as populações ribeirinhas que não estão sendo consideradas como diretamente atingidas- indígenas das duas terras indígenas que serão afetadas e comunidades ribeirinhas, como as do Garimpo do Galo e da Vila da Ressaca-, devem ser ouvidas e esclarecidas sobre as conseqüências ambientais desse projeto. Por esse motivo, as oitivas indígenas também são necessárias.

Eles devem fazer os estudos necessários com o devido aprofundamento, embora haja uma pressão para que a LI saia antes do leilão proposto para a obra no fim do ano. Nós como estudiosos não podemos concordar. Se existem falhas gravíssimas no EIA, os estudos devem ser refeitos, a ponto de poderem oferecer à sociedade estudos que digam quais as conseqüências sociais do projeto e os programas de mitigação necessários, com determinados custos.

O Messias já teve que se retratar publicamente por ter dito que nenhum questionamento havia sido protocolado após as audiências publicas. Mas, no dia 1° de outubro, tínhamos nossos pareceres protocolados. O Ibama deve responder a isso. Esperamos que o instituto cumpra seu papel, não de simplesmente fazer questionamentos sobre o EIA, mas também sobre as criticas que foram apresentadas com relação aos impactos ambientais, e que tenha a capacidade de exigir mais desses estudos. Nossa outra expectativa é de que nosso trabalho e a divulgação feita pelas agências de notícias sensibilizem o governo de que Belo Monte é um equivoco de conseqüências ambientais e sociais seríssimas.

Amazonia.org.br - Há possibilidade de que sejam corrigidas as falhas do EIA/RIMA de Belo Monte e, diante disso, a obra se torne viável?

Hernandez - Pela quantidade de consequências ambientais, por esse projeto estar inserido numa região de biodiversidade tremenda da Amazônia, por essa ociosidade operativa, por essa complexidade da obra, que simultaneamente alaga e deixa com vazão drasticamente reduzida, o posicionamento do Painel é de que a obra deve ser abandonada por ser um grave equívoco.

Parte dos especialistas do painel esteve reunida com o presidente Lula e lideranças locais. Naquele instante, o recado foi este: o governo não deveria ter para si essa marca de uma obra de infraestrutrura com tamanhas consequências ambientais. Já tivemos a usina de Balbina, e não queremos que isso se repita. É uma obra complexa que compromete as Terras Indígenas (TIs) Paquiçamba e Arara, que terão seus modos de vida comprometidos porque, em determinadas épocas do ano, dentro do hidrograma proposto pela obra, teríamos redução de até cinco metros do nível de água de pontos da Volta Grande.

Isso compromete não só a capacidade reprodutiva de espécies animais, mas também a manutenção da floresta aluvial, que depende da dinâmica flutuante do rio Xingu, e as populações ribeirinhas que vivem à jusante da barragem principal. Assim como os índios das terras afetadas, essas populações não são consideradas como atingidas no EIA da obra. Isso é uma lacuna extremamente grave. Se isso fosse considerado, reforçaria nosso argumento de que o projeto deveria ser abandonado.

(Envolverde/Amazônia.org.br)

KILIMANJARO FICARÁ SEM NEVE EM DUAS DÉCADAS

Gelo na maior montanha da África, que tem resistido por mais de 11 mil anos, poderá sumir em menos de duas décadas, indica pesquisa

Agência FAPESP – Ernest Hemingway, Ava Gardner e Gregory Peck perderam a vez para as mudanças climáticas globais. Se fosse hoje, As neves do Kilimanjaro, conto escrito em 1936 pelo autor norte-americano que virou um dos maiores sucessos de bilheteria nos cinemas em 1952, teria, no mínimo, que mudar o título.

O motivo é que as famosas neves no maior monte da África, com 5,8 mil metros, que sempre pareceram eternas, estão desaparecendo. Segundo um estudo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da Proceedings of the National Academy of Sciences, o gelo no topo poderá desaparecer completamente nas próximas duas décadas.

Lonnie Thompson, da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, e colegas apontam que as temperaturas mais elevadas, em conjunto com as condições mais secas e com menos nuvens, estão contribuindo para a sublimação e o derretimento do gelo no alto da montanha na Tanzânia.

Os pesquisadores combinaram medidas da área congelada obtidas a partir de fotografias aéreas com dados sobre alterações na espessura do manto para determinar em que velocidade o gelo está sumindo.

Segundo eles, a área total coberta pelo gelo encolheu cerca de 85% entre 1912 e 2007. Se as condições climáticas atuais persistirem, o gelo poderá desaparecer em 2022 ou, no melhor dos cenários, em 2033.

Os autores do estudo destacam que embora as neves do Kilimanjaro tenham sobrevivido por 11.700 anos, incluindo secas históricas e alterações climáticas, sem ações de mitigação eficazes as condições atuais poderão não apenas eliminar o gelo na montanha, mas também promover um significativo impacto na vida das comunidades locais na África.

O artigo Glacier loss on Kilimanjaro continues unabated, de Lonnie Thompson e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

05 novembro 2009

BRASIL CONSOME 60% DE AÇÚCAR VIA PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS

Da Assessoria de Comunicação do Cepea
Agência USP de Notícias

É em balas, bolachas, chocolates, refrigerantes, laticínios, entre outros produtos industrializados, que estão 60% do açúcar que o brasileiro consome. É o que aponta o estudo sobre o Consumo e Comércio de Açúcar no Brasil: Ano-safra 2007/08, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba.

Os outros 40% são consumidos na forma direta, ou seja, são adquiridos pelos consumidores no varejo, em embalagens de 1 ou 5 quilos (Kg). Segundo a pesquisa, 80% dessas compras são de açúcar refinado e apenas 20% de cristal. Indústrias alimentícias, ao contrário do consumidor doméstico, têm suas compras focadas no cristal, mas absorvem também parcela de refinado.

O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, sendo que cerca de 65% da sua produção é exportada. Do que é comercializado no País, 84,5% do volume é de açúcar cristal, 14%, de refinado e 1,5% de açúcar líquido.

Empresas de refeições coletivas, também aquelas de produção artesanal (doces, bolos, balas etc) e ainda parte do varejo dão preferência às compras em fardos — embalagens de 30 kg com unidades de 1 ou 5 kg. Já a saca de 50 quilos é preferida por indústrias de alimentos e empacotadoras — estas últimas redistribuem o produto em embalagens de 1 ou 5 quilos. Os big bags (embalagens de grande porte, com menor custo, que chegam a pesar 1200 Kg) , por sua vez, são negociados basicamente por indústrias e atacadistas.

As usinas do estado de São Paulo são responsáveis por 86% do açúcar refinado que é comercializado no País, por 56,3% do açúcar cristal em sacas (de 50 kg) e por 22,2% do açúcar cristal em fardos.

Os números absolutos desta pesquisa devem ser divulgados nos próximos meses, após conclusão da segunda edição do projeto.

Demanda

O trabalho desenvolvido pelo Cepea objetivou caracterizar a demanda brasileira por açúcar. A pesquisa teve apoio financeiro da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e foi viabilizada pela colaboração mais de 300 usinas e também de empresas do segmento atacadista. O período de referência das informações é o ano-safra 2007/2008 das duas maiores regiões produtoras de açúcar: Centro-Sul e Norte/Nordeste.

Foram considerados os diferentes níveis do mercado — produtor/usina, atacado e varejo —, diferentes tipos de açúcar — cristal, VHP (basicamente para exportação), refinado e líquido — e também diferentes embalagens de comercialização — 1 ou 5 kg, fardo, saca, big bag.

A pesquisa foi realizada pelos professores Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, Heloisa Lee Burnquist, Mírian Rumenos Piedade Bacchi e também pelos pesquisadores da Esalq Carlos Eduardo Caldarelli, Ivelise Rasera Bragato, Mariana Martins de Oliveira Pessini, Marta Cristina Marjotta-Maistro e Maurício Jorge Pinto de Souza.

04 novembro 2009

TIÃO VIANA, AGORA VOCÊ TEM A CHANCE DE SE REDIMIR!

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Com a aprovação da realização do referendo sobre o fuso horário na Câmara Federal - pela esmagadora maioria de 223 votos a favor e 123 contra – a matéria segue para o senado para ser votada por aquela casa.

E no Senado, Tião Viana (PT-AC), autor da lei que mudou o nosso fuso horário, vai ter a chance de cumprir uma promessa que fez publicamente aos seus eleitores - dentre os quais me incluo: "apoiar a realização de uma consulta popular para que a população acreana diga se está a favor ou contra o novo fuso horário".

Em julho de 2008, o Senador se comprometeu em apresentar projeto de consulta popular sobre o novo fuso horário no Senado. Não o fez porque o Deputado Flaviano Melo apresentou projeto similar na Câmara Federal.

Sem a chance de apresentar a proposta, Tião Viana tem agora a chance de mostrar ao povo acreano que cumprirá parcialmente o que prometeu. Para isso, ele deve tomar para si a responsabilidade de liderar a tramitação do projeto no Senado, garantindo que sua aprovação seja rápida e sem delongas. Fazendo isso, ele demonstrará a todos que o seu espírito democrático está acima das picuinhas, baixarias e interesses escusos que - infelizmente - ainda permeiam o Senado, sua casa legislativa há mais de 10 anos.

É bom que se diga que o referendo não é uma questão partidária. É um assunto de interesse popular que se estende muito além dos interesses eleitoreiros dos partidos da situação e da oposição acreana. É claro que o assunto vai ser explorado politicamente por alguns. Isso é normal e faz parte do jogo político e democrático que vivemos.

O próprio Tião sabe que esse assunto precisa ser 'passado a limpo' o mais breve possível. E hoje, passada a tempestade e acalmados os ânimos que se exarcebaram no Acre por ocasião da mudança do fuso horário ocorrida um ano atrás, temos absoluta certeza de que a consulta não se constituirá em um julgamento público do Senador.

Uma eventual derrota nesta consulta popular não abalará o patrimônio político extremamente positivo e produtivo que Tião construiu ao logo de sua trajetória política. Muito pelo contrário. Mostrará que errar é da natureza humana e ajudará o Senador a ser ainda mais cuidadoso durante a tomada de decisões de amplo alcance, como foi o caso do projeto que mudou nosso fuso horário.

Para quem almeja assumir a responsabilidade de dirigir politica e administrativamente a vida de mais de 650 mil acreanos a partir de janeiro de 2011, aceitar que esses mesmos acreanos ajudem a corrigir um equívoco é um ato de grandeza e humildade que indicará que o destino do Estado estará em boas mãos caso Tião Viana venha a ser eleito governador do Acre.

Por outro lado, trabalhar contra a consulta popular assumindo uma postura passiva - ou agindo nos bastidores contra a sua realização - levará os acreanos a repensar sobre a melhor pessoa para assumir os destinos do Estado.

Intransigência e persistência no erro, como todos sabemos, não fez e nunca fará parte da personalidade dos grandes Estadistas. Por isso, nos sentimos confortáveis para mandar o seguinte recado para o senador Tião Viana:

- Tião Viana, agora você tem a chance de se redimir!

03 novembro 2009

URGENTE! CÂMARA APROVA REFERENDO SOBRE FUSO HORÁRIO NO ACRE!

Plenário aprova referendo sobre fuso horário do Acre

Agência Câmara

O Plenário aprovou, por 223 votos a 123 e 5 abstenções, o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 981/08, do deputado Flaviano Melo (PMDB-AC), que prevê a realização de um referendo no estado do Acre para saber se a população é a favor ou contra a mudança de horário determinada pela Lei 11.662/08. A lei, em vigor desde junho do ano passado, diminuiu de duas para uma hora a diferença de fuso horário em relação a Brasília.

A matéria será enviada ao Senado para votação.

AGRICULTURA FAMILIAR

Mensagem de Missao Tanizaki: defensor da agricultura familiar e do aguapé!

Sempre acreditei na Agricultura Familiar porque a maioria dos envolvidos estão começando a sua longa jornada na produção agropecuária, praticamente, sem conhecimento algum – muito melhor para se aprender & permanecer no Caminho SUSTENTÁVEL do Desenvolvimento SOCIAL & Econômico do Brasil, de FATO, SUSTENTÁVEL.

Esses Cidadãos Brasileiros não apresentam os menos VÍCIOS daqueles que “aprenderam” a atuar no Modelo MALÉFICO que era baseado nos ABUSOS das MULTINACIOANAIS NÃO – ÉTICAS que sempre visaram LUCROS a qualquer CUSTO.

Para Fortalecer a Agricultura Familiar e torná-la IRREVERSÍVEL é preciso orientar todos os Cidadãos Brasileiros que atuam nos Órgãos Públicos, Ong’s, Pesquisadores, Governantes & Parlamentares, entre outros, para que mostrem o Caminho SUSTENTÁVEL para que se tornem digno merecedor do referido Caminho SUSTENTÁVEL que cada um pode construir com da equipe BR do AGUAPÉ.

O Caminho SUSTENTÁVEL é a Produção Agropecuária ORGÂNICA que a Equipe BR do AGUAPÉ tem recomendado, com ÉTICA, porque tem consciência da importância & potencialidade do AGUAPÉ.

Um Abraço Fraterno a VOCÊ membro / Colaborador (ou pretendente),

MISSAO TANIZAKI
Fiscal Federal Agropecuário
Bacharel em Química
missao.tanizaki@agricultura.gov.br (Com Problemas)
missao.tanizaki@gmail.com (NOVO)
Equipe BR do AGUAPÉ
TUDO POR UM BRASIL & MUNDO MELHOR

CHIP PARA RASTREAMENTO BOVINO

Primeiro chip nacional para rastreabilidade bovina entra em fase de testes

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil

[Instalação de chip de identificação em bezerro. Foto: Embrapa Gado de Corte]

Brasília - O primeiro chip 100% brasileiro para rastreabilidade bovina entrará, nesta semana, na fase final de testes antes de começar a ser produzido em larga escala. Desenvolvido pelo Centro de Excelência em Tecnologia Avançada (Ceitec) de Porto Alegre, ele será testado em animais da Fazenda Experimental Santa Rita, no município de Prudente de Morais, em Minas Gerais.

Os ministros Sergio Resende, da Ciência e Tecnologia, Reinhold Stephanes, da Agricultura, e Dilma Rousseff, da Casa Civil, além do governador de Minas, Aécio Neves, participarão do lançamento da fase de testes em campo na quinta-feira (5), às 10h. A identificação eletrônica possibilita o acompanhamento de informações genéticas, zootécnicas e sanitárias de cada animal, desde o nascimento até o abate.

O sistema de rastreabilidade desenvolvido pelo Ceitec conta com um software de banco de dados, um coletor e um brinco que contém um chip e uma antena. Para colher os dados do animal, basta aproximar um bastão com um leitor do chip, preso na orelha do animal. As informações são repassadas a um computador por meio de cabo ou rádio. Cada leitor tem capacidade de armazenar até 7 mil dados.

A rastreabilidade vem sendo cada vez mais exigida por países compradores de carne. No início de 2008, a União Europeia embargou as importações de carne bovina brasileira devido a falhas no sistema de controle nacional e até hoje, um ano e meio depois, não retomou as compras no mesmo volume de antes do embargo.

De acordo com nota divulgada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, “o chip do boi faz parte da estratégia nacional de desenvolver um padrão brasileiro de rastreabilidade e, a partir daí, estimular a criação de um mercado comprador”. O chip nacional deve ter o preço como grande diferencial aos pecuaristas, na medida em que eliminará o pagamento da validação no exterior e de royalties.

O país tem cerca de 200 milhões de cabeças de gado bovino, segundo dados do Ministério da Agricultura, e é o maior exportador mundial de carne. As exportações do setor ultrapassam R$ 2 bilhões.

NOVO FUSO HORÁRIO ACREANO: PLENÁRIO DA CÂMARA VOTA PROPOSTA DE REFERENDO HOJE

Janary Júnior
Agência Câmara

O Plenário pode votar hoje, em sessão extraordinária, três propostas. A primeira é o Projeto de Decreto Legislativo 981/08, do deputado Flaviano Melo (PMDB-AC), que dá à população do Acre a oportunidade de decidir sobre o fuso horário do estado. A matéria tramita em regime de urgência, aprovado na semana passada pelos deputados.

A Lei 11.662/08 reduziu a diferença entre o fuso do Acre e o horário oficial de Brasília, de duas para uma hora. O deputado Flaviano Melo quer que a mudança seja analisada pela população em um referendo.

As outras duas matérias que serão analisadas pelos deputados são as PECs 324/09 e a 47/03, ambas do Senado. A primeira torna o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) integrante e presidente natural do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A PEC foi aprovada em primeiro turno no início de outubro, e será colocada em votação novamente. A segunda proposta inclui a alimentação na lista dos direitos sociais estabelecidos pela Constituição.

Medidas Provisórias
As sessões ordinárias desta semana estão trancadas por duas medidas provisórias (MPs). Os deputados devem analisar emendas aprovadas pelos senadores às MPs 465/09, que autoriza a União a assegurar os financiamentos do BNDES para produção ou compra de bens de capital, e 466/09, que altera as regras de distribuição e geração de energia nos sistemas isolados da região Norte.

Há mais duas MPs, mas que não trancam a pauta: a 469/09, que libera R$ 2,1 bilhões do orçamento federal para financiar ações de prevenção e combate à gripe A (gripe suína); e a 470/09, que reforça o patrimônio da Caixa Econômica Federal em R$ 6 bilhões para ampliar a concessão de financiamentos bancários.

A Ordem do Dia da sessão ordinária começa às 16 horas.

VIGAS FEITAS DE CONCRETO, FIBRA DE VIDRO E MADEIRA CERTIFICADA

Vigas híbridas feitas com lâminas de eucalipto coladas, reforço de fibra de vidro (na base) e ganchos metálicos (no topo) para ligar a estrutura ao concreto


Construções mais seguras e ecológicas

O emprego de vigas híbridas, feitas com lâminas de madeira coladas, concreto e reforço opcional de fibra de vidro, pode aumentar a segurança das construções, pois elas são mais resistentes que as vigas convencionais, feitas só com madeira ou concreto. Pensando em incentivar o uso desse material no país e torná-lo ecologicamente correto, um pesquisador paulista desenvolveu vigas híbridas feitas com madeira extraída de florestas certificadas.

“As vigas híbridas são pouco usadas nas construções brasileiras, mas o emprego desse material é uma tendência mundial forte que veio para ficar”, avalia o engenheiro civil José Luiz Miotto, que desenvolveu as novas vigas híbridas em seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP).

As vigas são estruturas colocadas horizontalmente para sustentar o peso das construções. Por serem mais resistentes que as vigas compostas somente por um material, as híbridas permitem aumentar o espaço entre os pontos de apoio da construção. O pesquisador acrescenta que, apesar de serem mais indicadas para construções de médio e grande porte, as vigas híbridas podem ser usadas também em pequenas edificações.

O diferencial do produto desenvolvido por Miotto é a escolha da matéria-prima para a viga: o eucalipto (espécie híbrida de Eucalyptus grandis e Eucalyptus urophylla) certificado. “Fiz isso para incentivar as pesquisas com madeira proveniente de florestas plantadas”, explica o engenheiro.

Segundo ele, a madeira certificada tem pré-requisitos suficientes para amenizar o impacto ambiental das construções, por ser um recurso renovável, reaproveitável e cuja procedência garante a não agressão ao ambiente. Além disso, o eucalipto usado na pesquisa, embora tenha densidade menor do que as madeiras tradicionalmente empregadas em construções (como o ipê e a maçaranduba), não diminui a qualidade das vigas, o que pode reduzir a demanda por madeiras nobres.

Combinação de qualidades

Por se tratar de um recurso renovável e de procedência conhecida, o uso da madeira de eucalipto certificado minimiza o impacto ambiental das construções (foto: André Ribeiro).
Miotto explica que a ideia por trás das vigas híbridas é aproveitar o melhor de cada material usado e compensar suas fraquezas por meio da combinação deles. A madeira é biodegradável e barata, além de ser renovável. Entretanto, ela tem pouca tolerância à tração na presença de defeitos.

Para sanar esse problema, entram em cena o concreto e a fibra de vidro, que adicionam, respectivamente, rigidez e resistência à viga. O estudo mostra que o uso do concreto junto com a madeira e a fibra de vidro torna as vigas híbridas 134% mais rígidas e 28% mais resistentes.

No total, Miotto produziu 11 vigas com cinco metros de comprimento. O primeiro passo foi confeccionar a parte de madeira laminada colada, composta por 12 lâminas de três centímetros de espessura e nove centímetros de largura cada. No lado da viga que fica voltado para baixo, ele adicionou o reforço de fibra de vidro, com 0,5 milímetros de espessura. Por fim, o concreto foi colocado na parte de cima da viga e ligado a ela por meio de ganchos metálicos.

Para Miotto, o Brasil ainda engatinha no emprego de vigas híbridas na construção civil. A pequena tradição de uso desse tipo de estrutura e o número reduzido de empresas fabricantes da madeira laminada colada são as principais causas dessa situação.

O resultado é sentido no preço: as vigas híbridas ainda são mais caras que as vigas comuns. Entretanto, o engenheiro destaca que a qualidade e a resistência das estruturas híbridas saltam aos olhos. “Os preços são competitivos em países onde há muitos fabricantes desse material”, acrescenta. “No caso do Brasil, a falta de produtores faz com que o preço seja alto, mas não inviável.”

Raquel Oliveira
Ciência Hoje On-line

Foto: José Luiz Miotto