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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

28 novembro 2008

PRIMEIRAS TARTARUGAS NÃO TINHAM CASCO

Mais antiga tartaruga não tinha casco

Fóssil de 220 milhões de anos encontrado na China sugere origem marinha para esses quelônios

[Representação artística da Odontochelys semitestacea, a mais antiga tartaruga de que se tem notícia. O fóssil de 220 milhões de anos encontrado na China sugere que esses répteis surgiram na água. Clique na imagem para ampliá-la (arte: Marlene Donnelly)].

Foram encontrados no sudoeste da China fósseis da tartaruga mais antiga de que se tem notícia, com 220 milhões de anos. O esqueleto achado na província de Guiyang chama a atenção por não possuir o resistente casco que protege e envolve quase todo o corpo das tartarugas modernas. Os paleontólogos que analisaram o fóssil acreditam que ele esclarecerá muitas dúvidas sobre a evolução dos quelônios e sobre o surgimento de seu casco.

Apesar de não ter o casco, a tartaruga do Triássico superior chinês já apresentava a proteção ventral, conhecida como plastrão – um escudo ósseo exclusivo das tartarugas – completamente formado. Por isso, a espécie foi denominada Odontochelys semistestacea – literalmente, “tartaruga dentada com meia carapaça”. O quelônio foi descrito na Nature desta semana por cientistas chineses, americanos e canadenses.

As pistas sobre a evolução das tartarugas aparecem já nas rochas em que o fóssil foi encontrado – um depósito marinho. Isso indica que elas eram inicialmente aquáticas e não terrestres, como imaginavam os pesquisadores. A tartaruga chinesa provavelmente vivia à margem de oceanos ou em deltas de rios, conta o paleontólogo canadense Robert Reisz, que comentou a descoberta na mesma edição da Nature.

“Fósseis descobertos anteriormente indicavam que as primeiras tartarugas eram terrestres, mas a Odontochelys mostra que elas surgiram na água,“ explica ele à CH On-line. Antes dela, o fóssil mais antigo conhecido de tartaruga era da Proganochelys, encontrada na Alemanha, com 210 milhões e já com o casco formado. “Esta é uma descoberta surpreendente que desafia a olhar de volta para a origem desses animais”, completa Reisz.

Mistérios desvendados

Apesar da ausência do casco, o escudo ósseo inteiramente formado no ventre da tartaruga indica que a carapaça é formada a partir do desenvolvimento e alargamento das costelas e da coluna vertebral do réptil. O fóssil apresentava placas ossificadas formadas pela espinha dorsal no lugar do casco.


[O esqueleto da Odontochelys semistestacea em dois ângulos. A visão de seu dorso (esquerda) evidencia a ausência de casco, o que sugere que essa estrutura surgiu a partir das costelas e da coluna vertebral. A imagem da parte de baixo do quelônio (direita) mostra o plastrão, escudo ósseo que protegia o animal contra predadores, completamente formado (foto: Instituto de Paleontologia Vertebrada e Paleantropologia, Pequim)]

A presença do plastrão na Odontochelys semistestacea sugere que ela precisava de uma proteção ventral, e não dorsal, como a conferida pelo casco das tartarugas modernas. Uma hipótese formulada pelos pesquisadores sugere que esse escudo ósseo servia para proteger as tartarugas dos predadores que nadavam por baixo delas.

A paleontóloga Chun Li, da Academia Chinesa de Ciências em Pequim, uma das autoras do artigo, acredita que a hipótese da formação do casco valha tanto para as tartarugas marinhas quanto para as terrestres. “Acredito que a vida e os hábitos desses animais eram muito semelhantes aos que conhecemos hoje”, diz ela à CH On-line. “Mas o novo fóssil prova que ainda temos muito para conhecer sobre as tartarugas.”

Juliana Marques
Ciência Hoje On-line

TIÃO VIANA NA PRESIDÊNCIA DO SENADO

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Todos os acreanos devem se unir para ajudar o senador Tião Viana (PT) a chegar à presidência do Senado. O Estado como um todo só tem a ganhar. Não apenas verbas adicionais importantes para o desenvolvimento local, mas respeito e reconhecimento nacional. O Acre precisa, e muito.

Meu apoio explícito à pretensão de Tião é baseado não apenas nos dividendos econômicos e políticos para o Estado. Mas pela sua conduta ética e competência demonstrada quando assumiu a presidência daquela casa alguns anos atrás. Ele assumiu o Senado em um momento em que a instituição era saco de pancada diário na imprensa por conta do comportamento pouco ético dos senadores que conduziam a mesma. Deu transparência a muita coisa que alguns Senadores queriam manter longe dos olhos públicos. Mas o mais importante foi não ter compactuado com o grupo que tinha assumido o poder e que manteve, por um tempo, a imagem da casa na lama.

ELES NUNCA SABEM DE NADA

Deputado Luiz Calixto

O superintendente do IBAMA no Acre, Anselmo Forneck, está se comportando como um autêntico petista. Ele não sabia de nada.

Há mais de cinco anos no cargo e somente agora “descobriu” que a reserva Chico Mendes está se transformando numa imensa fazenda de gado.

A opção pela pequena pecuária foi motivada pela falência da atividade extrativista.

O superintendente do IBAMA tinha, e tem, toda estrutura para fiscalização a reserva. Apoio nunca não lhe faltou. É o único chefe do círculo das amizades íntimas da ministra Marina Silva, com liberdade para ligar e acordar a senadora a qualquer hora do dia ou da noite.

Pego com as calças na mão, participou da operação cinematográfica para expulsar os "fazendeiros" que ele mesmo deixou prosperar. Agiu como o elemento que foi flagrado roubando um porco e, com o bicho gritando nas costas, perguntou para o policial.

- O que é [que] esse porco está fazendo aqui nas minhas costas?

Talvez ele seja o único cidadão que mora no Acre e que está envolvido com os acontecimentos políticos e administrativos [que] não sabia do avanço da pecuária na área da reserva.

O IBAMA paga funcionários para gerenciar a reserva e o superintendente não sabia de nada? Coitadinho.

O único atenuante a seu favor é que ele é petista e, como sempre, eles nunca sabem de nada.

Nota do Blog: Conheço e respeito Anselmo Forneck, que tem feito muito mais coisas boas do que erradas durante a sua administração do escritório local do IBAMA. A avaliação do Deputado Calixto sobre a operação de retirada dos pecuaristas ilegais da RESX Chico Mendes é extremamente dura, deselegante até, mas as suas críticas sobre a forma como a mesma foi realizada têm cabimento. O mesmo se aplica a sua argumentação de que todos que trabalham com a parte fundiária, pesquisa e meio ambiente no Acre, sabiam que a pecuarização da RESEX Chico Mendes é uma realidade faz alguns anos. Até dissertação de mestrado e tese de doutorado foram realizadas sobre a questão.

Os mais curiosos podem clicar nos links abaixo para ler mais sobre o assunto:

- PECUÁRIA EM RESERVA EXTRATIVISTA!
- GADO VERSUS BORRACHA: AS MUDANÇAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO ENTRE OS EXTRATIVISTAS DA AMAZÔNIA
- PECUARIZAÇÃO DO ACRE! RESERVAS EXTRATIVISTAS: A ÚLTIMA FRONTEIRA
- EXPLORAÇÃO COMERCIAL DE MADEIRA NAS RESERVAS EXTRATIVISTAS

PSICOPATAS: DELÍRIOS PODEM REDUZIR POTENCIAL DE AÇÕES VIOLENTAS

Estudo feito na Unicamp com pacientes psicóticos indica que o delírio, ao contrário do que se imaginava, pode reduzir o potencial de ações violentas

Psicopatologia do crime

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Um estudo realizado com pacientes psicóticos delirantes sugere que o delírio, ao contrário do que se imaginava, pode reduzir o potencial de ações violentas. O trabalho, que investigou a relação entre o delírio e a ocorrência de crimes violentos, foi realizado por pesquisadores do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e teve seus resultados publicados no Jornal Brasileiro de Psiquiatria.

O artigo foi produzido pelos professores Paulo Dalgalarrondo, da FCM, e Eduardo Henrique Teixeira, do Departamento de Neuropsiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. Dalgalarrondo orientou o doutorado de Teixeira na Unicamp.

O estudo avaliou diversas dimensões do delírio, síndrome constituída por um conjunto de idéias mórbidas que geralmente traduzem uma alteração do juízo, levando o paciente a se apegar a alguma convicção inabalável. De acordo com Teixeira, existem consensos na literatura sobre o tema, que, no entanto, ainda é pouco estudado.

“Os resultados alertam para a necessidade de uma visão muito cuidadosa em relação ao paciente potencialmente agressor. Oferecem dados que sugerem que um indivíduo, mesmo estando em plena atividade psicótica delirante, poderá apresentar outros elementos do psiquismo com pouco comprometimento ou pequena manifestação clínica. Sendo assim, poderá ser negligenciado e não receber a atenção preventiva devida”, disse à Agência FAPESP.

Participaram do estudo dois grupos de 30 indivíduos com psicose delirante. Um grupo consistia de pacientes de uma Casa de Custódia do Estado de São Paulo. Segundo Teixeira, os pacientes do grupo comparado foram selecionados de enfermarias psiquiátricas comuns.

A idade média de ambos os grupos foi – com uma pequena variação entre os grupos – de 38 anos, e a duração média da doença foi de 15,8 e 16,5 anos, respectivamente, com maior representação, pela ordem, dos transtornos psicóticos (como a esquizofrenia), dos transtornos delirantes, dos transtornos psicóticos agudos e dos transtornos esquizoafetivos.

O delírio persecutório foi o mais comum presente em ambos os grupos, com 70% contra 76,7% no grupo comparado. “Trata-se do tipo de delírio mais comum entre os diversos subtipos de pacientes com esquizofrenia. Esse delírio é caracterizado por pensamento paranóide, isto é, de conteúdo de perseguição, como acreditar estar sendo seguido, vigiado ou ter sido vítima de macumba”, explicou.

A fim de identificar a atividade delirante nos dois grupos, os pacientes tiveram seus sintomas do passado e do presente confirmados no início da entrevista. O critério de inclusão exigia que todos os pacientes ainda estivessem delirantes, mesmo sob uso de medicação. Nenhuma diferença foi encontrada entre os dois grupos em relação à psicopatologia, segundo o estudo.

“Concluímos que é possível que os delírios que conduzam a maior inibição de ações possam inibir ações agressivas e potencialmente violentas resultantes do delírio e, ao contrário do que se afirma correntemente, pacientes delirantes assustados parecem cometer menos atos violentos. Portanto, fatores inerentes a algumas dimensões do delírio podem ser relevantes na ocorrência de crimes violentos cometidos por pacientes psicóticos”, afirmou Teixeira.

Avaliação imediata

De acordo com o estudo, das várias dimensões estudadas, "afeto negativo", "atuação no delírio" e "inibição de ação por causa do delírio" foram as que mostraram diferença estatística significativa entre os dois grupos. Os resultados apontam que, em relação às dimensões do delírio, o grupo-caso teve menor pontuação em "inibição de ação por causa do delírio" e "afeto negativo".

A principal limitação do estudo, segundo o professor da PUC-Campinas, diz respeito ao longo tempo já transcorrido após a ocorrência do crime e a presença e comorbidade com álcool e drogas. “É possível que alguns pacientes tentassem esconder ou negar os sintomas, pois poderiam acreditar que a entrevista acabaria por afetar indiretamente sua condição, no que se refere à avaliação de periculosidade”, disse.

Para dar continuidade ao estudo, segundo Teixeira, a idéia é tentar realizar esse tipo de pesquisa no menor tempo possível após a ocorrência do crime pelo paciente psiquiátrico.

“Se possível, poderíamos começar logo que for atendido em uma unidade médica após o crime. Uma outra possibilidade é realizar um estudo de seguimento para acompanhar a evolução desses pacientes após serem submetidos a um tratamento especializado”, destacou.

O pesquisador reforça que o estudo faz parte de um campo pouco estudado, mas de grande relevância. “Acredito que um dos possíveis motivos seja a falta de incentivos, além das dificuldades impostas no contato com esse subgrupo de pacientes”, disse.

Para ler o artigo Bases psicopatológicas do crime violento: estudo caso-controle retrospectivo de pacientes delirantes criminosos e não-criminosos, de Eduardo Henrique Teixeira e Paulo Dalgalarrondo, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.

AIDS NO BRASIL

Pesquisa comprova que, quanto maior a vulnerabilidade, maior o risco de não-adesão ao tratamento anti-retroviral

Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias

Analisar a relação entre a vulnerabilidade ao HIV e a não-adesão ao tratamento anti-retroviral foi o objetivo de um estudo feito em Belo Horizonte. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) entrevistaram cerca de 300 portadores do HIV atendidos por duas instituições públicas de referência em Aids. Os resultados mostraram que se trata de uma população muito heterogênea, com grupos expostos à grande vulnerabilidade, e que a incidência de não-adesão ao tratamento é elevada. O estudo gerou um artigo publicado na edição de novembro da revista Cadernos de Saúde Pública, periódico científico da Fiocruz.

A não-adesão ao tratamento anti-retroviral pode trazer conseqüências que vão além dos prejuízos à saúde do próprio paciente. Somada a comportamentos de vulnerabilidade, como relações sexuais sem camisinha, essa não-adesão expõe ao risco do HIV as pessoas com quem o paciente se relaciona. Por outro lado, pesquisas já constataram também que, devido ao sucesso do tratamento anti-retroviral, capaz de reduzir a carga de HIV e garantir aos indivíduos uma vida normal, alguns pacientes acabam se descuidando: por exemplo, por se sentiram bem, acreditam equivocadamente que podem, às vezes, abrir mão dos medicamentos e da camisinha.

No estudo em Belo Horizonte, participaram pacientes que estavam recebendo sua primeira prescrição médica de anti-retrovirais. Eles foram entrevistados quando retornavam aos centros de saúde para o acompanhamento médico de rotina. Nessas entrevistas, os pesquisadores observaram que cerca de 37% dos pacientes relataram algum episódio de não-adesão ao tratamento – definido como a ingestão de menos de 95% da dose prescrita de um anti-retroviral ao longo dos três dias anteriores à consulta médica. Quanto ao uso da camisinha, entre aqueles que relataram atividade sexual no mês anterior, 35% praticaram sexo sem preservativo.

“Os participantes, em sua maioria, tinham entre 30 e 39 anos de idade, eram do sexo masculino, afrodescendentes e de baixa renda, compreendiam a necessidade de tomar os anti-retrovirais e contaram ser portadores do HIV para alguém próximo”, dizem no artigo a pesquisadora Palmira de Fátima Bonolo e co-autores. Apesar dessas características atribuídas à média dos participantes, estes constituíam uma população bastante diversificada. A metodologia utilizada pelos pesquisadores (chamada Grade of Membership) permitiu dividir os entrevistados em três grupos (P1, P2 e P3), em ordem crescente de vulnerabilidade ao HIV.

No grupo P1 foram incluídos indivíduos com três características de vulnerabilidade: ser do sexo feminino, ter uma razão pessoal e uma indicação médica para fazer o teste do HIV e não ter contado a ninguém sobre o resultado positivo do exame. Já o grupo P2 era formado por indivíduos com sete características de vulnerabilidade, entre as quais uso irregular de camisinha e consumo de álcool no último mês. Por fim, os indivíduos do grupo P3 apresentavam 14 categorias de vulnerabilidade, como não ter parceiro sexual fixo e usar drogas ilícitas.

De acordo com o estudo, o grupo P3 teve uma maior associação com a não-adesão ao tratamento anti-retroviral. Por isso, os pesquisadores recomendam que os profissionais da saúde fiquem mais atentos às vulnerabilidades dos pacientes, especialmente daqueles com perfil P3. “Com base nos perfis encontrados no estudo, os profissionais da saúde deveriam focar nas vulnerabilidades individuais tais como ser jovem, julgar que não precisa dos anti-retrovirais e viver sozinho, de modo a oferecer a estes pacientes aconselhamento médico contínuo e encaminhá-los aos grupos alternativos de apoio, por exemplo, às organizações não-governamentais”, sugerem os autores no artigo.

Foto: Grupo de percussão Batalá, durante manifestação em Brasília para lembrar o Dia Mundial de Luta contra a Aids, em 2007 (Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil)

27 novembro 2008

ACRE REPROVADO NO ENEM: UM DEBATE NECESSÁRIO

De quem é a culpa ?

Do MEC, Binho Marques e os Professores.

É comum os nossos pais e professores de universidades comentarem a respeito do bom ensino público no estado do Acre que tinha no passado. Por exemplo, o Colégio Acreano e o CERB – que na época tinha outro nome. Infelizmente com o passar dos anos a qualidade do ensino caiu vergonhosamente, mas, esta situação deveria ser ao contrário, pois, nossos pais não tinham as grandes infra-estruturas físicas que os alunos possuem hoje.

A culpa deste quadro caótico é de quem? Será que tem algum culpado?

Lamentavelmente, atribuímos a culpa primariamente ao Ministério da Educação (MEC), principalmente pela forma de avaliação aplicada nas escolas públicas, onde qualquer aluno é aprovado. Podemos citar a seguinte situação, a média hoje são 5 pontos, isto é uma vergonha! Das 8 disciplinas estudadas anualmente, 4 são estudadas no primeiro semestre e o restante no segundo. Agora me digam, quem é o aluno que vai lembrar de alguma coisa que estudou no primeiro semestre? Nenhum.

Em resposta, vem o Senhor Ministro da Educação dizer que tais medidas são para diminuir a evasão escolar. Sem fecundas retóricas, os chefes de estados e educadores aplaudam e aceitam.

É importante evidenciar que tal posição governamental está tendo seu efeito esperado. Por outro lado, as reações adversas estão depreciando qualidade do ensino. As escolas públicas estão formando pessoas despreparadas, sem base de conhecimento sólido em matemática, física, português, redação e química, as quais futuramente entram na universidade e são reprovadas em diversas disciplinas básicas e ficando anos a mais que o previsto.

Outro agente responsável pela parte da culpa é o atual governador, uma pessoa experiente no assunto que poderia pelo menos discutir formas de ensino que formem alunos interessados e capacitados. Não apenas mascarar o ensino público com coisas fúteis e sem resultados efetivos.

Por fim, vêm nossos mestres!

É sabido por todos, a grande carga de trabalho que enfrentam todos os dias, mas a responsabilidade e a cobrança são fundamentais para o fortalecimento da educação. O que está faltando são professores compromissados com a educação. A maioria só reclama do salário e vivem discutindo questões políticas e salariais que divergem das questões educacionais.

“Toda a riqueza do país está na qualidade educacional!!”

Do leitor que se autodenomina 'A Vítima"

26 novembro 2008

DESMATAMENTO: MUDANÇAS IRREVERSÍVEIS NA AMAZÔNIA E DESERTIFICAÇÃO NO NORDESTE

Modelo do Inpe indica que com 50% da área original desmatada Amazônia sofreria mudanças irreversíveis. Novo equilíbrio aceleraria desertificação no Nordeste

Equilíbrio indesejável


25/11/2008

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Cerca de 20% da cobertura original da Amazônia já foi destruída. O desmatamento de mais 30% causará mudanças irreversíveis no bioma, extinguindo a parte oriental da floresta, de acordo com um novo modelo desenvolvido no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O modelo, resultado da tese de doutorado defendida por Gilvan Sampaio, em março, no Inpe, foi apresentado pelo pesquisador, na semana passada, na Conferência Internacional Amazônia em Perspectiva, em Manaus. O estudo foi orientado por Carlos Afonso Nobre e Prakki Satyamurty, ambos pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Nobre também é coordenador executivo do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais.

De acordo com Sampaio, o estudo analisou a situação do bioma em um intervalo de 24 anos e mostrou que, se o desmatamento chegar a 50% da área original da Amazônia, a região leste da floresta se transformará em savana. O Nordeste do país também sofrerá impactos importantes, com avanço acelerado da desertificação.

“Descobrimos que um desmatamento acima de 50% estabeleceria um novo estado de equilíbrio na Amazônia, dando ao bioma uma configuração irreversível. Essa cifra representa a transição para um ponto sem retorno”, disse Sampaio à Agência FAPESP.

A principal novidade do novo modelo, segundo ele, é articular cenários de clima e vegetação, ao contrário dos modelos convencionais, nos quais a vegetação não passa de um dado estático.

“É comum que se pense que a floresta, depois de cortada, vá se regenerar. Mas o clima depende da vegetação tanto como ela depende do clima. Quando a vegetação é eliminada, a partir de um certo ponto, o clima também muda. Com isso, a situação anterior não volta mais”, explicou.

Outro engano comum, segundo Sampaio, é pensar que a savanização consistiria em transformar a floresta em cerrado. “O cerrado é um bioma muito rico em comparação com a savana. O resultado seria uma savana muito mais empobrecida. Com o desaparecimento da floresta no oriente da Amazônia, o processo de desertificação do Nordeste seria bastante acelerado”, disse.

No estudo, Sampaio utilizou cenários de mudanças climáticas e de mudanças no uso do solo considerando áreas de desflorestamento equivalentes a 20%, 40%, 50%, 60%, 80% e 100% da cobertura original da Amazônia. A simulação de desmatamento foi projetada para o futuro considerando que se mantenham as atuais tendências.

“Rodamos o modelo climático inserindo perturbações causadas pela mudança na vegetação. Para isso, utilizamos os cenários partindo de condições extremas. Se partirmos de 100% de cobertura, quando passamos de 40% já chegamos a outro estado de equilíbrio, com savanização do leste. Se partirmos do deserto total e adicionarmos florestas, o sistema chega a um estado de equilíbrio quando atingimos 50% de florestas. Ou seja, esse número está consolidado como o ponto de não-retorno”, afirmou.

Os resultados para a Amazônia oriental, onde se espera o maior nível de mudanças na cobertura do solo durante este século, mostram um aumento na temperatura próxima à superfície da floresta e queda nos índices de precipitação e evapotranspiração.

Sampaio afirma que uma das principais conclusões do estudo é que, para atingir o novo equilíbrio – com alterações irreversíveis – não importa a geografia do desmatamento. O que importa é a quantidade da área desmatada.

“Fizemos simulações randômicas e notamos que não há muita diferença em tirar do leste ou do oeste. O que faz diferença é a quantidade. Desmatando em qualquer lugar, o ponto de não-retorno era atingido quando chegávamos a cerca de 50%. Por outro lado, o leste, mais ameaçado, sofreria a maior parte das conseqüências. A floresta permaneceria no oeste mesmo no novo equilíbrio climático”, destacou.

(Fotos: LBA)

ACRE REPROVADO NO ENEM: UM DEBATE NECESSÁRIO

"BINHO MARQUES E O ENEM"

Deputado Estadual Luiz Calixto

Os sucessivos resultados pífios no ENEM são como um chute na canela do governador Binho Marques.

Nenhuma outra pessoa no Acre passou tanto tempo dirigindo o setor educacional em cargos de direção superior quanto o atual governador.

Foram quatro anos como secretário municipal de educação da capital, oito como secretário estadual e, até agora, dois como governador do estado.

Ao todo são quatorze anos segurando a caneta em postos onde são definidas as regras e os investimentos no setor.

Tempo mais que suficiente para que os resultados positivos fossem revelados nos exames de aferição de qualidade do ensino.

Para quem fora apresentado como o revolucionário da educação acreana, os resultados do ENEM funcionam como um balde de água fria na "foba" petista.

ACRE REPROVADO NO ENEM: UM DEBATE NECESSÁRIO

A QUEM SERVE ESSA CARAPUÇA?

Sempre é assim os funcionários públicos sempre são os coitadinhos da história...

Existe um grande diferença entre "ser" professor e "está" professor. Com a melhora de salário para os professores no estado do Acre nos últimos anos, cresceu a categoria dos que "estão" professores, sem ter a mínima vocação para execer o magistério. Estão mais preocupados com a politicagem,independente da ideologia politica, e com a questão salarial.

A qualidade do ensino é o que menos importa. Não existe o amor pela profissão. Nos momentos atuais, da sociedade consumista em que vivemos isto soa até ridículo aos ouvidos de alguns. Não vamos ser hipócritas. Precisamos de dinheiro sim, porém além da questão financeira tem outras questões como por exemplo a moral e a ética.

Infelizmente em nosso estado a melhoria salarial, das instalaçoes escolares e da democracia escolar estão sendo inversamente proporcionais à qualidade de ensino. Um funcionário que "é" professor trabalha pelo dinheiro também, entretanto não espera só pelo governo, como se esse fosse o único responsável pelo bem e pelo mal que acontece em nosso ensino. Existe muito comodismo sim em nossa classe.

Digo isso por conhecimento de causa, pois sou professor. Sou testemunha da falta de compromisso de alguns colegas. Isto se evidencia quando ocorre um treinamento oferecido pela secretaria. A maioria que comparece,vai por que se sente obrigada por pressão funcional e não por consciência moral. Ainda estão na fase da Heteronomia, de Jean Piaget ou seja vão por que têm medo do castigo e não pelas regras morais interiorizadas(Autonomia). O que mais se ouve (em conversas paralelas) é que aquilo tudo não passa de "besteiras" e que "já sabem de tudo aquilo". Não têm sequer a hombridade de externar as seus pensamentos aos ministradores.

Meu Deus !! São essas pessoas que estão formandos os futuros cidadãos. E depois a culpa é dos govermantes. Não procuram melhorar por sí próprio através de leituras de livros e revistas, de entrevistas sobre a educação em programas de canais de TV especializados. Resumindo: não buscam conhecimentos para enfrentar as situações vivenciadas dia a dia nas salas de aulas. Falta pro-atividade. Preferem reclamar e esperar pelo governo.

Não serei a palmatória do mundo e nem serei hipócrita. EU também sou assim. Até quando vamos celebrar nossa estupidez ?

Texto do pseudo-anônimo Nabucodonosor Ashmed enviado como comentário ao post Mais uma vez o Acre é reprovado no ENEM. De quem é a culpa?

ACRE REPROVADO NO ENEM: UM DEBATE NECESSÁRIO

"NOTA VERMELHA"

Deputado Estadual Luiz Calixto

Há tempos que os resultados do ENEM expõem a fragilidade do ensino público no Acre.

Todos os anos a professora Maria Correa, secretária de educação, sai em socorro do governo petista afirmando que o ENEM, por ser facultativo, não serve como parâmetro para aferir a qualidade do ensino.

Ela é a única educadora no pais que pensa assim.

Neste ano o Acre teve o quarto pior desempenho na parte objetiva da prova.

Na prova de redação, o Estado obteve média 57,62, terceiro melhor desempenho entre os Estado do Norte.

As particulares, novamente, deram um “banho” nas escolas da rede pública.

Segundo o professor Evandro Ferreira, do blog Ambiente Acreano, “A oposição deveria cobrar explicações do Governo. Mas parece que a culpa maior não reside ai. Tudo indica que a maior parcela de culpa pelo fracasso reside nos professores.”
E se os resultados fossem positivos, meu caro professor? De quem seria o mérito?

O senhor duvida que a propaganda governista já não estaria saturando?

Até que nos esforçamos para cobrar explicações do governo, mas eles fogem da discussão. Ficam mudos.

Foi exatamente num debate na Assembléia que a professora Maria Correa afirmou que o ENEM não é indicador de qualidade de ensino.
Por mais que não queiram o governo deve assumir a culpa pelo desastre.

As ações da secretaria de educação estão mais voltadas para os empreiteiros da construção civil do que para a discussão e melhoramento do conteúdo curricular.

Diferentemente do professor Evandro Ferreira acho correto a decisão do núcleo do SINTEAC em Tarauacá em proporcionar possibilidades de recreação e ginástica aos seus associados.Afinal, os professores e professoras merecem um instante de entretenimento e relaxamento para enfrentar a escorchante carga horária.

PARÁ: TERRA DE DIREITOS, ESTADO DE CONFLITOS

"...Vinte e nove anos após, ribeirinhos de Portel continuam denunciando ameaças e perseguições na área dos rios Camarapi e Pacajá “por pistoleiros e policiais militares armados”. Só que a acusação agora recai sobre a empresa madeireira CIKEL, tida como exemplo de respeito ao meio ambiente e que possui selo internacional de certificação do “Forest Stewardship Council – FSC” em seus planos de manejo."

Nelson Batista Tembra
Ecodebate

O resultado do cruzamento de dados sobre o setor madeireiro, a máfia da grilagem, a violência no campo e o avanço da pecuária no Estado do Pará revela como estes dados, relacionados entre si, tornaram o Pará responsável por cerca de 40% do total desmatado em toda a Amazônia Legal. A região é palco constante de denúncias de abusos ambientais e desrespeito aos direitos humanos. Os problemas ambientais do Pará estão freqüentemente associados com ausência de aplicação da lei e injustiça social.

A análise de depoimentos de comunidades ribeirinhas, pesquisas científicas, declarações de autoridades, investigações independentes, notícias de jornais e revistas e dados oficiais do governo traça um panorama cruel do que vem ocorrendo em áreas remotas do Pará. Explica o processo de invasão e conquista de áreas remotas e intocadas, mostrando claramente que a ilegalidade, a desordem fundiária e a destruição da Amazônia ameaçam não só a floresta, mas as comunidades tradicionais que dela dependam para sobreviver.

Observa-se um quadro alarmante de invasões e grilagem de terras, violência, assassinatos e trabalho escravo, que é a face obscura da destruição da Amazônia. Considerados de forma isolada, cada um desses casos é uma ofensa à dignidade e direitos humanos, e juntos eles criam um panorama dramático de uma região brasileira que perece caminhar em direção a um futuro sem lei.

Relatórios de organizações não-governamentais dão conta que madeireiros e grandes latifundiários, em diferentes regiões do Pará, pressionam comunidades tradicionais indefesas a deixar suas terras e, em alguns casos, simplesmente expulsam os residentes locais destruindo suas plantações, queimando suas casas e até matando pessoas.

Ainda que inúmeros casos de violência, incluindo assassinatos, sejam registrados, quase nunca eles são investigados de forma apropriada. Os responsáveis raramente são punidos, porque as testemunhas são intimidadas ou mortas. A intervenção pública é desestruturada, esporádica, parcial e fragmentada. Os diferentes níveis e setores do governo dificilmente interagem satisfatoriamente entre si.

Um modelo equivocado de desenvolvimento abriu as portas para a invasão e ocupação ilegal de terras públicas e o uso de violência e degradação sistemática dos recursos naturais em nome do progresso econômico. Embora a destruição da floresta envolva muito dinheiro, ela beneficia poucos e o Pará continua apresentando baixíssimos índices de qualidade de vida e desenvolvimento social. Restam às populações menos privilegiadas, via de regra, as vergonhosas “epidemias” originárias do subdesenvolvimento.

Fica claro não ser mais possível compreender isoladamente o setor madeireiro do Pará, que deve ser enquadrado em contexto mais amplo. Mas, o acelerado processo de “desenvolvimento” é alimentado por atividades de grupos econômicos que operam sem sofrer o devido controle do governo federal e estadual, como grandes projetos privados que almejam trazer “progresso” para a região.

Na tentativa de salvar o que restou das florestas originais do Pará, comunidades locais, as organizações não-governamentais e setores do governo brasileiro estão engajados na luta por um modelo alternativo de uso da terra baseado na posse comunitária e no estabelecimento de uma rede de áreas protegidas.

Um exemplo didático desse quadro caótico está no município de Portel, e o caso é antigo, pois já havia sido denunciada na extinta “Província do Pará”, em 27 de novembro de 1979, com a manchete: “Prefeito de Portel acusa grupo por invasão de área”, referindo-se às denúncias do prefeito da época, Felizardo Justino Diniz, contra o Grupo Garcia, que, na área dos rios Camarapi e Pacajá, com métodos violentos, expulsavam ribeirinhos de suas moradias, agravando problemas ao erário com o aumento de demandas sociais na área municipal urbana.

Vinte e nove anos após, ribeirinhos de Portel continuam denunciando ameaças e perseguições na área dos rios Camarapi e Pacajá “por pistoleiros e policiais militares armados”. Só que a acusação agora recai sobre a empresa madeireira CIKEL, tida como exemplo de respeito ao meio ambiente e que possui selo internacional de certificação do “Forest Stewardship Council – FSC” em seus planos de manejo.

Somente agora, após as denúncias de Felizardo Justino Diniz feitas há quase três décadas, a Prefeitura Municipal de Portel, representada pelo prefeito reeleito Pedro Rodrigues Barbosa, e as Populações Tradicionais, ingressaram na Justiça Federal com uma ação civil pública, com antecipação de tutela, contra o Instituto de Terras do Pará - ITERPA, o Estado do Pará e a empresa Agropecuária Brasil Norte S.A. Produção e Exportação - ABC.

A ação, que é assinada pelo advogado Ismael Moraes, pede a suspensão dos registros imobiliários dos 108.241 hectares de terras da área conhecida por gleba Joana Peres I, além da realização de ação discriminatória pelos atores governamentais e não governamentais competentes, e uma vez definidas as posses, cancelamento dos registros de imóveis emitidos em nome da empresa.

De acordo com Ismael Moraes, “isto é um escândalo, típico de grilagem oficial, praticado pelo ITERPA em favor de uma empresa particular e em total detrimento aos direitos de populações tradicionais cujos direitos humanos foram violados pelo aparelho policial do Estado e pistoleiros da empresa, que expulsam, intimidam e ameaçam famílias nas terras onde elas sempre viveram e dela tiram o próprio sustento”.

Moraes acrescenta ter havido “fraude e nulidade de pleno direito” na emissão dos títulos. As terras foram vendidas pelo Estado para ABC em 1977, e pelo Código de Processo Civil, o direito para propor ação de cancelamento de registro já prescreveu há mais de 15 anos. Mas os direitos humanos dos ribeirinhos são imprescritíveis. E o argumento principal é de que a República Federativa do Brasil, da qual o Pará faz parte, e a União Federal, respeitam tratados e convenções internacionais de direitos humanos que são signatários.

É curioso verificar que o próprio diretor do Departamento Jurídico do ITERPA, Flávio Manso, em entrevista ao jornalista Carlos Mendes, tenha dito que o órgão iria se defender, “mas não da maneira como a ação civil pública impetrada por ribeirinhos da área vendida pelo Estado à empresa ABC estava colocada na Justiça Federal”.

A preocupação do ITERPA seria “equacionar o passivo fundiário” de Portel. Em termos jurídicos, há indícios de violação à norma constitucional que limitava a alienação de terra da União e do Estado a três mil hectares. A autorização para a venda de terra acima desse limite teria que ser feita pelo Senado.

A violação própria da norma constitucional não prescreve, e o ITERPA criou uma comissão para analisar a fraude que permitiu à empresa ABC adquirir mais de 240 mil hectares na região. “A aquisição foi feita pela interposição de outras pessoas. O ato, portanto, foi inconstitucional”. “O ITERPA, no seu entendimento, poderia, por intermédio do artigo 15 das disposições transitórias da Constituição Estadual, convalidar a venda das terras de Portel e enviar o caso para o Congresso Nacional”.

O Estado vai defender a licitação, entendendo que se houve fraude ela foi praticada pelo agente privado. “Os laranjas concentraram essas terras no nome de uma empresa. Agora, se este ato é nulo ou anulável, Manso não vê problema nenhum”. “Caso o Congresso Nacional convalide esse ato, problema dele” (isto nos remete a Poncio Pilatos…). A Constituição permite que o Estado faça a revisão de todos os títulos de terra expedidos até 1952. Essa revisão só cabe ao próprio Estado.

Lamentavelmente, o ITERPA não considera no mérito a questão que envolve direitos humanos, tida como ponto pacífico, conforme declarado pelo próprio representante do órgão fundiário à imprensa. As citações demonstram a intensidade e natureza dos “esforços” institucionais e poderiam explicar as razões pelas quais empresas “comprometidas com atividades legais sustentáveis”, “certificadas com Selo Verde”, continuem com um lugar garantido no presente e no futuro, apesar das graves denúncias e da mencionada ação judicial interposta. O principal desafio continuará sendo o de fazer valer o poder - e principalmente o dever - de o Estado perseguir e alcançar a verdadeira justiça, fundiária, social e ambiental.

Pelas evidências, não surpreende que a certificação florestal da Fazenda Jutaituba, com uma área total de 108.241 hectares, onde são colhidas mais de 60 espécies nativas, as mais importantes Angelim, Cupiuba, Fava, Ipê, Jatobá, Maçaranduba, Piquiarana, Tachi e Tatajuba tenha sido um processo voluntário em que foi realizada avaliação do empreendimento da CIKEL BRASIL VERDE S/A por uma organização independente, a certificadora SCIENTIFIC CERTIFICATION SYSTEMS - SCS, que verificou o “cumprimento de questões ambientais, econômicas e sociais que fazem parte dos Princípios do FSC”.

O FSC, sigla em inglês que significa Forest Stewardship Council, ou Conselho de Manejo Florestal, é uma entidade internacional que credencia organizações certificadoras de modo a garantir a “autenticidade” de suas declarações. Cabe às certificadoras avaliar operações de manejo florestal ou de cadeias de custódia para conceder o uso do selo FSC nos produtos, e auditar as operações certificadas, sejam de manejo florestal ou de cadeia de custódia.

Não surpreende que caiba à certificadora especificar e cobrar por este serviço, mais ainda: para candidatar-se à certificação, devam ser atendidos Princípios e Critérios, dentre os quais se destacam a obediência às leis e aos princípios do FSC. O manejo florestal deve respeitar todas as leis aplicáveis ao país aonde opera os tratados internacionais e acordos assinados por este país.

Outro critério avaliado na certificação se refere às responsabilidades e direitos de posse e uso da terra. Os direitos de posse e uso de longo prazo relativos à terra e aos recursos florestais devem ser claramente definidos, documentados e legalmente estabelecidos, devendo ser demonstrada, também, clara evidência quanto aos direitos de uso dos recursos florestais de longo prazo relativos à terra, por exemplo: título da terra, direitos costumários adquiridos ou contratos de arrendamento.

É surpreendente que as comunidades locais, com direitos legais e costumários de uso e de posse da terra, devam, segundo esses mesmos critérios e princípios, manter controle sobre as atividades florestais na extensão necessária para proteger seus direitos ou recursos, a menos que deleguem este controle a terceiros, de forma livre e consciente.

É surpreendente que devam ser adotados mecanismos apropriados para a resolução de disputas sobre reivindicações de posse e direitos de uso da terra. As circunstâncias e o status de quaisquer disputas pendentes devem ser explicitamente considerados na avaliação da certificação. É surpreendente verificar que disputas de magnitude substancial, envolvendo um número significativo de interesses, apesar das evidências e de constarem no próprio relatório de certificação, não tenham desqualificado a operação florestal de ser certificada.

Outro critério de certificação se refere às Relações Comunitárias e Direitos dos Trabalhadores. É surpreendente que as atividades de manejo florestal devam manter ou ampliar o bem estar econômico e social de longo prazo dos trabalhadores florestais e das comunidades locais.

Recomenda-se, ainda, que sejam dadas às comunidades inseridas ou adjacentes à área de manejo florestal oportunidades de emprego, treinamento e outros serviços. É surpreendente que o planejamento e a implantação de operações de manejo florestal devam incorporar resultados de avaliações de impacto social e que devam ser mantidos processos de consulta com as pessoas e grupos diretamente afetados pelas operações de planejamento.

Devem ser adotados mecanismos apropriados para resolver queixas e providenciar compensações justas em caso de perdas ou danos que afetem os direitos legais ou costumários, a propriedade, os recursos, ou o meio de vida das populações locais, e devem ser tomadas medidas para evitar tais perdas ou danos.

É surpreendente, diante dos fatos, que o FSC Internacional - FSC IC estabeleça, dentre outras, as regras acima citadas, para credenciamento de certificadoras responsáveis pela liberação do selo FSC, para garantir a credibilidade e acompanhar a evolução da certificação no mundo, e que as certificadoras sejam monitoradas constantemente pelo FSC IC.

Verifica-se no Relatório de Certificação do FSC, que o processo de certificação da CIKEL – Fazenda Jutaituba “pressupôs a realização de consultas públicas para os cidadãos e as mais diversas instâncias da sociedade civil organizada, direta ou indiretamente, interessadas no assunto”. Deste modo, “foram enviadas informações acerca do processo de Certificação que se estava iniciando, juntamente com um questionário, para diversos representantes de entidades, em todo o Brasil, com solicitação para que o processo fosse divulgado a todos os conhecidos”.

A área da fazenda Jutaituba é de Propriedade da Empresa Martins Agropecuária (Grupo Martins), e fica localizada no município de Portel, possui uma área total legalizada de 141.055,7 ha. A área total da fazenda é de 164.520 ha, porém os outros lotes estão em processo de legalização. As áreas com cobertura florestal para efetivo manejo somam 108.241,5 ha.

A fazenda faz limite ao norte com a fazenda ABC, ao sul com o município de Tucuruí, ao leste com o município de Bagre e Oeiras do Pará; e a oeste com o rio Pacajá. A sede da fazenda está localizada à margem direita do rio Pacajá. A área da Fazenda Jutaituba é considerada como uma das áreas mais bem preservadas de toda a região.

Em 2001, o grupo Martins abriu concorrência pública para arrendar a área visando à exploração florestal de forma sustentada. As empresas candidatas deveriam certificar a área de manejo e atender uma série de exigências, quanto à capacidade técnica, gerencial, etc. Durante o processo participaram 11 empresas, e o grupo CIKEL foi o vencedor face ao “know how” da empresa no setor florestal.

No caso específico da SCS, optou-se, pela realização de duas Reuniões Públicas, em local próximo ou de melhor acesso à área Certificada. No caso, foram realizadas em Tucuruí/PA. A primeira reunião teve por objetivo apresentar o que é a Certificação do FSC, assim como a empresa que pretendia ter a área Certificada apresentou-se institucionalmente, perante a sociedade, da mesma forma como o seu Plano de Manejo.

Numa Segunda Reunião Pública, sem a participação da empresa requerente, a SCS novamente convidou as instituições conhecidas ou interessadas, e aquelas que participaram da Primeira reunião, para colher as “preocupações públicas” acerca do processo de Certificação que estava sendo avaliado.

No caso específico da questão atinente às comunidades do rio Camarapi, no município de Portel, é surpreendente verificar que ela surgiu quando da realização da Segunda Reunião Pública, no final de 2002, em Tucuruí. Tratam-se de populações que vivem dentro da área da fazenda ABC, pertencente à empresa ABC Algar, e que foi arrendada pela CIKEL, para a exploração florestal.

“Essa área em questão, na realidade, não estaria sendo objeto de Certificação do FSC”, segundo o relatório, visto que “não tinha qualquer relação com a Fazenda Jutaituba”, de propriedade da Martins Agropecuária, e arrendada pela CIKEL, “sendo apenas áreas vizinhas”. Assim, é surpreendente verificar que a SCS tomou conhecimento, poucos dias antes da realização da Segunda Reunião, através do advogado que representava o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portel, que havia uma grave questão social, envolvendo a ABC, a CIKEL, e as populações ribeirinhas moradoras do rio Camarapi.

Dessa forma, embora não tendo havido um convite formal, essa população teria sido representada por diversos cidadãos que se dirigiram a Tucuruí e teriam manifestado livremente as suas sugestões. Somando-se a tal fato, e por solicitação dos presentes, foi realizada uma Reunião Pública, especificamente em Portel, no dia 05/09/2003, com a participação de diversos moradores dessas e outras comunidades.

Da mesma forma, teriam sido entrevistados diversos líderes nas próprias comunidades, juntamente com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portel, Sr. Cametá, profundo conhecedor da área, desenvolvendo, inclusive, exploração florestal em área próxima. Dessa forma, essas populações teriam tido espaço para se manifestar, bem como teriam sido ouvidas suas demandas, cujo encaminhamento de solução seria tratado a seguir.

A questão social atinente às populações citadas teria sido objeto de extremo cuidado e atenção, desde que a SCS tomou conhecimento do problema, ainda no ano de 2002. “O caso específico dos moradores do rio Camarapi e Pacajá, relaciona-se com a fazenda ABC que, como foi ressaltado anteriormente, não é objeto de Certificação do FSC”, muito embora a CIKEL tenha envolvimento por ter arrendado a área. “Trata-se de questão fundiária, porquanto populações vivem dentro da ‘propriedade da empresa’”.

É surpreendente observar que os auditores da SCS reconhecem, mesmo considerando não haver relação com a Fazenda Jutaituba – objetivo da avaliação – que os problemas com essas populações deveriam ter um “encaminhamento imediato para a solução definitiva, por envolverem responsabilidade social por parte da CIKEL”.

Assim, após as reuniões com os moradores e representantes, foram apresentadas as providências que seriam tomadas, antes de concluído o processo de Certificação do FSC: i) “Apresentação de um Plano de apoio à regularização fundiária das comunidades vizinhas à Fazenda Pacajá/ABC, com metas e cronograma”; ii) “Apresentação de Plano de Ação Social para as comunidades vizinhas à Fazenda Pacajá/ABC, com metas e cronograma e orçamento”.

Desse modo, a CIKEL teria intermediado e a ABC Algar apresentado os referidos Programas, os quais, com o transcurso de cerca de seis anos, já devem ter sido postos em prática. Saliente-se que qualquer negociação para a regularização fundiária requeria tempo, e “a Certificação do FSC, certamente, teria sido um fator decisivo para que a solução pudesse ser posta em prática”.

Caberia aos auditores o acompanhamento rigoroso desse processo, a fim de averiguar sua efetividade, visto que o principal interesse é promover o bem estar e melhorias de vida dessas populações. Somando-se a isso, a CIKEL estaria “desenvolvendo trabalhos conjuntos com ONG’s de reconhecida respeitabilidade, como IMAZON e GTNA/IIEB, para encontrarem propostas de atuação na área em questão”, com objetivo de promoverem um “incremento nas condições de vida local e alternativas econômicas”.

Mais recentemente, houve reuniões com a FASE Gurupá. No caso específico dos moradores do rio Jacundá, e também dos rios Açu e Pacajá, e que envolve a propriedade da Martins Agropecuária, objeto de Certificação, envolvem também quilombolas. Para tais casos, foi exigida pelos auditores uma carta compromisso de que as áreas atualmente ocupadas por essas populações deveriam ser respeitadas, assim como estaria em negociação à doação de uma área para o quilombo Balieiro. São aspectos, dentre outros, que deveriam ser averiguados ‘in loco’, e conferidos através de auditorias ambientais independentes, a iniciar com os “tocos” nas respectivas áreas de extração…

Nelson Batista Tembra, Engenheiro Agrônomo e Consultor Ambiental, com 27 de experiência profissional, é colaborador e articulista do EcoDebate.

25 novembro 2008

PARÁ, TERRA (QUASE) SEM LEI

Manifestantes depredam escritório do Ibama em Paragominas (PA)

Marco Antônio Soalheiro
Agência Brasil

Insatisfeitos com as apreensões realizadas pela Operação Rastro Negro, deflagrada pelo Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para combater a produção, transporte e comércio ilegal de carvão vegetal no Pará, cerca de 3 mil manifestantes se insurgiram na noite de 23/11 contra o escritório do órgão em Paragominas, nordeste do estado.

Segundo relato do órgão ambiental, os populares atearam fogo na garagem do escritório, onde estavam quatro veículos, depredaram o prédio e roubaram caminhões com as toras. Tratores e pás carregadeiras também foram usados em uma tentativa de invasão do hotel em que estavam hospedados fiscais responsáveis pela operação, frustrada em virtude de uma intervenção emergencial da Polícia Militar.

Os atos de vandalismo motivaram uma reunião, que acontece neste momento, entre representantes da Superintendência do Ibama no Pará, Procuradoria do Ministério Público Federal e Batalhão de Choque da Polícia Militar. No encontro estão sendo traçadas estratégias para a continuidade da operação. Agentes da Força Nacional de Segurança (FNS) foram requisitados para dar suporte à equipe que está no local.

A Operação Rastro Negro apreendeu em Paragominas cerca de 400 metros cúbicos de madeira carregados em 14 caminhões, na madrugada de domingo (23). Os fiscais suspeitam que a madeira tenha vindo de uma reserva indígena. Desde o fim de outubro, quando teve início a operação no Pará, foram destruídos mais de 200 fornos de carvão ilegais, apreendidos 120 metros cúbicos de carvão vegetal e aplicadas multas que somam mais de R$ 2 milhões.

No início do ano, também no Pará, em Tailândia, houve uma tentativa de linchamento a fiscais do Ibama que atuavam na Operação Arco de Fogo, no combate à extração ilegal de madeira na Amazônia. Mas após a chegada de 300 homens da Força Nacional de Segurança e de agentes d a Polícia Federal, a operação transcorreu normalmente.

24 novembro 2008

EM MANAUS-AM

Desde domingo estamos em Manaus, discutindo com a direção do INPA os detalhes da retomada das ações do INPA no Acre apartir de 2009. Na sexta a noite partiremos para São Paulo. O futuro nos espera.

GENOMA DO MAMUTE É SEQUENCIADO

Segundo a análise inicial, o genoma do mamute difere do genoma do elefante africano moderno em apenas 0,6%. A diferença é cerca da metade da observada entre o homem e o chimpanzé, apesar de o mamute e o elefante terem divergido por volta do mesmo tempo – ou mesmo antes – do que humanos e chimpanzés

24/11/2008

Agência FAPESP – É o primeiro genoma de um animal extinto: o mamute-lanoso acaba de ter seu código genético seqüenciado. Trata-se da última espécie do gênero Mammuthus, parente do elefante atual que deixou de existir há cerca de 10 mil anos, durante a última Era do Gelo.

O resultado do trabalho de um grupo de cientistas dos Estados Unidos e da Rússia foi publicado na edição atual da revista Nature. Partes do genoma mitocondrial do animal haviam sido seqüenciadas anteriormente, mas não o seu genoma nuclear.

Por meio do DNA extraído de amostras do pêlo do animal preservado no gelo, os pesquisadores conseguiram montar o genoma contido no núcleo das células do Mammuthus primigenius, que por mais de 100 mil anos viveu em regiões frias no hemisfério Norte.

Por permitir remoção mais fácil de bactérias e fungos, foram analisados pêlos, e não ossos. Outra vantagem é que há menos danos no DNA antigo em pelos, porque tais estruturas envolvem o DNA como se fossem recipientes plásticos, protegendo o ácido desoxirribonucléico da degradação e da exposição ao ambiente.

No estudo, os autores usaram amostras de dois mamutes congelados e encontrados na Sibéria, um com idade estimada em 60 mil anos e outro de 20 mil anos. Embora ainda faltem peças do quebra-cabeça, os cientistas estimam ter seqüenciado mais de 70% do genoma completo do animal.

Os cientistas suspeitam que o genoma completo do mamute-lanoso tenha pouco mais de 4 bilhões de pares de base, que é o tamanho do genoma do elefante africano moderno. Embora o estudo tenha resultado no seqüenciamento de 4 bilhões de pares de base, os autores calculam que, do total, 3,3 bilhões – um pouco mais do que a quantia dos humanos – sejam do mamute, com o restante pertencendo a outros organismos, como bactérias e fungos, que contaminaram as amostras.

Para identificar quais seqüências pertenciam ao mamute ou a outros organismos, o grupo usou uma versão preliminar do genoma do elefante africano, projeto conduzido por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e da Universidade Harvard.

“Apenas após a conclusão do genoma do elefante africano conseguiremos saber ao certo quanto do genoma do mamute-lanoso foi seqüenciado”, disse Webb Miller, professor de biologia, ciência da computação e engenharia da Universidade Penn State, principal autor do estudo.

Segundo a análise inicial, o genoma do mamute difere do genoma do elefante africano moderno em apenas 0,6%. A diferença é cerca da metade da observada entre o homem e o chimpanzé, apesar de o mamute e o elefante terem divergido por volta do mesmo tempo – ou mesmo antes – do que humanos e chimpanzés.

“DNA antigo – obtido de fósseis com até 100 mil anos de idade – é altamente fragmentado, está presente apenas em pequenos traços residuais e está geralmente inundado de DNA de bactérias e fungos. Portanto, a idéia de seqüenciar um genoma completo de uma espécie extinta era, até há pouco tempo, impensável, uma vez que por 30 anos o único método de grande escala disponível – o método de seqüenciamento Sanger [desenvolvido pelo Instituto Sanger, na Inglaterra] –, não se mostrava adequado para a tarefa”, disse Michael Hofreiter, do Instituto Max Planck para Antropologia Evolucionária, na Alemanha, em comentário sobre o estudo na mesma edição da revista.

Mas uma novidade entrou em cena em 2005. Conhecido como método 454, ou piroseqüenciamento, ele permitiu ampliar em várias vezes a magnitude do processo, mais rapidamente e com menor custo. Foi a tecnologia usada agora no seqüenciamento do mamute.

Outros métodos surgiram posteriormente e, com o auxílio de modernos sistemas computacionais, tornaram possível seqüenciar bilhões de pares de base de dados de uma única vez.

O problema é que essas novas tecnologias, também chamadas de shotgun, resultam também em altas taxas de erros. A alternativa, para seqüenciar um genoma completo de um organismo sem erros, é realizar várias operações, de modo a poder subtrair as falhas. Segundo os autores do novo estudo, tal cenário deverá ser possível em poucos anos.

O artigo Sequencing the nuclear genome of the extinct woolly mammoth, de Webb Miller e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

23 novembro 2008

A RAIZ DA REPROVAÇÃO DO ACRE NO ENEM 2009

"Os cursos de pedagogia desprezam a prática da sala de aula e supervalorizam teorias supostamente mais nobres. Os alunos saem de lá sem saber ensinar"

Fábrica de maus professores*

Monica Weinberg
Revista Veja

Uma das maiores especialistas em ensino superior brasileiro, a antropóloga não tem dúvida: os cursos de pedagogia perpetuam o péssimo ensino nas escolas Hoje há poucos estudiosos empenhados em produzir pesquisa de bom nível sobre a universidade brasileira. Entre eles, a antropóloga Eunice Durham, 75 anos, vinte dos quais dedicados ao tema, tem o mérito de tratar do assunto com rara objetividade. Seu trabalho representa um avanço, também, porque mostra, com clareza, como as universidades têm relação direta com a má qualidade do ensino oferecido nas escolas do país. Ela diz: "Os cursos de pedagogia são incapazes de formar bons professores". Ex-secretária de política educacional do Ministério da Educação (MEC) no governo Fernando Henrique, Eunice é do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas, da Universidade de São Paulo – onde ingressou como professora há cinqüenta anos.

Sua pesquisa mostra que as faculdades de pedagogia estão na raiz do mau ensino nas escolas brasileiras. Como?
As faculdades de pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala de aula e ensinar a matéria. Mais grave ainda, muitos desses profissionais revelam limitações elementares: não conseguem escrever sem cometer erros de ortografia simples nem expor conceitos científicos de média complexidade. Chegam aos cursos de pedagogia com deficiências pedestres e saem de lá sem ter se livrado delas. Minha pesquisa aponta as causas. A primeira, sem dúvida, é a mentalidade da universidade, que supervaloriza a teoria e menospreza a prática. Segundo essa corrente acadêmica em vigor, o trabalho concreto em sala de aula é inferior a reflexões supostamente mais nobres.

Essa filosofia é assumida abertamente pelas faculdades de pedagogia?
O objetivo declarado dos cursos é ensinar os candidatos a professor a aplicar conhecimentos filosóficos, antropológicos, históricos e econômicos à educação. Pretensão alheia às necessidades reais das escolas – e absurda diante de estudantes universitários tão pouco escolarizados.

O que, exatamente, se ensina aos futuros professores?
Fiz uma análise detalhada das diretrizes oficiais para os cursos de pedagogia. Ali é possível constatar, com números, o que já se observa na prática. Entre catorze artigos, catorze parágrafos e 38 incisos, apenas dois itens se referem ao trabalho do professor em sala de aula. Esse parece um assunto secundário, menos relevante do que a ideologia atrasada que domina as faculdades de pedagogia.

Como essa ideologia se manifesta?
Por exemplo, na bibliografia adotada nesses cursos, circunscrita a autores da esquerda pedagógica. Eles confundem pensamento crítico com falar mal do governo ou do capitalismo. Não passam de manuais com uma visão simplificada, e por vezes preconceituosa, do mundo. O mesmo tom aparece nos programas dos cursos, que eu ajudo a analisar no Conselho Nacional de Educação. Perdi as contas de quantas vezes estive diante da palavra dialética, que, não há dúvida, a maioria das pessoas inclui sem saber do que se trata. Em vez de aprenderem a dar aula, os aspirantes a professor são expostos a uma coleção de jargões. Tudo precisa ser democrático, participativo, dialógico e, naturalmente, decidido em assembléia.

Quais os efeitos disso na escola?
Quando chegam às escolas para ensinar, muitos dos novatos apenas repetem esses bordões. Eles não sabem nem como começar a executar suas tarefas mais básicas. A situação se agrava com o fato de os professores, de modo geral, não admitirem o óbvio: o ensino no Brasil é ainda tão ruim, em parte, porque eles próprios não estão preparados para desempenhar a função.

Por que os professores são tão pouco autocríticos?
Eles são corporativistas ao extremo. Podem até estar cientes do baixo nível do ensino no país, mas costumam atribuir o fiasco a fatores externos, como o fato de o governo não lhes prover a formação necessária e de eles ganharem pouco. É um cenário preocupante. Os professores se eximem da culpa pelo mau ensino – e, conseqüentemente, da responsabilidade. Nos sindicatos, todo esse corporativismo se exacerba.

Como os sindicatos prejudicam a sala de aula?
Está suficientemente claro que a ação fundamental desses movimentos é garantir direitos corporativos, e não o bom ensino. Entenda-se por isso: lutar por greves, aumentos de salário e faltas ao trabalho sem nenhuma espécie de punição. O absenteísmo dos professores é, afinal, uma das pragas da escola pública brasileira. O índice de ausências é escandaloso. Um professor falta, em média, um mês de trabalho por ano e, o pior, não perde um centavo por isso. Cenário de atraso num país em que é urgente fazer a educação avançar. Combater o corporativismo dos professores e aprimorar os cursos de pedagogia, portanto, são duas medidas essenciais à melhora dos indicadores de ensino.

A senhora estende suas críticas ao restante da universidade pública?
Há dois fenômenos distintos nas instituições públicas. O primeiro é o dos cursos de pós-graduação nas áreas de ciências exatas, que, embora ainda atrás daqueles oferecidos em países desenvolvidos, estão sendo capazes de fazer o que é esperado deles: absorver novos conhecimentos, conseguir aplicá-los e contribuir para sua evolução. Nessas áreas, começa a surgir uma relação mais estreita entre as universidades e o mercado de trabalho. Algo que, segundo já foi suficientemente mensurado, é necessário ao avanço de qualquer país. A outra realidade da universidade pública a que me refiro é a das ciências humanas. Área que hoje, no Brasil, está prejudicada pela ideologia e pelo excesso de críticas vazias. Nada disso contribui para elevar o nível da pesquisa acadêmica.

Um estudo da OCDE (organização que reúne os países mais industrializados) mostra que o custo de um universitário no Brasil está entre os mais altos do mundo – e o país responde por apenas 2% das citações nas melhores revistas científicas. Como a senhora explica essa ineficiência?
Sem dúvida, poderíamos fazer o mesmo, ou mais, sem consumir tanto dinheiro do governo. O problema é que as universidades públicas brasileiras são pessimamente administradas. Sua versão de democracia, profundamente assembleísta, só ajuda a aumentar a burocracia e os gastos públicos. Essa é uma situação que piorou, sobretudo, no período de abertura política, na década de 80, quando, na universidade, democratização se tornou sinônimo de formação de conselhos e multiplicação de instâncias. Na prática, tantas são as alçadas e as exigências burocráticas que, parece inverossímil, um pesquisador com uma boa quantia de dinheiro na mão passa mais tempo envolvido com prestação de contas do que com sua investigação científica. Para agravar a situação, os maus profissionais não podem ser demitidos. Defino a universidade pública como a antítese de uma empresa bem montada.

Muita gente defende a expansão das universidades públicas. E a senhora?
Sou contra. Nos países onde o ensino superior funciona, apenas um grupo reduzido de instituições concentra a maior parte da pesquisa acadêmica, e as demais miram, basicamente, os cursos de graduação. O Brasil, ao contrário, sempre volta à idéia de expandir esse modelo de universidade. É um erro. Estou convicta de que já temos faculdades públicas em número suficiente para atender aqueles alunos que podem de fato vir a se tornar Ph.Ds. ou profissionais altamente qualificados. Estes são, naturalmente, uma minoria. Isso não tem nada a ver com o fato de o Brasil ser uma nação em desenvolvimento. É exatamente assim nos outros países.

As faculdades particulares são uma boa opção para os outros estudantes?
Freqüentemente, não. Aqui vale a pena chamar a atenção para um ponto: os cursos técnicos de ensino superior, ainda desconhecidos da maioria dos brasileiros, formam gente mais capacitada para o mercado de trabalho do que uma faculdade particular de ensino ruim. Esses cursos são mais curtos e menos pretensiosos, mas conseguem algo que muita universidade não faz: preparar para o mercado de trabalho. É estranho como, no meio acadêmico, uma formação voltada para as necessidades das empresas ainda soa como pecado. As universidades dizem, sem nenhum constrangimento, preferir "formar cidadãos". Cabe perguntar: o que o cidadão vai fazer da vida se ele não puder se inserir no mercado de trabalho?

Nos Estados Unidos, cerca de 60% dos alunos freqüentam essas escolas técnicas. No Brasil, são apenas 9%. Por quê?
Sempre houve preconceito no Brasil em relação a qualquer coisa que lembrasse o trabalho manual, caso desses cursos. Vejo, no entanto, uma melhora no conceito que se tem das escolas técnicas, o que se manifesta no aumento da procura. O fato concreto é que elas têm conseguido se adaptar às demandas reais da economia. Daí 95% das pessoas, em média, saírem formadas com emprego garantido. O mercado, afinal, não precisa apenas de pessoas pós-graduadas em letras que sejam peritas em crítica literária ou de estatísticos aptos a desenvolver grandes sistemas. É simples, mas só o Brasil, vítima de certa arrogância, parece ainda não ter entendido a lição.

Faculdades particulares de baixa qualidade são, então, pura perda de tempo?
Essas faculdades têm o foco nos estudantes menos escolarizados – daí serem tão ineficientes. O objetivo número 1 é manter o aluno pagante. Que ninguém espere entrar numa faculdade de mau ensino e concorrer a um bom emprego, porque o mercado brasileiro já sabe discernir as coisas. É notório que tais instituições formam os piores estudantes para se prestar às ocupações mais medíocres. Mas cabe observar que, mesmo mal formados, esses jovens levam vantagem sobre os outros que jamais pisaram numa universidade, ainda que tenham aprendido muito pouco em sala de aula. A lógica é típica de países em desenvolvimento, como o Brasil.

Por que num país em desenvolvimento o diploma universitário, mesmo sendo de um curso ruim, tem tanto valor?
No Brasil, ao contrário do que ocorre em nações mais ricas, o diploma de ensino superior possui um valor independente da qualidade. Quem tem vale mais no mercado. É a realidade de um país onde a maioria dos jovens está ainda fora da universidade e o diploma ganha peso pela raridade. Numa seleção de emprego, entre dois candidatos parecidos, uma empresa vai dar preferência, naturalmente, ao que conseguiu chegar ao ensino superior. Mas é preciso que se repita: eles servirão a uma classe de empregos bem medíocres – jamais estarão na disputa pelas melhores vagas ofertadas no mercado de trabalho.

A tendência é que o mercado se encarregue de eliminar as faculdades ruins?
A experiência mostra que, conforme a população se torna mais escolarizada e o mercado de trabalho mais exigente, as faculdades ruins passam a ser menos procuradas e uma parte delas acaba desaparecendo do mapa. Isso já foi comprovado num levantamento feito com base no antigo Provão. Ao jogar luz nas instituições que haviam acumulado notas vermelhas, o exame contribuiu decisivamente para o seu fracasso. O fato de o MEC intervir num curso que, testado mais de uma vez, não apresente sinais de melhora também é uma medida sensata. O mau ensino, afinal, é um grande desserviço.

A senhora fecharia as faculdades de pedagogia se pudesse?
Acho que elas precisam ser inteiramente reformuladas. Repensadas do zero mesmo. Não é preciso ir tão longe para entender por quê. Basta consultar os rankings internacionais de ensino. Neles, o Brasil chama atenção por uma razão para lá de negativa. Está sempre entre os piores países do mundo em educação.

* Entrevista originalmente publicada na revista Veja, Edição 2088, 26 de novembro de 2008
*Crédito da imagem: Edu Lopes

XV CURSO DE FORMAÇÃO DE AGENTES AGROFLORESTAIS INDÍGENAS DO ACRE ( AAFIs)

A Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC), em parceria com a Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC), está realizando, entre os dias 28 de outubro e 28 de novembro de 2008, o XV Curso de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas.

O curso, que acontece na escola Centro de Formação dos Povos da Floresta da CPI-AC, localizado no km 9 da estrada Transacreana, conta com a participação de representantes das etnias Manchineri, Kaxinawa e Katukina e visa a formação técnica e profissional na área de gestão territorial e ambiental, aliando conhecimento tradicional e acadêmico para a conservação e o manejo dos recursos naturais.

O evento tem o apoio de organizações governamentais e não governamentais como o Ministério do Meio Ambiente, pelo projeto do PD/A, a The Nature Conservancy – TNC e a Fundação Rainforest da Noruega.

Durante o curso, estão sendo trabalhados domínios dos saberes relacionados as áreas de Agrofloresta, Monitoramento Ambiental, Ferramentas de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas, história, cultura e tradição e pesquisa indígena. Além disso, estão sendo ministradas disciplinas de formação básica como geografia, matemática, história e línguas, e outras atividades, como levantamentos e pesquisas sobre o uso e manejo da biodiversidade.

Desde 2001 a Associação do Movimento dos do Acre (AMAAIAC) vem tentando junto ao governo do estado que a profissão de Agentes Agroflorestais Indígenas seja reconhecida profissionalmente através da criação de um concurso público. A atuação dos agentes agroflorestais indígenas trabalhando na gestão territorial e ambiental de suas terras no Acre acabou criando atores semelhantes em outros estados brasileiros, principalmente na Amazônia legal, como no Parque Indígena do Xingu (Agente de Manejo), no Amapá Oiapoque (Agente Ambiental), Alto Rio Negro - Amazonas (Agente de Manejo), Yanomami (agente agroflorestal) e no Timbira – Tocantins / Maranhão (agente ambiental).

AC-CPI

22 novembro 2008

MAIS UMA VEZ O ACRE É REPROVADO NO ENEM. DE QUEM É A CULPA?

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) divulgou na última quinta-feira os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio 2008 (Enem). O Acre teve o quarto pior desempenho na parte objetiva da prova em todo o país, com nota 35,15 (de cem pontos). Na prova de redação, o Estado obteve média 57,62, terceiro melhor desempenho entre os Estado do Norte. Mesmo assim a nota foi muito baixa.

As escolas particulares obtiveram nota 48,72, contra 35,26 da pública. O número de inscritos no Acre para o exame ultrapassou os 12 mil alunos. No entanto, pouco mais de oito mil compareceram ao dia da prova.

Esse fracasso recorrente no Enem é preocupante e deveria ser objeto de um grande debate no Estado. Pais de alunos, políticos, governo. A oposição deveria cobrar explicações do Governo. Mas parece que a culpa maior não reside ai. Tudo indica que a maior parcela de culpa pelo fracasso reside nos professores. Era bom chamar a classe para essa discussão. Quem sabe quando eles tiverem um tempo livre dos compromissos políticos eles possam atender esse chamado.

E porque os professores têm uma grande parcela de culpa?

Reivindicações salariais: ganham um dos maiores pisos salariais do país. E faz muitos anos que os salários não atrasam.

Gestão escolar: mais democrática impossível. Diretores são eleitos. As escolas têm autonomia nunca vista e faz tempo que é assim.

Capacitação dos professores: desde o primeiro mandato do ex-Governador Jorge Viana que se investe na formação de professores. Grande parte deles hoje possui nível superior.

E não adianta apontar o dedo em direção ao governo dizendo que ele não investe em infra-estrutura. A maioria das escolas têm sido reformadas. Muitas vezes reconstruídas. Proporcionalmente, o Acre deve ser o Estado com o maior número de escolas modelo, aquelas no padrão Armando Nogueira ou similar.

Transporte escolar? É quase universal no Acre. Falta merenda escolar? Faz tempo que não se ouve falar disso.

Resumindo o argumento colocado acima sobre a parcela de culpa dos professores: eles têm local apropriado para dar as aulas, os alunos têm como chegar de forma decente à escola, são alimentados lá mesmo, o salário dos professores não é ruim, eles administram as escolas onde trabalham, estão sendo capacitados...Se não são eles os maiores culpados, quem é? Apontem os outros culpados? O espaço está aberto para que a sociedade possa descobrir isso.

Está cada dia mais claro que as organizações e sindicatos dos professores acreanos se preocupam demais com a parte política e bem estar de seus associados (clique aqui para ver como o SINTEAC trata bem os professores de Tarauacá). Em ano de eleição todos estão atrelados a campanhas de determinados candidatos. É um tal de eleger o vereador fulano, deputado sicrano...É muita energia dedicada à política partidária.

E a eleição prioritária da classe: a qualidade de ensino? Onde fica?

O resultado do ENEM tem mostrado ano após ano, onde ela está escondida: nos discursos dos dirigentes dos sindicatos e associações de classe dos professores acreanos.


*com informações adicionais do jornal A Tribuna

ENQUANTO O ACRE É REPROVADO NO ENEM, O SINTEAC DE TARAUACÁ...

...exalta o fato do mesmo ser "forte na luta política e inovador nas políticas sociais". E a qualidade do ensino ministrado pelos seus associados? É algo secundário?

Vejam abaixo o post do Blog do Acciolly:

SINTEAC – TK - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de Tarauacá é forte na luta política e inovador em políticas sociais.

A luta dos trabalhadores em educação de Tarauacá tem nome: SINTEAC, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação.

Com uma diretoria atuante política e administrativamente, uma categoria muito mobilizada e consciente de seus direitos, o Sinteac de Tarauacá destaca-se como um dos mais fortes e respeitados entre os municípios do estado. A luta dos trabalhadores em educação em Tarauacá é histórica.
O Piso Salarial dos professores é de R$ 1. 470,00 (um mil quatrocentos e setenta reais), talvez o maior do estado.
A diretoria investe no social e implanta uma política de valorização de seus associados.
Um Clube com duas piscinas, praça, salão para eventos e uma academia de ginástica, OrgulhA os associados.
Aulas de musculação, aeróbica localizada, natação e hidroginástica fazem parte do pacote de investimentos na saúde dos associados.
o SINDICATO oferece aulas de violão e teclado para associados e dependentes, sem falar que os associados do sindicato podem comprar mais barato no comércio local e têm acesso gratuito a internet através do Centro de Inclusão Digital da entidade.

FOTOS DAS ATIVIDADES DE HIDROGINÁSTICA, MUSCULAÇÃO E AERÓBICA.



















21 novembro 2008

VANDALISMO FOMENTA VANDALISMO

Estudo holandês confirma que violação de uma norma social fomenta a transgressão de outras: um experimento feito em um estacionamento de bicicletas mostrou que a maioria das pessoas comete atos de desordem urbana, como jogar papel no chão, quando encontra um cenário em que as paredes estão pichadas

O ciclo vicioso do vandalismo

Lixo no chão, pichações nas paredes e outros tipos de desordem urbana são o cenário ideal para atos de vandalismo. É o que diz um estudo realizado na Holanda. A pesquisa concluiu que as pessoas se sentem mais à vontade para transgredir as normas quando vêem que outros indivíduos já fizeram isso antes.

Pesquisadores da Universidade de Groningen (Holanda) realizaram seis experimentos de campo em que observaram o comportamento de indivíduos em cenários com ausência e presença de vandalismo. Em ambas as situações, as pessoas não sabiam que estavam sendo observadas.

Os resultados mostraram um aumento significativo de pequenos delitos quando era possível notar no ambiente alguma transgressão das regras estabelecidas. O artigo foi publicado na revista Science desta semana.

Um dos testes foi feito em um estacionamento de bicicletas. Os pesquisadores colocaram um folheto de propaganda em cada bicicleta com o objetivo de observar se as pessoas iriam jogá-lo no chão ou levá-lo até uma lixeira mais distante, já que não existia uma no local. Uma placa pendurada dizia que pichações eram proibidas. Em uma das situações, as paredes estavam limpas e, na outra, estavam tomadas por pichações.

Das 77 pessoas observadas em cada situação, 69% jogaram o folheto no chão no cenário com as paredes pichadas. Quando as paredes estavam limpas, apenas 33% cometeram a mesma infração.

Comportamento influenciador

“Quando as pessoas observam que outras picharam onde isso não deveria ter sido feito, elas percebem um comportamento inapropriado”, explicam os autores no artigo. E completam: “Acreditamos que isso enfraqueça seu interesse em ter um comportamento adequado e fortaleça a vontade de fazer o que faz bem a elas (por exemplo, ser preguiçoso e jogar papel na rua) ou o objetivo de obter recursos materiais por meio de furtos.”

Outro experimento avaliou o impacto da transgressão das regras de uma empresa privada, que não têm força de lei, nas atitudes das pessoas. O cenário foi um estacionamento de supermercado em que um aviso pedia que os clientes devolvessem o carrinho de compras ao seu local de origem.

Entre os indivíduos que encontraram o estacionamento com quatro carrinhos abandonados, 58% jogaram lixo no chão, enquanto somente 30% das pessoas que encontraram o local livre de carrinhos tiveram a mesma atitude.

“Nossa conclusão é que, se a violação de certa norma se torna mais comum, isso irá influenciar negativamente a concordância com outras normas e regras”, afirmam os autores. “O efeito não é limitado a normas sociais, é também aplicado a ordens policiais e até a solicitações legítimas feitas por companhias privadas.”

Teoria das janelas quebradas

Segundo os pesquisadores, as conclusões da pesquisa reforçam a chamada teoria das janelas quebradas, defendida em 1982 por dois criminologistas da Universidade Harvard (Estados Unidos). A teoria postula que o vandalismo provoca o crescimento da desordem e, conseqüentemente, da criminalidade. Mas os críticos dessa hipótese questionam se ações de repressão ao vandalismo de fato conseguiriam diminuir a ocorrência de crimes mais sérios, como seqüestro e assassinato.

Os cientistas holandeses dizem que seu estudo confirma empiricamente a teoria e traz indicações sobre o que precisa ser feito para combater o crime. “Essa é uma mensagem clara para os construtores de políticas públicas e oficiais de polícia: um diagnóstico e uma intervenção precoces são de importância vital quando se luta contra o espalhamento da desordem”, ressaltam.

(foto: Science)

Tatiane Leal, Ciência Hoje On-line